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Analista Contábil 1 ANALISTA CONTÁBIL PARTE 01 - CONCEITOS JANEIRO / 2020 2 Nota sobre o autor: Mauricio Fernando Pocopetz é Bacharel em Ciências Contábeis (FMU), Pós Graduado em Auditoria e Controladoria (UNIB) e Mestre em Contabilidade e Controladoria pela PUC-SP. Atua na área contábil há mais de 20 anos. É sócio da Pocopetz Contabilidade e Consultoria Ltda, empresa que presta serviços de contabilidade, consultoria, auditoria e treinamento empresarial. É professor nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade Legale e Universidade Anhembi Morumbi. Já atuou como perito judicial, auditor independente, contador e controller de multinacionais inglesas e americanas. Palestrante e instrutor em várias instituições de ensino e empresas. Possui diversos artigos publicados no Brasil e no Exterior. Autor do livro Como Gerenciar as Pequenas Empresas com as Técnicas das Grandes Corporações. Contato: mauricio@pocopetz.com.br mailto:mauricio@pocopetz.com.br 3 Sumário Objetivos do Treinamento ........................................................................................................... 4 01 - Conceitos Básicos .................................................................................................................. 4 Descrição Sumária .................................................................................................................... 4 Formação e Experiência ........................................................................................................... 5 1 - Auxiliar Contábil .................................................................................................................. 5 2 – Assistente Contábil ............................................................................................................. 5 3 – Analista Contábil ................................................................................................................. 6 02 – Estrutura das Demonstrações Contábeis ............................................................................. 7 2.1 - Plano de Contas ................................................................................................................ 7 2.2 – Demonstrações Contábeis Obrigatórias ....................................................................... 11 2.2.1 – Balanço Patrimonial ................................................................................................... 13 2.2.2 – Demonstração do Resultado do Exercício ................................................................. 15 2.2.3 – Demonstração do Resultado Abrangente do Período .............................................. 17 2.2.4 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido ............................................... 18 2.2.5 – Demonstração dos Fluxos de Caixa ............................................................................ 20 2.2.6 – Demonstração do Valor Adicionado .......................................................................... 22 2.2.7 – Notas Explicativas ....................................................................................................... 23 4 Objetivos do Treinamento Os objetivos deste treinamento é o de fornecer preparo para que o estudante possa atuar como analista contábil, se preparar para assumir esta função, ou até mesmo para supervisores e contadores possam ter maior conhecimento para controlar e administrar seus analistas melhorando a distribuição de tarefas em suas empresas. Apresentar os conceitos necessários para se exercer esta função, aplicando os procedimentos e as principais análises e conciliações de contas contábeis. Oferecer as bases necessárias para que o analista possa entender melhor, e elaborar as demonstrações contábeis e financeiras. 01 - Conceitos Básicos Se você for pesquisar o conceito de analista contábil, ou quais suas atribuições, você irá perceber que não há uma definição clara do que é um analista contábil, e nem quais as diferenças existentes entre um auxiliar contábil, um assistente contábil e um analista contábil. Quando se trata de supervisor contábil, contador e controller as diferenças ficam um pouco mais claras. Vamos classificar e definir cada uma das atividades para entendermos melhor qual seriam as atividades a serem desenvolvidas por um analista contábil. A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) define uma classificação geral, sob o código 4131 – auxiliares de Contabilidade. Essa classificação engloba as subdivisões: 4131-10 – Auxiliar de contabilidade, onde estão incluídos: Assistente de serviço de contabilidade Auxiliar contábil Auxiliar de contas a pagar e de contas a receber Auxiliar de custos Auxiliar de escrituração fiscal Auxiliar financeiro Revisor contábil Pela classificação da CBO podemos verificar que as funções são tratadas como sinônimos e nem aparece a função de analista contábil. A CBO traz ainda a descrição da profissão, conforme segue: Descrição Sumária Organizam documentos e efetuam sua classificação contábil; geram lançamentos contábeis, auxiliam na apuração dos impostos, conciliam contas e preenchimento de guias de recolhimento e de solicitações, junto a órgãos do governo. Emitem notas de 5 venda e de transferência entre outras; realizam o arquivo de documentos. Formação e Experiência Embora não exista exigência legal, requer-se escolaridade de nível médio, preferencialmente com curso técnico ou superior incompleto. Não há exigência de experiência anterior. A(s) ocupação(ões) elencada(s) nesta família ocupacional demanda formação profissional para efeitos do cálculo do número de aprendizes a serem contratados pelos estabelecimentos, nos termos do artigo 429 da consolidação das leis do trabalho- CLT, exceto os casos previstos no art. 10 do decreto 5.598/2005. Embora o CBO diga que não há exigência legal para atuar na profissão, o Conselho Federal de Contabilidade exige que o profissional, esteja no mínimo, cursando uma graduação em Ciências Contábeis, caso contrário está sujeita a multa. Dai podemos perceber que o que muda mesmo na carreira profissional, são as atribuições de cada uma das funções bem como as responsabilidades e consequentemente os salários de cada profissional, levando em consideração o porte da empresa em que o profissional atua. 1 - Auxiliar Contábil É em geral o profissional em início de carreira, que não tem um grande domínio sobre a atividade e procedimentos contábeis. Muitas vezes não possui experiência anterior e suas atividades geralmente se resumem em separar documentos, classificar, despesas e receitas, fazer lançamentos contábeis, podendo até controlar algumas contas contábeis, fazendo sua conciliação. 2 – Assistente Contábil Segundo o sítio Info Jobs, o Assistente de Contabilidade é o profissional responsável por controlar e executar trabalhos relacionados à área Contábil. Um Assistente de Contabilidade classifica despesas, analisa e reconcilia contas, registra documentos e escritura livros fiscais. Está sob as responsabilidades de um Assistente de Contabilidade auxiliar na elaboração de balancetes e demonstrativos, realizar a execução e controle de planilhas e relatórios de contabilidade, fazer classificação de despesas, registro de documentos, acompanhamento das leis trabalhistas, exercer balancetes, calcular impostos (PIS, CONFINS, ICMS, etc.), verificar impostos retidos, classificar a contabilidade, contatar o cliente, analisar contas patrimoniais, lançar fechamentos fiscais, executar baixas de recebimento, revisar as movimentações bancárias, solucionarpendências, organizar documentações referentes à contabilidade da empresa, preparar documentos e efetuar sua classificação contábil, gerar lançamentos contábeis, auxiliar na apuração dos impostos, conciliar contas e preenchimento de guias de recolhimento e de solicitações, junto a órgãos do governo, emitir notas de venda e de transferência. 6 Para que o profissional tenha um bom desempenho como Assistente de Contabilidade á essencial que além da graduação possua conhecimento em matemática financeira, boa comunicação, e escrita, habilidade técnica, habilidade em resolução de problemas, planejamento e organização. 