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ANÁLISE ESTRATÉGICA DO 
PLANEJAMENTO E CONTROLE DA 
PRODUÇÃO (PCP) NA 
REMANUFATURA: UM ESTUDO 
TEÓRICO 
 
Muris Lage Junior (UFG) 
muris@dep.ufscar.br 
Moacir Godinho Filho (UFSCar) 
moacir@dep.ufscar.br 
 
 
 
Este artigo tem como objetivo geral fazer um estudo exploratório do 
setor de remanufatura segundo a ótica da estratégia de produção. Para 
tal, foi escolhido o Planejamento e Controle da Produção (PCP) como 
área de decisão infra-estrutural nnorteadora da análise. Com isso, o 
objetivo específico deste artigo é fazer uma revisão da literatura a 
respeito do PCP na remanufatura e relacionar os trabalhos analisados 
com as prioridades competitivas custo, qualidade, flexibilidade e 
entrega. Assim, o presente artigo pretende contribuir de duas 
maneiras: (i) evidenciando qual a prioridade competitiva 
predominante nos estudos já realizados sobre o PCP na remanufatura 
e (ii) identificando pesquisas futuras a respeito da questão infra-
estrutural PCP na remanufatura. Neste estudo, constatou-se que os 
objetivos de desempenho priorizados com maior freqüência pelas 
pesquisas analisadas foram custo e entrega; sendo que nenhum estudo 
da amostra priorizou o objetivo flexibilidade, o qual, portanto, se 
mostra como tema para pesquisas futuras na área. 
 
Palavras-chaves: Estratégia de Produção, Planejamento e Controle da 
Produção, remanufatura. 
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. 
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 
 
 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão 
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 
 
 
 
 
 
 
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1. Introdução 
Recentemente as empresas industriais vêm se defrontando com a necessidade de diminuir os 
impactos ambientais causados pelas operações produtivas, seja pela imposição de leis 
governamentais, seja pela exigência dos próprios consumidores que cada vez mais adquirem 
consciência ambiental. Além disso, como enfatizam Beamon e Fernandes (2004), o 
crescimento do consumo resulta em redução de recursos disponíveis para os sistemas 
produtivos. Diante disto, muitas dessas empresas, ora motivadas por essas exigências e pela 
própria imagem coorporativa resultante da adoção de ações em favor da preservação 
ambiental, ora motivadas por razões simplesmente econômicas, estão adotando procedimentos 
em direção à conservação ambiental. Dentre as diversas maneiras de se responder a essas 
pressões sociais e legislativas pode-se citar a reciclagem, reutilização e, em especial para este 
artigo, a remanufatura de produtos. 
Segundo a Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos da América, em 
essência, remanufaturar significa “restaurar bens duráveis por meio da reposição de peças 
deterioradas ou gastas”. Mais especificamente, a remanufatura é um processo industrial em 
que produtos já utilizados e descartados são recuperados, tornando-se novos. Isto é feito, 
primeiramente pela obtenção dos produtos usados. Após isso, esses produtos são 
completamente desmontados e inspecionados. As partes consideradas úteis são limpas, 
reformadas e estocadas. Por fim, produtos novos são (re)montados a partir dessas peças e, se 
necessário, com a utilização de peças novas. Dessa forma, a remanufatura recupera o valor 
agregado na forma de material, energia e trabalho que permanece nos produtos descartados. 
Em se tratando, portanto, de um setor com visível importância, a remanufatura tem recebido 
recentemente bastante atenção de vários pesquisadores como Tang et al (2007), Van Der Laan 
e Teunter (2006), Seliger et al (2006) e Guide et al (2005). Já no Brasil, pouco se tem tratado 
de assuntos concernentes a remanufatura; dentre os trabalhos tem-se Costa Filho et al (2006), 
Kato e Laurindo (2004) e Lage Junior (2008). De acordo com Chiu (2008), mais pesquisas 
devem ser realizadas para expor a remanufatura e outros tipos de recuperação de produtos 
usados para o mercado global. 
O objetivo deste trabalho é fazer um estudo exploratório, relacionando os trabalhos 
publicados em periódicos internacionais a respeito do PCP na remanufatura com as 
prioridades competitivas custo, qualidade, flexibilidade e entrega. Tal objetivo é alcançado 
por meio de uma revisão da literatura. Com isso, o presente artigo pretende contribuir de duas 
maneiras: (i) evidenciando qual a prioridade competitiva predominante nos estudos já 
realizados sobre o PCP na remanufatura e (ii) identificando pesquisas futuras a respeito da 
questão estratégica infra-estrutural PCP na remanufatura. 
Os estudos exploratórios são conduzidos para explorar um tema com o fim de proporcionar 
maior familiaridade com o assunto (GIL, 1991). A pesquisa exploratória pode ser conduzida 
por entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, 
análise de exemplos, estudos de caso e, em especial para este artigo, por meio de 
levantamento bibliográfico. Dessa forma, a pesquisa exploratória neste trabalho pretende 
ampliar o conhecimento a respeito dos objetivos de desempenho na remanufatura, com base 
nas atividades de PCP, por meio da análise da bibliografia especializada. 
A revisão bibliográfica é um método bastante utilizado para examinar, de forma abrangente, 
diferentes abordagens sobre o tema a ser estudado. A revisão da literatura é classificada como 
 
