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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO
Alcino, nacionalidade, estado civil, RG, CPF, ajudante de pedreiro, residência e domicílio, neste ato representado pelo seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, mediante procuração em anexo, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamentos no art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e no art. 647 e seguintes, em especial no art. 648, inc. IV, todos do Código de Processo Penal, impetrar
HABEAS CORPUS
com pedido de liminar, em favor do paciente Alcino, nacionalidade, estado civil, RG, CPF, ajudante de pedreiro, residência e domicílio, que se encontra indevidamente preso em razão de decisão manifestamente ilegal proferida pelo Meritíssimo Juiz de direito da 10ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá/MT, ora identificado como autoridade coatora, pelas razões de fato e direito a seguir expostas:
I- DOS FATOS
Constam nos autos do processo criminal, que supostamente o paciente praticou o crime de forma dolosa, tipificado no art. 250, do Código Penal, o qual dispõe que “causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa”.
Diante disso, foi decretada a prisão preventiva pelo Juízo da 10ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá/MT, a qual é notoriamente  ilegal, pois, de acordo com instrução criminal, ficou demonstrado que Alcino não teve a intenção de provocar incêndio na casa de Francisca e que o fato ocorreu na realidade por imperícia. Alcino, na tentativa de consertar um defeito no quadro de energia da casa de Francisca, trocou os fios, o que causou um curto gerando o incêndio, e que ficou comprovado pericialmente, motivo pelo qual o Promotor de Justiça aditou a denúncia para alterar a narrativa dos fatos para incêndio culposo, manifestando-se, em seguida, a defesa, que arrolou novas testemunhas. 
II- DO DIREITO
A CRFB/88 em seu artigo 5º, inciso LXVIII, garante o habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação à liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder sem especificar quais ilegalidades ou abuso de poder. Logo, significa dizer que quaisquer ilegalidades ensejam o direito ao habeas corpus.
Ademais, conforme dispõe o artigo 648, IV, “A coação considerar-se-á ilegal: quando houver cessado o motivo que autorizou a coação”. Assim, comprovado através de pericia que o paciente não agiu de forma dolosa tipificada no artigo 250, do CP, e que o fato se deu de forma culposa, provocado por imperícia por parte do paciente, cuja pena é menor. Portanto, é imperioso que seja concedido o pedido de habeas corpus em favor do paciente, haja vista, que o direito penal tem como principio a última ratio, ou seja, o princípio da intervenção mínima, que orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico.
Nessa senda, dispõe o artigo 312 do CPP:
“ A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”. 
Além disso, sabe-se que o paciente é titular de bons antecedentes, tem residência fixa e profissão, não existindo assim qualquer evidência que demonstre que, posto em liberdade, irá prejudicar a aplicação da lei penal. Ademais, ficou demonstrado que em momento algum o paciente teve a intenção de ausentar-se do distrito da culpa. Desse modo, não existindo riscos à aplicação da lei penal, se mostra evidente que a prisão cautelar não mais se sustenta, devendo a prisão preventiva ser revogada, concedendo liberdade ao paciente.
III- DA PRESENÇA DOS PRESSUPOSTOS À CONCESSÃO LIMINAR DA ORDEM 
 Apresenta-se no caso em comento o fumus boni iuris, pois, não se encontram presentes os requisitos necessários para a decretação da prisão cautelar. Portanto, o fumus boni iuris é uma constatação lógica diante dos fatos exposto.
Outrossim, o periculum in mora aflora-se pelo receio de que a demora da decisão judicial cause um dano grave ou de difícil reparação ao paciente.
IV- DO PEDIDO
Diante do exposto, requer o impetrante a concessão da ordem liminarmente em favor do paciente, para que seja este imediatamente posto em liberdade, enquanto aguarda o final julgamento do presente, com a concessão definitiva do habeas corpus.
Requer ainda seja oficiada a autoridade coatora para que preste as informações necessárias, bem intimação do Ministério Público. 
Ao final, pede o impetrante a concessão definitiva da ordem de habeas corpus, na forma do art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, para que seja revogada a prisão preventiva do ora paciente, com a consequente expedição do alvará de soltura.
Nestes termos, pede deferimento.
Cuiabá/MT, data.
Advogado / OAB