3 – Analista Contábil O mesmo sítio define para o Analista Contábil, O Analista de Contabilidade é o profissional responsável por orientar e exercer tarefas ligadas a análise, sendo assim é o Analista de Contabilidade que controla as contas de uma organização. Um Analista de Contabilidade é responsável pelo estudo de todo patrimônio de uma organização ele orienta e executa atividades relativas a análises, classificações e conciliações contábeis e financeiras para gerar o processo de pagamento e recebimento da empresa. Está sob as responsabilidades de um Analista de Contabilidade analisar os valores obtidos e gastos em negociações de uma empresa fazendo o levantamento da mesma, analisar e conciliar as contas contábeis do balanço, garantindo a confiabilidade dos números apresentados, interpretar todos os dados obtendo o valor econômico da instituição, obter informações aos dirigentes da empresa que auxiliam na tomada de decisão de um negócio, acompanhar os processos relacionados aos pagamentos e recebimentos de empresa para manutenção, preparar balanços e balancetes, elaborar relatórios de contabilidade fazendo a análise vertical e horizontal de despesas e contas patrimoniais relacionadas ao ativo imobilizado da empresa para a qual trabalha administrar o fluxo de documentos, atender auditoria interna e externa, preparar documentação e relatórios auxiliares e disponibilizar documentos com controle, analisar e conciliar as contas patrimoniais e de resultado do balanço das empresas, garantindo a veracidade das informações, sob supervisão visando atender solicitações de órgãos fiscalizadores e reguladores. Para que o profissional tenha um bom desempenho como Analista de Contabilidade além da graduação é essencial que possua conhecimento em planejamento e contabilidade financeira, análise de custos e análise de balanços, ciências sociais e comunicação, também se espera que o Analista de Contabilidade seja objetivo e possua raciocínio rápido. 7 O sítio da Catho apresenta dados sobre as funções: Função Assistente Adm Assistente Contábil Analista Contábil Contador Pós- Graduação NC NC 21% 34% Graduação 73% 89% 100% 100% Técnico em Contabilidade NC 22% 27% 33% Inglês 17% Intermediário 16% Intermediário 26% Intermediário 23% Intermediário Fonte: Sítio da Catho. A partir desses dados vemos que o analista contábil necessita de graduação, na maioria dos casos, e para avançar na carreira será necessário cursar uma pós-graduação. O inglês é algo que pode ser importante ou até mesmo fundamental, vai depender de onde o profissional irá trabalhar, se for em um escritório contábil de pequeno porte talvez não necessite falar inglês, mas se pretende atuar em uma multinacional, o inglês será fundamental. 02 – Estrutura das Demonstrações Contábeis O analista contábil necessita fazer lançamentos contábeis, conciliações e análises, logo é fundamental que ele tenha conhecimento das demonstrações contábeis básicas, a estrutura de cada uma delas e a base de todas as demonstrações que é o plano de contas. 2.1 - Plano de Contas O plano de contas é a base de toda a informação que circula pelas empresas. Um plano de contas mal formulado vai gerar demonstrativos contábeis fora dos padrões dificultando a análise e a comparabilidade com outras empresas. É comum verificar balanços e demonstrações de resultado fora do padrão, simplesmente porque o plano de contas está mal estruturado. Vamos ver os conceitos básicos e um modelo básico de plano de contas. O que é um plano de Contas Plano de contas é uma peça na técnica contábil que estabelece previamente a conduta a ser adotada na escrituração, através da exposição das contas em seus títulos, funções, funcionamento, grupamentos, análises, derivações, dilatações e reduções. 8 É um conjunto de normas e intitulação de contas, previamente estabelecido, destinado a orientar os trabalhos da escrituração contábil. É um conjunto de contas, diretrizes e normas que disciplinam as tarefas do setor de Contabilidade, objetivando a uniformização dos registros contábeis. Composição do Plano de Contas Um Plano de contas ideal poderá compor-se de três partes: 1 - Elenco de Contas - Em um plano de Contas o elenco é a relação dos títulos das contas. 2 - Manual de Contas - O Manual de contas é um quadro explicativo do uso adequado de cada uma das contas constantes do Elenco de Contas. Esse quadro apresenta: a) Função de cada conta; b) Funcionamento de cada conta; c) Natureza do saldo de cada conta. 3 - Lançamentos explicativos para registro de operações especiais. Quantidade de Contas que deve ter um Plano de Contas Um plano de contas deve ter tantas contas quantas forem necessárias para expressar, com a devida clareza, os fatos ocorridos na vida de um patrimônio. Características de um bom Plano de Contas Um bom plano de contas é aquele que se elabora rigorosamente dentro das normas técnicas e em perfeita coadunação com as necessidades da empresa. Para que um plano contábil tenha excelência é imprescindível que: 1. Seja adaptável às necessidades da empresa; 2. Tenha unidade técnica de nomenclatura e de funcionamento. 3. Seja claro, acessível. 4. Seja flexível, permitindo ampliações e reduções sem quebra de unidade. 5. Tenha precisão e exatidão dentro dos princípios e preceitos da Contabilidade. 6. Siga a Princípios Gerais Doutrinários que dão uniformidade. 7. Enseje informações que possam refletir a imagem fiel da riqueza. Necessidade e Utilidade do Plano de Contas A principal utilidade do plano de contas é a de servir de meio de orientação na escrituração contábil, possibilitando a unidade de trabalho e protegendo a empresa contra os erros naturais motivados pela ausência de sistematização. O plano é uma peça básica de orientação, um roteiro de grande valor, hoje indispensável 9 e de uso generalizado. Conceitos de Conta “Expressão qualitativa e quantitativa, estática e dinâmica, de fatos patrimoniais da mesma natureza, ocorridos ou por ocorrer, em uma empresa ou em uma entidade”. (Sá) “Conta é o nome técnico que identifica um componente patrimonial (Bem, Direito, Obrigação ou Patrimônio Líquido) ou um componente de Resultado (Despesa ou Receita).” (Ribeiro, Osni Moura.3. ed., São Paulo) Todos os acontecimentos que ocorrem diariamente na vida da empresa, responsáveis pela gestão do patrimônio – como: Compras; Vendas; Pagamentos; Recebimentos; etc. são registrados pela Contabilidade em contas próprias. Assim, toda movimentação de dinheiro efetuada dentro da entidade é registrada em uma Conta denominada Caixa; Os objetivos comercializados pela entidade são registrados em uma Conta denominada Mercadorias, e assim por diante. Ela é, portanto, o instrumento que se adota para guardar memória, reunindo acontecimentos patrimoniais, de natureza idêntica, possuindo, por esta razão, um objeto certo. A conta tem sempre objeto distinto de outras contas porque reúne fatos de características próprias, iguais por sua naturezae que sucedem no patrimônio; O grande cuidado deverá residir sempre no respeito a este básico princípio de que a conta é uma expressão de um objeto certo, que não deverá nunca ser confundido com o de outras contas, ou seja, uma evidenciação de fatos ou fenômenos patrimoniais da mesma natureza, sempre sob o aspecto da finalidade da empresa ou da entidade. As contas podem ser classificadas em dois grupos: Contas Patrimoniais; e Contas de Resultado; As contas Patrimoniais são as que representam os elementos componentes de Patrimônio. Dividem-se em: 10 Ativas (Bens e Direitos); e Passivas (Obrigações e Patrimônio Líquido). As contas de Resultado são as que representam as variações patrimoniais. Dividem-se em: Contas de Despesas; e Contas de Receitas. Uma conta deve ser apresentada, para efeitos de um Plano de Contas, através de seu: 1.Título; 2.Função; 3.Funcionamento; 4. Classificação; 5.Grupamentos; 6. Códigos etc. TÍTULO: É a palavra ou designação que dá nome a conta, evidenciando seu objeto, ou seja, a razão para a qual foi aberta e a classe de valores que registra. É uma identificação imprescindível na técnica dos registros. FUNÇÃO DAS CONTAS Função de uma conta é sua ação, ou ainda, para que serve qual o papel que desempenha na escrituração. Pode ainda ser conceituada como sendo a explicação do objeto da conta, ou então a expressão descritiva da natureza dos fatos registráveis da conta. Exemplo: FUNÇÃO DA CONTA: FORNECEDORES Esta conta destina-se ao registro de todas as transações realizadas com as firmas ou pessoas que realizem fornecimentos para a empresa. Nela registram-se, normalmente, as faturas ou notas de fornecimento e os seus resgates. Tem ainda por função o registro das antecipações sobre fornecimentos quando estes forem feitos a prazo curto e quando não se relacionarem com transações que se prolonguem, necessitando de acertos especiais. FUNCIONAMENTO DAS CONTAS O funcionamento das contas estabelece a relação da conta com as demais outras e evidencia como se comporta diante de seu objeto. Demonstra como se debita a conta, como se credita, qual a natureza de seu saldo, quais as outras contas que normalmente com ela estabelecem contado. Exemplo: FUNCIONAMENTO DA CONTA: CLIENTES Esta conta é debitada pelas faturas ou notas de vendas feitas a clientes da empresa: é creditada, quando o cliente resgata sua dívida. A natureza do saldo desta conta