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TEORIA DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS Art. 402 a 405 do CC. É o prejuízo suportado pelo credor, em virtude do devedor não ter cumprido, no todo ou em parte (definitiva ou temporária) a obrigação, sendo expresso por meio de uma soma em dinheiro. Salvo as exceções, expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor: Danos emergentes. Lucros cessantes. o DANO EMERGENTE: É o efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima, em decorrência do inadimplemento, calculada pela teoria da diferença. ▪ Ex. 1 – responsabilidade contratual: a quantia desembolsada pelo adquirente de produto defeituoso para sanar o problema; a quantia que se pagou para aquisição do produto que não foi entregue. ▪ Ex. 2 – responsabilidade extracontratual: acidente de trânsito com avarias do carro, o que se gastar com o conserto do veículo; o dinheiro que se teve que gastar com locação de carro reserva, taxi, uber, em casos de lesões, despesas com o hospital, médicos, remédios... o LUCROS CESSANTES: Representa os valores que a parte lesada pelo inadimplemento deixou de lucrar. É a frustração da expectativa do lucro esperado. Sua aferição é mais complexa, pois só se indeniza “o que razoavelmente se deixou de lucrar”, ou seja, se presume que os fatos seguiriam seu curso normal, tendo em vista os antecedentes. ▪ Ex. 1 – responsabilidade contratual: X compra um carro por 30 mil, pagando-o a vista, a ser entregue em 10 dias, e o revende por 35 mil. O carro não é entregue por culpa do vendedor. Nesse caso, o dano emergente é de 35 mil, e o lucro cessante corresponde a 5 mil. ▪ Ex. 2 – responsabilidade extracontratual: acidente de trânsito, envolvendo um taxi, o lucro cessante corresponderia ao valor que o taxista deixou de ganhar enquanto o veículo ficou na oficina, ou enquanto o taxista ficou hospitalizado ou em tratamento. DAS PERDAS E DANOS − Tanto os danos emergentes quanto os lucros cessantes configuram danos materiais, ou seja, os danos que afetam o patrimônio econômico de uma pessoa. − O descumprimento de uma obrigação pode também acarretar a ocorrência de DANOS MORAIS, que são aqueles que afetam o patrimônio imaterial de uma pessoa. − Não há um conceito exato, se defende a concepção de que são aqueles que afetam os direitos da personalidade da pessoa (mas também: danos à dignidade, danos à pessoa). − Não pode ser confundido com meros aborrecimentos, incomodações, frustações, perda de tempo. − O simples inadimplemento de uma obrigação não acarreta, automaticamente, danos morais. − Em muitos casos, se reconhece: recusa a autorizar tratamento em plano de saúde; lesão ou morte de animal de estimação em clínica veterinária ou pet shop; ... o CARACTERIZAÇÃO: É a necessidade de conexão entre o inadimplemento e os danos, ou seja, que os danos indicados tenham efetivamente decorridos do descumprimento da obrigação. ▪ Teoria do dano direto e imediato (art. 403): ainda que a inexecução resulte de TEORIA DAS OBRIGAÇÕES – PERDAS E DANOS dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Para a configuração dos lucros cessantes não basta a simples possibilidade de realização de lucro, mas também não é indispensável a absoluta certeza de que estes teriam se verificado. O que deve existir é uma probabilidade objetiva que resulte do curso normal das coisas e das circunstâncias do caso concreto. De acordo com o art. 403, o dolo não acarreta a majoração da indenização. Não se indenizam danos meramente hipotéticos ou remotos. Todavia, de acordo com a subteoria da necessariedade, “os danos indiretos ou remotos não se excluem só por isso; em regra não são indenizáveis, porque deixam de ser efeito necessário, pelo aparecimento de concausas. Suposto que não existam estas, aqueles danos são indenizáveis”. Por vezes, podem ser indenizados danos indiretos, desde que configurem uma consequência necessária do inadimplemento. É o que ocorre quando um passageiro de um ônibus vem a falecer em razão de um acidente. Houve violação da “cláusula de incolumidade”. Seus dependentes têm direito a uma indenização envolvendo os danos emergentes, lucros cessantes e danos morais (art. 948 do CC). Também se aceita a teoria da perda de uma chance (ex.: show do milhão) como hipótese de dano indenizável, desde que as chances sejam sérias e reais. Peculiaridades de sua estimação (não se calcula o dano, mas a perda da chance de se evitar o dano ou de obter um ganho) – ex.: perda de prazo para recorrer na advocacia e medicina. o PERDAS E DANOS NAS OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS • Art. 404: as perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. § único: provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar. ▪ Abrangência: − correção monetária; − juros; − custas; − honorários advocatícios (quando necessária sua contratação). − multa contratual; − indenização suplementar: mediante prova, inexistindo cláusula penal (ex.: credor que não é pago no vencimento vindo a ter que pagar uma multa contratual, cujo valor supera o montante dos consectários referidos no art.) o TERMO INICIAL DA FLUENCIA DOS JUROS DE MORA • Art. 405: contam-se os juros de mora desde a citação inicial. Mas, o art. 405 não substitui o disposto nos arts. 397, 398 e 390 (obrigações negativas). Portanto, trata-se de uma norma residual, aplicável quando não incidentes as 4 hipóteses previstas nos referidos artigos. Art. 397 - O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Art. 398 - Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou. Art. 390 - Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster.