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Anatomia do Sistema Digestório

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Acelino Holanda – Anatomia do Sistema Digestório
Parte I – Estudo Dirigido sobre o Sistema Digestório
1. Delimitações da cavidade da boca;
	A cavidade da boca tem início no orifício interlabial e termina posteriormente no limite dos arcos palatoglossos. Divide-se entre vestíbulo da boca e cavidade própria da boca. O teto da cavidade própria da boca é constituído pelo palato, o qual se divide em palato mole e em palato duro, enquanto, lateralmente e anteriormente, é delimitada pelos arcos maxilar e mandibular.
2. Músculos extrínsecos da língua (posições, inserções e movimentos);
	Genioglosso, ligado à espinha mediana da mandíbula; estiloglosso, ligado ao processo estiloide; palatoglosso, ligado à aponeurose palatina do palato mole; hioglosso, ligado ao corpo e corno maior do osso hioide. O m. genioglosso está relacionado ao abaixamento da língua, ao puxamento da língua anteriormente e contração unilateral; o m. palatoglosso está relacionado à elevação da parte posterior da língua ou abaixamento do palato mole, além de poder contrair as fauces; o m. estiloglosso retrai a língua e contrai suas laterais (junto com o genioglosso, auxilia no processo de deglutição); o m. hioglosso pode abaixar a língua e encurtá-la.
3. Localização das tonsilas palatinas;
	As tonsilas palatinas estão localizadas na fossa tonsilar, entre os arcos palatoglossos (anteriores) e os arcos palatofaríngeos (mais posteriores). Os arcos palatoglossos estão localizados logo após a cavidade da boca e formam as fauces.
4. Posição das submandibulares;
	Situa-se lateral e inferiormente à língua, sob a mucosa que reveste o assoalho da boca. São mediais e, parcialmente, inferiores ao corpo da mandíbula. Excretam por via de vários orifícios ao longo do orifício da boca.
5. Relações anatômicas da faringe;
	A faringe é um tubo afunilado que se estende dos cóanos ao esôfago posteriormente e à laringe anteriormente. É dividida em três partes: a parte nasal da faringe, a parte oral da faringe e a parte laríngea da faringe. A parte nasal da faringe atua apenas na respiração, enquanto as partes oral e laríngea da faringe têm funções digestórias e respiratórias. Estabelece comunicação com 7 cavidades: 2 cavidades nasais, cavidade oral, ouvidos médio direito e esquerdo (nasofaringe), laringe e esôfago. A orofaringe estende-se do palato mole até o nível do osso hióide.
6. Localização das tonsilas faríngeas;
	Normalmente, há cinco tonsilas, que formam um anel na junção entre a cavidade oral e a parte oral da faringe e na junção entre a cavidade nasal e a parte nasal da faringe. A tonsila ímpar faríngea está embutida na parede posterior da parte nasal da faringe. As duas tonsilas palatinas se situam na região posterior da cavidade oral, uma de cada lado (entre os arcos palatoglosso e palatofaríngeo). O par de tonsilas linguais são localizados na base da língua.
7. Delimitações do esôfago;
	É um tubo muscular colabável que se encontra posteriormente à traqueia. O esôfago começa na extremidade inferior da parte laríngea da faringe, passa pelo aspecto inferior do pescoço e entra no mediastino anteriormente à coluna vertebral. Em seguida, perfura o diafragma através de uma abertura chamada hiato esofágico e termina na parte superior do estômago. Distingue-se em três porções: cervical, torácica e abdominal.
8. Relações anatômicas do esôfago (principalmente os três locais de constrição); 
	O esôfago pode ter três impressões (constrições) em sua parede torácica. É comprimido em três pontos: pela cartilagem cricóide na porção cervical, pelo arco da aorta e brônquio principal esquerdo (constrição broncoaórtica) na parte torácica e, por fim, pelo diafragma na região abdominal (hiato esofágico).
