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Sopros

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(
 Sarah 
Michalsky
 3º Período, 101
)Sopros
- Na maioria das vezes, o sopro é relacionado a uma patologia.
- O fluxo fisiológico dentro de uma estrutura vascular é laminar, portanto, com baixo atrito entre suas partículas devido à disposição em camadas paralelas, motivo pelo qual NÃO percebemos ruídos do sangue movendo dentro do coração ou vasos.
- Quando o fluxo passa de laminar para turbilhonado, o choque/atrito entre as partículas aumenta, podendo auscultar um ruído que chamamos de sopro.
OS MECANISMOS DE ORIGEM DOS SOPROS
Estenoses valvares ou vasculares:
- O sangue chega até o ponto de estenose de forma laminar, ao passar por esse ponto será turbilhonado aumentando o atrito entre suas partículas e gerando sopro.
- Exemplos: estenose de carótidas, estenose mitral, aórtica, pulmonar e tricúspide.
Comunicação entre câmaras de baixa e alta pressão:
- Após passar por uma artéria com fluxo de alta pressão e laminar, encontra-se uma fístula e o sangue turbilhona gerando sopro.
- Exemplos: comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV) e fístula arteriovenosa (paciente dialítico).
Regurgitação (insuficiência) valvar:
- A valva no momento em que deveria estar fechada, permite refluxo de sangue turbilhonado.
- Exemplos: insuficiência mitral, aórtica, pulmonar e tricúspide.
Dilatação súbita pelo trajeto:
- O sangue segue por um fluxo laminar e ao encontrar um trajeto mais dilatado, turbilhona.
- Muito frequente na HAS, pelo estado crônico dilatado da aorta em decorrência da pressão aumentada.
- Exemplos: dilatação de aorta e aneurisma de aorta.
Aumento da velocidade de fluxo dentro do vaso ou do coração:
- Qualquer condição que aumente o débito cardíaco predispõe o sopro, principalmente na valva aórtica por ela possuir uma área de superfície menor. Qualquer aumento de volume passando por ela apresentará um grande represamento sanguíneo gerando sopro.
- Jovens possuem sopros fisiológicos pelo seu maior estado hiperdinâmico.
- Exemplos: estados hiperdinâmicos como febre, anemia, infecção, hipertireoidismo, gravidez em jovens com sopros cardíacos e coração normal.
AS SEIS PERGUNTAS FEITAS AO SE AUSCULTAR UM SOPRO
1- Qual o epicentro do sopro?
- É o local no tórax que está mais próximo da onde o sopro se origina.
- Necessário passar o estetoscópio por todos os focos para saber a origem do sopro, será o local onde ele for mais intenso.
- É como se fosse o epicentro de um terremoto, exemplos: o sopro de estenose aórtica tem como epicentro o foco aórtico; o de insuficiência mitral tem como epicentro o foco mitral; o da CIV tem como epicentro a região medioesternal.
2- Está na diástole ou na sístole?
- Para responder essa pergunta você deve SEMPRE palpar o pulso carotídeo simultaneamente à ausculta. Sem ele, temos a sensação de estarmos navegando sem bússola.
- Após B1 e antes de B2: sopro sistólico.
- Exemplos: sopros de estenose aórtica e pulmonar (a valva não está devidamente aberta no momento que precisa estar e o sangue passa turbilhonado dos ventrículos às artérias).
- São também exemplos: sopros de insuficiência mitral e tricúspide (a valva não está devidamente fechada no momento que precisa estar e o sangue retorna turbilhonado dos ventrículos aos átrios).
- Após B2 e antes de B1: sopro diastólico.
- São exemplos: sopros de insuficiência aórtica e pulmonar (a valva não está devidamente fechada no momento que precisa estar e o sangue retorna turbilhonado das artérias aos ventrículos).
- São também exemplos: sopros de estenose mitral e tricúspide (a valva não está devidamente aberta no momento que precisa estar e o sangue passa turbilhonado dos átrios aos ventrículos).
3- É de cavidade esquerda ou direita?
- Manobra de Rivero-Carvalho: ideal para diferenciar sopros de cavidades direita e esquerda no foco de dúvida. Peça para o paciente inspirar e observe se o sopro aumenta ou diminui na inspiração e na expiração de retorno.
