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Material de Apoio - Direito Administrativo (Prof Franciele Kühl)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
Prof. Franciele Kühl
 
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SUMÁRIO 
 
1 ORGANIZAÇÃO E FUNÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................... 3 
1.1 Princípio da descentralização: artigo 10, Decreto-Lei 200/67: ..................... 4 
1.2 Desconcentração ......................................................................................... 4 
2. AUTARQUIAS: ............................................................................................... 6 
2.1 Características: ............................................................................................ 7 
2.2 Agência executiva ........................................................................................ 7 
2.3 Agência reguladora .................................................................................... 10 
2.4 Autarquia corporativa ................................................................................. 11 
3. FUNDAÇÕES PÚBLICAS: ........................................................................... 12 
4. EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: ................... 13 
5. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS (CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO 
PÚBLICO) E CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO: ...................... 15 
6. O QUE NÃO PODE SER OBJETO DE EXECUÇÃO INDIRETA: ................. 16 
7. PARAESTATAIS .......................................................................................... 17 
7.1 Organizações Sociais (OS): ....................................................................... 17 
7.2 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP): ................ 18 
7.3 Entidades de Apoio ou Parcerias Voluntárias: Lei 13.019/2014. ................ 20 
7.4 Serviços Sociais Autônomos (Sistema S): ................................................. 20 
9. PRINCÍPIOS ................................................................................................. 21 
9.1 Princípio da Supremacia do Interesse Público: o interesse público é superior 
ao interesse do particular, pois o objetivo da Administração é atingir o bem 
comum, assim é possível verificar privilégios à Administração Público que se 
justificam na supremacia do interesse público: ................................................ 21 
9.2 Princípio da indisponibilidade do interesse público .................................... 22 
9.3 Princípio da Legalidade .............................................................................. 22 
9.4 Princípio da impessoalidade ....................................................................... 22 
9.5 Princípio da Moralidade .............................................................................. 23 
9.6 Princípio da publicidade ............................................................................. 23 
9.7 Princípio da Eficiência ................................................................................ 24 
9.8 Princípio da autotutela ................................................................................ 25 
9.9 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade .......................................... 25 
9.10 Princípio da ampla defesa e do contraditório ........................................... 26 
9.11 Princípio da continuidade da prestação do serviço público: ..................... 27 
10 AGENTES PÚBLICOS ................................................................................ 27 
10.1 Conceito e espécies de agentes públicos ................................................ 27 
10.2 Agentes políticos ...................................................................................... 28 
10.3 Particulares em colaboração com o Poder Público .................................. 29 
10.4 Servidores estatais ou administrativos ..................................................... 30 
10.5 Militares .................................................................................................... 31 
10.6 Cargo, emprego e função: diferença ........................................................ 32 
10.7 Forma de ingresso em cargo, emprego ou função: .................................. 33 
10.8 Concurso público ...................................................................................... 35 
10.9 Regime remuneratório dos servidores ..................................................... 38 
10.10 Subsídios ................................................................................................ 40 
 
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10.11 Teto das remunerações .......................................................................... 41 
10.12 Acumulação de cargos ........................................................................... 42 
10.13 Regime Previdenciário Próprio do Servidor - SPPS ............................... 44 
10.14 Artigo 40, da Constituição Federal, comentado a partir da EC 103/201944 
10.15 Direito de greve e de associação sindical .............................................. 57 
10.16 Da estabilidade ....................................................................................... 59 
10.17 Formas de provimento, segundo a Lei 8.112/1990 ................................ 60 
11. REGIME DISCIPLINAR .............................................................................. 62 
11.1 Sindicância ............................................................................................... 63 
11.2 Processo administrativo disciplinar .......................................................... 64 
11.2 Revisional: ................................................................................................ 66 
12. PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL (LEI 9.784/99): ...................... 66 
13 Responsabilidade Civil do Estado: .............................................................. 69 
13.1 Responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva ......................... 70 
1.2 Teoria do risco administrativo ..................................................................... 73 
13.3 Teoria do risco integral ............................................................................. 73 
13.4 Responsabilidade omissiva: subjetiva ...................................................... 74 
13.5 Poder Público garantidor da integridade de pessoas e coisas sob sua 
custódia ............................................................................................................ 75 
13.6 Responsabilização por atos judiciais: ....................................................... 76 
13.7 Responsabilização decorrente de obra: ................................................... 76 
13.8 Responsabilidade Civil, Penal e Administrativa ........................................ 77 
13.9 Prazo prescricional ................................................................................... 78 
13.10 Ação de regresso ................................................................................... 78 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 80 
 
 
 
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1 ORGANIZAÇÃO E FUNÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
O ESTADO desenvolve suas atividades por meio de três poderes: 
*Esquema 
PODER FUNÇÃO TÍPICA: 
para o Poder foi 
criado 
FUNÇÃO ATÍPICA: função estranha 
àquela para que foi criado 
Poder 
executivo 
Função administrativa, 
conversão da lei em 
ato individual e 
concreto. 
Quando o Presidente da República 
adota medidas provisórias ou quando 
o Executivo julga defesas e recursos 
administrativos. 
Poder 
Legislativo 
Elaboração das leis, 
função normativa 
Quando administra seus órgãos, 
provendo cargos, concedendo férias, 
licenças etc. 
Poder 
Judiciário 
Aplicação da lei, 
quando invocado 
Quando legisla sobre seu regimento 
interno (tribunais), ou administra seus 
servidores, inclusive fazendo 
concurso público para ingresso deles. 
 
O “direito administrativo é o ramo do direito público que disciplina a função 
administrativa, bem como pessoas e órgãos que a exercem”, segundo Celso 
Antônio Bandeira de Mello (p. 08), cuja funçãovamos encontrar nos três 
poderes. 
O Decreto Lei n. 200/67 é o responsável por fazer a divisão entre a 
administração direta e indireta (art. 4º e 5º), também é possível verificar nos 
artigos 41, do Código Civil e no 37, XIX, da Constituição Federal. 
 
A) Administração Direta: formanda pelos entes da Federação (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios) e pelos seus órgãos. 
 
B) Administração Indireta: composta pelas Autarquias, Fundações 
Públicas (de direito público ou privado), Sociedade de Economia Mista, 
Empresas Públicas e os Consórcios Públicos, que são entes com personalidade 
jurídica de direito público ou privado. 
 
 
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As funções da Administração Direta, podem ocorrer sob duas formas: 
CENTRALIZADAS, dentro da própria administração Direta, ou 
DESCENTRALIZADA, em que a função é deslocada para outra Pessoas 
Jurídicas (para a Administração Indireta e as delegatárias). 
 
1.1 Princípio da descentralização: artigo 10, Decreto-Lei 200/67: 
 
DESCENTRALIZAÇÃO: Outorga da prestação do serviço público para 
outras entidades da Administração INDIRETA. Transfere a titularidade e 
execução. Na delegação, só transfere a execução, através da concessão ou da 
permissão (artigo 11 e 12, do Decreto-Lei n. 200/67). 
Esses entes possuem personalidade jurídica própria, podem contrair 
direitos e obrigações. Como regra, só tem personalidade processual aqueles que 
possuem personalidade jurídica, órgãos não possuem capacidade processual, 
apesar de terem capacidade jurídica, assim, deverão ser representados. 
 
ATENÇÃO: em regra somente quem detém personalidade jurídica é que 
possuí capacidade processual, exceção: Na defesa de suas 
funções/prerrogativa institucionais e para atuar no polo ativo (art. 7º, do CPC): 
entendimento jurisprudencial. Exemplo: Súmula 525, STJ. 
 