	As relações anatômicas do esôfago cervical são: anteriormente a traquéia, a glândula tireoide e o nervo laríngeo recorrente; lateralmente relaciona-se com grandes vasos como a carótida comum e a veia jugular interna, a porção posterior da tireoide e o ducto torácico (lado esquerdo); superiormente, temos a laringofaringe e posteriormente a lâmina pré-vertebral da fáscia cervical (coluna cervical) e alguns músculos longos do pescoço. Na porção torácica, tendo em vista que o esôfago atravessa a região do mediastino, temos as seguintes relações anatômicas: anteriormente o arco aórtico, a continuação da traqueia, os brônquios principais esquerdo e direito, o pericárdio e o diafragma; posteriormente as veias ázigos e hemiázigo (sistema alternativo de drenagem) e a coluna vertebral; lateralmente, temos o ducto torácico, a artéria subclávia esquerda, o arco aórtico, o nervo laríngeo recorrente esquerdo, a pleura mediastinal, a veia ázigos e o nervo vago; O esôfago abdominal é a porção final do órgão, se encontra à esquerda da linha mediana, entra no abdome através do hiato esofágico, termina na junção gastroesofágica/óstio cárdico do estômago que se situa na altura da vértebra T11, é recoberto pelo peritônio seroso e apresenta as seguintes relações anatômicas: anteriormente temos o lobo esquerdo do fígado; posteriormente a bolsa omental; inferiormente o estômago e superiormente o diafragma, ao qual é fixado por tecido conjuntivo que forma o ligamento frenicoesofágico inferior.
	O esôfago é recoberto por serosa somente na parte abdominal, onde é revestido pelo peritônio.
9. Vascularização esofágica (cervical, torácica e abdominal);
	A porção cervical do esôfago é irrigada por ramos da artéria tireóidea inferior; a porção torácica recebe ramos esofágicos das artérias brônquicas, das artérias intercostais e das artérias esofágicas; a porção abdominal é irrigada por ramos das artérias frênicas inferiores e da artéria gástrica esquerda. No que diz respeito à drenagem venosa, é importante ressaltar que ela é feita de tal modo que o plexo venoso submucoso estabelece uma comunicação portocava superior e portosistêmica, ou seja, entre a circulação portal e a circulação sistêmica: o retorno venoso é realizado pelas veias esofágicas, drenando para o sistema ázigos, e pela veia gástrica esquerda, drenando para a veia porta. A drenagem linfática é feita pelos linfonodos paratraqueais na região cervical; mediastinais e traqueobronquiais na região torácica; e, na região abdominal pelos linfonodos gástricos esquerdos.
10. As 9 regiões do abdômen (principais órgãos e vísceras em cada uma);
	Hipocôndrio direito (HCD): fígado, vesícula biliar, rim direito.
	Epigástrio: lobo esquerdo do fígado, piloro, duodeno, cólon transverso e cabeça e corpo do pâncreas.
	Hipocôndrio esquerdo: baço, estômago, rim esquerdo, cauda do pâncreas.
	Flanco direito (ou região lateral): cólon ascendente, rim direito e jejuno.
	Mesogástrio (ou região umbilical): duodeno, jejuno, íleo, aorta abdominal, mesentério, linfonodos.
	Flanco esquerdo (ou região lateral): cólon descendente, jejuno, íleo.
	Fossa ilíaca direita (ou região inguinal): ceco, apêndice, ovário e tuba uterina direita.
	Hipogástrio: bexiga, útero, ureter.
	Fossa ilíaca esquerda (ou região inguinal): cólon sigmoide, ovário e tuba esquerda.
11. Relações anatômicas do estômago;
	É um órgão visceral, oco, com paredes estratificadas. Está situado logo abaixo do diafragma, com sua maior porção à esquerda do plano mediano. O estômago tem quatro regiões principais: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica. A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago. A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia é o fundo gástrico. Inferior ao fundo gástrico, está a grande parte central do estômago, o corpo gástrico. A parte pilórica pode ser dividida em três regiões, o piloro, que por sua vez se conecta ao duodeno. Quando o estômago está vazio, a túnica mucosa forma grandes rugas, as pregas gástricas. O piloro se comunica com o duodeno do intestino delgado por meio de um esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter do piloro. A margem medial côncava do estômago é chamada curvatura menor; a margem lateral convexa é chama curvatura maior. O estômago está unido à face inferior do diafragma pelo ligamento gastrofrênico, ao baço pelo ligamentogastroesplênico e ao colo transverso pelo ligamento gastrocólico.
