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Obrigações Obrigação é quando existe um vínculo jurídico entre duas pessoas (naturais ou jurídicas) mediante pessoa é obrigada a realizar uma prestação (dever) em favor de outra pessoa. A obrigação pode ser de dar, fazer e não fazer (objeto da obrigação). Para que fique caracterizada uma obrigação, deve ter caráter econômico, por isso os direitos da personalidade não geram obrigações, pois são extrapatrimoniais. A obrigação sempre terá 2 sujeitos, o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor). DIREITOS REAIS E PESSOAIS: Os direitos reais são sobre o bem, sobre coisas, já os direitos pessoais, ou obrigacionais, são o cumprimento de uma determinada obrigação entre pessoas (diferenças vide tabela). ELEMENTOS DAS ORBIGAÇÕES: FONTES DAS OBRIGAÇÕES: Fonte imediata: Lei (ex. lei de pensão alimentícia) Fonte mediata: são aquelas que derivam da lei, que é a fonte imediata da lei., sendo elas: ato jurídico em sentido estrito (ato humano que gera as consequências previstas na lei), negócio jurídico (são os atos jurídicos que tem a intenção negocial, dividido entre contratos e atos unilaterais da vontade) e ato ilícito (atos que violam o direito da pessoa ou causam danos, ex. batida de carro). OBRIGAÇÕES DE DAR: São disciplinadas do art. 233 ao art.246 do CC. As obrigações de dar são positivas (o devedor deve agir/ exige ação). Se divide em dar coisa certa e dar coisa incerta. Objeto Determinado = Objeto Certo (coisa certa) Objeto Determinável = Objeto Incerto (coisa incerta). A coisa certa é definida por quantidade, gênero e qualidade. A coisa incerta é definida somente por quantidade e gênero, sem qualidade. (ex. dar 10 canetas, não especifica qual cor, marca... ou seja, a qualidade. A obrigação de dar pode ser de entregar (havendo transferência do domínio, ex. venda de carro) ou de restituir (havendo a devolução do que já era do credor, ex. aluguel de imóvel). OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA Art. 233 – Se o devedor tem a obrigação de dar uma coisa certa para o credor, essa obrigação compreende também a obrigação de dar os acessórios da coisa certa. Ex. João vendeu a BMW dele para Maria, então ele deverá entregar juntamente os acessórios da BMW, como câmera de ré. A obrigação se estende aos acessórios, mas não as pertenças (os acessórios são parte integrante do total e as pertenças são bens que foram feitos para serem utilizados no bem principal, mas não integram o total, ex. cadeirinha de bebê do carro). “Salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso” – Os acessórios acompanham o bem principal, exceto se as partes (ou as circunstâncias) dispuserem ao contrário. Art. 234: Se, na obrigação de dar coisa certa, a coisa se perder (perecimento), antes da tradição (entrega do bem) ou condição suspensiva (ex. obtenção de empréstimo) há duas possibilidades: Sem culpa do devedor: fica resolvida a obrigação. Com culpa do devedor: deve-se ressarcir a obrigação em si (equivalente) e indenizar o credor em perdas e danos. Perecimento: perda total da coisa certa. Art. 235: Quando a coisa é deteriorada e o devedor não tem culpa, o credor tem duas opções: não aceitar a coisa deteriorada e resolver a obrigação ou aceitar a coisa deteriorada, abatendo o valor que perdeu com a depreciação do bem. Art. 236: Quando a coisa for deteriorada por culpa do devedor, o credor tem duas opções: não aceitar a coisa deteriorada e receber o equivalente (obrigação em si) + perdas e danos, ou, aceitar a coisa deteriorada + o valor que perdeu o bem + perdas e danos. Art. 237: Até a tradição (entrega) o bem pertence ao devedor, inclusos seus melhoramentos (tudo o que melhora o bem, muda o bem para melhor) e acrescidos (tudo aquilo que acrescenta ao bem, aumenta o bem em si), pelos quais poderá exigir aumento no preço, caso o devedor não concorde com o aumento do preço, o devedor poderá pôr fim à obrigação. Parágrafo único: os frutos percebidos são do devedor e os frutos pendentes são do credor. Frutos percebidos: aqueles que já foram colhidos, separados do bem principal. Frutos pendentes: aqueles que ainda estão ligados ao bem principal. Art. 238: Apresenta a obrigação de restituir (devolver uma coisa que pertence ao credor). Se a coisa restituível se perder antes da tradição, sem culpa do devedor, sofrerá o credor a perda, resguardados os direitos até o dia da perda (ex. pessoa A alugou um carro para B e o carro foi furtado, a pessoa A tem direito de receber o aluguel até o dia da perda). Art. 239: Se a coisa restituível se perder, com culpa do devedor, o credor terá direito de receber o equivalente do bem + perdas e danos. Art. 240: Se a coisa restituível for deteriorada: Sem culpa do devedor: o credor deverá receber a coisa deteriorada (aceitar no estado em que se encontra), sem direito à indenização. Com culpa do devedor: o credor pode escolher entre receber o equivalente em dinheiro + perdas e danos ou receber a coisa deteriorada + perdas e danos. Art. 241: Se, na coisa