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CÂNCER GÁSTRICO AULA 4 INTRODUÇÃO • O adenorcarcinoma gástrico (95% dos tumores de estômago, seguido pelos linfomas, sarcomas e estromal gastrointestinal) é o segundo tumor que mais mata no mundo, atrás apenas do CA de pulmão. • Terceiro tipo mais frequente entre homens e quinto entre mulheres. • Mais comum em homens, negros e > 50 anos (+ comum o subtipo intestinal). • Nos indivíduos < 50 anos há maior incidência no sexo feminino, predominando o tipo difuso de Lauren. • Principais FR: H. Pylori, gastrite crônica atrófica (metaplasia), grupo sanguíneo A, tabagismo, etilismo, história familiar (1º grau), dieta rica em nitrosaminas, infecções (HBV), exposição a radiação, agrotóxicos, genética, pólipos gástricos (adenomas), anemia perniciosa, cirurgias gástricas previas, etc. • A presença de úlcera gástrica e infecção por H.pylori aumenta a incidência de Ca gástrico, porém, quando a localização da úlcera é no duodeno, há uma redução da incidência. • Por conta disso, a erradicação do H. Pylori como forma preventiva não é indicada. • O uso crônico de IBPs pode levar a gastrite atrófica, porém, não há relação causal direta com o CA gástrico. PATOLOGIA • Localização: 30% são distais, 37% no terço proximal, 20% em terço médio e 13% em todo estômago. • Vias de disseminação: linfática, hematogênica, implante peritoneal e extensão direta para orgaos adjacentes. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • A maioria dos pacientes serão encontrados em estágios avançados. • O mais comum é a perda ponderal e hiporexia/anorexia e/ou saciedade precoce. • HBA não é comum (10-15% dos casos), disfagia e empaxamento nos casos de comprometimento da TEG/ cárdia, anemia ferropriva, vômitos recorrentes, náuseas e desconforto abdominal persistente também podem estar presentes. 2 EXAME FÍSICO • Pode ser encontrada doe epigástrica a palpação, massa palpável na parte superior do abdome, hepatomegalia (casos de metástase), linfonodo de Virshow (supra-clavicular esquerdo), linfonodo de Irish (axilar), sister Mary Joseph (lindonodos periumbilicais) e ascite (quadros avançados com carcinomatose). • Ao toque vaginal pode ser identificado o tumor de Krukenberg (metástase para ovário) e a prateleira de Blummer (infiltração do fundo de saco). !SINAIS QUE INDICAM DOENÇA NÃO MAIS TRATÁVEL PELA CIRURGIA! Massa abdominal (metástase hepática, tumor de grandes dimensões -T4- ou carcinomatose peritoneal), linfadenopatia supraclavicular, linfadenopatia axilar, linfonodo umbilical palpável (linfonodo de Irmã Maria José), prateleira de Blumer evidenciada no exame fundo de saco de Douglas, acometimento ovariano (tumor de Krukenberg) e nodularidade anterior e extraluminal da parede do reto, observado no toque retal. SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS • Acantose nigricans (sem relação com hiperglicemia; suspeitar em pcts com hematêmese associada), síndrome de Trousseau (distúrbios da coagulação - tromboflebite superficial ou profunda migratória), sinal de Leser-Trélat (ceratose seborreica difusa), neuropatia periférica e dermatomiosite. DIAGNÓSTICO • A EDA é o exame de escolha para os pacientes com CA gástrico • Devem ser coletados cerca de 8 fragmentos para análise histopatológica. • Capaz de localizar a porção gástrica acometida e classificar as lesões. 