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teórico-conceitual. A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas 
nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na criação de condições para a 
intervenção. De acordo com Berto e Nakano (1998) este procedimento “é fruto de uma série 
de reflexões fundamentadas em um fato observado ou exposto pela literatura”. A pesquisa 
bibliográfica pode ser aí enquadrada já que o objetivo é explicar um problema a partir de 
referências teóricas publicadas. 
Para alcançar seus objetivos, este trabalho está estruturado da seguinte maneira: na seção 2 
são apresentados os referenciais teóricos sobre estratégia de produção, com ênfase na proposta 
de Wheelwright (1984) sobre as áreas de decisão estruturais e infra-estruturais, além das 
prioridades competitivas. A seção 3 trata da remanufatura, suas características e importância, 
com destaque para o PCP. Na seção 4 são realizadas a revisão bibliográfica a respeito do PCP 
na remanufatura e a análise relacionando os trabalhos publicados com as prioridades 
competitivas. Por fim, na seção 5 são expostas as principais conclusões do trabalho. 
2. Estratégia de produção: questões estruturais, infra-estruturais e prioridades 
competitivas 
O início da discussão sobre estratégia de produção é atribuído a Skinner (1969). Desde então 
muitos estudos foram realizados para contribuir neste âmbito. 
Vários são os autores que tratam a estratégia da produção como sendo parte de uma hierarquia 
estratégica, tendo como uma das principais referências a obra de Porter (1980). Esta 
hierarquia estratégica é formada pela: (i) estratégia corporativa - definição dos negócios em 
que a empresa participará; (ii) estratégia competitiva - identificar as forças competitivas e 
influenciá-las ou se proteger delas; e (iii) estratégia funcional - deve suportar e viabilizar a 
estratégia competitiva. 
Segundo Wheelwright (1984), para atingir os objetivos estratégicos competitivos, deve haver 
um padrão de ações dentro das áreas de decisão, ou questões estruturais: instalações, 
capacidade, tecnologia e integração vertical; e questões infra-estruturais: PCP, recursos 
humanos, organização, qualidade e relação com fornecedores. 
Instalaçõesindustriais dizem respeito à localização, tamanho e processos utilizados na 
manufatura. Capacidade trata do volume de produção, mix e grau de especialização dos 
recursos. Tecnologia refere-se ao tipo e nível de automação e sistemas de informação 
empregados. Integração vertical define o que se irá produzir e o que irá se comprar de 
terceiros. Organização se refere a estrutura, níveis hierárquicos e formas de organização do 
trabalho. Recursos humanos tratam da fixação dos procedimentos de seleção, contratação, 
treinamento, avaliação, promoção, transferência, remuneração e motivação da mão-de-obra. 
Qualidade refere-se aos padrões e formas de controle, responsabilidades, ferramentas, 
sistemas de medidas e treinamentos para o alcance do nível de qualidade dos produtos. E 
finalmente, o PCP define o conjunto de atividades gerenciais a serem executadas para que se 
concretize a produção dos produtos fornecidos pela empresa. 
A produção é, portanto, uma das estratégias funcionais, e trata-se do processo que coloca em 
ação as prioridades competitivas. Essas prioridades refletem as necessidades da estratégia 
competitiva e apontam para determinados objetivos, sendo os principais custo, qualidade, 
flexibilidade e desempenho na entrega. 
2.1 O PCP com área de decisão infra-estrutural 
Sipper e Bulfin (1997) apresentam o Planejamento e Controle da Produção como uma parte 
 
