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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Curso de Fisioterapia 2º Trabalho referente a disciplina RTM 2 Estudo Dirigido Professor Orientador: Rafael Barreto Aluna: Simone Vieira da Silva Matricula: 201601133448 Cabo Frio 2021-1 Mobilização Passiva Articular As técnicas de terapia manual são manipulações, mobilizações e exercícios específicos com objetivo de estimular a propriocepção, produzir elasticidade a fibras aderidas, estimular o líquido sinovial e promover a redução da dor. A mobilização articular nos movimentos acessórios tem efeitos fisiológicos que podem ser benéficos nessas disfunções. Foram identificados três fatores que permitem a utilização da manipulação, com técnicas rítmicas ou oscilatórias, para auxiliar na reorganização do tecido: facilitar o processo de reparo, influenciar a estrutura e comportamento mecânico de tecidos, e afetar a dinâmica dos fluidos (BARBOSA et al, 2008). A mobilização articular refere-se às técnicas de terapia manual usadas para modular a dor e tratar as disfunções articulares que limitam a amplitude de movimento, abordando especificamente alterações na mecânica articular. A mecânica articular pode estar alterada em razão de dor, mecanismo de defesa muscular, derrame articular, contraturas ou aderências nas cápsulas articulares ou ligamentos de suporte, ou desalinhamento e subluxação das superfícies ósseas. Para que a mobilização articular seja usada efetivamente como tratamento, o profissional precisa conhecer e ser capaz de examinar a anatomia, a artrocinemática, a osteocinemática e os mecanismos neurofisiológicos musculoesqueléticos (KISNER, 2009). A aplicação das mobilizações articulares passivas proporciona ao tecido conjuntivo uma resposta mecânica. Tecidos conjuntivos tais como pele, fáscias, ligamentos, tendões, cápsulas articulares e fáscias musculares são compostos por tecidos extracelulares e celulares distintos, com diferentes curvas de tensão e carga (LEDERMAN, 2001). A diferenciação entre Mobilização Artrocinemática e Osteocinemática Artrocinemática é o estudo dos movimentos (“micro movimentos”) que ocorrem entre as superfícies articulares das articulações sinoviais também conhecidos como movimentos acessórios, sendo eles, rotação, deslizamento e rolamento. Tais movimentos são involuntários e possuem relação direta com os movimentos fisiológicos da diáfise óssea como flexão/extensão, abdução/adução e rotações, descritos como movimentos Osteocinemáticos. Os movimentos acessórios, por sua vez, são controlados pela integridade das superfícies articulares, bem como pelos tecidos peri-articulares. Quando por algum motivo esses movimentos estão limitados ou diminuídos irão provocar dor e/ou limitação para os movimentos fisiológicos da diáfise óssea. Essa condição é conhecida como DISFUNÇÃO ARTICULAR, ou seja, perda do “jogo” normal da articulação. (ESCOBAR, 2019) A mobilização articular trata os movimentos acessórios, com perda de mobilidade, de forma passiva com objetivo de recuperar a artrocinemática, ou seja, os movimentos de giro, rotação, rolamento e deslizamento entre as superfícies articulares e, por conseguinte, os movimentos osteocinemáticos. O retorno dos movimentos promove melhora da congruência articular, diminuindo o atrito mecânico na articulação, aliviando a dor, edema e, consequentemente, a função do segmento corporal comprometido (RESENDE, 2006). Quando se observa a mobilidade articular, os termos artrocinemática e osteocinemática devem ser diferenciados. A movimentação artrocinemática refere- se aos movimentos das superfícies articulares de rolamento, rotação, giro e deslizamento. Este é um componente necessário da movimentação osteocinemática, que se refere ao movimento do osso descrito em planos como a flexão e extensão que ocorrem no plano sagital, abdução e adução no plano coronal, rotação no plano transverso. A mobilidade pode ser afetada por alterações na movimentação artrocinemática, na movimentação osteocinemática, ou em ambas (HALL, 2007). O movimento osteocinemático ocorre quando um objeto forma o raio de um círculo imaginário em torno de um ponto fixo. Todos os movimentos de segmentos do corpo humano envolvem movimentos osteocinemáticos. Como exemplos de movimentos osteocinemáticos temos a abdução ou adução do braço, a flexão do quadril ou joelho e a inclinação lateral do tronco.