	O estômago é recoberto por peritônio, exceto nos locais em que há vasos sanguíneos ao longo de suas curvaturas e em uma pequena área posterior ao óstio cardíaco. As duas lâminas do omento menor estendem-se ao redor do estômago e separem-se de sua curvatura maior como o omento maior. Anteriormente, o estômago relaciona-se com o diafragma, o lobo hepático esquerdo e a parede anterior do abdome. Posteriormente, o estômago relaciona-se com a bolsa omental e o pâncreas; a face posterior do estômago forma a maior parte da parede anterior da bolsa omental. O colo transverso tem relação inferior e lateral com o estômago e segue ao longo da curvatura maior do estômago até a flexura esquerda do colo.
12. Vascularização do estômago;
	A abundante irrigação arterial do estômago tem origem no tronco celíaco e em seus ramos. A maior parte do sangue provém de anastomoses formadas, ao longo da curvatura menor, pelas artérias gástricas direita e esquerda e, ao longo da curvatura maior, pelas artérias gastromentais direita e esquerda. O fundo gástrico e a parte superior do corpo gástrico recebem sangue das artérias gástricas curtas e posteriores.
	As veias gástricas acompanham as artérias em ralação à posição e ao trajeto. As veias gástricas direita e esquerda drenam para a veia porta; as veias gástricas curtas e as veias gastromentais esquerdas drenam para a veia esplênica, que se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta. A veia gastromental direita drena para a veia mesentérica superior. Uma veia pré-pilórica ascende sobre o piloro até a veia gástrica direita. Como essa veia é facilmente visível em pessoas vivas, os cirurgiões a utilizam para identificação do piloro.
	Os vasos linfáticos gástricos acompanham as artérias ao longo das curvaturas maior e menor do estômago. Eles drenam a linfa de suas faces anterior e posterior em direção às suas curvaturas, onde estão localizados os linfonodos gástricos e gastromentais. Os vasos eferentes desses linfonodos acompanham as grandes artérias até os linfonodos celíacos.
13. Definir quais são os órgãos peritoneais, retroperitoneais e extraperitoneais;
	Os órgãos peritoneais são aqueles envolvidos pelo peritônio visceral: fígado, baço, estômago, ampola do duodeno, jejuno íleo, cólon transverso, colón sigmóide e parte superior do reto.
	Os órgãos retroperitoneais são aqueles que são encontrados posteriormente ao peritônio e mantêm relação somente em parte com o peritônio parietal: rim, glândulas adrenais, ureter, pâncreas, duodeno (exceto a ampola do duodeno que parte do estômago) e cólons ascendente e descente.
14. Limites dos omentos menores e maiores: a que eles se ligam?
	Os omentos são pregas peritoneais. O omento maior reveste o colo transverso e as serpentinas do intestino delgado como um “avental de gordura”. Além disso, ele é uma dupla camada que se dobra sobre si mesma, fornecendo um total de quatro camadas. Dos anexos ao longo do estômago e do duodeno, o omento maior se estende para baixo anteriormente ao intestino delgado, e então gira e se estende para cima e se insere no colo transverso.
	O omento menor surge como uma prega anterior na túnica serosa do estômago e do duodeno, e conecta o estômago e o duodeno ao fígado. É o caminho para os vasos sanguíneos que chegam ao fígado e contém a veia porta do fígado, a artéria hepática comum e o ducto colédoco, junto com alguns linfonodos.
	Além dos omentos maior e menor, há outras 3 pregas que mantêm a integridade do tubo digestório. O ligamento falciforme insere o fígado à parede abdominal anterior e o diafragma. O mesentério é a maior prega peritoneal e tem a forma de leque, ele liga o jejuno e o íleo do intestino delgado à parede posterior do abdome; entende-se da parede posterior do abdome, circunda o intestino delgado e, em seguida, retorna à sua origem, formando uma estrutura em dupla camada (entre as quais há vasos sanguíneos e linfáticos, além de linfonodos). O mesocolo liga o colo transverso (mesocolo transverso) e colo sigmoide (mesocolo sigmoide) do intestino grosso à parede posterior do abdome (também abriga vasos sanguíneos e linfáticos). Juntos, o mesentério e o mesocolo mantêm os intestinos frouxamente no lugar, possibilitando o movimento conforme as contrações musculares misturam e movem os conteúdos luminais ao longo do tubo digestório.
