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Marina Martins TURMA VII THAM NEURO Exame de Sensibilidade Análise de um parâmetro subjetivo, de forma objetiva, que não deve ser ignorado no exame físico neurológico. A percepção de estímulos ocorre por receptores espalhados na superfície corporal, sendo que vários modelos desses receptores têm nomes específicos por apresentarem captações especificas, sendo que a forma mais aceita é: a) Especiais: componentes dos órgãos especiais dos sentidos → visão, audição, equilíbrio, olfato e gustação b) Gerais: distribuídos difusamente desde a pele até os componentes viscerais e terminações nervosas livres e receptores encapsulados (fusos neuromusculares, corpúsculos de Vater-Paccini, de Meissner e de Ruffini) →Tipos de fibras (complemento) a) Fibras tipo I ou A-alfa: mielinizadas e mais grossas, conduzem informações proprioceptivas (fusos neuromusculares e órgão tendinoso de Golgi) b) Fibras tipo II ou A-beta: mielinizadas intermediárias em espessura, transmitem informações proprioceptivas (fuso neuromuscular), tato superficial (Meissner e discos de Merkel), vibração e tato profundo (Paccini e Ruffini) c) Fibras do tipo III ou A-delta: mielinizadas mais finas, conduzem informações de dor e de temperatura por terminações nervosas livres d) Fibras do tipo IV ou C: amielínicas, conduzem dor e temperatura por terminações nervosas livres 3 neurônios envolvidos com a sensibilidade: o primeiro fica abrigado no gânglio da raiz dorsal, o segundo neurônio no local de cruzamento para os segmentos contralaterais (medula ou tronco a depender da via) e o terceiro neurônio da via sensitiva neoespinotalâmica fica no tálamo. *Lembrar que a sensibilidade dos membros inferiores corresponde ao funículo Grácil e dos membros superiores corresponde ao funículo cuneiforme (GICS) No trato espinotalâmico a somatotopia das fibras é mais lateral. Superficial 2 perguntas básicas são necessárias: - Você sente, sim ou não? - Quando eu passo “aqui” e “aqui” você sente igual ou diferente? Marina Martins TURMA VII THAM NEURO *Lembrar de comparar os lados testados!! Se o paciente fala que não sente nada, é dado o nome de anestesia, se sente menos, hipoestesia. • Dor (trato espinotalâmico lateral): instrumento pontiagudo que estiver disponível, devidamente higienizado com álcool 70%. Na rotina, testa-se a dor rápida, que é a conduzida pelo trato neoespinotalâmico; mas há a dor lenta, que aparece em um segundo momento e a dor profunda, que é testada pela preensão intensa de um ventre muscular, de tendões ou dos testículos; • Tato (trato espinotalâmico anterior): chumaço de algodão ou gaze, passando suavemente pelo membro estudado e em seguida no membro contralateral; • Vibração: feito com o diapasão de 128 Hz com percussores nas extremidades. Testar nas proeminências ósseas e pedir que o paciente diga se sente e em qual membro a vibração é mais sentida; • Temperatura (trato espinotalâmico lateral): encher um tubo de ensaio com água morna e testar comparativamente, fazendo as mesmas perguntas; Profunda • Propriocepção: pode ser aferida pela movimentação passiva de dedos da mão ou do pé, isolando a articulação proximal e segurando o dedo nas laterais. Lembrar de mostrar antes do exame o que é “para cima” e o que é “ para baixo” para o paciente e solicitar que o mesmo feche os olhos depois. Fazer movimentos sequenciais e parar de repente, perguntando como está o dedo Localização nas síndromes sensitivas: depende da queixa e do exame, mas quando a região hipoestésica é bem delimitada e coincide com raiz ou segmento medular, localiza-se pelo dermátomo correspondente Quando a região hipoestésica é menor que o dermátomo e coincide com a inervação específica de um nervo, a topografia pode ser o próprio nervo ou sua área correspondente no córtex. Exame de Coordenação Ensinar a manobra que foi escolhida, podendo ser índex-índex, índex-nariz, índex-nariz com o examinador para membros superiores e calcanhar-joelho ou calcanhar-joelho- espinha da tíbia para teste de membro inferior (sentado ou deitado, se tiver como é melhor deitado). Exame da Marcha e Equilíbrio Teste de Romberg: pedir que o paciente fique em pé, com os pés juntos por um tempo (até aqui equilíbrio estático) e se posicionar lateralmente ao mesmo com os braços em volta. Depois, pedir que o mesmo feche os olhos (propriocepção). Marina Martins TURMA VII THAM NEURO A manobra estuda a propriocepção vestibular e proprioceptiva sem a ajuda da visão, diferenciando qual dos dois sistemas possa estar afetado; *Tônus labiríntico: o lado afetado é o mesmo que o paciente desequilibra, porque de alguma forma o tônus do sistema vestibular está diminuído em relação ao contralateral; Equilíbrio dinâmico: se posicionar lateralmente ao paciente e pedir que o mesmo ande observando a marcha, se há desequilíbrio ou incoordenação; Distúrbios de marcha, movimentação voluntária e sensibilidade: disbasias → exame físico o Marcha helicópode, ceifante ou hemiplégica: na deambulação o paciente eleva o membro superior e mantém cotovelo fletido a 90° e em adução, e a mão fechada com leve pronação. Membro inferior espástico e sem flexão dos joelhos, arrastando a perna em semicírculos na troca de marcha → AVCs; o Marcha anserina: lordose lombar, escoliose alternando os lados → doenças musculares e releva diminuição dos músculos das coxas e dos músculos pélvicos; o Marcha parkinsoniana: passos em bloco, enrijecidos, sem movimento automático dos membros superiores, inclinação para frente e passos miúdos e rápidos; o Marcha cerebelar/ébria: zigue-zague que lembra a marcha do bêbado → incoordenação por lesões cerebelares; o Marcha tabética/talonante: olhar fixo no chão, membros inferiores levantados de forma abrupta e pesada, tocando ao chão com força, pela perda de noção de proximidade entre o chão e o membro. Se solicitado que o paciente feche os olhos, a movimentação típica é acentuada ou fica impossível. → perda da sensibilidade proprioceptiva por lesão do corno posterior, em quadros de tabes dorsalis (sífilis), mielose funicular (deficiência de B12, ácido fólico ou vitamina B6), mielopatia vacuolar (HIV), mielopatia por deficiência de cobre e compressões posteriores da medula; o Marcha de pequenos passos: passos curtos e arrastando os pés → paralisia pseudobulbar e atrofia cortical degenerativa; o Marcha vestibular/marcha em estrela: dificuldade de deambulação em linha reta. Se solicitado que o paciente deambule de olhos fechados, pode ser que ele desenhe uma estrela em seus passos → lesões vestibulares (labirinto); o Marcha escavante: toque do pé ao solo que causa o tropeço na marcha, que obriga a elevação acentuada do membro inferior → paralisia do movimento de flexão dorsal do pé o Marcha claudicante: o paciente manca para um dos lados → insuficiência arterial periférica, lesões do aparelho locomotor e estenose do canal vertebral; o Marcha em tesoura: membros inferiores enrijecidos e espásticos em semi- flexão, pés arrastados no chão e pernas cruzando-se a frente uma da outra → paralisia cerebral;