1.2 Desconcentração 
 
Órgão são criados por LEI, não mediante ato administrativo (art. 84, IV, a, 
CF). Podem ser classificados conforme a esfera de atuação, posição estatal e a 
composição 
 
1) Classificação quanto à esfera de atuação: 
 
a) Centrais: atuação nacional, estadual ou municipal (ex. Ministério da 
Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria Municipal de 
Saúde); 
 
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b) Locais: atuação específica em determinada parte do território (ex. 
Unidade de Saúde de determinado bairro); 
 
2) Classificação quanto à posição estatal: 
 
a) independentes: são os derivados da Constituição, representam os 
Poderes do Estado. Não são subordinados hierarquicamente e somente são 
controlados uns pelos outros. (ex: Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, 
Senado Federal, Chefias do Executivo, Tribunais e Juízes e Tribunais de 
Contas). 
 
b) autônomos: São os subordinados diretamente à cúpula da 
Administração. Têm grande autonomia administrativa, financeira e técnica, 
caracterizando-se como órgãos diretivos, com funções de planejamento, 
supervisão, coordenação e controle das atividades que constituem sua área de 
competência. Seus dirigentes são, em geral, agentes políticos nomeados em 
comissão. (ex. Ministérios e Secretarias, bem como a Advocacia-Geral da União, 
Ministério Público, Defensoria Pública e as Procuradorias dos Estados e 
Municípios) 
 
c) superiores: Possuem poder de direção, controle, decisão e comando 
dos assuntos de sua competência específica. Representam as primeiras 
divisões dos órgãos independentes e autônomos (ex. Gabinetes, 
Coordenadorias, Departamentos, Divisões etc.) 
 
d) subalternos: são órgãos de execução (ex. seções, unidade, agência 
e os serviços) 
 
3) Classificação quanto à composição: 
 
 
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a) simples: Também conhecidos por unitários, são aqueles que possuem 
apenas um único centro de competência, sua característica fundamental é a 
ausência de outro órgão em sua estrutura, para auxiliá-lo no desempenho de 
suas funções. 
 
b) compostos: São aqueles que em sua estrutura possuem outros 
órgãos menores, seja com desempenho de função principal ou de auxílio nas 
atividades, as funções são distribuídas em vários centros de competência, sob a 
supervisão do órgão de chefia. 
 
c) singulares: São aqueles que decidem e atuam por meio de um único 
agente, o chefe. Possuem agentes auxiliares, mas sua característica de 
singularidade é desenvolvida pela função de um único agente, em geral o titular. 
 
d) colegiados: São aqueles que decidem pela manifestação de muitos 
membros, de forma conjunta e por maioria, sem manifestação de vontade de um 
único chefe. A vontade da maioria é imposta de forma legal, regimental ou 
estatutária. 
 
2. AUTARQUIAS: 
 
 Trata-se de uma pessoa jurídica de direito público que presta serviço 
público e desempenha atividade típica de Estado, podem ser: 
 
A) Comuns: ou autarquias administrativas ou de serviço. 
 
B) Especiais: agências reguladoras 
 
C) Corporativas: Conselhos Profissionais 
 
 
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D) Fundacionais: Fundações públicas de direito Público, chamadas pela 
jurisprudência de Fundações Autárquicas. 
 
2.1 Características: 
• Pessoa jurídica de direito público que presta serviço típico da 
Administração Pública; 
• Criada por lei específica (art. 37, XIX, da CF); 
• Responsabilidade civil: Direta e objetiva (art. 37, §6º, da CF). Estado 
responde subsidiariamente/garantidor. 
• Regime pessoal: estatutário. 
• Regime de bens: públicos. 
• Submete-se ao às normas de licitação. 
• Pagamento por precatórios dos débitos judiciais. 
• Gozam de privilégio tributário (art. 150, VI, a, r §2º da CF): 
imunidade sobre impostos (não atinge a cobrança de taxas ou 
contribuições). 
• Goza de privilégio processual: prazo em dobro (Art. 183, do CPC). 
• Reexame necessário, segundo o artigo 496, do CPC. 
• Exemplo: INSS/BACEN/Universidades Federais 
 
2.2 Agência executiva 
 
São autarquias ou fundações, que recebem esse status em razão da 
celebração de um contrato de gestão. O artigo 37, §8º, da Constituição Federal 
define que a autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e 
entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante 
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha 
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, 
cabendo à lei dispor sobre: 
 
I - O prazo de duração do contrato; 
 
II - Os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, 
obrigações e responsabilidade dos dirigentes; 
 
III - a remuneração do pessoal. 
 
 
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Agências executivas não são autarquias ou fundações instituídas com tal 
denominação, são entidades preexistentes que recebem a qualificação de 
agência executiva, após a celebração de um contrato de gestão com o órgão da 
Administração Direta em que está vinculada e passam a submeter-se a regime 
jurídico especial. Esse contrato é realizado para obter melhoria na eficiência e 
redução de custos (DI PIETRO, 2017, p. 599). 
Trata-se apenas de uma qualificação dada a uma autarquia ou fundação 
que tenha um contrato de gestão com seu órgão supervisor, no caso um 
ministério, cumprindo metas de desempenho, redução de custos e eficiência. 
Assim, para ser uma agência executiva basta apenas uma qualificação dada por 
um Ministro de Estado. Exemplos: Instituto Nacional de Metrologia, 
Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro); Agência Nacional do 
Desenvolvimento do Amazonas (ADA) e Agência Nacional do Desenvolvimento 
do Nordeste (Adene) (ALVES, 2019, p. 57). 
A previsão das agências executivas está na Lei 9.649/98, que dispõe 
sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras 
providências. O artigo 51 estabelece os requisitos necessários para que uma 
autarquia ou fundação seja qualificada como agência executiva: 
 
I - Ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento 
institucional em andamento; 
 
II - Ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério 
supervisor. 
 
A qualificação é realizada por ato específicodo Presidente da República, 
segundo o §1º, do artigo 51, da Lei n. 9.649/98. Ao Poder Executivo incumbe o 
dever de editar medidas de organização administrativa específicas para as 
Agências Executivas, visando assegurar a sua autonomia de gestão, bem como 
a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros para o cumprimento 
dos objetivos e metas definidos nos Contratos de Gestão. 
O artigo 52, da referida lei, por sua vez, determina que os planos 
estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento institucional definirão 
 
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diretrizes, políticas e medidas voltadas para a racionalização de estruturas e do 
quadro de servidores, a revisão dos processos de trabalho, o desenvolvimento 
dos recursos humanos e o fortalecimento da identidade institucional da Agência 
Executiva. 
Em seus parágrafos, está determinado que os Contratos de Gestão das 
Agências Executivas serão celebrados com periodicidade mínima de um ano e 
estabelecerão os objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho da 
entidade, bem como os recursos necessários e os critérios e instrumentos para 
a avaliação do seu cumprimento. E, o Poder Executivo definirá os critérios e 
procedimentos para a elaboração e o acompanhamento dos Contratos de 
Gestão e dos programas estratégicos de reestruturação e de desenvolvimento 
institucional das Agências Executivas. 
Os Decretos 2.487/1998 e o 2.488/1998 disciplinam as agências 
executivas federais, dispõe sobre a qualificação como Agências Executivas, 
estabelece critérios e procedimentos para a elaboração, acompanhamento e 
avaliação dos contratos de gestão e dos planos estratégicos de reestruturação 
e desenvolvimento institucional das entidades qualificadas e definem medidas 
de organização administrativa específicas para as autarquias como Agências 
Executivas. 
A qualificação poderá ser mediante iniciativa do Ministério supervisor, 
desde que tenha anuência do Ministérios da Administração Federal e Reforma 
do Estado, o qual verificará o cumprimento dos seguintes requisitos, pela 
entidade candidata à qualificação (art. 1º, §1º, do Decreto 2.487/1998): 
 
a) ter celebrado contrato de gestão com o respectivo Ministério 
supervisor; 
 
b) ter plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento 
institucional, voltado para a melhoria da qualidade da gestão e para a 
redução de custos, já concluído ou em andamento. 
 
O ato de qualificação ocorre por meio de Decreto. A manutenção da 
qualificação de agência executiva depende da renovação do contrato de gestão 
e de que o plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional 
 
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tenha prosseguimento ininterrupto, até a sua conclusão. Se houver 
descumprimento do plano estratégico de reestruturação e desenvolvimento 
institucional, a entidade perde a qualificação de agência executiva. 
 
2.3 Agência reguladora 
 
Regular significa organizar determinado setor, assim como, controlar as 
entidades que atuam nesse setor, “engloba toda forma de organização da 
atividade econômica através do Estado, seja a intervenção através da 
concessão de serviço público ou o exercício de poder de polícia” (SALOMÃO 
FILHO, 2001, p. 15). 
Agências Reguladoras são autarquias de regime especial, responsáveis 
pela regulamentação, controle e fiscalização de serviços públicos transferidos ao 
setor privado. Exemplos: ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica; 
ANATEL – Agência Nacional das Telecomunicações; ANP – Agência Nacional 
de Petróleo; ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária; ANAC – 
Agência Nacional de Aviação Civil; ANS – Agência Nacional de Saúde 
Suplementar; ANCINE – Agência Nacional de Cinemas; etc. 
Possuí o poder de concessão, permissão e autorização, que antes eram 
desempenhados somente pela Administração Direta, na qualidade de poder 
concedente. Essas agências reguladoras possuem o poder de “fixar e alterar 
unilateralmente as cláusulas regulamentares, os de encampação, intervenção, 
uso compulsório de recursos humanos e materiais da empresa concessionária, 
poder de direção e controla sobre a execução do serviço, poder sancionatório, 
poder de decretar a caducidade e de fazer a reversão de bens da concessionária 
ao término da concessão” (DI PIETRO, 2017, p. 602). 
Sabe-se que todo contrato de concessão (como os contratos 
administrativos em geral) possui o duplo aspecto: o que diz respeito ao seu 
objeto, referente à execução da atividade delegada ao particular; o que diz 
respeito ao aspecto financeiro, referente aos direitos do contratado, que é, em 
regra, empresa capitalista que objetiva o lucro; disso resulta a presença, na 
 