é 11 DEVEDOR, integrando o sistema de aplicações da empresa. Relaciona-se em seu DÉBITO com as contas de vendas e similares. Relaciona-se com seu CRÉDITO com as contas de CAIXA, BANCOS E DEVOLUÇÕES. Esta conta é de natureza devedora. Pelo seu Débito surgem os seguintes registros, relativamente a outras contas: D - CLIENTES C - VENDAS Pelo seu crédito surgem os seguintes registros, relativamente a outras contas: D - CAIXA C - CLIENTES – liquidação em dinheiro; D - BANCOS C - CLIENTES – liquidação em banco CLASSIFICAÇÃO DA CONTA - Indica se ela é Conta Patrimonial ou de Resultado. GRUPAMENTOS DAS CONTAS - Indica se ela pertence ao grupo de Ativo, Passivo, Despesas ou Receitas. CÓDIGO E GRAU DA CONTA - É composto por um ou mais algarismos utilizados para identificar cada uma das contas que compõem o Plano de Contas de uma entidade. A adoção de códigos agiliza os registros contábeis, principalmente quando efetuados por meio de computador; assim, débitos e créditos são feitos através dos códigos das contas e não pela intitulação. Os critérios para definir a codificação a ser adotada fica a cargo de cada contabilista, dependendo do porte da empresa e do grau de detalhamento das informações que pretende obter. A codificação que sugerimos identifica: 1 – ATIVO; 2 – PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO; 3 – RECEITAS; 4 – CUSTOS; 5 – DESPESAS; 2.2 – Demonstrações Contábeis Obrigatórias As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial 12 e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca, da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: (a) ativos; (b) passivos; (c) patrimônio líquido; (d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; (e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e (f) fluxos de caixa. O conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b) demonstração do resultado do período; (c) demonstração do resultado abrangente do período; (d) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (e) demonstração dos fluxos de caixa do período; (f) demonstração do valor adicionado do período; (Empresas de capital aberto); (g) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias; e (h) balanço patrimonial no início do período mais antigo comparativamente apresentado quando a entidade aplica uma política contábil retroativamente ou procede à reapresentação de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis. A demonstração do resultado abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido. A entidade deve apresentar com igualdade de importância todas as demonstrações contábeis que façam parte do conjunto completo de demonstrações contábeis. A entidade cujas demonstrações contábeis estão em conformidade com os Pronunciamentos, Interpretações e Orientações do CPC deve declarar de forma explícita e sem reservas essa conformidade nas notas explicativas. 13 O conjunto completo das demonstrações contábeis deve ser apresentado pelo menos anualmente (inclusive informação comparativa). Cada demonstração contábil e respectivas notas explicativas devem ser identificadas claramente. Além disso, as seguintes informações devem ser divulgadas de forma destacada e repetida quando necessário para a devida compreensão da informação apresentada: (a) o nome da entidade às quais as demonstrações contábeis dizem respeito ou outro meio que permita sua identificação, bem como qualquer alteração que possa ter ocorrido nessa identificação desde o término do período anterior; (b) se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades; (c) a data-base das demonstrações contábeis e notas explicativas e o respectivo período abrangido; (d) a moeda de apresentação, tal como definido no Pronunciamento Técnico CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis; e (e) o nível de arredondamento usado na apresentação dos valores nas demonstrações contábeis. 2.2.1 – Balanço Patrimonial Relatório contábil cuja finalidade é demonstrar a posição econômica e financeira de uma empresa em determinado momento. É um relatório estático e é a base para as decisões empresariais. O balanço patrimonial está dividido em Ativos e Passivos. Ativos são bens e direitos, controlados pela entidade, provenientes de operações passadas e que se espera um benefício futuro; Passivos são obrigações presentes,provenientes de operações passadas e que seja provável uma saída de recursos com a finalidade de geração de benefícios futuros. O balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, no mínimo, as seguintes contas: (a) caixa e equivalentes de caixa; (b) clientes e outros recebíveis; (c) estoques; (d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”);; 14 (e) total de ativos classificados como disponíveis para venda (Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; (f) ativos biológicos; (g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; (h) propriedades para investimento; (i) imobilizado; (j) intangível; (k) contas a pagar comerciais e outras; (l) provisões; (m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”);; (n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro; (o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamento Técnico CPC 32; (p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31; (q) participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e (r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade. A Lei 6.404/76 determina que as contas do balanço sejam classificadas: Ativos - conforme o grau de liquidez; Passivos - conforme o grau de exigibilidade. A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial. O ativo circulante deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido no Pronunciamento Técnico CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante. O ativo não circulante deve ser subdividido em: 15 a) realizável a longo prazo; b) investimentos; c) imobilizado; e d) intangível. REALIZÁVEL A LONGO PRAZO São os bens e direitos que se realizarão após o final do exercício seguinte. INVESTIMENTOS Gastos ativáveis em função da sua vida útil que vão gerar benefícios econômicos futuros. IMOBILIZADO Representa os bens e direitos corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. INTANGÍVEL São os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade. O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço. O passivo não circulante está dividido nos seguintes grupos: Exigível a Longo Prazo; Patrimônio Líquido. EXIGÍVEL A LONGO PRAZO São as obrigações que serão exigidas após o final do exercício seguinte. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Investimento inicial dos sócios mais suas variações. Também entendido como a riqueza líquida da empresa. 2.2.2 – Demonstração do Resultado do Exercício A entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no período em duas demonstrações: 16 - demonstração do resultado do período; e - demonstração do resultado abrangente do período; esta começa com o resultado líquido e inclui os outros resultados abrangentes. A demonstração do resultado do exercício apresenta todos os itens de receita e despesa reconhecidos no período, exceto aqueles que são reconhecidos no resultado abrangente conforme permitido ou exigido pelas normas. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: (a) receitas; (b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) lucro bruto; (d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (f) resultado antes das receitas e despesas financeiras (g) despesas e receitas financeiras; (h) resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) despesa com tributos sobre o lucro; (j) resultado líquido das operações continuadas; (j) resultado líquido das operações continuadas; (k) valor líquido dos seguintes itens: (i) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; (ii) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada; (l) resultado líquido do período; 17 2.2.3 – Demonstração do Resultado Abrangente do Período Demonstra as alterações ocorridas no PL que não sejam decorrentes de operações com sócios (capital e dividendos) nem ajustes de exercícios anteriores. A DRA poderá ser elaborada em relatório a parte, porém o pronunciamento técnico CPC sugere ainda que a DRA seja adicionada à Mutação do Patrimônio Líquido. Na prática, o resultado abrangente apresenta os ajustes efetuados no Patrimônio Líquido como se fosse um lucro da empresa. A DRA é dispensada de apresentação, caso as únicas alterações do PL, derivarem do: - Resultado; - Pagamento de dividendos ou distribuição de lucro; - Correção de erros de períodos anteriores; Receitas líquidas 50.000,00 (-) Custos dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos 18.000,00- (=) Lucro Bruto 32.000,00 (-) Despesas (vendas, gerais, adm) 12.300,00- (-) Outras despesas e receitas