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significante da tecnologia de gerenciamento da produção, desempenhando a função de 
combinar os fluxos físicos e de informações para gerenciar o sistema de produção, 
relacionando-se com o ambiente externo e com o chão de fábrica. Esses autores salientam que 
as funções principais do PCP são estabelecer metas e medir desvios na produção, ou seja, a 
essência do PCP é gerenciar desvios enquanto mantém os objetivos consistentes com os da 
organização como um todo. Corrêa e Gianesi (1997) acrescentam ainda que um dos papéis do 
PCP é garantir adequação entre as decisões operacionais e as decisões ou necessidades 
estratégicas da organização. Contador e Contador (1997) ressaltam o papel do PCP de 
conexão com os demais setores da empresa, com os fornecedores e clientes, além 
naturalmente, do objetivo de comandar o processo produtivo e os serviços correlatos entre si. 
Stevenson et al (2005) afirmam que as funções típicas de um sistema de PCP são 
planejamento das necessidades de materiais, gerenciamento da demanda, planejamento da 
capacidade, scheduling etc. Os propósitos chaves destas funções são reduzir estoque em 
processo, minimizar os tempos de atravessamento (throughput time) e lead times, diminuir os 
custos de estoques, melhorar a responsividade a mudanças, melhorar a aderência das datas de 
entrega, dentre outros. 
Para que a produção possa suportar as prioridades competitivas impostas pelos consumidores, 
dentre elas a qualidade, o desempenho de entrega, custo e flexibilidade, o sistema de PCP é 
vital. De acordo com Olhager e Wikner (2000), neste sentido, o sistema de PCP torna-se uma 
questão estratégica, uma vez que representa o primeiro elo entre o nível estratégico e os níveis 
abaixo, provendo a estrutura para traduzir as intenções estratégicas em planos táticos e 
operacionais concretos. 
Dessa forma, o PCP deve contribuir para o alcance dos objetivos de desempenho, das 
seguintes maneiras: 
- Custo: desenvolvendo e implementando procedimentos gerenciais que garantam menores 
custos de fabricação dos produtos; 
- Qualidade: desenvolvendo e implementando procedimentos que garantam um nível de 
qualidade adequado dos componentes; 
- Desempenho de Entrega: desenvolvendo e implementando procedimentos que garantam o 
cumprimento dos prazos estabelecidos e curtos tempos de atravessamento (throughput times); 
- Flexibilidade: desenvolvendo e implementando procedimentos que garantam a adaptação a 
novos produtos, processos e métodos. 
3. Remanufatura 
Segundo a Environmental Protection Agency (EPA) dos Estados Unidos da América, em 
essência, remanufaturar significa “restaurar bens duráveis por meio da reposição de peças 
deterioradas ou gastas”. Mais especificamente, a remanufatura é um processo industrial em 
que produtos já utilizados e descartados são recuperados, tornando-se novos. Isto é feito, 
primeiramente pela obtenção dos produtos usados. Após isso, esses produtos são 
completamente desmontados e inspecionados. As partes consideradas úteis são limpas, 
reformadas e estocadas. Por fim, produtos novos são (re)montados a partir dessas peças e, se 
necessário, com a utilização de peças novas. Dessa forma, a remanufatura recupera o valor 
agregado na forma de material, energia e trabalho que permanece nos produtos descartados. A 
figura 1, a seguir, ilustra os principais subsistemas de um processo de remanufatura. 
 
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CT 1
CT 3
CT...
CT 2
CT 4
CT i
Desmontagem
m unidades
n peças
Operações de Remanufatura
i centros de trabalho
k rotas
Remontagem
n peças
m unidades
CT 1
CT 3
CT...
CT 2
CT 4
CT i
Desmontagem
m unidades
n peças
Operações de Remanufatura
i centros de trabalho
k rotas
Remontagem
n peças
m unidades
 