Parte II – Localização, Relações Anatômicas, Vascularização e Características Importantes dos Órgãos
1. Esôfago
	Recebe o bolo alimentar que sai da boca e passa pela faringe. O terço proximal da sua camada muscular é formado por músculo estriado esquelético, enquanto o terço médio é formado por músculo estriado esquelético e músculo liso e o terço distal é formado por músculo liso. 
	A parte cervical do esôfago é suprido por artérias que se originas da artéria tireóidea inferior (ramo do tronco tireocervical da artéria subclávia); a partir da aorta torácica, são enviadas artérias esofágicas na parte torácica; na parte abdominal, o suprimento é realizado por ramos do tronco celíaco (artérias da artéria gástrica esquerda). As veias esofágicas da parte cervical drenam para as veias tireóideas inferiores; a parte torácica é drenada por veias que seguem para os sistemas venosos ázigos e hemiázigos, bem como para as veias intercostais e brônquicas; os vasos da parte abdominal se abrem nas veias gástricas esquerdas e curtas.
	Os três pontos de contrição do esôfago são: contrição cervical (causada pela parte cricofaríngea do músculo constritor inferior da faringe); constrição broncoaórtica ou torácica; constrição diafragmática (hiato esofágico do diafragma). Vale ressaltar que o ligamente frenicoesofágico fixa o esôfago às margens do hiato esofágico no diafragma (permite o movimento independente do diafragma).
	Possui dois esfíncteres: junção faringoesofágica (entre faringe e esôfago) com o esfíncter esofágico superior e junção gastroesofágica (entre esôfago e estômago) com o esfíncter inferior (cárdia). 
2. Estômago
	O estômago divide-se em quatro partes: cárdia, fundo gástrico, corpo gástrico e parte pilórica. O tamanho, a forma e a localização podem variar de pessoa para pessoa e até mesmo no indivíduo, a depender da sua posição corporal. O estômago conta com 3 camadas de músculo que são, respectivamente, na ordem de dentro para fora: oblíquo, circular e longitudinal.
	Está alocado na cavidade abdominal (intraperitoneal) e é a sequência do esôfago no tubo digestório. É recoberto por peritônio, exceto nos locais onde há vasos sanguíneos e em uma pequena área posterior do óstio cardíaco. As duas lâminas do omento menor entendem-se ao seu redor. Anteriormente, relaciona-se com o diafragma, o lobo hepático esquerdo e a parede anterior do abdome. Posteriormente, o estômago relaciona-se com a bolsa omental e o pâncreas; a face posterior do estômago forma a maior parte da parede anterior da bolsa omental. O colo transverso tem relação interior e lateral com o estômago e segue ao longo da curvatura maior do estômago até a flexura esquerda do colo.
	A abundante irrigação arterial do estômago tem origem no tronco celíaco e em seus ramos; a maior parte do sangue provém de anastomoses formadas ao longo da curvatura menor pelas artérias gástricas direta e esquerda, e ao longo da curvatura maior pelas artérias gastromentais direita e esquerda; o fundo gástrico e a parte superior do corpo gástrico recebem sangue das artérias gástricas curtas e posteriores. As veias gástricas direita e esquerda drenam para a veia porta, as veias gástricas curtas e as veias gastromentais esquerdas drenam para a veia esplênica, que se une à veia mesentérica superior para formar a veia porta; a veia gastromental direita drena para a veia mesentérica superior; uma veia pré-pilórica ascende sobre o piloro até a veia gástrica direita (facilmente visível). Os vasos linfáticos do estômago drenam a linfa de suas faces anterior e posterior em direção às suas curvaturas, onde estão localizados os linfonodos gástricos e gastromentais;os vasos eferentes desses linfonodos acompanham as grandes artérias até os linfonodos celíacos.