operacionais 3.500,00- (+-) Resultados de equivalência patrimonial 1.200,00 (=) Resultado antes das receitas e despesas financeiras 17.400,00 (-) Despesas financeiras 1.200,00- (+) Receitas financeiras 500,00 (=) Resultado das operações continuadas antes dos tributos sobre o lucro 16.700,00 (-) Despesa com tributos sobre o lucro 4.518,00- 1 (=) Resultado das operações continuadas após tributos sobre o lucro 12.182,00 (+-) Resultado líquido das operações descontinuadas 5.000,00 (-) Tributos sobre resultados das operações descontinuadas 1.200,00- 2 (=) Resultado das operações decontinuadas após tributos sobre o lucro 3.800,00 1+2 (=) Resultado líquido do período 15.982,00 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 18 - Mudanças de políticas contábeis A demonstração do resultado abrangente deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas: (a) resultado líquido do período; (b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item (c); (c) parcela dosoutros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e (d) resultado abrangente do período. Os itens que se seguem devem ser divulgados nas respectivas demonstrações do resultado e do resultado abrangente como alocações do resultado do período: (a) resultados líquidos atribuíveis: (i) à participação de sócios não controladores; e (ii) aos detentores do capital próprio da empresa controladora; 2.2.4 – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido A DMPL é de muita utilidade, pois fornece a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas componentes do Patrimônio Líquido; Faz clara indicação do fluxo de uma conta para outra e indica a origem e o valor de cada Resultado Líquido do Exercício 15.982,00 (+-) Efeitos de correção de erros e mudanças de políticas contábeis (seção 10) - (+-) Ganhos e perdas da conversão de demonstrações contábeis 5.000,00 (operações no exterior) (seção 30) - (+-) Ganhos e perdas atuariais (seção 28) - (+-) Mudaça nos valores justos de instrumentos de hedge (seção 12) - (=) Resultado Abrangente Total 20.982,00 DESTINAÇÃO Resultado do período, atribuível (DRE) a) Participação de acionistas ou sócios não controladores - 10% 1.598,20 b) Aos proprietários da entidade controladora - 90% 14.383,80 Resultado abrangente total do período, atribuível (DRA) a) Participação de acionistas ou sócios não controladores - 10% 2.098,20 b) Aos proprietários da entidade controladora - 90% 18.883,80 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE 19 acréscimo ou diminuição do PL durante o exercício. Trata-se, portanto, de informação que complementa os demais dados constantes do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. A demonstração das mutações do patrimônio líquido apresenta: a) o resultado da entidade para um período contábil; b) os itens de receita e despesa reconhecidos diretamente no patrimônio líquido no período; c) os efeitos das mudanças de práticas contábeis e correção de erros reconhecidos no período; e d) os valores investidos pelos proprietários e os dividendos e outras distribuições para os proprietários durante o período. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ABCD Importação Comércio e Representação Ltda CNPJ: 00.000.000/0001-01 Descrição Capital Social Reservas de Capital Reservas de Lucros LPA TOTAL Saldo em 31/12/2017 100.000 0,00 2.502.555 0,00 2.602.555 Reclassificação Contábil -2.502.555 2.502.555 0,00 Aumento de Capital Ajuste Exercícios Anteriores (214.229) (214.229) Res. de Janeiro a março de 2018 (5.037) (5.037) Res. de Abril a Dez de 2018 (99.899) (99.899) Distribuição de Lucros (250.000) (250.000) Saldo em 31/12/2018 100.000 0,00 0,00 1.933.388 2.033.388 20 2.2.5 – Demonstração dos Fluxos de Caixa A DFC serve como base para: - avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa; - mostrar as alterações históricas de caixa e equivalentes de caixa; - classificar os fluxos de caixa em atividades específicas para facilitar as análises; - mostrar a capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos de caixa; - mostrar a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos; - mostrar a liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa. - mostrar a taxa de conversão de lucro em caixa; - mostrar o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa; - mostrar os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimento e de financiamento. Deve ser apresentada os fluxos de caixa classificados por atividades: - operacionais; - investimento; - financiamento; Atividades Operacionais - São as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades diferentes das de investimentos e de financiamento. Atividades de Investimentos - São os referentes à aquisição e venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não inclusos nos equivalentes de caixa. Atividades de Financiamento - São aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no endividamento da entidade, não classificadas como atividade operacional. A entidade deve divulgar os fluxos de caixa das atividades operacionais, usando: - MÉTODO DIRETO - MÉTODO INDIRETO Método Direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos e pagamentos brutos são divulgadas. Consiste em classificar os recebimentos e pagamentos de uma empresa considerando todos os valores efetivamente pagos ou recebidos. Utiliza-se as partidas dobradas. Método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos: - Das transações que não envolvem caixa; - De quaisquer diferimentos ou outras apropriações por competência sobre recebimentos ou pagamentos operacionais passados e futuros; - Itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de 21 investimento ou financiamento. De acordo com o método indireto: O fluxo de caixa líquido das atividades operacionais é determinado ajustando o lucro líquido ou prejuízos quanto aos efeitos de: Mudanças ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a pagar e receber Itens que não afetam o caixa, tais como depreciação, provisões, impostos diferidos, variações cambiais não realizadas, resultado da equivalência patrimonial e participação de minoritários Todos os outros itens cujos efeitos sobre o caixa sejam fluxos de caixa decorrentes das atividades de investimento ou de financiamento. Os fluxos líquidos de caixa decorrentes das atividades podem ser apresentados numa base líquida quando houver. Os fluxos de caixa de controlada no exterior devem ser convertidos em moeda funcional da controladora na data dos fluxos de caixa; Juros e dividendos sobre o capital próprio recebidos e pagos devem ser apresentados separadamente; Tributos sobre o lucro devem classificados como atividades operacionais, devem ser classificados como investimentos ou financiamentos caso seja possível identificar claramente a origem dos tributos. 22 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ABCD Importação Comércio e Representação Ltda CNPJ: 00.000.000/0001-01 DESCRIÇÃO 2018 R$ Resultado do Período (99.899,35) Depreciação e amortização do Período 18.177,18 Lucro Ajustado (81.722,17) ATIVIDADES OPERACIONAIS Diminuição Conta clientes 9.937,90 Diminuição Saldo de Estoques 122.290,82 Aumento de Impostos a Recuperar 24.114,80 Aumento de Outros Adiantamentos (62.393,08) Diminuição de Despesas antecipadas 696,61 Aumento de fornecedores 5.135,67 Diminuição de Obrigações Trabalhistas (9.079,82) Diminuição de obrigações Tributárias (9.805,93) Diminuição de encargos Trabalhistas (1.746,93) Total de Atividades Operacionais (2.572,13) ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS Aquisição de Computadores (2.960,00) Aquisição de Equipamentos (300,69) Total de Atividade de Investimentos (3.260,69) ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO 0,00 FLUXO DE CAIXA DAS OPERAÇÕES (5.832,82) Saldo Inicial de Caixa e Equiv. de Caixa 1.287.710,60 Saldo Final de Caixa e Equiv. de Caixa 1.281.877,78 2.2.6 – Demonstração do Valor Adicionado Demonstração do Valor Adicionado – DVA A DVA tem como objetivo informar a riqueza gerada pela entidade e a forma com tal riqueza foi distribuída para seus participantes. Componente importante do Balanço Social, deve ser entendida como a forma mais adequada para auxiliar na medição e demonstração dacapacidade de geração e distribuição da riqueza de uma entidade. 23 Essa demonstração pode ser elaborada com base em dados oriundos da própria contabilidade, essencialmente obtidos da demonstração dos resultados do exercício. É uma visão social e não capitalista da entidade; 2.2.7 – Notas Explicativas Notas explicativas - contêm informação adicional em relação à apresentada nas demonstrações contábeis. As notas explicativas oferecem: - descrições narrativas; - segregações; - aberturas de itens divulgados nessas demonstrações; - informação acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações contábeis. 