 Figura 1 – Subsistemas principais de um processo de remanufatura 
Fonte: Guide et al (2005) 
O processo de desmontagem fornece as entradas (inputs) para os centros de trabalho (CT), na 
forma de materiais e informações, tais como: quantidade de peças a serem recuperadas, 
necessidade de compras de materiais, refugos, dentre outros. Clegg e Willians (1995) 
constataram que a maioria das operações de desmontagem é feita manualmente. A automação 
somente é possível para produtos bastante padronizados e se a quantidade (volume) for alta. 
Segundo Guide (2000) a desmontagem não é simplesmente a operação inversa da montagem, 
mesmo por que muitos produtos foram projetados para serem montados somente, ou seja, não 
havia previsão da necessidade de desmontá-los. Atualmente, ainda que incipiente, esta já é 
uma preocupação presente nos projetos de novos produtos. 
As operações de remanufatura propriamente dita consistem basicamente na inspeção das 
peças a serem recuperadas, limpeza das peças e reforma da peças por meio de operações 
como usinagem. Neste subsistema da remanufatura, as rotas, ou seja, as operações que 
deverão ser realizadas em cada uma das n peças são determinadas em função da condição de 
cada uma, sendo na maioria das vezes muito diferente mesmo para peças idênticas. 
Por fim, as n peças recuperadas no processo de remanufatura são remontadas, formando m 
produtos finais remanufaturados. Dentre esses produtos finais, uma fração possui estritamente 
peças remanufaturadas outra fração possui tanto peças remanufaturadas como peças novas 
(nos casos em que a quantidade de peças remanufaturadas não forem suficientes). 
Muitas empresas atuam somente com o processo de remanufatura. Outras empresas possuem 
a remanufatura como um processo paralelo ao da manufatura. Os principais produtos 
remanufaturados pelas indústrias são: copiadoras, tonners de impressoras, equipamentos 
médicos, auto-peças, celulares, computadores, mobiliários equipamentos de aviação, 
equipamento aeroespacial, equipamentos militares e pneus. 
Em função das características singulares dos processos de remanufatura, esta possui 
claramente muitas diferenças em relação à manufatura convencional. As principais 
divergências, que se apresentam como dificuldades para o PCP na remanufatura são (GUIDE 
et al, 1999): 
 Incerteza quanto à condição de retorno do produto até a inspeçãode recebimento; 
 Necessidade de controle e rastreamento ao longo do processo de remanufatura para 
determinados tipos de produtos; 
 
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 Necessidade de desmontar o produto; 
 Diferença entre o mix de produtos retornados e o mix de produtos demandados; 
 Incertezas relacionadas a quantidade e tempo para de retorno dos produtos. 
Além disso, como salientam Guide e Srivastava (1997), existem outros dois complicadores 
importantes, mais especificamente associados ao controle da produção: 
 Alta variabilidade dos tempos de processamento, pois mesmo para peças idênticas, as 
necessidades de tratamento são diferentes; 
 Alta variabilidade dos tempos de setup dos equipamentos, pelos mesmos motivos 
anteriores; 
Devido a essas características complexas existe a necessidade clara de um bom desempenho 
das atividades de PCP nestes ambientes. Para muitos pesquisadores, como por exemplo Guide 
et al (1999) o problema básico neste contexto de remanufatura é coordenar efetivamente os 
três subsistemas (figura 1), sendo as principais variáveis de decisão o quanto e quando 
desmontar, remanufaturar, produzir e/ou comprar novas peças, produtos e materiais. 
Com relação às prioridades competitivas, o PCP neste ambiente deve superar essa 
complexidade oferecendo condições para a operação alcançar, em determinada ordem de 
prioridade, baixos custos, qualidade, desempenho nas entregas e flexibilidade. 
4. Revisão bibliográfica e análise 
Diante das discussões anteriores, o objetivo desta seção é, por meio de uma revisão 
bibliográfica de artigos publicados em periódicos internacionais, identificar quais são os 
objetivos de desempenho priorizados pelas pesquisas realizadas no âmbito na área de decisão 
infra-estrutural PCP. Para tanto, foi realizada uma pesquisa na base de dados Compendex, 
com a palavra “remanufacturing” para busca no título do artigo e a frase “production planning 
and control” para busca no assunto/titulo/resumo. Fez-se uma limitação por artigos do tipo 
“journal article”, pois assim como Ngai et al (2008), acredita-se que artigos de periódicos são 
as fontes mais comumente usadas para aquisição de informações em revisões bibliográficas. 
Com isso, retornaram 22 registros de trabalhos publicados com essa característica. Desses 22 
artigos, dois foram excluídos por serem revisões bibliográficas a respeito do assunto. A seguir 
são analisados cada um dos 20 artigos remanescentes com relação aos objetivos de 
desempenho priorizados. O acesso a base de dados foi realizada em Janeiro de 2009. 
Van der Laan e Salomon (1997) utilizam um modelo de simulação e pesquisa operacional 
para avaliar a operação de uma empresa de remanufatura de copiadoras. Os autores modelam 
dois esquemas de funcionamento da produção: puxado e empurrado. A comparação entre os 
resultados mostra que escolha entre uma estratégia e outra depende principalmente do valor 
dos estoques de peças. Outra conclusão do estudo é que ambas as formas de se controlar o 
fluxo de materiais não se mostraram suficientemente robustas às alterações da demanda e das 
taxas de retorno de produtos. Neste caso, os autores priorizam o custo, em função da 
importância dada aos níveis de estoque para as análises realizadas. 
Guide e Srivastava (1997) avaliam, utilizando simulação, o desempenho de sistemas de 
sequenciamento da produção. Dentre as conclusões, destaca-se a indicação de ferramentas de 
sequenciamento orientadas pela data de entrega dos produtos como, por exemplo, EDD 
(Earliest Due Date). Dessa forma, por utilizarem como indicadores de desempenho 
relacionadas às datas de entrega, este estudo prioriza o desempenho de entrega. 
 