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concessão, de cláusulas regulamentares, que visam garantir que o serviço seja 
prestado pela forma mais adequada ao interesse público, e de cláusulas 
contratuais, que objetivam garantir o direito da concessionária ao equilíbrio 
econômico-financeiro. 
A lei 9.986/2000 e a lei n. 13.848/2019 vão regular a gestão e organização 
das agências reguladoras, nelas está previsto que os dirigentes serão escolhidos 
pelo Chefe do Executivos, dependendo da aprovação pelo Senado Federal. São 
dirigidas por um colegiado, formado por 4 conselheiros ou diretores e 1 
presidentes, diretor-presidente ou diretor-geral (Art. 4º, da lei 9.986/2000). Os 
requisitos para ser presidente, diretor-presidente ou diretor-geral, estão 
elencados no artigo 5º, da Lei 9.986/2000. Seu mandado será de 5 anos (a partir 
da Lei 13.848/2019). 
Art. 8º Os membros do Conselho Diretor ou da Diretoria Colegiada ficam 
impedidos de exercer atividade ou de prestar qualquer serviço no setor regulado 
pela respectiva agência, por período de 6 (seis) meses, contados da exoneração 
ou do término de seu mandato, assegurada a remuneração compensatória. 
Nesse período, chamado de “quarentena”, antes da alteração que trouxe 
a lei 13.848/2019, era de quatro meses, em que o ex-dirigente fica proibido de 
exercer atividades ou prestar qualquer serviço no setor regulado pela respectiva 
agência, por um período de seis meses (art. 8º, da Lei 9.986/2000) , contados 
da exoneração ou do término do mandato. Durante esse período o dirigente 
continua vinculado à Agência, fazendo jus à remuneração compensatória 
equivalente ao cargo de direção que exercia (DI PIETRO, 2017, p. 603). 
 
2.4 Autarquia corporativa 
 
São os conselhos profissionais, como Conselho Federal de Educação 
Física (Confef), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia 
(CREA), Conselho Regional de Odontologia (CRO), Conselho Nacional de 
Residência Médica (CNRM), etc. Por não receberam orçamento da União, não 
estão submetidas às regras constitucionais de finanças públicas (art. 163 a 169, 
 
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da CF), ou seja, regras de precatório não são aplicadas às autarquias 
corporativas, segundo o RE 938.837, de 2017, julgado pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
 
ATENÇÃO: a OAB não é autarquia, é uma entidade independente, pois: 
 -Não está vinculada a nenhum órgão administrativo 
 - Não está sujeita a controle ministerial 
 - Regime de pessoal: celetista (não exige concurso público) 
 - Não está sujeita ao controle do TC. 
 - Não integra Administração Direta ou Indireta 
 - É uma entidade SUI GENERIS 
 - A contribuição dos advogados não tem natureza tributária 
 
3. FUNDAÇÕES PÚBLICAS: 
 
As fundações são divididas em duas espécies: fundações públicas de 
direito público (que são as fundações autárquicas; possui personalidade jurídica 
de direito público) e as fundações públicas de direito privado (possui 
personalidade jurídica de direito privado). 
A fundações públicas de direito pública são autarquias fundacionais, que 
possuem como essência um patrimônio personalizado, o qual prepondera ao 
elemento humano, o que é o inverso na autarquia comum. Assim, trata-se de 
pessoa jurídica composta de um patrimônio personalizado destinado, pelo seu 
fundador, para uma finalidade específica. São similaresas autarquias, nos 
termos do artigo 37, inciso XIX, da Constituição Federal, assim, são criadas por 
lei e as características das autarquias são aplicadas às fundações públicas de 
direito público. 
As fundações públicas de direito privado, também chamadas de 
fundações governamentais, são autorizadas por lei, mas sua criação ocorre 
através do atos constitutivos no Cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas. 
Seu regime jurídico é celetista, assim, teremos a espécie de empregados 
 
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públicos. Em ambas espécies de fundação aplica-se a Responsabilidade 
Objetiva e direta. 
 
4. EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA: 
 
Tanto as Empresas Públicas, quanto as Sociedades de Economia Mista 
são chamadas também de Empresas Estatais ou Empresas Governamentais. 
Possuem personalidade jurídica de privado. Possuem de finalidade a prestação 
de serviço público ou são exploradoras de atividade econômica. 
O capital da empresa pública é exclusivamente público, segundo o artigo 
3º, da Lei 13.303/2016: 
 
Art. 3º Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica 
de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio 
próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos 
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. 
 
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça 
em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do 
Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação 
de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de 
entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. 
 
Já o capital da sociedade de economia mista é misto, de acordo com o 
artigo 4º, da Lei 13.303/2016: 
 
Art. 4º Sociedade de economia mista é a entidade dotada de 
personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por 
lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto 
pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, 
aos Municípios ou a entidade da administração indireta. 
 
§ 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem 
os deveres e as responsabilidades do acionista controlador, 
estabelecidos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 , e deverá 
exercer o poder de controle no interesse da companhia, respeitado o 
interesse público que justificou sua criação. 
 
Ambas são autorizadas por lei, nos termos do artigo 37, incisos XIX e XX, 
da Constituição Federal, sendo que após a promulgação da lei autorização a 
 
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criação, há a expedição de decreto regulamentando a lei e o registro dos atos 
constitutivos deve ocorrer em cartório e na junta comercial. As Empresas 
Públicas podem constituir qualquer modalidade empresarial, contudo as 
Sociedades de Economia Mista devem, obrigatoriamente, ser Sociedade 
Anônima (S.A). 
Importante observar que o teto remuneratório do artigo 37, XI, da 
Constituição Federal não atinge seus empregados públicos (regime celetista), 
salvo se a entidade receber verbas orçamentárias para pagamento de pessoal 
ou pagamento em geral (art. 169, da CF). Em ambas é possível a criação de 
subsidiárias, mas dependerá de autorização por lei específica para a subsidiária 
ou, então, na lei que autorizar a primária já a autorização de subsidiária. 
 A regra de competência muda entre as duas estatais, a empresa pública 
federal tem como competência a Justiça Federal, segundo o artigo 109, inciso I, 
da Constituição Federal, já as empresas públicas estaduais ou municipais, terão 
como foro competente a justiça estadual. Para as sociedade de economia mista 
o foro competente é a justiça estadual, de acordo com o as súmulas 42, do STJ 
e súmula 556, do STF. Essa última regra não se aplica se a União intervir no 
processo, caso em que a competência passa a ser da justiça federal, segundo o 
artigo 109, inciso I, da CF e súmula 517, do STF. 
 O regime de pessoal é celetista em ambas as estatais, são os chamados 
empregados públicos, pois são titulares de empregos públicos (e não cargos 
públicos), todavia se submetem a concurso público também, nos termos do 
artigo 37, II, da Constituição Federal, quando prestadoras de serviço público. 
 As estatais prestadoras de serviço pública estão sujeitas a 
responsabilidade civil do Estado, respondendo objetivamente e diretamente pelo 
danos que seus agentes causares, já as estatais que exploram atividade 
econômica a responsabilidade será subjetiva. A responsabilidade do Estado, em 
ambos os casos é subsidiária. 
 Atenção: importante a leitura da lei 13.303/2016. 
 
 
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5. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS (CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO 
PÚBLICO) E CONSÓRCIO PÚBLICO DE DIREITO PRIVADO: 
 
É a união de dois ou mais entes para a prestação de um serviço público. 
No caso da associação pública os chefes do executivo vão assinar o protocolo 
de intenções que será submetido a ratificação por lei. A partir da ratificação da 
lei cria-se uma entidade com personalidade jurídica. Exemplo: Consórcio 
intermunicipal de saúde e saneamento básico. 
O protocolo de intenções é o instrumento que define as regras, finalidade, 
prazo de duração, sede do consórcio, quem são os consorciados e suas 
responsabilidades, quem irá administrar o consórcio (quem fará parte da 
Assembleia Geral). 
De acordo com as alterações que trouxe a lei 13.822/2019, os agentes 
públicos dos consórcios, seja de direito público ou de direito privado, serão 
celetistas, isto é, empregados públicos. 
A associação pública é uma espécie de autarquia, vão adquirir 
personalidade jurídica a partir da criação por lei e vai integrar a administração 
indireta de todos os entes consorciados. 
Somente o consórcio público de direito público pode exercer poder polícia. 
A União somente participará de consórcios públicos em que também 
façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios 
consorciados! 
Os consórcios públicos poderão, segundo o artigo 2º, da Lei 11.107/2005: 
 
Art. 2º Os objetivos dos consórcios públicos serão determinados pelos 
entes da Federação que se consorciarem, observados os limites 
constitucionais. 
 
§ 1º Para o cumprimento de seus objetivos, o consórcio público poderá: 
 
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza, receber 
auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de outras 
entidades e órgãos do governo; 
 
II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, promover 
desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de 
 
16 
 
utilidade ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo 
Poder Público; e 
 
III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes da 
Federação consorciados, dispensada a licitação. 
 