3 • A seriografia esofagogastroduodenal é um procedimento pouco utilizado, visto que possui sensibilidade de 75% e posteiormente há necessidade da realização da EDA para confirmação. CLASSIFICAÇÃO • Uma macroscópica e duas microscópicas. • CA gástrico precoce (CGP): tumor que acomete mucosa e submucosa independente do envolvimento linfonodal ou metástase. • A classificação japonesa endoscópica de câncer gástrico precoce: - TIPO I: são lesões polipoides; - TIPO II: lesões superficiais elevada, superficial plano, superficial deprimido; - TIPO III: ulcerado. • Quando tem dois componentes (ex.: plano e deprimido, deprimido e ulcerado), o primeiro subtipo que vai colocar na frente é o componente mais predominante do câncer, e o segundo é o que tiver menos. • Útil para lesões avançadas, que invadem além da submucosa. • Classificação de Bormann (lesões avançadas – III e IV): - BORMANN I: lesões polipoides vegetantes, bem delimitada; - BORMANN II: lesões ulceradas, de bordas elevadas; - BORMANN III: lesão ulcerada infiltrativa em parte ou em todas as suas bordas; - BORMANN IV: lesão difusamente infiltrativa, não se notando o limite entre tumor e a mucosa normal. PARA CA PRECOCES BORMANN 4 • Só por achar um Bormann, mesmo que por 3cm em corpo gástrico, por exemplo, se ver uma lesão tipo IV, não sabe quanto de margem vai deixar, então faz a gastrectomia total. • Classificação patológica mais utilizada. • Dividem o CÁ gástrico em dois tipos: 1-Intestinal (melhor prognóstico) Tendem a ser mais benignos (tende a formar glândulas). Acomete mais homens e idosos. Disseminação hematogênica é mais frequente, portanto, é vista mais metástases. Associado a gastrite atrófica e metaplasia intestinal. Relação com mutações do gene APC, inativação de p53 e p16. 2-Difuso Comportamento mais agressivo, com invasão transmural totalmente significativa. Relação com histórico familiar e o tipo sanguíneo A, sem associação com gastrite. Acomete mais as mulheres na faixa etária mais jovem. Tende a se disseminar por via transmural/linfática e por contiguidade. Compostos por células pouco diferenciadas em anel de sinete (núcleo deslocado para a periferia). Associação com a diminuição de E-caderina e inativação de p53 e p16. OBS.: Classigficação de Bordes - Graus de diferenciação histológica -> grau I (bem diferenciado) até grau IV (anaplásico). MARCADORES TUMORAIS • CEA: marcador de tumor epitelial tipo adenocarcinoma, psitivo em 11,8% e 37% dos casos pré- operatórios. • CA 72-4: sensibilidade de 40%-50% e especificidade próxima de 100% . Apesar de só estar positivo em cerca de50% dos pcts, se ele estiver positivo, é CA gástrico. • CA 19-19: não muito utilizado. • Esses marcadores são muito utilizados para acompanhamento. • CEA é um marcador de recidiva. LAUREN 5 ESTADIAMENTO • Ultrassom endoscópico (USE): Apresenta maior sensibilidade para o estudo da parede gástrica, principalmente no que se refere à infiltração/invasão – estadiamento T. Bom para avaliar linfonodos perigástricos e estabelecer se existe invasão de estruturas adjacentes. Auxilia a guiar a biópsia de linfonodos suspeitos – estadiamento N. • TC de abdome e tórax: Avaliação de metástase para fígado e pulmão com sensibilidade > 90%. Método falho para detecção de invasão regional e acometimento do peritônio, assim como para o estadiamento T e N. • Tomografia por emissão de pósitrons (PET): Capaz de detectar metástases à distância ainda não evidenciadas. Recomendado para estadiamento pré-operatório em pcts com tumores de alto risco e/ou com múltiplas comorbidades. Metade dos CA gástricos não apresenta captação ao PET. • Videolaparoscopia: Maior sensibilidade que a TC e a USE para diagnóstico de implantes peritoneais e visualiza melhor pequenas metástases hepáticas. Sugestivo para pacientes com lesões T3-T4 ou N+ (candidatos a neoadjuvância). A presença de ascite é idicação absoluta para o exame, para visualização do peritônio e citologia do líquido. • O estadiamento será feito da mesma forma, pelo TNM. 6 TRATAMENTO • Tt neoadjuvante (RT + QT) nos tumores T3-T4 ou N+ • Adjuvância nos tumores no estadiamento T1-T2 no pré e no pós T3-T4 ou N+. • Terapia de 1ª linha: gastrectomia com linfadenectomia a D2 (ou D1), com sobrevida em 5 anos superior a 85%. • Alguns