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Van der Laan et al (1996) fazem uma comparação numérica detalhada de diferentes 
estratégias de controle de estoques em processos de remanufatura. Neste artigo, os autores 
partem de propostas anteriores para controle de inventários na remanufatura e propõem a 
combinação de diferentes estratégias para o controle dos estoques de peças ao longo do 
processo de remanufatura. Com base nos resultados obtidos das comparações simuladas entre 
o desempenho de cada estratégia, os pesquisadores concluíram que a proposta sugerida de 
combinação das estratégias puras superou as demais em termos de custos. Dessa forma, este 
artigo prioriza claramente o objetivo de desempenho custo. 
Van der Laan et al (1999a) analisam o PCP para sistemas híbridos de manufatura e 
remanufatura. Neste trabalho os autores propõem uma sistemática para a análise numérica 
comparativa do desempenho das políticas de controle puxada e empurrada. O principal 
parâmetro de análise, neste artigo, é o custo, especialmente os custos relacionados aos níveis 
de estoque em processo. Sob este ponto de vista, constatou-se, após os estudos numéricos dos 
resultados, que a opção puxada é economicamente mais interessante. Dessa forma, neste 
trabalho o objetivo de desempenho priorizado é o custo. 
Richter e Sombrutzki (2000) propõem a utilização do algoritmo Wagner/Whitin para 
realização do PCP na remanufatura. Neste algoritmo, a idéia principal é estabelecer o 
planejamento da liberação das ordens e controle dos estoques, de modo a minimizar os custos 
totais. Uma série de análises numéricas são efetuadas, e dentre as conclusões feitas, destaca-se 
a importância, segundo a visão dos autores, de se introduzir simultaneamente parâmetros 
referentes aos custos da manufatura e remanufatura em novos modelos a serem propostos em 
pesquisas futuras. Este trabalho, em função da importância dada aos custos nas análises 
apresentadas, prioriza o objetivo de desempenho custo. 
Guide e Spencer (1997) se baseiam no método do planejamento grosseiro de capacidade, ou 
Rough-Cut Capacity Planning (RCCP), para elaborar um procedimento com os mesmos 
objetivos para a remanufatura. Nesse sentido, a adaptação feita leva em consideração o caráter 
probabilístico de algumas variáveis da remanufatura: incerteza quanto a porcentagem de 
reposição de materiais e sequenciamento das operações. As principais modificações realizadas 
na proposição têm como objetivo minimizar os efeitos da alta variabilidade dos lead-times 
(típicos nos processos na remanufatura) no planejamento agregado da capacidade. Sendo 
assim, a preocupação é garantir o atendimento das datas de entrega demandadas, ou seja, o 
objetivo de desempenho priorizado é a entrega. 
Tang et al (2007) justificando a falta de sistemas de PCP específicos para ambientes de 
remanufatura, constroem um modelo de simulação para estimar o lead-time produtivo em um 
ambiente de remanufatura. Dentre as principais conclusões, pode-se destacar que o aumento 
da probabilidade de reaproveitamento de peças recuperadas não necessariamente, segundo o 
modelo testado em simulação, diminui o lead-time. Portanto, tendo-se o lead-time como 
principal parâmetro das avaliações realizadas neste trabalho, pode-se concluir que o objetivo 
de desempenho priorizado é a entrega. 
Grubbström e Tang (2006) desenvolvem um modelo matemático para analise de sistemas 
produtivos com operações de remanufatura. O objetivo é investigar o trade-off entre os custos 
de mão-de-obra para recuperar peças e os custos de aquisição de peças novas como alternativa 
para a composição dos produtos finais. O modelo, portanto, permite ao tomador de decisão 
escolher o nível ótimo de peças a serem reaproveitadas (remanufaturadas) e, 
consequentemente, o nível ótimo de peças novas a serem compradas. Concluí-se, assim, que 
este artigo prioriza o custo como objetivode desempenho. 
 
