Buscar

Prévia do material em texto

Receitas 
 
Introdução 
1. A questão primordial na contabilização da receita é determinar quando e por quanto reconhecê-la. A receita deve 
ser reconhecida quando for provável que benefícios econômicos futuros fluirão para a entidade e esses benefícios 
possam ser confiavelmente mensurados; e deve ser mensurada pelo valor justo da retribuição recebida ou a receber. 
2. O Pronunciamento identifica as circunstâncias em que esses critérios serão satisfeitos para que a receita seja 
reconhecida. Ele também proporciona orientação prática na aplicação desses critérios. 
 
Definição 
3. Receita é o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias 
da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto os aumentos de patrimônio líquido 
relacionados às contribuições dos proprietários. 
 
Aplicação 
4. O Pronunciamento deve ser aplicado na contabilização das receitas provenientes das seguintes transações: 
(a) venda de bens; 
(b) prestação de serviços; 
(c) utilização por terceiros de ativos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos. 
 
Reconhecimento e objetivo 
5. Os critérios de reconhecimento são geralmente aplicados separadamente à cada transação. Não obstante, em certas 
circunstâncias pode ser necessário aplicar separadamente os critérios de reconhecimento aos componentes 
identificáveis de uma única transação com o objetivo de refletir sua substância. Em tais casos, a essência deve 
prevalecer sobre a forma. 
6. Por exemplo, quando o preço da venda de um produto inclui quantia identificável relacionada a serviços 
subsequentes, essa quantia é diferida e reconhecida como receita durante o período em que o serviço vier a ser 
executado. É o caso de uma operação que envolva a venda de um produto e o serviço de sua instalação no cliente; ou 
de bônus por conta de programa de fidelização do cliente, etc. Inversamente, os critérios de reconhecimento são 
aplicados a duas ou mais transações conjuntas, quando elas estejam ligadas de tal maneira que o efeito comercial não 
possa ser compreendido sem referência às transações como um todo. Por exemplo, uma entidade pode vender bens 
e, ao mesmo tempo, celebrar um acordo separado para recomprar os mesmos bens numa data posterior, negando 
assim o efeito substantivo da transação; em tal caso, as duas transações são tratadas como uma transação única. 
7. No caso específico de programas de fidelização de clientes, a parcela atribuída como bônus deverá implicar no 
diferimento da receita relativa a esse bônus. Se, por exemplo, a cada dez passagens vendidas uma gratuita adicional 
será emitida, a receita de dez passagens na realidade estará correspondendo à prestação do serviço de transporte de 
onze viagens. Assim, a receita total das dez deverá ser distribuída pelas onze. Interpretação específica sobre a matéria 
está apensa ao Pronunciamento. 
8. A receita inclui somente os ingressos originários de suas próprias atividades. As quantias cobradas por conta de 
terceiros – tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor adicionado não são 
benefícios econômicos que fluam para a entidade e consequentemente não resultam em aumento do patrimônio 
líquido. Portanto, são excluídos da receita. 
9. No caso de permuta de bens e serviços de mesma natureza não há reconhecimento de receita; esta só ocorre 
quando de permuta de bens e serviços de natureza diferente. Atenção especial é dada em Interpretação anexa ao 
Pronunciamento para o caso de permuta de publicidade. 
10. Na relação de agenciamento (entre operador ou principal e agente), os ingressos brutos de benefícios econômicos 
provenientes das operações efetuadas pelo agente, em nome do operador, não resultam em aumentos do patrimônio 
líquido do agente, uma vez que sua receita corresponde tão somente à comissão combinada entre as partes. 
11. A receita só deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão 
para a entidade. Em alguns casos específicos isso só pode ser determinado quando do recebimento ou quando a 
incerteza for removida. Quando surgir uma incerteza relativa à realização de valor já reconhecido na receita, o valor 
incobrável ou a parcela do valor cuja recuperação é improvável devem ser reconhecidos como despesa e não como 
redução do montante da receita originalmente reconhecida. 
12. A receita e as despesas relacionadas à mesma transação são reconhecidas simultaneamente; esse processo está 
vinculado ao princípio da contraposição das despesas às receitas (regime de competência). As despesas, incluindo 
garantias e outros custos a serem incorridos após a entrega dos bens, podem ser confiavelmente mensuradas quando 
as outras condições para o reconhecimento da receita tenham sido satisfeitas. Porém, quando as despesas não possam 
ser mensuradas confiavelmente, a receita não pode ser reconhecida. Em tais circunstâncias, quaisquer valores já 
recebidos pela venda dos bens serão reconhecidos como um passivo. 
13. A receita proveniente da venda de bens deve ser reconhecida apenas quando: 
a) a entidade tenha transferido para o comprador os riscos e benefícios mais significativos inerentes à propriedade 
dos bens; 
b) não mantenha envolvimento continuado na gestão dos bens vendidos; 
c) o valor dos ingressos seja confiavelmente mensurável; 
d) seja provável que os benefícios econômicos associados à transação fluirão para a entidade; 
e) as despesas incorridas ou a serem incorridas, referentes à transação, possam ser confiavelmente mensuradas. 
14. A avaliação do momento em que a entidade transfere os riscos e benefícios inerentes à propriedade para o 
comprador exige o exame das circunstâncias da transação. Na maior parte dos casos a transferência dos riscos e dos 
benefícios inerentes à propriedade coincide com a transferência do documento legal ou da transferência da posse do 
ativo para o comprador. Tais casos são típicos das vendas a varejo. Em outros casos, porém, a transferência dos riscos 
e benefícios inerentes à propriedade ocorre em momento diferente da transferência do documento legal ou da 
transferência da posse do ativo. 
15. Na prestação de serviço, quando o desfecho de uma operação que envolva a prestação de serviços possa ser 
confiavelmente estimado, a receita associada deve ser reconhecida proporcionalmente à execução do serviço. 
16. Quando o desfecho da operação que envolva a prestação de serviços não possa ser estimado confiavelmente, a 
receita somente deve ser reconhecida na medida em que sejam recuperáveis os gastos incorridos. 
17. Os juros devem ser reconhecidos usando o método da taxa efetiva de juros, tal como definido no Pronunciamento 
Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. 
18. Os royalties devem ser reconhecidos por regime de competência, de acordo com a essência do contrato. 
19. Os dividendos devem ser reconhecidos quando estabelecido o direito do investidor de receber o pagamento. 
Mensuração 
20. A receita deve ser mensurada pelo valor justo da retribuição recebida ou a receber, geralmente acordado entre a 
entidade e o comprador ou usuário do ativo, deduzido de quaisquer descontos comerciais e/ou bonificações 
concedidos pela entidade ao comprador. A definição de Valor Justo foi alterada quando da entrada em vigência do 
Pronunciamento Técnico CPC 46 – Mensuração do Valor Justo, qual seja, valor justo é o preço que seria recebido pela 
venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação ordenada entre participantes 
do mercado na data de mensuração. 
21. Na maior parte dos casos, a retribuição é feita na forma de caixa ou equivalente de caixa e o valor da receita é o 
valor recebido ou a receber. Mas, se o ingresso de caixa ou seu equivalente vier a ser diferido, o valor justo da 
retribuição pode vir a ser menor doque o valor nominal do dinheiro recebido ou a receber. Quando o acordo constituir, 
efetivamente, uma transação de financiamento, o valor justo da receita é calculado a valor presente, ou seja, 
descontando todos os recebimentos futuros, tomando por base a taxa de juro imputada, a mais claramente 
determinável entre a taxa correspondente a um instrumento financeiro similar de emitente com classificação de 
crédito similar ou a taxa de juro que desconte o valor nominal do instrumento para o preço de venda à vista dos bens 
ou serviços. 
22. A diferença entre o valor justo e o valor nominal da retribuição é reconhecida como receita de juros. 
 
Exemplos de receita 
Receita bruta: representa o faturamento, todo o valor referente às vendas de produtos ou serviços. 
Receita líquida: é a receita bruta menos os descontos (impostos, devoluções, entre outros). 
Receita principal ou operacional: é aquela gerada a partir da atividade principal da empresa. 
Receita não operacional: é aquela vinda de atividades que não estão relacionadas à principal atividade da empresa. 
Receita financeira: é a receita vinda dos rendimentos de aplicações financeiras. 
 
Cálculo 
A receita pode ser calculada como o produto entre a quantidade produzida q e o seu de preço de venda p. 
R = q * p 
 
Artigos 
 
Artigo 1. 
Título 
Evolução e estrutura da receita tributária administrada pela Receita Federal: Por que decresceu muito mais que o PIB? 
Autores 
José Roberto Afonso; Kleber Castro e Gabriel G. Junqueira. 
Objetivo da pesquisa 
Identificar os impactos efetivos da crise sobre a arrecadação tributária, analisando os dados da Secretária Federal do 
Brasil (RFB) e os comparando com períodos onde a economia brasileira não sofria com a crise. 
Justificativa 
O acompanhamento da crise financeira global exige uma atenção particular para o nível da receita pública diante da 
rigidez do gasto no país, caracterizado pela consistente expansão de despesas de caráter permanente. Como cresce a 
importância da política fiscal dentro da política econômica diante da crise e da busca de saídas para ela, mais do que 
nos tempos de bonança importa verificar o desempenho mais recente da arrecadação e, particularmente, da receita 
administrada pela Receita Federal do Brasil (RAD), tendo em vista o papel decisivo que a União precisa exercer na 
reação à crise. 
Metodologia 
Quantitativa (análise quantitativa de dados), com o uso de dados estatísticos e números para se alcançar o resultado, 
utilizando de gráficos e tabelas para ilustrar suas informações. 
Principais resultados alcançados 
Se evidências reforçam cada vez mais a hipótese de que houve uma quebra estrutural da carga tributária federal, é 
necessário repensar a política fiscal como um todo, incluindo uma nova estratégia do gasto. Prudência deveria ser a 
palavra de ordem na formulação e execução da política fiscal, especialmente do governo federal. É preciso investigar 
mais e considerar a hipótese de que tenha sido abalado, em caráter permanente, o fundamento da carga tributária 
crescente, que foi decisivo para o comportamento das contas públicas na era pós-Real. Se essa hipótese não se 
confirmar, tanto melhor para a política fiscal e macroeconômica. 
 