§ 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e 
exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros preços públicos 
pela prestação de serviços ou pelo uso ou outorga de uso de bens 
públicos por eles administrados ou, mediante autorização específica, 
pelo ente da Federação consorciado. 
 
§ 3º Os consórcios públicos poderão outorgar concessão, permissão 
ou autorização de obras ou serviços públicos mediante autorização 
prevista no contrato de consórcio público, que deverá indicar de forma 
específica o objeto da concessão, permissão ou autorização e as 
condições a que deverá atender, observada a legislação de normas 
gerais em vigor. 
 
6. O QUE NÃO PODE SER OBJETO DE EXECUÇÃO INDIRETA: 
 
Segundo o Decreto 9.507/2018, que trata sobre a execução indireta de 
autarquia fundacional, empresa pública e sociedades de economia mista da 
União, em seus artigos 3º e 4º, estabelece o que NÃO poderá ser objeto de 
execução indireta: 
 
Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na administração pública 
federal direta, autárquica e fundacional, os serviços: 
I - que envolvam a tomada de decisão ou posicionamento institucionalnas áreas de planejamento, coordenação, supervisão e controle; 
II - que sejam considerados estratégicos para o órgão ou a entidade, 
cuja terceirização possa colocar em risco o controle de processos e de 
conhecimentos e tecnologias; 
III - que estejam relacionados ao poder de polícia, de regulação, de 
outorga de serviços públicos e de aplicação de sanção; e 
IV - que sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo 
plano de cargos do órgão ou da entidade, exceto disposição legal em 
contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, 
no âmbito do quadro geral de pessoal. 
§ 1º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios de que tratam 
os incisos do caput poderão ser executados de forma indireta, vedada 
a transferência de responsabilidade para a realização de atos 
administrativos ou a tomada de decisão para o contratado. 
 
Art. 4º Nas empresas públicas e nas sociedades de economia mista 
controladas pela União, não serão objeto de execução indireta os 
serviços que demandem a utilização, pela contratada, de profissionais 
com atribuições inerentes às dos cargos integrantes de seus Planos de 
Cargos e Salários, exceto se contrariar os princípios administrativos da 
 
17 
 
eficiência, da economicidade e da razoabilidade, tais como na 
ocorrência de, ao menos, uma das seguintes hipóteses: 
I - caráter temporário do serviço; 
II - incremento temporário do volume de serviços; 
III - atualização de tecnologia ou especialização de serviço, quando for 
mais atual e segura, que reduzem o custo ou for menos prejudicial ao 
meio ambiente; ou 
IV - impossibilidade de competir no mercado concorrencial em que se 
insere. 
§ 1º As situações de exceção a que se referem os incisos I e II 
do caput poderão estar relacionadas às especificidades da localidade 
ou à necessidade de maior abrangência territorial. 
§ 2º Os empregados da contratada com atribuições semelhantes ou 
não com as atribuições da contratante atuarão somente no 
desenvolvimento dos serviços contratados. 
§ 3º Não se aplica a vedação do caput quando se tratar de cargo 
extinto ou em processo de extinção. 
§ 4º O Conselho de Administração ou órgão equivalente das empresas 
públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União 
estabelecerá o conjunto de atividades que serão passíveis de 
execução indireta, mediante contratação de serviços. 
 
 
7. PARAESTATAIS 
 
Paraestatais é o Terceiro Setor ou Entes de Cooperação, que caminham 
ao lado do Estado. São entidades particulares que atuam em pareceria com o 
Estado. Executam atividade de interesse público sem finalidade lucrativa. 
Recebem alguns benefícios e se submetem algumas restrições. 
 
 Organizações Sociais (OS) – Lei 9.637/98 
 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) – 
Lei 9.790/99 
 Entidade de Apoio ou Parceiros Voluntários – Lei 13.019/2014 
 Serviços Sociais Autônomos (Sistema S) – criado por lei 
 
7.1 Organizações Sociais (OS): 
 
 Pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, criadas por 
particulares para a execução de serviços públicos não exclusivos do Estado, 
previstos em lei. A lei 9.637/98 autorizou que fossem repassados serviços 
de: ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e 
preservação do meio ambiente, cultura e saúde. 
 
18 
 
 
 Celebram contrato de gestão (artigo 37, §8º); 
 
 Dispensa licitação quando forem oferecer seu serviço contemplado no 
contrato de gestão. 
 
 Podem receber: recursos orçamentários, bens públicos através de uma 
permissão de uso, recebem servidores públicos por cessão especial. 
 
 O Poder Executivo poderá proceder à desqualificação da entidade como 
organização social, quando constatado o descumprimento das disposições 
contidas no contrato de gestão. 
 
 OBS 1: A desqualificação será precedida de processo administrativo, 
assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da 
organização social, individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos 
decorrentes de sua ação ou omissão. 
 
 OBS 2: A desqualificação importará reversão dos bens permitidos e dos 
valores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de outras 
sanções cabíveis. 
 
 São fiscalizadas pelo Tribunal de Contas. 
 
 Exemplos: Santas Casas, que são hospitais privados filantrópicos. 
 
7.2 Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP): 
 
 OSCIPs são Organizações criadas por iniciativa privada, semelhantes as 
OS, mas com rol maior e diferente vínculo, não por contrato de gestão, mas 
por termo de parceria. 
 
 Desempenham serviço social não exclusivo do Estado, segundo o artigo 3º 
da Lei 9.790/99: 
 
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em qualquer 
caso, o princípio da universalização dos serviços, no respectivo âmbito 
de atuação das Organizações, somente será conferida às pessoas 
jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais 
tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: 
I - promoção da assistência social; 
II - promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico 
e artístico; 
 
19 
 
III - promoção gratuita da educação, observando-se a forma 
complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; 
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar 
de participação das organizações de que trata esta Lei; 
V - promoção da segurança alimentar e nutricional; 
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção 
do desenvolvimento sustentável; 
VII - promoção do voluntariado; 
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à 
pobreza; 
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos 
e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; 
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e 
assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; 
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da 
democracia e de outros valores universais; 
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, 
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e 
científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo. 
XIII - estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização 
e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, 
por qualquer meio de transporte. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 
2014) (Vigência) 
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a dedicação às atividades 
nele previstas configura-se mediante a execução direta de projetos, 
programas, planos de ações correlatas, por meio da doação de 
recursos físicos, humanos e financeiros, ou ainda pela prestação de 
serviços intermediários de apoio a outras organizações sem fins 
lucrativos e a órgãos do setor público que atuem em áreas afins. 
 
 Recebem menos benefícios. 
 
 São proibidas de requerer a qualificação como OSCIP (art. 2º, Lei 9.790/99): 
 
 
Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações da 
Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de 
qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei: 
I - as sociedades comerciais; 
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de 
categoria profissional; 
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de 
credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; 
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas 
fundações; 
V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens 
ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; 
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e 
assemelhados; 
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas 
mantenedoras; 
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e 
suas mantenedoras; 
IX - as organizações sociais; 
 
20 
 
X - as cooperativas; 
XI - as fundaçõespúblicas; 
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado 
criadas por órgão público ou por fundações públicas; 
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de 
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 
da Constituição Federal. 
 
 Pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos 
 
 Devem ter sido constituídas e se encontrem em funcionamento regular há, 
no mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos objetivos sociais e 
normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos na lei 9790/99. 
 
 Desempenhar serviço social não exclusivo do Estado 
 
 Podem receber verba pública e cessão de bens, mas não podem receber 
servidores públicos. 
 
 Não estão submetidas a concurso público. 
 
7.3 Entidades de Apoio ou Parcerias Voluntárias: Lei 13.019/2014. 
 
 Não possuem fins lucrativos. Ex.: entidade de apoio em hospitais públicos 
e universidades públicas, igrejas. 
 
 São instituídas pelo Poder Público, por servidores públicos e com seus 
próprios recursos, sob forma de Fundação, Associação ou Cooperativa. 
 
 Não estão submetidas a concurso público. 
 
 Sofrem controle do TCU e da entidade. 
 
 Procedimento licitatório simplificado. 
 
 Forma vínculo por meio de Convênio, através de Termo de Colaboração. 
 
7.4 Serviços Sociais Autônomos (Sistema S): 
 
 Possuem personalidade de direito privado, para ministrar assistência e 
ensino a certas categorias sociais ou grupos de profissionais vinculada ao 
sistema sindical, sem fins lucrativos; 
 
21 
 
 São criados por lei específica. 
 
 Não são obrigadas a realizar concurso público (decisão do STF). 
 
 Podem receber dinheiro público, como também gozam da 
PARAFISCALIDADE: cobrança de contribuições dos associados – tem 
natureza tributária, por tanto dinheiro público. 
 
 São submetidas a fiscalização do Tribunal de Contas, para controle 
finalístico. 
 