- Se ele for de cavidade direita, ao inspirar o volume sanguíneo nessa cavidade aumenta em decorrência do sangue vindo das veias cavas e aumento da pressão negativa IT e, consequentemente, a intensidade do sopro também aumenta.
- Se ele for de cavidade esquerda, ao inspirar o volume sanguíneo no pulmão para a troca gasosa estará aumentado, dificultando a chegada de sangue à cavidade esquerda, por isso o sopro diminui na inspiração e aumenta na expiração.
4- Qual a sua irradiação?
- O sopro de estenose aórtica irradia para a fúrcula esternal.
- O sopro de insuficiência mitral irradia para a axila e dorso.
- O sopro de insistência do canal arterial (PCA) irradia para a clavícula esquerda.
5- Qual a sua intensidade?
- Avaliada em cruzes.
Grau I+/+6 = audível somente com muita atenção.
Grau II+/+6 = discreto e leve, porém audível.
Grau III+/+6 = moderado, porém sem frêmito.
OBS: A partir de +++/+6 todos os sopros possuem frêmitos (percepção tátil de uma vibração que passa a ser palpável).
Grau IV+/+6 = somente audível com estetoscópio totalmente acoplado na pele.
Grau V+/+6 = audível com estetoscópio em contato parcial.
Grau VI+/+6 = audível sem que o estetoscópio esteja em contato com a pele, próximo encontrado na CIV e fístula arteriovenosa.
6- Qual o seu comportamento com manobras?
A) Ficar sentado ou em pé: aumenta a resistência vascular periférica e reduz o retorno venoso.
B) Hand Grip Test: aumenta a resistência vascular periférica. É a manobra do aperto da mão com força.
C) Cócoras/agachado/levantar as pernas: aumenta o retorno venoso.
QUAL O SOPRO QUE ESTOU AUSCULTANDO NA REGIÃO DE CONFLITO: DE ESTENOSE AÓRTICA OU DE INSUFICIÊNCIA MITRAL?
- Os dois são sopros sistólicos e de cavidade esquerda.
- O sopro de estenose aórtica é sistólico e tem como epicentro o foco aórtico acessório e pode irradiar para próximo do foco mitral.
- O sopro de insuficiência mitral também é sistólico e tem epicentro no foco mitral e pode irradiar para o foco aórtico acessório.
- Para isso utiliza-se alguma das manobras.
- A resistência vascular periférica (RVP) é o fator contrário à ejeção do sangue na aorta. Quanto maior a resistência, menor o volume ejetado.
- Utilizando a manobra Hand Grip Test, a resistência vascular periférica aumenta e o ventrículo possui dificuldade para ejetar o sangue, portanto, o volume ejetado será menor.
- O sopro de insuficiência mitral aumenta com o Hand Grip Test, pois o caminho mais fácil do sangue sair será pelo átrio esquerdo.
- O sopro de estenose aórtica diminui com o Hand Grip Test, pois o caminho de saída do sangue para a aorta está dificultado pelo aumento da resistência vascular periférica.
SOPROS INOCENTES OU FISIOLÓGICOS
- Sopro comum em crianças que frequentemente leva o pediatra a encaminhá-la ao cardiologista.
- São sopros sistólicos na maioria das vezes, audível em torno do foco aórtico acessório que ocorre por aumento de volume e velocidade no sangue pela válvula aórtica e diminuem com o ato de ficar em pé durante o exame clínico (redução do retorno venoso).
- A história clínica diferencia de fisiológico para patológico.
A DESCRIÇÃO DE UMA AUSCULTA CARDÍACA COM SOPRO
1- Ritmo cardíaco regular em 2T com M1 > T1, A2 > P2 e presença de sopro sistólico mitral ++/+6 irradiando para a axila.
2- Ritmo cardíaco regular em 3T com M1 > T1, A2 > P2 e presença de B3 de VD e sopro diastólico pulmonar ++++/+6.
3- Ritmo cardíaco irregular em 2T com M1 > T1, A2 > P2, com presença de sopro sistólico aórtico ++/+6 irradiando para a fúrcula.

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