Artigo 2. 
Titulo 
Gerenciamento dos resultados contábeis através de receitas e despesas não operacionais: Estudo empírico das 
companhias “nível 1” – Bovespa. 
Autor 
Adriano Rodrigues. 
Objetivo da pesquisa 
Analisar se existe gerenciamento dos resultados contábeis através das contas de receitas e despesas não-operacionais, 
no âmbito das empresas brasileiras classificadas como “nível 1” de governança corporativa pela BOVESPA. 
Justificativa 
Desenvolver um estudo sobre o gerenciamento dos resultados contábeis, mas com enfoque nas contas de resultado 
não-operacionais (ganhos ou perdas na baixa de imobilizados, ganhos ou perdas na baixa de investimentos etc.), que, 
por se tratarem de itens independentes das atividades regulares ou ligadas aos negócios principais de uma empresa, 
podem proporcionar certa discricionariedade aos gestores. Desse modo, pode-se dizer que as receitas e despesas não-
operacionais são capazes de exercer papel relevante no processo de gerenciamento dos resultados contábeis. 
Metodologia 
Foram empregados a análise de distribuição de frequência (histograma), o coeficiente de correlação de Pearson e a 
regressão, sendo essas três técnicas preconizadas na literatura especifica sobre o tema. Foram extraídas do banco de 
dados da “Economática” as informações contábeis trimestrais de 25 empresas, perfazendo 500 empresas-trimestres. 
Principais resultados alcançados 
Dentre os resultados encontrados, pode-se destacar o fato de existirem indícios de gerenciamento dos resultados, 
porém, somente na análise da regressão foi possível identificar que há gerenciamento de resultados por meio das 
contas de receitas e despesas não-operacionais. 
 
 
 
 
Localização das receitas na demonstração financeira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31/12/2017 - Demonstrações Financeiras Padronizadas - Versão 1.0 – Ambev SA. 
 
 
 
 
 
 
javascript:AbreFormularioCadastral('http://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?NumeroSequencialDocumento=71894&CodigoTipoInstituicao=2')
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31/12/2017 - Demonstrações Financeiras Padronizadas - Versão 1.0 – Bombril SA. 
 
 
 
 
javascript:AbreFormularioCadastral('http://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?NumeroSequencialDocumento=72857&CodigoTipoInstituicao=2')
Referências Bibliográficas 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Sumário do Pronunciamento Técnico CPC 30 - Receitas. Disponível em: 
< http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/333_Sum%C3%A1rio%20CPC%2030%20_R1_%20Receitas1.pdf > Acesso 
em 13 de maio de 2018. 
SENADO FEDERAL. Evolução e estrutura da receita tributária administrada pela Receita Federal: Por que decresceu 
muito mais que o PIB? Disponível em: 
< http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/162889/63.pdf?sequence=6 > Acesso em 26 de maio de 
2018. 
SOCIEDADE, CONTABILIDADE E GESTÃO. Gerenciamento dos resultados contábeis através de receitas e despesas não 
operacionais: Estudo empírico das companhias “nível 1” – Bovespa. Disponível em: 
< http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/ufrj/article/view/573/562 > Acesso em 26 de maior de 
2018. 
B3. Demonstrações Financeiras Padronizadas - Versão 1.0 – Bombril SA. Disponível em: 
<http://bvmf.bmfbovespa.com.br/ciaslistadas/empresaslistadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?codigovm
=12190&idioma=pt-br> Acesso em 29 de abril de 2018. 
B3. Demonstrações Financeiras Padronizadas - Versão 1.0 – Ambev SA. Disponível em: 
<http://bvmf.bmfbovespa.com.br/ciaslistadas/empresaslistadas/ResumoEmpresaPrincipal.aspx?codigoCvm=23264&
idioma=pt-br> Acesso em 29 de abril de 2018. 
 
 
 
 
 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/333_Sum%C3%A1rio%20CPC%2030%20_R1_%20Receitas1.pdf
http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/162889/63.pdf?sequence=6
http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/ufrj/article/view/573/562
javascript:AbreFormularioCadastral('http://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?NumeroSequencialDocumento=72857&CodigoTipoInstituicao=2')
http://bvmf.bmfbovespa.com.br/ciaslistadas/empresaslistadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?codigovm=12190&idioma=pt-br
http://bvmf.bmfbovespa.com.br/ciaslistadas/empresaslistadas/ResumoDemonstrativosFinanceiros.aspx?codigovm=12190&idioma=pt-br
javascript:AbreFormularioCadastral('http://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx?NumeroSequencialDocumento=71894&CodigoTipoInstituicao=2')

Mais conteúdos dessa disciplina