 Ex.: Senai, Senac, Sesi, Sesc... 
 
9. PRINCÍPIOS 
 
9.1 Princípio da Supremacia do Interesse Público: o interesse público é 
superior ao interesse do particular, pois o objetivo da Administração é atingir o 
bem comum, assim é possível verificar privilégios à Administração Pública que 
se justificam na supremacia do interesse público: 
 
A) Diversas formas de intervenção do Estado na propriedade 
privada, como através da: Desapropriação (desde que assegurada justa e prévia 
indenização). Requisição administrativa (uso da propriedade priva sem 
remuneração, havendo indenização ulterior, se houver dano). Tombamento de 
um imóvel histórico. 
 
B) Cláusulas exorbitantes: por exemplo, que possibilitam a 
Administração Pública modificar ou rescindir unilateralmente um contrato. 
 
C) Poder de Polícia: corresponde ao poder de limitar, restringir a 
liberdade e propriedade do particular, em nome do interesse público. 
 
 
22 
 
9.2 Princípio da indisponibilidade do interesse público 
 
Limita o princípio da supremacia do interesse público, pois o interesse não 
será conforme o interesse do administrador, mas sim, na forma da lei. O Estado, 
por exemplo, não pode renunciar recebimento de receitas devidas, salvo se 
expressamente previsto em lei. Não poderá alienar um bem enquanto ele estiver 
afetado a uma destinação pública específica. E mesmo desafetado, deverá 
seguir a regras de licitação prévia, só assim representaria a vontade da lei, que 
é a vontade coletiva. 
 
9.3 Princípio da Legalidade 
 
Todos, sem exceção, estão sujeitos ao império da lei. A lei impõe deveres 
aos homens e, também, limita a atuação do Estado. Assim, quando não houver 
previsão legal, não há possibilidade de atuação da Administração Pública. Atos 
que violam a lei podem ser anulados pela Administração Pública ou invalidados 
pelo Poder Judiciário. 
Ainda que por vezes encontraremos possibilidades de uma atuação 
discricionária do administrador, essa discricionariedade ocorrerá no limite da lei. 
 
9.4 Princípio da impessoalidade 
 
Corresponde a atuação da Administração Pública com critério objetivos e 
não pessoais, não pode ser relevante para a pessoa, mas para o interesse 
coletivo. Quando um agente pratica um ato, não é a pessoa, mas o Estado 
praticando-o ao servir o público. Exemplos: 
 
 Vedada a propaganda do governo em obras (Art. 2º, III, da Lei 
9.784/1999) 
 Vedada a remoção por punição. 
 Está ligado também com o princípio da isonomia, onde o próprio 
artigo 37, II, da CF, impõe o dever da realização de concurso 
 
23 
 
público como condição para ingresso em cargo efetivo ou emprego 
público. 
 O artigo 37, inciso XXI, que exige a licitação para assegurar 
igualdade entre todos os concorrentes. 
 Vedação ao nepotismo: Súmula vinculante nº 13. 
 
Qualquer ato praticado com o objetivo diverso da satisfação do interesse 
público será considerado nulo por desvio da finalidade. 
 
9.5 Princípio da Moralidade 
 
A atuação da Administração Pública deve pautar na honestidade, boa fé 
e não corrupção. A moralidade administrativa não se trata de um exame de 
oportunidade e conveniência, mas uma análise de legitimidade, ou seja, um ato 
praticado em desacordo com a moral é nulo e não meramente inoportuno ou 
inconveniente. 
Ligado ao artigo 37, §4º, da Constituição Federal, que versa sobre os atos 
de improbidade administrativa, atos que acarretam em diversas consequências, 
conforme o referido parágrafos, como também o disposto na Lei 8.429/92. 
 
9.6 Princípio da publicidade 
 
A publicidade dos atos administrativos é direito fundamental do cidadão, 
corresponde ao dever de promover o acesso à informação como condição 
necessária para exercer a democracia, afinal, é através da publicidade dos atos 
que a sociedade pode controlar o Poder Público. A publicidade também é 
condição para eficácia, pois é com a publicidade que atos passam a ter efeitos 
externos, por exemplo, o recebimento da notificação de trânsito. 
Se admitem atos sigilosos quando: 
 Nos casos de segurança nacional: seja ela de origem militar, 
econômica, cultural etc. Nestas situações, os atos não são 
tornados públicos, artigo 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal. 
Por exemplo, os órgãos de espionagem não fazem publicidade de 
seus atos. 
 
24 
 
 
 Nos casos de investigação policial: onde o Inquérito Policial é 
extremamente sigiloso (só a ação penal que é pública). 
 
 Nos casos dos atos internos da Administração Pública: nestes, por 
não haver interesse da coletividade, não há razão para serem 
públicos. 
 
 Se violar o direito a intimidade, vida privada, a honra e a imagem 
da pessoa, consoante artigo 5º, inciso X e LX, da Constituição 
Federal. 
 
 
A publicidade dos atos administrativos é feita tanto na esfera federal 
(através do Diário Oficial Federal), estadual (através do Diário Oficial Estadual), 
quanto municipal (através do Diário Oficial do Município). 
Nos Municípios, se não houver o Diário Oficial Municipal, a publicidade 
poderá ser feita através dos jornais de grande circulação ou afixada em locais 
conhecidos e determinados pela Administração. 
 
9.7 Princípio da Eficiência 
 
Foi inserido pela EC 19/1998, mesma emenda que alterou o artigo 41 e 
disse que o servidor público só será efetivado após a avaliação de desempenho, 
nesse sentido, o artigo 39, §2º, da Constituição Federal que se refere a formação 
constantes dos agentes públicos, buscando, assim, a produtividade e economia 
no desempenho de suas funções. 
Segundo a doutrina, ele pode ser descrito sob duas perspectivas: 
1) Da atuação do servidor público espera-se o melhor desempenho 
possível de suas atribuições, a fim de obter melhores resultados. 
 
2) Quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a adm. pub., deve 
ser o mais racional possível, com intuito de alcançar melhores resultados. 
 
 
25 
 
9.8 Princípio da autotutela 
 
Possibilita a Administração Pública controlar seus próprios atos, 
apreciando quantoao mérito e a legalidade. Assim, atos inoportunos e/ou 
inconvenientes podem ser revogados, já os atos ilegais poderão ser anuladas. 
Atenção: o Poder Judiciário tem competência para fazer apreciação de 
legalidade ou controle finalístico dos atos administrativos, podendo anular 
sempre que apresentar vícios de legalidade (artigo 5º, inciso XXXV, da 
Constituição Federal), cujo efeito será ex tunc, todavia, cabe apenas a 
Administração Pública o controle de oportunidade e conveniência, em razão do 
princípio da independência dos Poderes, segundo o artigo 2º, da Constituição 
Federal, o qual terá efeito ex nunc. 
Súmula 346 do STF: “A Administração Pública pode declarar a nulidade 
de seus próprios atos”. 
Súmula 473 do STF: “A Administração Pública pode anular seus próprios 
atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se 
originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial”. 
A possibilidade da Administração Pública revisar seus atos não é eterna, 
para proteger direito adquirido, para garantir o princípio da segurança jurídica, o 
artigo 54, da Lei 9.784/1999 estabelece: “O direito da Administração de anular 
os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários 
decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada 
má-fé”. 
 
9.9 Princípio da razoabilidade e proporcionalidade 
 
Não estão expressos na Constituição Federal, são princípios implícitos, 
contudo expressos na legislação infraconstitucional, segundo o artigo 2º, da Lei 
9.784/1999: “A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios 
 
26 
 
da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, 
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e 
eficiência”. 
Os próprios atos de conveniência e oportunidade da Administração 
Pública podem ser revistos e anulados pelo Poder Judiciário quando irrazoáveis 
ou desproporcionais, pois haverá vício de legalidade. 
Controle de atos discricionários: toda vez que lei confere margem de 
escolha ele deverá fazer dentro do razoável e proporcional. 
Razoabilidade e proporcionalidade correspondem a adequação e 
necessidade, a Administração Pública deve ter uma atuação equilibrada, 
sensata, sem incorrer em abusividade. A razoabilidade é vista em atos 
discricionários, aqueles que possuem margem de escolha, por exemplo, uma 
aplicação de pena mais severa que a gravidade da infração. 
 
9.10 Princípio da ampla defesa e do contraditório 
 
Deve ser respeitado em processo judicial e no âmbito administrativo. 
Corresponde ao direito de saber e poder se manifestar sobre as alegações. 
 
Súmula vinculante n. 5: ausência de defesa técnica em processo 
administrativo não gera nulidade. 
 
Súmula vinculante n. 21: é inconstitucional a exigência de depósito 
prévio para interposição de recurso administrativo. 
 