3. Intestino delgado – Duodeno
	Primeira parte e menor do intestino delgado. Em sua maior parte é retroperitoneal, mas a ampola duodenal, que parte do estômago, está alocada intraperitonealmente; sua parte superior é retroperitoneal e é sobreposta pela fígado e pela vesícula biliar; sua parte descendente curva-se ao redor da cabeça do pâncreas e recebe, na ampola maior do duodeno, a ampola hapatopancrática (ducto colédoco + ducto hepático principal) com cobertura do peritônio na sua face anterior; segue-se, então, a parte inferior transversalmente para a esquerda; a parte ascendente segue superiormente do lado esquerdo para, então, se curvar anteriormente para se juntar ao jejuno na flexura duodenojejunal, sustentada pela inserção do músculo suspensor do duodeno (ligamento de Treitz), o qual é responsável pela formação e estabilidade dada à estrutura.
	O tronco celíaco, por intermédio da artéria gastroduodenal e seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal superior, supre a parte do duodeno proximal à entrada do ducto colédoco na parte descendente do duodeno; a artéria mesentérica superior, por meio do seu ramo, a artéria pancreaticoduodenal inferior, supre o duodeno distal à entrada do ducto colédoco. As veias do duodeno acompanham as artérias e drenam para a veia porta, algumas diretamente e outras indiretamente pelas veias mesentéricas superior e esplênica. Os vasos linfáticos do duodeno também acompanham as artérias.
4. Intestino delgado – Jejuno/Íleo
	A partir da flexura duodenojejunal, onde o jejuno se inicia, o intestino volta a ser intraperitoneal. O jejuno, em sua maior parte, está no quadrante superior esquerdo, enquanto a maior parte do íleo está no quadrante inferior direito. O mesentério é a prega que fixa o jejuno e o íleo na parede posterior do abdome.
	A artéria mesentérica superior irriga o jejuno o íleo por via das artérias jejunais e ileais, ela segue entre as camadas do mesentério e envia de 15 a 18 ramos para o jejuno e o íleo, as quais se unem e formam os arcos arteriais; desses arcos, são originadas as artérias retas. A veia mesentérica superior drena o jejuno e o íleo, a qual termina posteriormente ao colo do pâncreas, onde se une à veia esplênica para formar a veia porta. Os vasos linfáticos especializados nas vilosidades intestinais que absorvem gordura são denominados lactiníferos. 
5. Intestino Grosso
	É formado pelo ceco, apêndice vermiforme, partes ascendente, transversa, descendente e sigmoide do colo, reto e canal anal. É distinguível do intestino delgado pelos apêndices omentais, as tênias do colo (mesocólica, omental e livre), as saculações (dilatações do colo entre as pregas semilunares), além do calibre.
	O ceco é uma bolsa intestinal cega quase totalmente revestida por peritônio e sem mesentério e costuma estar ligada à parede lateral do abdome pelas pregas cecais de peritônio. O apêndice vermiforme é um divertículo intestinal cego que contém massas de tecido linfoide e se origina da face posteromedial do ceco, inferiormente à junção ileocecal; possui mesentério triangular curto (mesoapêndice), o qual fixa-se ao ceco e à parte proximal do apêndice vermiforme; o apêndice possui posição variável, mas geralmente é retrocecal; além disso, o apêndice está localizado no ponto de McBurney (linha entre a espinha ilíaca ântero-superior direita e a cicatriz umbilical, entre o primeiro terço e o terço médio dessa linha imaginária). A irrigação arterial do ceco é realizada pela artéria ileocólica (ramo terminal da artéria mesentérica superior); a artéria apendicular (ramo da artéria ileocólica) irriga o apêndice vermiforme. A drenagem venosa do ceco e do apêndice vermiforme segue por uma tributária da veia mesentérica superior, a veia ileocólica. A drenagem linfática do ceco e do apêndice vermiforme segue até os linfonodos no mesoapêndice e até os linfonodos ileocólicos situados ao longo da artéria ileocólica, enquanto os vasos eferentes seguem até os linfonodos mesentéricos superiores.