1 ANALISTA CONTÁBIL PARTE 02 – PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS JANEIRO / 2020 2 Nota sobre o autor: Mauricio Fernando Pocopetz é Bacharel em Ciências Contábeis (FMU), Pós Graduado em Auditoria e Controladoria (UNIB) e Mestre em Contabilidade e Controladoria pela PUC-SP. Atua na área contábil há mais de 20 anos. É sócio da Pocopetz Contabilidade e Consultoria Ltda, empresa que presta serviços de contabilidade, consultoria, auditoria e treinamento empresarial. É professor nos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade Legale e Universidade Anhembi Morumbi. Já atuou como perito judicial, auditor independente, contador e controller de multinacionais inglesas e americanas. Palestrante e instrutor em várias instituições de ensino e empresas. Possui diversos artigos publicados no Brasil e no Exterior. Autor do livro Como Gerenciar as Pequenas Empresas com as Técnicas das Grandes Corporações. Contato: mauricio@pocopetz.com.br mailto:mauricio@pocopetz.com.br 3 Sumário 03 – PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS BÁSICOS ............................................................................... 4 3.1 – ATIVO IMOBILIZADO ........................................................................................................ 4 3.1.1 – Elementos do custo ...................................................................................................... 4 3.1.2 – Mensuração do custo ................................................................................................... 5 3.1.3 – Depreciação .................................................................................................................. 5 3.1.4 – Valor Depreciável, Valor Residual e Vida Útil .............................................................. 5 3.1.5 – Baixa do Ativo ............................................................................................................... 6 3.2 – RECEBIMENTO DE VENDAS – Conceito e Contabilização ............................................... 7 3.2.1 – Etapa 1 – Identificar o contrato com o cliente; ........................................................... 7 3.2.2 – Etapa 2 – Identificar as obrigações de desempenho do contrato; ............................. 8 3.2.3 – Etapa 3 – Determinar o preço da transação; ............................................................... 8 3.2.4 – Etapa 4 – Alocar o preço da transação; ....................................................................... 9 3.2.5 – Etapa 5 – Reconhecer a receita; ................................................................................... 9 3.3 – PAGAMENTO DE DUPLICATAS – Conceito e Contabilização ........................................ 10 3.4 – EMPRÉSTIMOS, FINANCIAMENTOS E LEASING ............................................................ 11 3.4.1 – Conceitos ..................................................................................................................... 11 3.4.2 – Reconhecimentos ....................................................................................................... 13 3.4.3 – Mensurações ............................................................................................................... 13 3.4.4 – Contabilização ............................................................................................................. 14 3.5 – CONTROLE DE ESTOQUES .............................................................................................. 16 3.6 – PROVISÕES CONTÁBEIS – CONCEITOS E CONTABILIZAÇÃO ......................................... 18 3.7 – AJUSTE A VALOR PRESENTE .......................................................................................... 20 3.8 – VARIAÇÕES CAMBIAIS ................................................................................................... 21 3.9 – CONTABILIZAÇÃO DE RECEITAS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS ................................... 23 3.10 – CONTABILIZAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO .......................................................... 24 3.11 – CONCEITOS BÁSICOS DO IMPAIRMENT ...................................................................... 27 3.12 – CONTABILIZAÇÃO DE IMPORTAÇÃO ........................................................................... 29 04 – CONCILIAÇÃO E ANÁLISE CONTÁBIL .................................................................................. 32 4.1 – CONCILIAÇÃO DE CAIXA ................................................................................................ 32 4.2 – CONCILIAÇÃO DE BANCOS ............................................................................................. 32 4.3 – CONCILIAÇÃO DE APLICAÇOES FINANCEIRAS ............................................................... 34 4.4 – CONCILIAÇÃO DE CLIENTES E FORNECEDORES ............................................................. 34 4 03 – PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS BÁSICOS 3.1 – ATIVO IMOBILIZADO ATIVO IMOBILIZADO - é o item tangível que: - É mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros ou para fins administrativos - Se espera utilizar por mais de um período - Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou exercícios com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o controle desses bens. O custo de um ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se: - For provável que os futuros benefícios econômicos associados aos itens fluirão para a entidade - O custo do item puder ser mensurado confiavelmente Um item do ativo imobilizado que seja classificado para reconhecimento como ativo deve ser mensurado pelo seu custo. 3.1.1 – Elementos do custo O custo de um item do ativo imobilizado compreende: - seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; - quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração; - a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual este está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse período. O reconhecimento dos custos no valor contábil de um item do ativo imobilizado cessa quando o item está no local e nas condições operacionais pretendidas pela administração. 5 3.1.2 – Mensuração do custo O custo de um item de ativo imobilizado é equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Se o prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço equivalente à vista e o total dos pagamentos deve serreconhecida como despesa com juros durante o período, a menos que seja passível de capitalização de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Empréstimos. Um ativo imobilizado pode ser adquirido por meio de permuta por ativo não monetário, ou conjunto de ativos monetários e não monetários. Os ativos objetos de permuta podem ser de mesma natureza ou de naturezas diferentes. O custo de tal item do ativo imobilizado é mensurado pelo valor justo. O ativo adquirido é mensurado dessa forma mesmo que a entidade não consiga dar baixa imediata ao ativo cedido. Se o ativo adquirido não for mensurável ao valor justo, seu custo é determinado pelo valor contábil do ativo cedido. 3.1.3 – Depreciação Cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo em relação ao custo total do item deve ser depreciado separadamente. Um componente significativo de um item do ativo imobilizado pode ter a vida útil e o método de depreciação que sejam os mesmos que a vida útil e o método de depreciação de outro componente significativo do mesmo item. Esses componentes podem ser agrupados no cálculo da despesa de depreciação. A despesa de depreciação de cada período deve ser reconhecida no resultado a menos que seja incluída no valor contábil de outro ativo. A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e em condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. 3.1.4 – Valor Depreciável, Valor Residual e Vida Útil O valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada. O valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já estivesse a idade e a condição esperada para o fim de sua vida útil O valor residual e a vida útil de um ativo são revisados pelo menos ao final de cada exercício. A depreciação de um ativo deve cessar na data em que o ativo é classificado como mantido para venda ou, ainda, na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro. 6 Para definir a vida útil, outros fatores, tais como obsolescência técnica ou comercial e desgaste normal enquanto o ativo permanece ocioso, muitas vezes dão origem à diminuição dos benefícios econômicos que poderiam ter sido obtidos do ativo. Consequentemente, todos os seguintes fatores são considerados na determinação da vida útil de um ativo: - uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou produção física esperadas do ativo; - desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais tais como o número de turnos durante os quais o ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a manutenção do ativo enquanto estiver ocioso; - obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na produção, ou de mudança na demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do ativo; - limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de término dos contratos de arrendamento mercantil relativos ao ativo. 