Art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, trata sobre o princípio da 
inafastabilidade da jurisdição, somente o judiciário profere decisões com caráter 
de definitividade, assim, as decisões administrativas não são definitivas e são 
passíveis de discussão no judiciário. Não precisa de esgotamento da via 
administrativa para ter acesso ao judiciário. Exceto na justiça desportiva, que 
precisa esgotar a via administrativa (art. 217, §1º, da Constituição Federal). 
 
27 
 
 
9.11 Princípio da continuidade da prestação do serviço público: 
 
Tal princípio estabelece que os serviços públicos, prestados pela 
Administração Direta, Indireta ou Particulares em colaboração com a 
Administração Pública, devem ser ininterruptos, essa é a regra. Todavia, o artigo 
6º, §3º, da Lei n. 8.987/95 traz hipóteses em que a continuidade da prestação do 
serviço pode ser interrompida, sem que isso afeta na violação do princípio aqui 
estudado: 
 
Art. 6ºToda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço 
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido 
nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato. 
 
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, 
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia 
na sua prestação e modicidade das tarifas. 
 
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do 
equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a 
melhoria e expansão do serviço. 
 
§ 3º Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua 
interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando: 
 
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das 
instalações; e, 
 
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da 
coletividade. 
 
10 AGENTES PÚBLICOS 
10.1 Conceito e espécies de agentes públicos 
 
Agentes públicos é o conceito amplo para pessoas físicas que prestam 
serviço público, tanto na administração direta, quanto na administração indireta, 
“com vínculo empregatício e mediante remuneração paga pelos cofres públicos” 
(DI PIETRO, 2017, p. 681). 
 
 
 
28 
 
• Espécies de agentes públicos: 
*Esquema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os servidores estatais ou chamados administrativos vão se subdividir 
em três espécies: 
*Esquema 
 
 
 
 
 
 
 
 
10.2 Agentes políticos 
 
Não há um conceito de agente político, havendo divergências na doutrina. 
Para Hely Lopes Meirelles, “agentes políticos são os componentes do Governo 
nos seus primeiros escalões, investidos de cargos, função, mandatos ou 
comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação para o exercício 
de atribuições constitucionais” (MEIRELLES, 2003, p. 75). Assim, para ele se 
enquadrariam: chefes do executivo, auxiliares diretos, membros do legislativo, 
Agentes 
políticos: 
• Função política
(chefes de
executivo,
membros do
legislativo,
secretários
estaduais e
municipais,
ministros de
estado,
magistrados e
membros do MP)
Particulares em 
colaboração com 
a ADM: 
• Jurados,
mesários, titulares
de serventia de
cartório, serviço
militar obrigatório,
funcionários de
concessionárias e
permissionárias.
Agentes estatais/
administrativos
• Os servidores
públicos possuem
vínculo de
natureza
administrativa.
Militares
• "Não há distinção
entre os
servidores civis e
os militares, a não
ser pelo regime
jurídico,
parcialmente
diverso" (DI
PIETRO, 2017, p.
678).
Temporários: 
• Contratados com base
no artigo 37, IX, CF – de
excepcional; interesse;
Precisa ter lei da carreira
que diga qual o serviço
será temporário, quanto
tempo dura. É contrato
em regime especial.
Empregados
• Atividade permanente,
aprovado mediante
concurso de prova ou
prova e títulos.
• Ocupantes de emprego
públicos.
• Contrados sob regime da
legislação trabalhista
Estatutários:
• Atividade permanente,
aprovado mediante
concurso de prova ou
prova e títulos.
• Ocupantes de cargos
públicos.
• Contratados sob regime
estatutários.
 
29 
 
como também da magistratura, ministério público, tribunais de conta, 
representantes diplomáticos e demais autoridades que atuam independência 
funcional nas atribuições governamentais e judiciais, que sejam estranhas ao 
quadro funcionalismo estatutário. 
Já para Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 
agente políticos são aqueles titulares de cargos pertencentes à organização 
política, os quais possuem como função a de formadores da vontade superior do 
Estado. Para eles apenas os chefes do executivo, respectivos auxiliares 
imediatos, os senadores, os deputados e vereadores, é que pertencem a 
categoria de agentes políticos (MELLO, 1975, p. 07; DI PIETRO, 2017, p. 679). 
Há uma grande tendência dos membros do ministério público e da 
magistratura também serem considerados agente políticos, ainda que não 
participem diretamente do Governo ou que suas decisões sejam políticas, sua 
função corresponde a parcela dasoberania do Estado, no caso da magistratura, 
em razão da sua função de dizer o direito em última instância, ainda que seu 
vínculo com o poder público seja de natureza estatutária. Já aos membros do 
Ministério Público, a inclusão na categoria de agente político se enquadraria em 
razão da atribuição de controle, conforme artigo 129 da Constituição Federal, 
ainda que sua situação de investidura também se iguale aos estatutários. 
 
10.3 Particulares em colaboração com o Poder Público 
 
Nesta categoria entram as pessoas físicas que prestam serviço público ao 
Estado, todavia, que não possuem vínculo empregatício, podem ser com ou sem 
remuneração. Segundo, Di Pietro (2017, p. 688), compreendem: 
 
a) Delegação do Poder Público: empregados das empresas 
concessionárias e permissionárias de serviço público; os que exercem 
atividade notarias e de registro (art. 236, CF); os leiloeiros, tradutores 
e intérpretes públicos; são pessoas que exercem função pública em 
seu nome, contudo são fiscalizadas pelo poder público. A sua 
 
30 
 
remuneração não é paga pelos cofres públicos, mas sim pelos 
terceiros usuários do serviço. 
b) Mediante requisição, nomeação ou designação: pessoa que 
exercem funções públicas relevantes, como os jurados, convocados 
(militar e eleitoral). Também não tem vínculo empregatício e não 
recebem remuneração. 
c) Os gestores de negócio: pessoas que espontaneamente assumem 
determinada função pública em momento de emergência (como 
epidemias, incêndio, enchente etc.). 
 
10.4 Servidores estatais ou administrativos 
 
Servidores estatutários são “estabelecidos em lei por cada uma das 
unidades da federação e modificável unilateralmente, desde que respeitados os 
direitos já adquiridos pelo servidor” (DI PIETRO, 2017, p. 677), são nomeados e 
não há a possibilidade de qualquer modificação por meio de contrato. Algumas 
categorias são necessariamente servidores estatutários, como os membros da 
Magistratura, MP, TC, Advocacia Pública e da Defensoria Pública, também os 
servidores que trabalham como auxiliares da justiça, conforme o artigo 96, inciso 
I, da Constituição Federal. Além disso, também ocupa cargo público, o regime 
estatutário os servidores que atuam na área da polícia civil ou militar, controle, 
fiscalização, diplomacia e regulação (DI PIETRO, 2017, p. 684-685). 
Diferente dos empregados, que são regidos pela legislação trabalhista e 
constitucional, não podendo estados ou municípios derrogarem outras normas, 
por ausência de competência. Ainda que sujeitos a CLT, se submetem a todas 
as normas constitucionais referentes a investidura, acumulação de cargos, 
vencimentos etc. (Capítulo VII, do Título III, da Constituição Federal). Na esfera 
federal está disciplina pela lei 9.962/2000, tanto na lei, quanto na Constituição 
Federal está disposto a obrigação de lei para a criação de empregos públicos 
(art. 61, §1º, II, “a”, da CF), sendo vedada a utilização de medida provisória para 
este fim. 
 
31 
 
 
ATENÇÃO: a marcação e a leitura da lei 9.962, de 22 de fevereiro de 
2000, é fundamental! Atenção especial ao artigo 3º, que cria um certo grau de 
estabilidade ao contrato de trabalho por prazo indeterminado com a 
Administração Pública. 
 
Os servidores das empresas públicas, sociedades de economia mista 
e fundações privadas regem-se pela legislação trabalhista. Para as 
empresas que exercem atividade econômica, esse regime é imposto 
pelo artigo 173, 1º, da Constituição. Para os demais, não é obrigatório, 
mas é o que se adota por meio das leis ordinárias, por ser o mais 
compatível com o regime de direito privado a que se submetem (DI 
PIETRO, 2017, p. 685). 
 
Os temporários exercem função, logicamente, por tempo determinado, 
mediante regime jurídico especial, disciplina por cada unidade da federação. Na 
esfera federal, a contratação temporária está regulamentada no artigo 37, inciso 
IX, da Constituição Federal e na lei n. 8.745/1993. Segundo o informativo 555, 
do STF, são requisitos para a contratação temporária: 
 a) os casos excepcionais estejam previstos em lei; 
 b) o prazo de contratação seja predeterminado; 
 c) a necessidade seja temporária; e 
 d) o interesse público seja excepcional. 
 
10.5 Militares 
 
Militares abrangem as pessoas físicas que prestam serviço público nas 
Forças Armadas, abrangendo a Marinha, Exército e Aeronáutica (Art. 112, caput, 
e §3º, CF), também, as polícias militares, corpo de bombeiros (Art. 42, CF). "Não 
há distinção entre os servidores civis e os militares, a não ser pelo regime 
jurídico, parcialmente diverso" (DI PIETRO, 2017, p. 678). 
 