restituível, sobrevier melhoramentos ou acréscimos, sem a participação do devedor, lucrará o credor, sem obrigação de indenização. Art. 242: Em caso de coisa restituível, se para o melhoramento ou aumento, o devedor empregou trabalho ou teve despesas, o caso será regulado pelas normas de benfeitorias do Código Civil. (art. 1219 a 1222 CC). Há duas possibilidades: Devedor do boa-fé: no caso de benfeitoria necessária, o devedor tem direito à indenização e pode reter o bem enquanto o credor não pagar (direito de retenção), já no caso de benfeitorias úteis o devedor tem direito à indenização + direito à retenção, por fim, as benfeitorias voluptuárias se puderem ser retiradas do bem principal, sem detrimento, o credor pode optar em ficar com as benfeitorias ou permitir o devedor leve, porém, se não puderem ser retiradas sem detrimento do bem principal, o devedor não pode retirar e não tem direito à indenização. Devedor de má fé: só tem direito de indenização nas benfeitorias necessárias (porém, sem direito de retenção), mas não nas úteis e voluptuárias. Parágrafo único: o devedor possui um bem que deverá ser devolvido, e o devedor trabalhou ou pagou para produzir frutos. Há duas possibilidades: Devedor de boa-fé: art. 1214 CC Devedor de má-fé: art. 1216 CC OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA: Art. 243: A coisa incerta será definida pela quantidade, gênero, porém lhe falta a qualidade. Se a coisa não tiver um desses requisitos será indeterminada e invalidará o negócio jurídico. Art. 244: A escolha das coisas (concentração) determinadas apenas pelo gênero e quantidade, será do devedor, a não ser que o título da obrigação discrimine que o credor escolhera, porém, em regra, será o devedor. O devedor não poderá dar coisa pior e nem será obrigado a dar coisa melhor, deixando assim a qualidade média. Art. 245: Depois da escolha, o devedor deverá avisar o credor. Depois que o credor foi avisado da qualidade da coisa, a obrigação passará a ser de coisa certa, pois haverá qualidade, quantidade e gênero. Art. 246: Antes da escolha, o devedor não pode alegar perda ou deterioração da coisa, mesmo que por caso fortuito ou força maior, pois antes da escolha não se sabe o que o devedor vai entregar ao credor, sendo assim, não se pode alegar que perdeu uma coisa genérica. O gênero não perece (Genus nunquam perit) OBRIGAÇÃO DE FAZER A obrigação de fazer é referente à prestação de um serviço, o devedor primeiro deverá fazer um serviço, para depois entregar o resultado. É uma obrigação positiva, pois precisa de uma ação. Existem 3 espécies de obrigação de fazer: Personalíssima (infungível): é aquela que somente o devedorpode fazer, ninguém pode fazer pode ele, ex. cantor famoso. Impessoal (fungível): pode ser realizada por uma terceira pessoa, pois as qualidades pessoais do devedor não são imprescindíveis para a realização da obrigação. Emitir Declaração de vontade: é aquela em que o devedor por meio de um contrato prévio se obriga a fazer uma declaração de vontade. Ex. loja se obriga a dar baixa no SPC após pagamento de dívida. Art. 247: O devedor tem a obrigação de indenizar em perdas e danos o credor, caso se recuse a prestação só por ele imposta (expressa no contrato), ou só por ele exequível (só o devedor pode executar o serviço pois as qualidades dele são imprescindíveis) – obrigação personalíssima. Art. 248: Se a prestação da obrigação se tornar impossível, há duas possibilidades: Sem culpa do devedor: se resolve a obrigação. Com culpa do devedor: o devedor responderá por perdas e danos. Art. 249: Trata de obrigação impessoal, fungível. Se o devedor da obrigação impessoal se recuse ou fique em mora (se atrasando, por exemplo), o credor pode requerer ao juiz que um terceiro cumpra a obrigação à custa do devedor, e ainda pedir indenização. Parágrafo único: em caso de urgência, o credor pode, sem autorização judicial, executar ou mandar executar o fato e ser ressarcido depois. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER A obrigação de não fazer também é chamada de Obrigação negativa, pois o devedor tem a obrigação de se abster de algo. Ex. não desmatar um terreno, empregado não revelar segredos da empresa. Existem duas espécies: a abstenção (não fazer) e a tolerância (permitir). Art. 250: Em caso que tornou-se impossível pro devedor abster-se, por caso fortuito ou força maior, a obrigação será extinta, não vai mais existir. Ex. Proibição de destruir um trapiche, porém, por uma enchente o trapiche derrubou e levou o trapiche, então a obrigação de não desmanchar estará extinta. Art. 251: Se o devedor praticar o ato que se obrigou a não praticar, o credor poderá exigir judicialmente que o devedor o desfaça ou que se desfaça o ato à custa do devedor, e ainda pode- se requerer perdas e danos. Se não for mais possível desfazer o ato, a obrigação será convertida em perdas e danos. Parágrafo único: Em caso de urgência, o credor pode desfazer ou mandar desfazer, sem autorização judicial, podendo pedir ressarcimento e perdas e danos depois.