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© A clivagem é um processo de sucessivas divisões mitóticas que ocorrem após a fertilização durante o desenvolvimento embrionário. Nos mamíferos ela ocorre em aproximadamente uma semana, contudo, as divisões inicialmente não promovem crescimento celular, isto é, elas aumentam o número de células às custas da redução de seu volume, logo, geram células menores. As divisões são rápidas, visto que não há as fases de checagem G1 e G2 entre a fase S e a M do ciclo celular. Entretanto, apesar de se suceder em um curto período de tempo, os mamíferos possuem a fase de clivagem mais lenta do reino animal, já que o embrião tem tempo para se desenvolver no corpo da mãe, ao contrário de outros animais que precisam estar aptos para sobreviver fora do corpo materno mais rapidamente. As clivagens dos integrantes da classe mammalia são classificadas como rotacionais, uma vez que ocorrem em diferentes eixos (comumente ocorrendo de maneira perpendicular a anterior), realizando-se no eixo equatorial e meridional. Além disso, não são sincronizadas, isso se dá porque os blastômeros de diferentes regiões do zigoto podem estar mais ou menos adiantados no processo de clivagem. O genoma do embrião rapidamente se torna ativo pós fertilização, na chamada transição materno-zigótica, pois a partir de 2 blastômeros há a desestabilização do mRNA materno e a ativação da expressão gênica zigótica. © As clivagens ocorrem enquanto o zigoto migra até a cavidade uterina, com auxilio das trompas e dos cílios, onde será fixado na fase de blastocisto. Nesta fase, denominada de implantação, há a liberação de enzimas que clivam a zona pelúcida (membrana de revestimento do embrião), permitindo que ele se ligue a parede do endométrio. Contudo, até que o pré-embrião possa se fixar na parede do útero são necessários alguns processos como a compactação e a cavitação. A partir da 4ª clivagem as células aumentam a área de contato entre elas no processo de compactação, por meio da expressão de moléculas de adesão, formação de junções comunicantes e reorganização do citoesqueleto, isso gera uma dificuldade de identificação individual (polarização). Após a compactação, o zigoto passa a ser denominado mórula, tendo tido então seu primeiro evento de diferenciação celular. As células externas formam a membrana apical, por meio da expressão de moléculas de adesão, e as internas formam a membrana basal que se encontra no interior do embrião selada por junções oclusivas. A cavitação é um processo de acúmulo de liquido dentro da, então, mórula. Nesse fenômeno os blastômeros da região externa passam a expressar bombas de sódio e potássio que ao criarem um influxo de sódio trarão a água por osmose, dessa maneira, a força hidráulica irá empurrar as células da cavidade interna (fracamente unidas) formando a blastocele, que é uma cavidade interna do embrião. A partir da formação do blastocele, o embrião é denominado blastocisto, a fase na qual se fixará ao endométrio. Internamente, as células que formam uma camada lateral que circunda a blastocele são os trofoblastos que darão origem a placenta. Já as células reunidas mais centralmente são os embrioblastos que irão gerar o embrião e algumas membranas. Morfologicamente o embrião possui uma pequena calosidade, denominada polo animal, que é o sítio em que ocorreu a meiose e uma outra região assimétrica denominada ponto de fertilização. A segunda se refere ao ponto de entrada do espermatozoide. A primeira é oriunda de um evento da gametogênese, durante este processo que tem por objetivo realizar a gênese e a maturação dos ovócitos, é gerada uma célula que possui menos conteúdo citoplasmático que o ovócito que seguirá para etapa adiante, o corpúsculo © primário. Logo, este permanece grudado ao embrião, formando essa protuberância. A pluripotência dos zigotos reduz ao longo do processo de diferenciação, já que deixam de ser células totipotentes (que podem gerar todos os tipos de células, incluindo as dos anexos embrionários), para tornarem-se pluripontes (células do embrião), multipotentes (originam alguns tipos de células) e tronco- especificas (geram células especificas para um determinado tecido), respectivamente com o declínio da pluripotência. Foi descoberto pelo cientista Shinya Yamanaka que alguns fatores de transcrição, como: Oc14, Sox2, Nanong (fatores de Yamanaka), são fatores de pluripotência capazes de influenciar a capacidade de plenipotência das células. Ao realizar um experimento em que conseguiu contornar a especialização de uma célula da pele, levando-a de volta ao estágio embrionário e, posteriormente, a um outro tipo de célula diferenciada (pluripotência induzida, IPS), descobriu que o fator Cdx2 inibia a expressão dos FDY reduzindo a pluripotência. Esse é um grande passo em direção a terapia gênica, não só para o estudo de doenças que não são possíveis em modelos animais, mas também para o tratamento de pacientes com células próprias de seu organismo. OBS: como o ciclo celular durante a clivagem não possui fases de checagem, podem ocorrer erros na mitose, gerando o que chamamos de mosaicismo, em que as células oriundas das clivagens obterão uma quantidade de genes diferente. Esse fenômeno pode levar ao surgimento de síndromes como a de Down.