(DUTTON,2009) Os movimentos que ocorrem nas superfícies articulares são chamados de movimentos artrocinemáticos. Simplificando, as formas dessas superfícies em articulações sinoviais são descritas como ovoide ou selar, de acordo com esse conceito, uma superfície articular pode ser côncavo (fêmea) ou convexa (macho) na forma (ovoide), ou uma combinação das duas(selar). A articulação glenoumeral é um exemplo de articulação ovoide, onde, a cabeça do úmero é uma superfície convexa e a fossa glenoidal é a superfície côncava. E um exemplo de articulação selar é a primeira carpometacarpal. (DUTTON,2009) Os movimentos Osteocinemáticos e Artrocinemáticos são diretamente proporcionais entre si, e um não pode ocorrer completamente sem o outro. (DUTTON,2009) Descrições dos movimentos Artrocinemáticos De acordo com o site Olharfisio, os movimentos artrocinemáticos são os movimentos que ocorrem no interior da articulação e, eles descrevem a distensibilidade na cápsula articular permitindo que os movimentos fisiológicos ocorram ao longo da amplitude de movimento sem lesar as estruturas articulares. Estes movimentos não podem ser realizados ativamente pelo paciente, geralmente são muito utilizados para restaurar a biomecânica articular normal diminuindo a dor, alongando ou liberando com menos trauma determinadas estruturas. São cinco os movimentos artrocinemáticos: giro, rolamento, tração, compressão e deslizamento. (FisioWeb,2016) I - Rolamento Durante o rolamento um osso rola sobre o outro com a seguintes características: As superfícies são incongruentes; Novos pontos de uma superfície encontram novos pontos na superfície oposta; Nas articulações com a biomecânica normal o rolamento só ocorre em combinação com os movimentos de deslizamentos e giro, porém quando o rolamento ocorre sozinho causa compressão nas superfícies do lado que o osso está se movendo, o que pode provocar uma lesão articular, e uma separação no outro lado; A superfície que se move seja ela convexa ou côncava não influencia a direção do movimento ósseo. II - Deslizamento Durante o deslizamento um osso desliza sobre o outro com as seguintes características: As superfícies articulares são congruentes; O mesmo ponto em uma superfície faz contato com novos pontos na superfície oposta; O deslizamento não ocorre sozinho devido as superfícies articulares não serem totalmente planas, ou seja, completamente congruente; Diferentemente do rolamento, a superfície articular que se move influência a direção do deslizamento, o que e chamado como regra convexo-côncava; Quando a superfície articular que se move é convexa o deslizamento ocorre na direção aposta à do movimento angular do osso; Quando a superfície que se move é côncava o deslizamento ocorre na mesma direção do movimento angular do osso; A regra do côncavo - convexo é importante para o terapeuta determinar a direção da força mobilizadora em técnicas de manipulação articular. III - Giro Durante o giro um osso gira sobre o outro com as seguintes características: O osso faz uma rotação sobre um eixo mecânico estacionário; O ponto na superfície que se move faz um círculo na medida em que o osso gira; O giro dificilmente ocorre sozinho, mas geralmente em combinação com o deslizamento. IV - Compressão Durante a compressão uma superfície articular se aproxima uma da outra com as seguintes características: A compressão causa diminuição no espaço articular entre as partes ósseas; Ocorre normalmente nos membros inferiores e na coluna durante a sustentação do corpo; Ocorre compressão com a contração muscular gerando estabilidade articular, impedindo lesões articulares; Com a compressão o líquido sinovial move-se para as estruturas articulares avasculares nutrindo-as e