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Van der Laan et al (1999b) fazem uma comparação dos efeitos da duração e da variabilidade 
dos lead-times para os custos totais de um sistema produtivo híbrido (manufatura e 
remanufatura simultaneamente), com base nos controles puxados e empurrados desses 
sistemas. Um estudo numérico é realizado e, dentre as conclusões, destaca-se que mudanças 
na duração do lead-time afetam relativamente mais os custos da manufatura, enquanto que 
mudanças na variabilidade do lead-time afetam relativamente mais os custos da remanufatura. 
Portanto, neste caso o objetivo de desempenho priorizado é o custo. 
Guide et al (1997a) utilizam simulação para avaliar algumas regras de sequenciamento em 
ambientes com remanufatura. O foco neste estudo é a remontagem. Neste trabalho as medidas 
de desempenho utilizadas para as análises são tempo médio de fluxo, tempo médio de atraso, 
porcentagem de tarefas atrasadas e raiz média quadrada de atrasos. Os resultados deste 
trabalho confirmaram parte dos resultados do estudo tratado anteriormente por Guide e 
Srivastava (1997). Com isso, este estudo também prioriza o desempenho de entrega como 
objetivo de desempenho. 
Parkinson e Thompson (2004) fazem uma análise da dificuldade de se realizar o PCP na 
remanufatura de forma a garantir que produtos com qualidade sejam obtidos. Os autores 
propõem um método para planejar e executar as operações na remanufatura com base na 
conhecida sistemática do FEMEA (Failure Mode and Effect Analysis). Tal procedimento 
proposto é demonstrado em estudos de caso em remanufaturas de aparelhos condicionadores 
de ar e motores. Tendo a qualidade como principal preocupação para a elaboração da proposta 
deste estudo, tem-se que a qualidade é o objetivo de desempenho priorizado. 
Zanoni et al (2006) utilizam modelagem matemática para fazer simulações comparativas do 
desempenho de sistemas híbridos (manufatura e remanufatura simultaneamente) operando 
com controle puxado ou dual (cada ordem de produção é dividida entre duas opções, produzir 
uma nova peça – manufaturar, ou reparar uma peça usada - remanufaturar). As medidas de 
desempenho utilizadas para as análises são custo e amplitude do efeito chicote na cadeia. 
Após o exame numérico dos resultados das simulações os autores concluem que o sistema de 
controle puxado oferece bom desempenho quando os lead-times da remanufatura são menores 
que na manufatura e para que o sistema dual tem um bom desempenho em custos é preciso 
que haja uma grande diferença entre os lead-times da manufatura e da remanufatura. Diante 
do exposto, pode-se concluir que neste trabalho o objetivo de desempenho priorizado é custo. 
Gharbi et al (2008) propõem uma modificação do sistema de controle hedging point policy 
(HPP), batizada por eles de multiple hedging point policy (MHPP), cujo objetivo é minimizar 
os custos totais de um sistema de remanufatura. A comparação entre o desempenho de tais 
políticas de controle é realizada via simulação matemática. Os resultados apontam, segundo 
os autores, para um melhor desempenho em termos de custos totais do MHPP. Este trabalho 
claramente prioriza o objetivo de desempenho custo. 
Mangun e Thurston (2002) desenvolvem um modelo para gestão da vida útil de produtos a 
serem remanufaturados. Neste modelo, o objetivo é auxiliar a tomada de decisão no longo 
prazo com relação aos momentos ideais de recuperação dos produtos novos vendidos, e quais 
partes desses produtos devem ser reutilizadas, recicladas ou descartadas. O modelo é 
demonstrado por meio de um estudo de caso na recuperação de computadores pessoais. O 
modelo foi avaliado pelas autoras levando-se em consideração três parâmetros: custos de 
produção, confiabilidade dos produtos remanufaturados e impacto ambiental. Os resultados 
demonstraram a viabilidade da utilização do modelo que evidencia as vantagens em termos de 
custos, satisfação do consumidor e redução dos impactos ambientais. Nesse caso, como o 
 