De qualquer forma, a partir da Emenda Constitucional nº 18/98, os 
militares ficaram excluídos da categoria de servidores públicos, só lhes 
sendo aplicáveis as normas que a estes se referem quando houver 
 
32 
 
previsão expressa nesse sentido, como a contida no artigo 142, §3º, 
inciso VIII. Esse dispositivo manda aplicar aos militares das Forças 
Armadas os incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV do artigo 7º e os 
incisos XI, XIII, XIV e XV do artigo 37. Vale dizer que os militares fazer 
jus a algumas vantagens próprias do trabalhador privado: décimo 
terceiro salário, salário-família, férias anuais remuneradas, licença à 
gestante, licença-paternidade e assistência gratuita aos filhos 
dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches 
e pré-escolas. E estão sujeitos a algumas normas próprias dos 
servidores públicos: teto salarial, limitações, forma de cálculo dos 
acréscimos salarias e irredutibilidade de vencimentos. 
 
ATENÇÃO: o regime dos militares é estatutário, estabelecido em lei 
própria, a qual estabelece as normas de ingresso, limites de idade, 
estabilidade, transferência para a inatividade, direitos, deveres e remuneração 
(Art. 42, §1º e 142, §3º, da CF). 
 
10.6 Cargo, emprego e função: diferença 
 
Na organização da Administração Pública todas as competências são 
divididas em três níveis: pessoa jurídica (União, Estado e Municípios), órgãos 
(Ministérios, Secretarias e sua subdivisões) e servidores públicos (que ocupam 
cargos, emprego ou exercem função). O cargo público é aquele ocupado pelo 
servidor público estatutário, já o emprego é do agente público que possuí vínculo 
contratual regido pela CLT, também chamado de empregado público. Todavia, 
existem atribuições exercidas por servidores públicos que não são nem cargo, 
nem emprego, são funções, um conjunto de atribuições não correspondentes a 
cargo ou emprego. 
Essa função pode ser abrangida por pelo menos duas modalidades: 
a) Função exercida por servidores temporários, por tempo determinado, 
com base no artigo 37, IX, da CF, para qual NÃO se exige concurso 
público, em razão da própria urgência da contratação. A lei n. 8.745/93 
regula a matéria. 
 
IX - A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado 
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse 
público; 
 
33 
 
 
b) As funções de natureza permanente, são as de chefia, direção, 
assessoramento ou outro tipo de atividade que o legislador não crie 
cargo específico, são as funções de confiança, livre provimento e livre 
exoneração, segundo o artigo 37, inciso V, da CF: 
 
V - As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores 
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem 
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e 
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento; 
 
De acordo com o artigo 37, inciso I, da CF, os cargos, empregos e função 
são acessíveis a todos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos 
em lei, assim como, também são acessíveis aos estrangeiros, na forma da lei. A 
acessibilidade aos estrangeiros deve ser analisar a parte da Emeda 
Constitucional n. 11/96, que introduziu dois parágrafos no artigo 207, da CF, para 
permite que universidadese instituições de pesquisa científica e tecnológica 
federais admitissem professores, técnicos ou cientistas estrangeiros, na forma 
lei. Esse dispositivo está regulado pela lei n. 9.515/97, a qual alterou o artigo 5º 
da lei 8.112/90, introduzindo o §3º, permitindo a referida admissão. Com a 
Emenda Constitucional 19/98, o artigo 37, inciso I, da CF passou ter em sua 
redação o direito de acesso estendido aos estrangeiros de forma mais genérica, 
contudo desde que seja na forma da lei, sendo que cada entidade da federação 
tem competência para regular a matéria. 
 
10.7 Forma de ingresso em cargo, emprego ou função: 
 
Segundo a redação do inciso II, do artigo 37, da CF, com redação dada 
pela Emenda Constitucional n. 19/98: 
 
a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação 
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo 
com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma 
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão 
declarado em lei de livre nomeação e exoneração 
 
 
34 
 
A exigência de concurso público significa dizer que o procedimento é 
aberto a todos que possam se interessar, neste sentido, são importantes duas 
súmulas aprovadas pelo STF, que visam evitar restrições infundadas à 
participação do candidato em concurso público: 
 
Súmula 684, STF: inconstitucional o veto não motivado à participação 
de candidato a concurso público. 
 
Súmula 686, STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a 
habilitação de candidato a cargo público. 
 
O artigo 37, inciso II, dispensa o concurso público para os cargos em 
comissão, todavia o inciso V regula essa livre escolha dos seus ocupantes: 
 
V- As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores 
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem 
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e 
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento; 
 
Além disso a Súmula vinculante n. 13, Supremo Tribunal Federal, regula 
essas nomeações para evitar violações ao princípio da impessoalidade, princípio 
da moralidade e legalidade. Assim, regula pela proibição de nomeações de 
cônjuge, companheiro, parente até 3º grau, em linha reta ou colateral, inclusive 
por afinidade, para cargos em comissão, de confiança ou função gratificada, na 
Administração Direta e Indireta. 
 
ATENÇÃO: a aplicação da Súmula vinculante n. 13 diz respeito aos 
cargos administrativo, o STF ao aprovar a súmula foi omisso quanto aos 
cargos políticos, assim, eles não são afetados por ela. Ressalvadas situações 
de fraude à lei, segundo o entendimento jurisprudencial. 
 
Observe que o artigo 37, inciso II, da CF, fala somente na exigência de 
concurso público para cargo ou emprego público, sem mencionar as funções, 
segundo José Afonso da Silva (2003, p. 659) “deixa a Constituição, porém, uma 
grave lacuna nessa matéria, ao não exigir nenhuma forma de seleção para 
 
35 
 
admissão às funções (autônomas) referidas no artigo 37, I, ao lado dos cargos e 
empregos. Admissões a função autônoma sempre foram fontes de 
apadrinhamentos, de abusos e de injustiças aos concursados”, todavia, Di Pietro 
já discorda, sustentando que a função só existe para prazo determinado, para 
atender necessidades temporárias e excepcionais ao interesse público, nos 
termos do artigo 37, inciso IX, da CF, pois em razão da nova redação do artigo 
V, a função de confiança, de livre provimento e exoneração, só poderá ser 
possível nos limites da direção, chefia e assessoramento, que são preenchidas 
por servidores ocupantes de cargo efetivo, já o cargos em comissão, até sofrem 
menor restrição, porque seu preenchimento por servidor de carreira só é exigido 
nas condições e percentuais mínimos previstos em lei (DI PIETRO, 2017, p. 695-
698). 
Os casos excepcionais de interesse público dos contratos temporários 
estão regulados no artigo 2º, da Lei 8.745/93. O artigo 4º, traz o prazo de 
contratação, sendo possível a prorrogação em casos expressamente previstos 
no parágrafo único do mesmo dispositivo. O artigo 9º, III e o artigo 5º, 
estabelecem que o pessoal contratado temporariamente não poderá ser 
novamente contratado, salvo na hipótese do artigo 2º, inciso I e IX, mediante 
prévia autorização do Ministro do Planejamento de Estado do Planejamento, 
Orçamento e Gestão e do Ministrado de Estado. 
Os municípios que querem contratar temporariamente devem 
estabelecer, por lei própria, as hipóteses de contratação e o regime jurídico 
aplicado aos mesmos. 
 
10.8 Concurso público 
 
Sobre o ingresso, o artigo 37, inciso III, da CF, fixa o prazo de dois anos 
para a validade de um concurso público, podendo ser prorrogado por igual 
período uma única vez. Essa prorrogação é a critério da Administração Pública, 
não havendo direito subjetivo dos candidatos aprovados de prorrogação. 
 