3.1.5 – Baixa do Ativo O valor contábil de um item do ativo imobilizado deve ser baixado: - por ocasião de sua alienação; ou - quando não há expectativa de benefícios econômicos futuros com a sua utilização ou alienação. Ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um item do ativo imobilizado devem ser reconhecidos no resultado quando o item é baixado. Os ganhos não devem ser classificados como receita de venda. Os ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um item do ativo imobilizado devem ser determinados pela diferença entre o valor líquido da alienação, se houver, e o valor contábil do item. A importância a receber pela alienação de um item do ativo imobilizado deve ser reconhecida inicialmente pelo seu valor justo. Se esse pagamento for a prazo, a consideração recebida deve ser reconhecida inicialmente pelo valor equivalente à vista. A diferença entre o valor nominal da remuneração e seu valor presente deve ser reconhecida como receita de juros. 7 3.2 – RECEBIMENTO DE VENDAS – Conceito e Contabilização O reconhecimento de receitas tem seus procedimentos descritos no CPC 47 – Receita de Contratos de Clientes. É muito importante que não se confunda reconhecimento de receita com faturamento. São itens distintos e a norma trata do procedimento contábil societário e não do procedimento fiscal. Para que se possa reconhecer a receita de vendas a empresa necessita identificar as seguintes etapas: Etapa 1 – Identificar o contrato com o cliente; Etapa 2 – Identificar as obrigações de desempenho do contrato; Etapa 3 – Determinar o preço da transação; Etapa 4 – Alocar o preço da transação; Etapa 5 – Reconhecer a receita´: - De uma única vez; - Ao longo do tempo. Deve-se contabilizar um contrato quando todos os critérios a seguir forem atendidos: (a) as partes do contrato aprovaram o contrato; (b) a entidade pode identificar os direitos de cada parte em relação aos bens ou serviços a serem transferidos; (c) a entidade pode identificar os termos de pagamento; (d) o contrato possui substância comercial; (e) é provável que a entidade receberá a contraprestação à qual terá direito em troca dos bens ou serviços que serão transferidos ao cliente. 3.2.1 – Etapa 1 – Identificar o contrato com o cliente; Contrato é um acordo entre duas ou mais partes que cria direitos e obrigações exigíveis e a exigibilidade dos direitos e obrigações em contrato é matéria legal. Os contratos podem ser escritos, verbais ou sugeridos pelas práticas usuais de negócios da entidade. As práticas e os processos para estabelecer contratos com clientes variam entre jurisdições, setores e entidade. A entidade deve considerar essas práticas e processos ao determinar se e quando um acordo com o cliente cria direitos e obrigações exigíveis. Se a entidade receber contraprestação do cliente, a entidade deve reconhecer a contraprestação recebida como receita somente quando qualquer uma das seguintes hipóteses tiver ocorrido: (a) a entidade não possui obrigações restantes de transferir bens ou serviços ao cliente, e a totalidade, ou praticamente a totalidade, da contraprestação prometida pelo cliente foi recebida pela entidade e não é restituível; ou 8 (b) o contrato foi rescindido e a contraprestação recebida do cliente não é restituível. A entidade deve reconhecer a contraprestação recebida de cliente como passivo até que uma das hipóteses acima ocorra ou até que os critérios do item 9 sejam subsequentemente atendidos. 3.2.2 – Etapa 2 – Identificar as obrigações de desempenho do contrato; A entidade deve avaliar os bens ou serviços prometidos em contrato e deve identificar como obrigação de desempenho cada promessa de transferir ao cliente: a) bem ou serviço que seja distinto; b) série de bens ou serviços distintos que sejam substancialmente os mesmos e que tenham o mesmo padrão de transferência. Bens ou serviços prometidos podem incluir, entre outros, os seguintes: (a) venda de bens produzidos pela entidade; (b) revenda de bens adquiridos pela entidade; (c) revenda de direitos sobre bens ou serviços adquiridos pela entidade; (d) execução de tarefa (ou tarefas) contratualmente pactuada para cliente; (e) prestação de serviço que consiste em estar pronta para fornecer bens ou serviços (por exemplo, atualizações não especificadas de softwares que sejam fornecidas quando e se disponíveis) ou disponibilização de bens ou serviços ao cliente a serem usados à medida que e quando o cliente decidir; (h) construção, fabricação ou desenvolvimento de ativo em nome do cliente; 3.2.3 – Etapa 3 – Determinar o preço da transação;Considera-se os termos do contrato e as práticas de negócios usuais da entidade; É valor da contraprestação à qual a entidade espera ter direito em troca da transferência dos bens ou serviços; - Exclui-se as quantias cobradas em nome de terceiros; - Pode incluir montantes fixos, variáveis, ambos, um componente financeiro, etc. - Logo deve-se considerar os efeitos de todos os itens a seguir... (a) contraprestação variável e restrição de estimativas dessas; - Descontos, abatimentos, restituições, bônus etc. (b) existência de componente de financiamento significativo; - Ajuste a valor presente; (c) contraprestação não monetária dada pelo cliente; e - Valor justo do bem recebido; (d) contraprestação a pagar ao cliente. - Valores a vista, cupons, vouchers etc. 9 3.2.4 – Etapa 4 – Alocar o preço da transação; Se um contrato de venda possuir uma única obrigação de desempenho, não há que se falar em alocação, pois o preço da transação já é o preço da obrigação individual. O objetivo ao alocar o preço da transação é que a entidade aloque o preço a cada obrigação de desempenho (bem ou serviço distinto) pelo valor que reflita o valor da contraprestação à qual a entidade espera ter direito em troca da transferência dos bens ou serviços prometidos ao cliente 3.2.5 – Etapa 5 – Reconhecer a receita; O reconhecimento da receita deve ser feito considerando uma das duas formas a seguir: - De uma única vez – Esta forma acontece quando a empresa cumpre com a obrigação de desempenho de uma única vez, como a entrega imediata do produto por exemplo. - Ao longo do tempo – Há certos tipos de contratos que devem ser reconhecidos à medida que vão sendo concluídos, por exemplo na construção de edifícios, navios, aviões, ou seja, de obras grande e demoradas. Neste caso a receita deve ser reconhecida à medida em os riscos e benefícios são transferidos. Embora a norma tenha vários itens a serem considerados, os procedimentos não são diferentes daqueles já praticados pelas empresas. A contabilização é a mesma, ou seja, receita de vendas e debita caixa ou clientes. Só será diferente caso a empresa receba algum recurso, mas ainda não tenha transferido riscos e benefícios, neste caso teremos adiantamento de cliente e débito de bancos/caixa. No caso do registro contábil das vendas, temos: No momento da venda, considerando venda a prazo: D - Clientes C – Receita de Vendas de Mercadorias R$ 10.000,00 Os tributos sobre Vendas: D – PIS sobre Vendas C – PIS a Recolher R$ 65,00 D – COFINS sobre Vendas C – COFINS a Recolher R$ 300,00 D – ICMS sobre Vendas C – ICMS a Recolher R$ 1.800,00 Na baixa do estoque: D – CMV C – Estoques R$ 3.500,00 (considerando esse valor como o custo, que foi extraído das fichas de estoques) 10 No caso de uma devolução dessa venda teremos: D – Vendas Canceladas C – Clientes R$ 10.000,00 Os tributos sobre Vendas: D – PIS a Recolher C – PIS sobre Vendas R$ 65,00 D – COFINS a Recolher C – COFINS sobre Vendas R$ 300,00 D – ICMS a Recolher C – ICMS sobre Vendas R$ 1.800,00 Na baixa do estoque: D – Estoques C – CMV R$ 3.500,00 3.3 – PAGAMENTO DE DUPLICATAS – Conceito e Contabilização Apesar de haver muitas normas contábeis que nos dão novos procedimentos, no caso de pagamento de duplicatas não há nenhuma mudança. Quando temos uma duplicata a pagar e fazemos o pagamento, o que geralmente gera dúvida é como contabilizar quando há juros ou descontos nesses pagamentos. Como estamos falando de duplicatas, entende-se que estamos nos referindo a compras feitas pela empresa, fornecedores, contas a pagar etc. Vamos utilizar como exemplo uma aquisição de mercadoria para revenda. Imagine que uma empresa adquira mercadorias pelo valor de R$ 2.000,00. O registo contábil seria: D – Estoque de mercadorias para revenda C – Fornecedores Valor = R$ 2.000,00 Quando a empresa for pagar esta duplicata, pode acontecer de ela ser paga com o valor atual, com juros ou com desconto. Vejamos como fica a contabilização de uma duplicata paga com desconto. Primeiramente devemos esclarecer que este tipo de desconto é o chamado desconto financeiro, e pode ser considerado como condicional o não, dependendo dos motivos dados para se obter o desconto. 