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custo é um dos parâmetros de análise dos resultados, pode-se inferir que este é o objetivo de 
desempenho priorizado no estudo. 
Teunter et al (2006) fazem uma análise numérica comparativa detalhada entre diferentes 
heurísticas para determinação dos tamanhos dos lotes de produção em um sistema híbrido, ou 
seja, onde é possível satisfazer a demanda com produtos remanufaturados ou manufaturados. 
O parâmetro de desempenho analisado na análise é o custo total, formado pelo custo de 
manutenção de estoques e custos de setup. O objetivo é determinar o planejamento da 
produção, ou seja, o quanto produzir na manufatura e o quanto produzir na remanufatura de 
maneira a minimizar o custo total no período do planejamento. Os testes realizados mostraram 
que a heurística Silver Meal (SM) supera as heurísticas Least Unit Cost (LUC) e Part Period 
Balancing (PPB). Em função do exposto, pode-se afirmar que este artigo prioriza o custo 
como objetivo de desempenho. 
Kulkarni et al (2007) analisam os benefícios da utilização da tecnologia RFID (Radio 
Frequency Identification) para a remanufatura. Em particular, esse estudo verifica a relação 
custo/benefício de se utilizar tal tecnologia para controlar a qualidade dos produtos, em 
comparação com a inspeção manual. Dentre as conclusões, os autores destacam que quanto 
maior a incerteza em relação à qualidade, maiores são os benefícios das informações obtidas 
pela inspeção dos produtos. Diante deste destaque ao controle da qualidade como fator de 
análise, neste artigo o objetivo de desempenho priorizado é a qualidade. 
Guide (1996) demonstra em seu trabalho a utilização do sistema de coordenação de ordens 
Tambor-Pulmão-Corda (TPC) ou Drum-Buffer-Rope (DBR) em inglês, para a realização da 
programação da produção na remanufatura. Segundo o autor, a maior vantagem em se utilizar 
este sistema vem da possibilidade de reduzir drasticamente a necessidade de informações por 
se programar somente a restrição operacional. Na remanufatura o tambor é representado pela 
programação das peças que chegam na montagem final. Os pulmões são formados por peças 
nas áreas críticas, ou seja, onde paradas de linha podem ocorrer em função de atrasos 
causados pelas incertezas inerentes ao processo de recuperação das peças. E finalmente, a 
corda é representada pelo processo de reparo das peças que puxa as peças a serem recuperadas 
no ritmo de consumo na montagem final. As simulações realizadas neste trabalho mostram 
que o desempenho do TPC supera métodos baseados no MRP para a remanufatura. O índice 
de desempenho primário das análises é a porcentagem de produtos que foram produzidos de 
acordo com o a programação. Foram utilizados também outras medidas de desempenho 
(secundárias): níveis de estoque em processo (WIP), tempo de atravessamento (throughput 
time) e tempo no sistema. Portanto, neste caso tem-se a priorização do desempenho de entrega 
como objetivo de desempenho. 
Stanfield et al (2006) propõem o uso de um modelo de redes para a determinação da liberação 
das ordens e sequenciamento da produção na remanufatura de modo a balancear as datas 
prometidas, confiabilidade dos lead-times e minimização do makespan. A utilização da 
heurística apresentada pelos pesquisadores neste trabalho se mostrou vantajosa em 
comparação a outros procedimentos propostos anteriormente. Diante disso, como as datas 
prometidas e lead-times estão intimamente ligados ao objetivo de desempenho entrega, 
concluí-se que este trabalho o prioriza. 
Aras et al (2004) analisamo impacto da categorização da condição dos produtos retornados a 
serem remanufaturados. Essa categorização em termos de qualidade dos produtos retornados 
tem como objetivo maior apoiar as decisões do PCP de maneira a minimizar os custos totais 
de produção. Os autores concluem, após vários estudos numéricos, que quanto piores as 
 
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condições dos produtos retornados maiores são as economias proporcionadas pela 
categorização. Portanto, como o foco deste estudo é a minimização dos custos, trata-se de 
uma pesquisa com base na priorização do objetivo de desempenho custo. 
Guide et al (1997b) propõem novas maneiras de se realizar o planejamento da capacidade 
para ambientes produtivos com remanufatura. São feitas simulações numéricas de diferentes 
abordagens para a realização do planejamento da capacidade: BoR (Bill of Resources), MBoR 
(Modified Bill of Resources), CPOF (Capacity Planning using Overall Factors), BoRV (Bill 
of Resources with Variance), e MBoRV (Modified Bill of Resources with Variance). Com os 
resultados e analises realizadas com base no nível de utilização dos equipamentos, os autores 
concluíram que essas técnicas para a realização do RCCP tentem a subestimar as taxas de 
utilização no chão de fábrica. Dentre os métodos novos, os resultados mostraram, segundo os 
autores, que o MBoRV e o BoRV possuem desempenhos melhores. Como neste estudo a 
utilização é o parâmetro de análise fundamental, pode-se afirmar que o objetivo de 
desempenho custo é priorizado. 
A tabela 1 e a figura 2, a seguir, sintetizam as análises realizadas anteriormente com relação 
aos objetivos de desempenho priorizados em cada um dos artigos revisados. 
 