indivíduos são candidatos a terapia curativa endoscópica. • Indicações para terapia curativa endoscópica: tumor limitado à mucosa (T1a), não ulcerado, com tipo histológico bem definido (intestinal)e <2 cm de diâmetro (tipo I ou IIa) ou <1 cm (tipo IIb ou IIc), sem linfadenopatia associada. • A cirurgia é o único tt definitivo, podendo ser empregado como parte da terapia paliativa. • Contraindicado nos pacientes com risco cirúrgico proibitivo e aqueles com doença metastática disseminada. • A cirurgia curativa incluem ressecção de tumor com margens de segurança de pelo menos 6 cm e linfadenectomia. • A determinação da cirurgia dependerá da localização e padrão de disseminação: • Tumores de fundo e corpo gástrico alto (Siewert II e III): o primeiro tratamos com gastrectomia total e esofagectomia distal, o segundo não precisa da retirada do esôfago. Geralmente são avançados e realizaremos a reconstrução em Y-de-Roux. • Tumores de corpo médio (Bormann IV) – não acometendo pequena curvatura: gastrectomia subtotal ou total (depende da margem). • Tumores de pequena curvatura: gastrectomia total. • Tumores distais (antro): a operação clássica é a gastrectomia radical subtotal. Nessse procedimento 75% do estômago distal (incluindo piloro e 2 cm do duodeno) é retirado, o omento maior e menor e todo tecido linfático associado. A reconstrução do trânsito é feita geralmente por gastrojejunostomia a Billroth II. RESSECÇÃO ENDOSCÓPICA TT CIRÚRGICO 7 • !Tratamento cirúrgico ampliado! Ressecção de estruturas adjacentes atingidas/afetadas pelo tumor (ex.: baço e pâncreas). – NÃO É METÁSTASE • No caso de tumores de parede gástrica posterior, precisamos fazer a bursectomia (na prática faz em qualquer tumor gástrico). • A omentectomia é feita rotineiramente, sendo o primeiro tempo cirúrgico. • Linfadenectomia: em geral fazemos linfadenectomia D2, são retirados cerca de 25 linfonodos. OBS.: D1 - Perigástricos (Até 3 cm); D2 - Extragástricos (Entre 3 e 5 cm); D3 - Para-aórticos, hilo- hepático e mesocólon TT MULTINODAL 8 LINFOMA GÁSTRICO • Neoplasia relativamente incomum 2-3% dos tumores gástricos (<15% dos CAs gástricos). • A grande maioria são linfomas não Hodgkin (MALT -mais incidente e baixo grau- e difuso de céls B). • • Clinicamente não há como diferenciá-lo do adenocarcinoma, pois apresenta as mesmas manifestações. • A infecção por H. Pylori aumenta o risco. 9 EDA com biópsia para H. Pylori 10 Excisional é a retirada completa da lesão e incisional é parcial 11 Pescoço pode ter metástase linfonodal 12 13 14 15 SARCOMAS GÁSTRICOS (GIST) • Os sarcomas são tumores originários do mesênquima (tecido mque origina músculos, ossos e cartilagens) e representam 3% das neoplasias gástricas malignas. • Os maiores representates são os GIST, originados em sua maioria no estômago (40-60%). Na sua grande maioria são benignos. • Acometem mais os indivíduos na faixa etária dos 60 anos, não tendo preferência entre os sexos. • Marcadores: c-KIT (critério diagnóstico mais específico), CD-117 (diferenciar de células musculares lisas), CD34 e mutação ativadora do fator crescimento derivado de plaquetas (PDGF). • Principais manifestações: sangramento intestinal, dor abidominal e dispepsia. • O diagnóstico é dado pela EDA, porém, em tumores intramurais, a extensão só pode ser avaliada adequadamente pela TC ou USE. • Características de malignidade: elevada frequência mitótica (> 5 mitoses por 50 campos de alta definição), tumores >5 cm, atipia celular, necrose tumoral e mutações c-Kit. • Tt: ressecção cirúrgica com margens livres, mesmo que necessária a retirada do órgão adjacentes. Sem necessidade de ressecção linfonodal, pela baixa disseminação. Não respondem bem a RT e QT. • Reicidiva nos primeiros dois anos é comum, com doença local assoaciada à metástase para fígado e peritônio. 16