lubrificando-as; Cargas excessivas de compressão causam lesões articulares, principalmente na cartilagem articular. V - Tração Durante o movimento de tração as superfícies articulares afastam-se uma da outra com as seguintes características. Ocorre separação das superfícies articulares quando são puxadas distalmente uma da outra; Pode ocorrer tração no eixo longo do osso resultando em deslizamento caudal; Pode ocorrer tração em ângulo reto onde resulta na separação articular propriamente dita. Graus da mobilização articula A técnica de mobilização articular proposta por Maitland (2001) baseia-se nos movimentos passivos oscilatórios, rítmicos, classificados em quatro níveis de mobilização e um quinto nível chamado de manipulação articular. As técnicas se diferenciam de acordo com a amplitude dos movimentos acessórios, naturalmente, presentes nas articulações e também na regra côncavo-convexa, abordando a combinação dos movimentos conforme a superfície das articulações sinoviais. A superfície convexa móvel desliza no sentido oposto ao movimento osteocinemático (RESENDE, 2006; BARBOSA, 2008; MAITLAND; 2001). Os quatro graus da mobilização articular do método Maitland são classificados por suas variações nas formas de aplicações e efeitos fisiológicos: grau I é caracterizado por micromovimentos no começo do arco de movimento em ritmo lento, livre da resistência de tecidos, tendo como efeito fisiológico a entrada de informações neurológicas através de mecanorreceptores, ativando as comportas medulares; grau II, movimento grande no meio do arco em ritmo lento sem resistência, que, além de ativar as comportas medulares, estimula o retorno venoso e linfático, causando liberação articular; grau III, movimento por todo arco com oscilação mais rápida que o grau I e II, com resistência dada pelos tecidos periarticulares, causando os mesmos efeitos do grau II acrescido de estresses nos tecidos encurtados por aderências; grau IV, micro movimentos no final do arco que promovem estresses teciduais capazes de movimentar discretamente tecidos fibróticos. Maitland também classificou a manipulação articular como grau V (RESENDE, 2006; BARBOSA, 2008; MAITLAND; 2001). Segundo Barbosa, 2008 a mobilização articular nos graus II e III teriam como objetivo estimular o processo de remodelamento tecidual, diminuindo a proliferação de tecido fibrótico, reduzindo a formação de pontes cruzadas de colágeno e de adesões do tendão aos tecidos que o cercam. Influenciaria também a dinâmica dos fluidos, que ajudaria a reduzir o acúmulo do processo de inflamação, e, assim, modulando o processo de dor. O sucesso da técnica de Milligan se baseia na teoria de que as deficiências posicionais ósseas contribuem de forma substancial para as restrições articulares dolorosas. (KISNER, 2009). Referências BARBOSA, R. I. et al. A influência da mobilização articular nas tendinopatias dos músculos bíceps braquial e supra-espinal. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 12, n. 4, p. 298-303, 2008. DUTTON, Mark. Guia de Sobrevivência do Fisioterapeuta. AMGH Editora, 2009. KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercício terapêutico: fundamentos e técnicas. 5. Ed. Barueri, SP: Manole, 2009. LEDERMAN, E. Fundamentos da terapia manual – fisiologia, neurologia e psicologia. São Paulo: Manole, 2001. MAITLAND, GD. Princípios das técnicas. In: Maitland GD, editor. Maitland’s Vertebral Manipulation. 6nd ed. London: Butterworth Heinemann; 2001. RESENDE, M. A. et al. Estudo da confiabilidade da força aplicada durante a mobilização articular ântero-posterior do tornozelo. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 10, n. 2, p. 199-204, 2006. ESCOBAR, Felipe Barros,ARTROCINEMÁTICA X OSTEOCINEMÁTICA,2019. Disponível em:https://proffelipebarros.com.br/artrocinematica-x-osteocinematica/. Acesso em: 14 de maio de 2021. FisioWeb - World Gate. www.wgate.com.br › medicinaesaude › fisioterapia › osteocinemática. Disponível em:https://olharfisio.blogspot.com/2016/08/os- movimentos-artrocinematicos.html. Acesso em: 14 de maio de 2021.