	O colo (composto por ascendente, transverso, descendente e sigmoide) circunda o intestino delgado superiormente, à esquerda, à direita e inferiormente. O colo ascendente segue para cima à direita da cavidade abdominal, do ceco até o lobo direito do fígado, onde vira para a esquerda na flexura direita do colo (hepática); é retroperitoneal, sendo recoberto pelo peritônio anteriormente e nas suas faces laterais, além de possuir íntima relação com a vesícula biliar e o rim direito; a irrigação arterial provém de ramos da artéria mesentérica superior (artérias ileocólicas e cólica direita), os quais se anastomosam com o ramo direito da artéria cólica média para formar o arco justacólico; a drenagem venosa segue por meio de tributárias da veia mesentérica superior (veias cólica direita e ileocólica); a drenagem linfática segue primeiro até os linfonodos epicólicos e paracólicos e daí para os linfonodos mesentéricos superiores. O colo transverso atravessa o abdome da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo (esplênica), onde se curva para baixo; o seu mesentério é o mesocolo transverso, que adere à parede posterior da bolsa omental ou se funde com ela; a irrigação se dá por um ramo da artéria mesentérica superior (artéria cólica média), mas também pode receber sangue da aa. cólicas direita e esquerda por meio de anastomoses (parte do arco justacólico); a sua drenagem se dá por via de tributárias da veia mesentérica superior. O colo descendente também é retroperitoneal entre a flexura esquerda do colo e a fossa ilíaca esquerda, onde é contínua com o sigmoide; o peritônio o cobre anteriormente e o liga à parede abdominal. O colo sigmoide une o colo descente ao reto; possui um mesentério longo (mesocolo sigmoide). A irrigação arterial do colo descendente e do colo sigmoide provém das artérias cólicas esquerda e sigmóideas (ramos da artéria mesentérica inferior); desse modo, ocorre uma transição da irrigação arterial do colo nessa região: mais ou menos na flexura esquerda do colo, a artéria mesentérica inferior substitui a artéria mesentérica superior; a drenagem venosa é feita pela veia mesentérica inferior, geralmente, fluindo para a veia esplênica e, depois, para a veia porta em seu trajeto até o fígado; a drenagem linfática é conduzida por vasos que seguem até os linfonodos epicólicos e paracólicos e depois através dos linfonodos cólicos intermediários, a linfa, então, segue para os linfonodos mesentéricos inferiores.
	O reto está em continuidade com o colo sigmoide e se localiza na cavidade perineal; superiormente, é limitado pela junção retossigmóidea e, inferiormente, pela junção anorretal; possui três flexuras laterais: a superior e inferior à esquerda e a intermediária à direita; é recoberto pelo peritônio nas faces anterior e lateral do seu terço superior; nos homens, o peritônio reflete-se a partir do reto para a parede posterior da bexiga urinária, onde forma o assoalho da escavação retrovesical (estabelece relação com o fundo da bexiga, partes terminais dos ureteres, ductos deferentes, glândulas seminais e próstata); nas mulheres, o peritônio é refletido do reto para a parte posterior do fórnice da vagina, onde forma o assoalho da escavação retrouterina. Na parte superior, recebe suprimento arterial da a. retal superior (ramo da artéria mesentérica inferior), na parte média e inferior, das artérias retais médias e, na junção anorretal, da aa. retais inferiores (aa. retais médias e inferiores são advindas das artérias pudendas); o reto é drenado pelas veias retais superiores, médias e inferiores, as quais drenam para a veia ilíaca comum direita.
6. Fígado
	Está localizado principalmente no quadrante superior direito do abdome, onde é protegido pela caixa torácica e pelo diafragma. Ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e do epigástrio superior e estende-se até o hipocôndrio esquerdo. Pode ser dividido anatomicamente em quatro lobos que não se diferenciam em função: direito, esquerdo,quadrado e cuadrado. A face diafragmática do fígado possui a forma de uma cúpula, se relaciona com a face inferior do diafragma e é recoberta por peritônio visceral (exceto posteriormente, na área nua do fígado, onde está em contato direto com o diafragma, face a qual é denominada diafragmática); a face visceral também é recoberta por peritônio, exceto na fossa da vesícula biliar. No lobo esquerdo do fígado, pode-se observar as impressões gástrica e esofágica na face posterior (face visceral), enquanto, no lobo direito, pode-se observar as impressões duodenal, renal e cólica.