11 Imaginemos que o título foi pago antecipadamente e por este motivo teve um desconto de 10%, como ficaria a contabilização? D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – Caixa/Bancos R$ 1.800,00 C – Receitas financeiras – Descontos obtidos R$ 200,00 Importante reforçar que os R$ 200,00 representa um desconto financeiro, que está dentro do grupo de Receitas Financeiras na DRE. Por outro lado, caso este título fosse pago em atraso, e os juros fossem de 10% teríamos a seguinte contabilização: D – Fornecedores R$ 2.000,00 D – Despesas Financeiras – Juros pagos R$ 200,00 C – Caixa/Bancos R$ 2.200,00 O mais importante deste conceito, é saber que os juros pagos ou recebidos fazem parte do resultado financeiro da empresa, nos grupos de receitas ou despesas financeiras. Verificar esses grupos na descrição da DRE. Outro ponto importante é que não devemos confundir, descontos financeiros, que foi tratado neste tópico, com descontos comerciais ou abatimentos. Esses serão tratados em outro tópico. 3.4 – EMPRÉSTIMOS, FINANCIAMENTOS E LEASING Temos três conceitos diferentes neste tópico, porém empréstimos e financiamentos possuem basicamente o mesmo método de contabilização. O leasing diferentemente dos outros, pode ser contabilizado de duas formas diferentes que iremos explicar adiante. 3.4.1 – Conceitos Empréstimos - De acordo com o Banco do Brasil: Um empréstimo bancário é um contrato entre o cliente e a instituição financeira pelo qual o primeiro recebe uma quantia que deverá ser devolvida ao banco em prazo determinado, acrescida dos juros acertados. Os recursos obtidos no empréstimo não têm destinação específica. Financiamentos - É uma operação financeira em que a parte financiadora, em geral uma instituição financeira, fornece recursos para outra parte que está sendo financiada, de modo que esta possa executar algum investimento específico previamente acordado. (Wikipédia) Ao contrário do empréstimo, os recursos do financiamento precisam necessariamente ser investidos do modo acordado em contrato, como a aquisição de bens duráveis por exemplo. 12 Leasing - Arrendamento mercantil, também conhecido pelo termo em inglês leasing, é um contrato através do qual a arrendadora ou locadora (a empresa que se dedica à exploração de leasing) adquire um bem escolhido por seu cliente (o arrendatário, ou locatário) para, em seguida, alugá-lo a este último, por um prazo determinado. Ao término do contrato o arrendatário pode optar por renová-lo por mais um período, por devolver o bem arrendado à arrendadora (que pode exigir do arrendatário, no contrato, a garantia de um valor residual) ou dela adquirir o bem, pelo valor de mercado ou por um valor residual previamente definido no contrato. O leasing é um contrato denominado na legislação brasileira como “arrendamento mercantil”. As partes desse contrato são denominadas “arrendador” e “arrendatário”, conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de arrendamento mercantil e, de outro, o cliente. O objeto do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. O arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são do arrendatário. O contrato de arrendamento mercantil pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, do bem de propriedade do arrendador. (Wikipédia) Nos três casos estamos falando depassivos para as empresas. O primeiro fator que devemos levar em consideração é a quantidade de parcelas para pagamento. Se a quantidade for superior a 12 meses após a data do balanço então deveremos separar e classificar como passivo circulante e não circulante. Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos; Uma característica essencial para a existência de um passivo é que a entidade tenha uma obrigação presente. Uma obrigação é um dever ou responsabilidade de agir ou fazer de uma certa maneira. As obrigações podem ser legalmente exigíveis em consequência de um contrato ou de requisitos estatutários. Deve-se fazer uma distinção entre uma obrigação presente e um compromisso futuro. A decisão da Administração de uma entidade de adquirir ativos no futuro não constitui, por si só, uma obrigação presente. A obrigação normalmente surge somente quando o ativo é recebido ou a entidade assina um acordo irrevogável de aquisição do ativo. Neste último caso, a natureza irrevogável do acordo significa que as consequências econômicas de deixar de cumprir a obrigação, por exemplo, por causa da existência de uma penalidade significativa, deixem a entidade com pouca ou nenhuma alternativa para evitar o desembolso de recursos em favor da outra parte. 13 A liquidação de uma obrigação presente geralmente implica na utilização, pela entidade, de recursos capazes de gerar benefícios econômicos a fim de satisfazer o direito da outra parte. A extinção de uma obrigação presente pode ocorrer de diversas maneiras, por exemplo, por meio de: - pagamento em dinheiro; - transferência de outros ativos; - prestação de serviços; - substituição da obrigação por outra; ou (e) conversão da obrigação em capital. 3.4.2 – Reconhecimentos Um passivo, seja ele um empréstimo, financiamento ou leasing, é reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos seja exigida em liquidação de uma obrigação presente e o valor pelo qual essa liquidação se dará possa ser determinado em bases confiáveis. Na prática, as obrigações contratuais ainda não integralmente cumpridas de forma proporcional (por exemplo, obrigações decorrentes de pedidos de compra de produtos e mercadorias, mas ainda não recebidos) não são geralmente reconhecidas como passivos nas demonstrações contábeis. 3.4.3 – Mensurações Mensuração é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço patrimonial e na demonstração do resultado. Esse processo envolve a seleção de uma base específica de mensuração, que pode ser, custo histórico, custo corrente, valor realizável líquido ou valor presente Diversas bases de mensuração são empregadas em diferentes graus e em variadas combinações nas demonstrações contábeis. No custo histórico os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas circunstâncias (por exemplo, imposto de renda), pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações, podendo também, em certas circunstâncias, ser atualizados monetariamente. No custo corrente, os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data do balanço. No valor realizável líquido, os passivos são mantidos pelos seus valores de liquidação, isto é, pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontado, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obrigações no curso normal das operações da entidade. 14 E no valor presente, os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado, do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade. 3.4.4 – Contabilização Os procedimentos de contabilização para empréstimos devem ser da seguinte forma: Supondo que a empresa fez um empréstimo de R$ 100.000,00 e que os juros incidentes sobre a operação serão de R$ 20.000,00. É necessário ressaltar que os juros incidentes sobre as operações de financiamentos, empréstimos ou leasing, devem ser calculados considerando a taxa efetiva de juros. Mas este exemplo trata somente da contabilização. No início da operação temos: D – Bancos C – Empréstimos R$ 100.000,00 Outra forma de contabilização seria: D – Bancos R$ 100.000,00 D – Juros a apropriar (conta redutora do passivo) R$ 20.000,00 C – Empréstimos R$ 120.000,00 As duas formas de contabilização estão corretas e são aceitáveis pelas normas brasileiras de contabilidade. No momento do pagamento das parcelas teremos o seguinte supondo que o financiamento seja em 100 parcelas. Modelo 01 – Reconhecimento dos juros: D – Despesas financeiras C – Empréstimos R$ 200,00 Pagamento das parcelas: D – Empréstimos R$ 1.120,00 C – Bancos R$ 1.120,00 Modelo 02 - D – Bancos C – Empréstimos R$ 1.120,00 D – Despesas com juros – R$ 20,00 C – Juros a apropriar (conta redutora do passivo) R$ 20,00 No caso de financiamentos, considerando a aquisição de máquinas e equipamentos: 15 D – Máquinas e Equipamentos C – Financiamentos R$ 100.000,00 Outra forma de contabilização seria: D – Máquinas e Equipamentos R$ 100.000,00 D – Juros a apropriar (conta redutora do passivo) R$ 20.000,00 C – Financiamentos R$ 120.000,00 