36 
 
Diferente do direito subjetivo do candidato aprovado dentro do número de vagas, 
ele possui o direito de nomeação. 
O artigo 37, inciso IV, da CF, traz em sua redação que “durante o prazo 
improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso 
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre 
novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira”, significa dizer 
que mesmo que a Administração Pública realize novo concurso, durante a 
vigência do concurso anterior, os candidatos aprovados terão prioridade na 
nomeação. Sobre o tema análise a jurisprudencial correlata: 
 
O STF, aos 21 de novembro de 2014, reconheceu a repercussão geral 
no RE 837.311 (tema 784). Analisou o direito subjetivo à nomeação de 
candidatos aprovados fora do número de vagas previstas no edital de 
concurso público no caso de surgimento de novas vagas durante o 
prazo de validade do certame. Em 9 de dezembro de 2015, por maioria 
de votos, o Plenário do STF fixou a tese de que “o surgimento de novas 
vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o 
prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o 
direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas 
no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada 
por parte da Administração, caracterizada por comportamento tácito ou 
expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade 
de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, 
a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito 
subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público 
exsurge nas seguintes hipóteses: 1 – Quando a aprovação ocorrer 
dentro do número de vagas dentro do edital; 2 – Quando houver 
preterição na nomeação por não observância da ordem de 
classificação; 3 – Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo 
concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição 
de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da 
Administração nos termos acima”. (ROSSI, 2019, p. 413) 
 
A pessoa com deficiência: o inciso VIII, do art., 37, da CF, determina que 
“a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas 
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão”, tal dispositivo 
não é autoaplicável, devendo o interessado adotar medidas judicias cabíveis em 
caso de omissão do Poder Público na promulgação da lei. O procedimento para 
a reserva de vagas aos portadores de deficiência está regulado pela Decreto n. 
3.298/99, que regulamenta a lei n. 7.853/89. No âmbito federal, a lei n. 8.112/90, 
assegura 20% das vagas oferecidas em concursos para portadores de 
 
37 
 
deficiência (art. 5º, §2º). Esse percentual já muda na Resolução n. 75/09, do 
CNJ, determina que no concurso para ingresso na magistratura “as pessoas com 
deficiência que declararem tal condição, no momento da inscrição preliminar, 
terão reservados, no mínimo5% (cinco por cento) do total de vagas, vedado o 
arredondamento superior”. 
Quanto ao ingresso do servidor público também se aplica o disposto no 
artigo 7º, inciso XXX, da CF, o qual veda diferenças de salário, de exercício de 
função e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. 
Contudo, essa proibição não é absoluta, não podemos deixar de observar o 
artigo 39, §3º, da CF, principalmente no que estabelece a parte final, a qual 
permite que o legislador, através de lei, estabeleça requisitos diferenciados de 
admissão quando a natureza do cargo exigir, em razão do princípio da 
razoabilidade. Exemplo: limitação de idade para cargos policiais, neste sentido 
a Súmula 686, do STF: “O limite de idade para a inscrição em concurso público 
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser 
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido”. 
 
ATENÇÃO: É possível ação popular, nos termos do artigo 4º, inciso I, 
da Lei n. 4.717/65, quanto ao ingresso de servidor público sem observância 
dos procedimentos legais. 
 
“Provimento é o ato do poder público que designa para ocupar cargo, 
emprego ou função a a pessoa que preencha os requisitos legais. Distingui-se 
da investidura, que é o ato pelo qual o servidor público é investido no exercício 
do cargo, emprego ou função, abrangendo a posse e o exercício” (DI PIETRO, 
2017, p. 768). O provimento é necessário para que possa ocorrer a investidura, 
de acordo com o artigo 6º e 7º, da Lei n. 8.112/90. 
*Esquema 
 
Concurso 
Público Nomeação
30 dias -
Posse
15 dias -
Exercício
Estágio 
probatório
3 anos -
Estabilidade
 
38 
 
A nomeação é ato de provimento, já a investidura se dá através da posse, 
que poderá ser por procuração, segundo o artigo 13, §3º, da Lei n. 8.112/90. A 
regra é que o concurso público seja aplicado para todos os servidores públicos, 
exceto, é claro, para os cargos em comissão, que são de livre nomeação e 
exoneração, pois serve para preservar o vínculo de confiança. 
Contratados temporariamente (art. 37, IX, da CF) NÃO prestam concurso 
público, todavia PODEM ser submetidos a processo seletivo simplificado. 
 
 O prazo de validade do concurso público será ATÉ dois anos, podendo 
ser prorrogável por uma vez, em igual período. 
 O STJ e o STF entendem que o candidato aprovado dentro do número de 
vagas previstas pelo edital tem direito subjetivo à nomeação (desde que o 
certame esteja válido). 
 
10.9 Regime remuneratório dos servidores 
A emenda constitucional n. 19/98 modificou o sistema remuneratório dos 
servidores públicos. A Constituição fala tanto em remuneração, quanto em 
vencimentos para se referir à contribuição pecuniária que os servidores públicos 
recebem. Cabe a legislação infraconstitucional dar o conceito legal. 
A regra é que o valor recebido pelos servidores é composto por uma parte 
fixa, chamada de remuneração ou vencimentos, e uma parte variável, de 
acordo com o tempo de serviço, função, condições especiais de prestação do 
serviço, que genericamente denominadas de vantagens pecuniárias, 
compreendem entre adicionais, gratificações e verbas indenizatórias. 
*Esquema 
 
 
 
 
 
 
REMUNERAÇÃO 
OU VENCIMENTOS
Vencimentos 
básicos
Vantagens 
pecuniárias
Adicionais Grastificações Indenizatórias
 
39 
 
Subsídios era a expressão adotada antes da Constituição de 1988, que 
voltou a ser mencionada após a emenda constitucional 19/98, entretanto, apenas 
para algumas categorias de agentes públicos. A remuneração/vencimentos é 
composta pelos vencimentos básicos e as vantagens pecuniárias, já os 
subsídios possuem somente a parcela fixa, não admitindo vantagem pecuniária 
variável. 
 
ATENÇÃO: Fixação e alteração da remuneração de 
servidores públicos só poderá ocorrer por lei específica. 
Além disso, o artigo 37, inciso XIII, da CF, veda a vinculação 
ou equiparação de qualquer espécie remuneratória (a 
exemplo: Súmula 681, do STF e Súmulas Vinculantes n. 4 e 
42). Essa justificativa se encontra no próprio artigo 169, da 
CF, que trata do limite contido na Lei Complementar n. 
101/2000 (50% da receita corrente liquida da União poderá 
ser usada para despesa com pessoa ativo e inativo, e, para 
Estados e Municípios, será de 60% - art. 19). 
 
Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e Judiciário não poderão 
ser superiores aos do Poder Executivo, é chamada paridade de vencimentos, 
estabelecida pelo artigo 37, inciso XII, da CF. A isonomia dos vencimentos 
também é objetivo do inciso X, do referido artigo, o qual nos diz “ a remuneração 
dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente 
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa 
privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data 
e sem distinção de índices”. 
 
 
 
 
40 
 
ATENÇÃO: A isonomia também era garantida aos inativos 
e pensionistas, os quais tinham seus proventos de aposentadoria 
e pensão revistos na mesma proporção e na mesma data que do 
ajuste da remuneração dos servidores em atividade, assim como, 
qualquer benefício ou vantagem posteriores. Todavia, a isonomia 
ou paridade não se manteve, sendo alterado artigo 40, §§7º e 8º, 
da CF, com a Emenda Constitucional n. 41/03. 
 
A isonomia ou paridade ficou garantida 
somente para aqueles que já estavam 
aposentados e os pensionistas que já recebiam 
pensão nos moldes anteriores a Emenda 
Constitucional 41/03. Assim como, aqueles que 
ingressaram no serviço público até 16/12/1998 e 
que tenham cumprido os requisitos do artigo 6º da 
emenda. 
 
Os subsídios e a remuneração são irredutíveis, trata-se do princípio da 
irredutibilidade dos vencimentos e subsídios que está previsto no artigo 37, inciso 
XV, da CF, diz respeito a impossibilidade de redução do valor recebido pelo 
servidor. Entretanto, essa irredutibilidade não pode ser invocada no caso do valor 
ultrapassar o limite estabelecido pelo teto. 
 
10.10 Subsídios 
 
 Os subsídios são pagos em parcelas únicas, possuí caráter 
retribuitório e alimentar (DI PIETRO, 2017, p. 706). Encontra-se no artigo 39, §4º, 
da CF: 
 
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros 
de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados 
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o 
 
41 
 
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de 
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em 
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. 
 
Assim, para os agentes públicos que recebem subsídios, fica proibida a 
aplicação de todas as normas legais que prevejam vantagens pecuniárias como 
parte da remuneração. Todavia, isso não excluir os direitos estabelecidos no 
artigo 7º, incisos IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e 
XXX, da CF (segundo o §3º, do art. 39, da CF). Assim, fará jus: a 13º salário, 
adicional noturno, salário-família, remuneração do serviço extraordinário 
superior, no mínimo 50% à do normal, adicional de férias, licença à gestante e 
adotante, sem prejuízos do emprego e salário. Também não se pode deixar de 
pagar verbas indenizatórias, já que são para compensar despesas do servidor 
em razão do cargo. 
 
10.11 Teto das remunerações 
 
Após diversas alterações e emendas constitucionais, a EC 41/03 
estabeleceu uma nova redação ao artigo 37, inciso XI, da CF. Em uma leitura 
conjunta, entre a Constituição Federal e demais normas relacionadas ao teto das 
remunerações, temos como limites: 
 
a) No âmbito federal o teto corresponde ao subsídio do Ministro do Supremo 
Tribunal Federal; 
b) No âmbito estadual, o teto é diferente para os servidores dos três poderes: 
i. Poder legislativo: deputados 
ii. Poder executivo: governador 
iii. Poder judiciário: desembargadores (aqui também se incluem os 
membros do MP, Procuradores, inclusive

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