Artigos 
Prioridade competitiva 
Custo Qualidade Flexibilidade Entrega 
Van der Laan e Salomon (1997) x 
Guide e Srivastava (1997) x 
Van der Laan et al (1996) x 
Van der Laan et al (1999a) x 
Richter e Sombrutzki (2000) x 
Guide e Spencer (1997) x 
Tang et al (2007) x 
Grubbström e Tang (2006) x 
Van der Laan et al (1999b) x 
Guide et al (1997a) x 
Parkinson e Thompson (2004) x 
Zanoni et al (2006) x 
Gharbi et al (2008) x 
Mangun e Thurston (2002) x 
Teunter et al (2006) x 
Kulkarni et al (2007) x 
Guide (1996) x 
Stanfield et al (2006) x 
Aras et al (2004) x 
Guide et al (1997b) x 
Tabela 1 – Objetivos de desempenho priorizados em cada um dos artigos revisados 
 
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11 
60%
10%
0%
30%
Custo Qualidade Flexibilidade Entrega
 
Figura 2 – Perfil dos objetivos de desempenho priorizados nos 20 artigos revisados 
Como se pode notar, o objetivo predominante nos artigos revisados é custo (12), seguido de 
entrega (6) e qualidade (2). Nenhum artigo tratou especificamente do objetivo de desempenho 
flexibilidade. 
Dentre os artigos que tratam do objetivo custo, o principal problema tratado é o controle de 
estoques, seguido da análise comparativa entre controle puxado e empurrado da produção. Os 
demais artigos desta categoria apresentaram como problemas determinação do tamanho dos 
lotes de produção, planejamento da capacidade, liberação de ordens e decisões de comprar vs 
remanufaturar. 
Dentre os artigos que tratam do objetivo entrega, o principal problema tratado é o 
sequenciamento das ordens. Os demais artigos desta mesma categoria trataram do 
planejamento da capacidade, sistemas de coordenação de ordens (especificamente o DBR) e 
liberação de ordens. 
Já nos 2 artigos que tratam do objetivo qualidade, os problemas tratados são relativos à coleta 
de informações para auxiliar a tomada de decisão no PCP e desenvolvimento de um 
procedimento para apoio à decisão no PCP com base no FEMEA. 
Com relação aos métodos utilizados nos 20 artigos revisados, nota-se uma imensa 
predominância da modelagem matemática e simulação, com 17 artigos ou 85%. Os três 
artigos restantes fazem estudos de caso. O grande uso de métodos quantitativos aponta para 
uma tendência de sua utilização em estudos de sistemas complexos como a remanufatura, 
onde o PCP necessita lidar com alto grau de incertezas e variáveis aleatórias como lead-times 
de processamento, tempos de setup e sequenciamento. 
5. Conclusões 
Este artigo realiza uma revisão da literatura a respeito do PCP na remanufatura, com o 
objetivo de identificar o objetivo de desempenho predominante nos artigos publicados em 
periódicos internacionais. Pretende-se contribuir, com o presente trabalho, para a ampliação 
da pesquisa relacionada a este assunto, pois como salientam Atasu et al (2008) “a literatura 
sobre remanufatura é pequena comparada com a importância das questões gerenciais que ela 
representa”. 
As análises realizadas mostram que, na área de decisão infra-estrutural PCP para a 
remanufatura, os pesquisadores têm tratado com mais freqüência os objetivos de desempenho 
custo e entrega. Essa constatação reforça os apontamentos feitos por outras pesquisas 
exploratórias relativas às necessidades competitivas da remanufatura como, por exemplo, 
Guide et al (2003) que expõem que “o objetivo chave dessas companhias incluem a 
 
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minimização dos custos...” e Guide (2000) que relata que “a maioria das remanufaturas estão 
sob constante pressão para reduzir os lead-times...”. Dessa forma, pode-se concluir que as 
pesquisas analisadas no presente trabalho estão alinhadas com as perspectivas de alguns 
tomadores de decisão na prática. 
Como pesquisas futuras, a partir dos resultados da presente pesquisa, indica-se a necessidade 
do desenvolvimento de sistemas de PCP que priorizem o objetivo de desempenho 
flexibilidade, uma vez que nenhum artigo da amostra tratou especificamente deste critério. 
Outro campo aberto para exploração diz respeito a utilização de sistemas de PCP integrados 
para se alcançar melhorias relativas aos objetivos de desempenho. Ou seja, é necessário 
desenvolver sistemas que incorporem previsão de demanda, planejamento agregado, 
planejamento e controle da capacidade, plano mestre de produção, planejamento das 
necessidades de materiais, programação da produção e controle de estoques. Isso não foi 
encontrado na literatura pesquisada. Neste momento, os autores do presente artigo já estão 
trabalhando neste sentido. Além disso, destaca-se a necessidade da realização de uma revisão 
bibliográfica exaustiva a respeito do PCP na remanufatura, já que a principal limitação do 
presente trabalho é a utilização de apenas uma base de dados referenciais. 
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