	O suprimento sanguíneo do fígado provém tanto do sangue arterial como do sangue venoso. A chamada tríade hepática é formada pela veia porta hepática, pela artéria hepática própria e pelo ducto colédoco. A veia porta do fígado é formada pela união das veias mesentéricas superior e esplênica, posteriormente ao pâncreas, a qual ascende anteriormente à veia cava inferior como parte da tríade portal no ligamento hepatoduodenal; a artéria hepática (ramo do tronco celíaco) é dividida em a. hepática comum (do troco celíaco até a origem da artéria gastroduodenal) e a. hepática própria (da origem da artéria gastroduodenal até a bifurcação da artéria hepática própria); na porta do fígado, a artéria hepática e a veia porta dividem-se em ramos direito e esquerdo, os quais suprem a parte direita e esquerda do fígado. As veias hepáticas (direita, esquerda e intermédia), formadas pelas veias coletoras, que drenam as veias centrais do parênquima hepático, abrem-se na veia cava inferior logo abaixo do diafragma (ajuda a manter o fígado em sua posição).
7. Vesícula Biliar
	A vesícula biliar (fundo + corpo + colo) é um órgão em forma de bolsa que se localiza acoplado na face posterior do fígado na fossa da vesícula biliar. A sua função está relacionada ao acúmulo e concentração da bile, secretada pelo fígado. A bile chega à vesícula biliar a partir do ducto hepático que sai do fígado e entra pelo ducto cístico na bolsa. Por ação hormonal e nervosa, a vesícula libera a bile também pelo ducto cístico, assim, o líquido segue pelo ducto colédoco (ducto cístico + ducto hepático comum) até a ampola hepatopancreática (de forma mais frequente) que desemboca na papila maior do duodeno. 
	A irrigação da vesícula biliar e do ducto cístico provém principalmente da artéria cística (originada da artéria hepática direita). A drenagem venosa do colo da vesícula biliar e do ducto cístico flui pelas veias císticas
8. Pâncreas
	É retroperitoneal, situa-se atrás do estômago do estômago, entre o duodeno à direita e o baço à esquerda, o mesocolo transverso está fixado à sua margem anterior. A sua cabeça é circundada pelo duodeno, enquanto a sua cauda localiza-se atrás do rim esquerdo.
	O ducto pancreático começa na cauda do pâncreas e atravessa o seu parênquima até a cabeça, aonde se volta inferiormente e tem íntima ligação com o ducto colédoco; quando esses ductos se unem, é formada a ampola hepatopancreática (ampola de Vater) que se abre na ampola maior do duodeno, localizada na parte descendente do duodeno ou segunda parte do duodeno (25% das pessoas os ductos não se comunicam). O ducto pancreático acessório abre-se no duodeno no cume da papila menor do duodeno.
	A irrigação arterial de pâncreas provém principalmente dos ramos da artéria esplênica, que é muito tortuosa; várias artérias pancreáticas formam diversos arcos com ramos pancreáticos das artérias gastroduodenal e mesentérica superior; as artérias pancreaticoduodenais superior anterior e posterior, ramos da artéria gastroduodenal e as artérias pancreaticoduodenais inferiores anterior e posterior, ramos da artéria mesentérica superior, formam arcos anteriores e posteriores que irrigam a cabeça do pâncreas. A drenagem venosa do pâncreas é feita por meio das veias pancreáticas correspondentes, tributárias das partes esplênica e mesentérica superior da veia porta, sendo que a maioria delas drena para a veia esplênica. Os vasos linfáticos acompanham os vasos sanguíneos, sendo que a maioria termina nos linfonodos pancreaticoesplênicos, outros terminam nos linfonodos pilóricos; os vasos eferentes desses linfonodos drenam para os linfonodos mesentéricos superiores ou para os linfonodos celíacos através dos linfonodos hepáticos.
Referências
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e fisiologia. 12ª. edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2010.
MOORE, K. L.; DALEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª.edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2014.
DANGELO, J. G.; FATTINI, C. C. Anatomia sistêmica e segmentar. 3.ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
Material do SanarFlix
Material do Kenhub

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