No caso do pagamento das parcelas no caso de financiamentos a contabilização é a mesma dos empréstimos. No caso do leasing deveremos primeiramente identificar se trata-se de um leasing operacional ou financeiro. O CPC 06 – Leasing foi alterado e entrou em vigor no início de 2019, mas a separação entre operacional e financeiro não foi eliminada. Com a aprovação do CPC 06 praticamente todas as operações de leasing são consideradas como leasing financeiro. Só serão considerados leasing operacional quando i) os contratos tiverem prazo até doze meses e ii) quando os contratos forem considerados de pequeno valor. Contabilização de Leasing Operacional No caso de leasing operacional devemos reconhecer mês a mês as despesas e fazer o pagamento. Vamos imaginar uma operação de leasing para um equipamento que se enquadra como operacional. D – Despesa de locação C – Leasing a pagar Reconhece-se somente a parcela mensal. No pagamento será: D – Leasing a pagar C - Bancos Contabilização de Leasing Financeiro A contabilização do leasing financeiro é a seguinte: D – Máquinas e Equipamentos C – Leasing a Pagar R$ 100.000,00 Outra forma de contabilização seria: D – Máquinas e Equipamentos R$ 100.000,00 D – Juros a apropriar (conta redutora do passivo) R$ 20.000,00 C – Leasing a Pagar R$ 120.000,00 16 No caso do pagamento seria o mesmo lançamento dos anteriores. 3.5 – CONTROLE DE ESTOQUES Estoques são ativos: - mantidos para venda no curso normal dos negócios; - em processo de produção para venda; ou - na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços. Os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor. O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (excetoos recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. Os custos de transformação dos estoques incluem os custos diretamente relacionados com as unidades produzidas ou com as linhas de produção, como pode ser o caso da mão-de-obra direta. Também incluem a alocação sistemática de custos indiretos de produção, fixos e variáveis, que sejam incorridos para transformar os materiais em produtos acabados. Um processo de produção pode resultar em mais de um produto fabricado simultaneamente. Este é, por exemplo, o caso quando se fabricam produtos em conjunto ou quando há um produto principal e um ou mais subprodutos. Quando os custos de transformação de cada produto não são separadamente identificáveis, eles devem ser atribuídos aos produtos em base racional e consistente. O custo dos estoques de itens que não são normalmente intercambiáveis e de bens ou serviços produzidos e segregados para projetos específicos deve ser atribuído pelo uso da identificação específica dos seus custos individuais. São os chamados custos específicos. Para os itens que são intercambiáveis, os critérios de avaliação definidos por este CPC são: 17 O critério PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) pressupõe que os itens de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem em estoque no fim do período sejam os mais recentemente comprados ou produzidos. Pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um período e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o período. A média pode ser determinada em base periódica ou à medida que cada lote seja recebido, dependendo das circunstâncias da entidade. A contabilização dos estoques deve ser dividida em mercadorias e produtos. Mercadoria são todos os bens adquiridos pela entidade que tem a finalidade de serem revendidos sem qualquer tipo de alteração e produto é o bem final após a união de vários outros itens (matérias primas) que geram um bem diferente daqueles que foram agregados. Na contabilização dos procedimentos relativos a mercadorias, temos a aquisição, a venda e a devolução de compra e venda. Supondo a aquisição de uma mercadoria no valor de R$ 10.000,00, com ICMS de R$ 1.800,00 já embutidos no valor da aquisição e tem o IPI de R$ 1.000,00. Considere que a empresa pagou frete na aquisição de mercadorias no valor de R$ 1.500,00. Considere que a empresa é contribuinte do ICMS mas não do IPI. Então teríamos: D – Estoques de mercadorias para revenda R$ 10.700,00 D – ICMS a Recuperar R$ 1,800,00 C – Fornecedores (mercadorias + fretes) R$ 12.500,00 Esse seria o valor a ser considerado na ficha de estoque de mercadorias. No caso de uma devolução dessa compra teríamos: D – Fornecedores R$ 12.500,00 C – ICMS a Recuperar R$ 1.800,00 C – Estoques R$ 10,700,00 No caso de aquisição de matéria prima para itens em produção, teremos exatamente os mesmos registros contábeis, exceto o nome da conta de estoque que seria estoque de matéria prima. Uma vez que esses valores foram lançados nos estoques esses deverão ser controlados utilizando o método PEPS ou Média Ponderada. É importante lembrar que a empresa deve possuir controle de estoques para os custos apurados sejam aceitos pelo fisco. Caso a empresa não tenha esse controle de forma adequada e coordenada com a contabilidade a companhia deverá utilizar o critério fiscal para apuração dos custos das mercadorias e produtos vendidos. 18 Conforme material extraído do Portal Tributário, temos: “Se a escrituração do contribuinte não possibilitar a apuração de custo com base no sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração, os estoques deverão ser avaliados de acordo com o seguinte critério: a) os de materiais em processamento, por uma vez e meia o maior custo das matérias- primas adquiridas no período, ou em 80% do valor dos produtos acabados, determinado de acordo com a alínea "b" a seguir; b) os dos produtos acabados, em 70% do maior preço de venda no período de apuração. Os estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos poderão ser avaliados pelos preços correntes de mercado, conforme as práticas usuais em cada tipo de atividade. Essa faculdade é aplicável aos produtores, comerciantes e industriais que lidam com esses produtos (PN CST Nº 5/1986, subitem 3.3.1.2). CONCEITO DE CUSTO INTEGRADO E COORDENADO COM A ESCRITURAÇÃO Considera-se sistema de contabilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração aquele: I – apoiado em valores originados da escrituração contábil (matéria-prima, mão-de-obra direta, custos gerais de fabricação); II – que permite determinação contábil, ao fim de cada mês, do valor dos estoques de matérias-primas e outros materiais, produtos em elaboração e produtos acabados; III – apoiado em livros auxiliares, fichas, folhas contínuas, ou mapas de apropriação ou rateio, tidos em boa guarda e de registros coincidentes com aqueles constantes da escrituração principal; IV – que permite avaliar os estoques existentes na data de encerramento do período de apropriação de resultados segundo os custos efetivamente incorridos”. 3.6 – PROVISÕES CONTÁBEIS – CONCEITOS E CONTABILIZAÇÃO Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos. Repetindo o conceito de passivo - Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos. Evento que cria obrigação é um evento que cria uma obrigação legal ou não formalizada que faça com que a entidade não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar essa obrigação. Obrigação legal é uma obrigação que deriva de: (a) contrato (por meio de termos explícitos ou implícitos); 19 (b) legislação; ou (c) outra ação da lei. Obrigação não formalizada é uma obrigação que decorre das ações da entidade em que: (a) por via de padrão estabelecido de práticas passadas, de políticas publicadas ou de declaração atual suficientemente específica, a entidade tenha indicado a outras partes que aceitará certas responsabilidades; e (b) em consequência, a entidade cria uma expectativa válida nessas outras partes de que cumprirá com essas responsabilidades. As provisões podem ser distintas de outros passivos tais como contas a pagar e passivos derivados de apropriações por competência (accruals) porque há incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessário para a sua liquidação. Por contraste: (a) as contas a pagar são passivos a pagar por conta de bens ou serviços fornecidos ou recebidos e que tenham sido faturados ou formalmente acordados com o fornecedor; (b) os passivos derivados de apropriações por competência (accruals) são passivos a pagar por bens ou serviços fornecidos ou recebidos, mas que não tenham sido pagos, faturados ou formalmente acordados com o fornecedor, incluindo valores devidos a empregados (por exemplo, valores relacionados com pagamento de férias). Embora algumas vezes seja necessário estimar o valor ou prazo desses passivos, a incerteza é geralmente muito menor do que nas provisões. Os passivos derivados de apropriação por competência (accruals) são frequentemente divulgados como parte das contas a pagar, enquanto as provisões são divulgadas separadamente. A empresa deve