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Profa. Margareth Campêlo e Rocha Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos 1 OBJETIVOS DA AULA Conhecer os pressupostos elementares para a Segurança do Paciente na Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos. Compreender o papel do Enfermeiro para a adesão do cliente quanto ao uso de psicofármacos. Relacionar a Assistência de Enfermagem Segura de acordo com as classificações dos psicofármacos. Explicar, a partir da escolha de um cliente, quais psicofármacos está recebendo e elaborar a Assistência de Enfermagem Segura. 2 ASPECTOS INICIAIS Assistência de Enfermagem enquanto prática sistematizada a partir da aplicação do Processo de Enfermagem. Cliente em uso de psicofármacos e manejo pelo Enfermeiro. Segurança do Paciente na Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos e adesão ao tratamento. 3 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 529, de 1° de abril de 2013, que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília: Ministério da Saúde: 2013. Ibanez G, Mercedes BPC, Vedana KGG, Miasso AI. Adesão e dificuldades relacionadas ao tratamento medicamentoso em pacientes com depressão. Rev Bras Enferm. 2014;67(4):556-62. CONSULTA DE ENFERMAGEM Histórico de enfermagem – anamnese e semiologia (exame físico e psíquico, observando o comportamento do cliente, dados fisiológicos básicos, condições gerais e queixas). Dados relativos às vontades rechaçadas, transtornos convulsivos, doenças prévias (renais, cardíacas, hepáticas), em função das alterações que podem surgir a partir do uso dos medicamentos. Qualidade do tratamento farmacológico, indicações, contraindicações, efeitos colaterais, interações medicamentosas e tempo de uso dos medicamentos. Valores e perspectivas do cliente e família em relação à doença e ao tratamento. 5 6 A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece. (CANGUILHEM, 2011) Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos Pontos de Atenção – Paciente envolvido em sua segurança ANSIOLÍTICOS 7 COREN. CONSELHO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente. São Paulo: Coren; 2010. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANSIOLÍTICOS Orientar cliente e familiares quanto: ganho de peso, erupção cutânea, prejuízo na função sexual e irregularidade menstrual são decorrentes do tratamento e são passageiros. a possibilidade do cliente apresentar problemas de memória após a ingestão do medicamento. Fato que poderá impossibilitá-lo a não relatar a ocorrência dos efeitos colaterais. a amnésia dos fatos ocorridos, que desaparece ou diminui após os primeiros dias de tratamento. a possibilidade de supressão ou ingestão de medicamento em doses maiores. Uma das medidas para evitar que isso aconteça é uso de quadro semanal de medicação. 8 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANSIOLÍTICOS Orientar cliente e familiares quanto: quanto ao uso de bebidas à base de cafeína, pois podem diminuir o efeito ansiolítico da droga. a inspeção da integridade física a fim de evitar lesões, contusões e queimaduras, em função da diminuição da sensibilidade. a não interrupção brusca do tratamento, pois pode resultar em sintomas compatíveis com síndrome da abstinência. aos sinais e sintomas de tolerância que pode resultar na diminuição das horas de sono e, consequente necessidade de aumento da dose. 9 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANSIOLÍTICOS Orientar cliente e familiares quanto: a possibilidade de sonolência que pode impossibilitar o manejo seguro de máquinas e veículos. aos sinais e sintomas de superdosagem do medicamento (cansaço, apatia, retardo motor, distúrbios da articulação verbal e coordenação e diplopia). aos efeitos teratogênicos de ansiolíticos. aos sinais e sintomas de abstinência no recém-nascido (dificuldade de sucção e hipotonia). 10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANSIOLÍTICOS Orientar cliente e familiares quanto: a potencialização da droga pelo uso de bebidas alcoólicas, aumentando o risco de depressão do Sistema Nervoso Central. ao intervalo de ingestão de ansiolítico e alimentação. O ideal é respeitar intervalo de 2 horas. 11 Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos ANTIPSICÓTICOS 12 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANTIPSICÓTICOS Orientar cliente e familiares que: há possibilidade de ocorrência de fotossensibilidade. À exposição direta ao sol a pele e olhos deverão ser protegidos. há possibilidade de ocorrência de agranulocitose (mal-estar, hipertermia, lesões na mucosa bucal e trato respiratório superior) pelo uso de Clozapina. Monitorar os resultados de exame de sangue laboratorial semanalmente. poderá ocorrer manifestações de acatisia (tremor muscular e agitação) e discinesia tardia (estereotipados, involuntários e bizarros da face, orolingual e membros), sendo necessário comunicar a equipe de saúde com urgência. 13 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANTIPSICÓTICOS Orientar cliente e familiares quanto: aos sinais e sintomas de síndrome neuroléptica maligna (intenso parkinsonismo, flutuação da pressão arterial, rigidez muscular, febre alta, alteração da consciência, convulsões), sendo necessário comunicar a equipe de saúde com urgência. a possibilidade de disfunção gástrica que exige a ingestão durante ou logo após as refeições. a ocorrência de xerostomia. Higiene oral recomendada várias vezes ao dia. a possibilidade de constipação intestinal. Recomendar acompanhamento nutricional. 14 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANTIPSICÓTICOS Orientar cliente e familiares quanto: a importância da cessação do tabagismo, pois a nicotina interfere na farmacodinâmica de Clozapina. a presença de edema de membros em função da retenção urinária. Elevação de membros inferiores e usos de meias de compressão são recomendados. a ocorrência de hipotensão ortostática. Ao acordar, não se levantar de forma brusca. aos tremores nas mãos que podem ser agravados com uso de cafeína e tendem a reduzir com o passar do tempo. 15 Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos ANTIDEPRESSIVOS 16 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANTIDEPRESSIVOS Tricíclicos Orientar cliente e familiares quanto: a adesão ao tratamento, considerando que é prolongado e os efeitos desejados podem surgir após 2 a 3 semanas. ao risco de suicídio após início do efeito terapêutico. a possibilidade de ocorrência de fotossensibilidade. À exposição direta ao sol a pele e olhos deverão ser protegidos. 17 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANTIDEPRESSIVOS ISRS / ISRNS (inibidores seletivos da recaptação da serotonina/ inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina) Orientar cliente e familiares quanto: a possibilidade de disfunção sexual com retardo ejaculatório e diminuição da libido em mulheres. a importância da adesão ao tratamento, pois a interrupção brusca pois pode causar síndrome de abstinência (tonturas, fraqueza, náusea, cefaleia e ansiedade). a ocorrência de sangramento, equimoses e petéquias. as reações indicativas de síndrome serotoninérgica (confusão metal, agitação, diarreia, febre, alterações da pressão arterial, náuseas, vômitos, incoordenação motora e tremores) que podem ocorrer durante trocas e associações de medicamentos antidepressivos. 18 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ANTIDEPRESSIVOS IMAO (inibidores da monoamina oxidase) Orientar cliente e familiares quanto: ao uso de alimentos (queijos, embutidos, frutas enlatadas, vinho tinto, cerveja) que contém tiramina, pois podem desencadear crises hipertensivas. possibilidade de hipoglicemia em pessoas com diabetes sob uso de insulina. a ocorrência de hipotensão ortostática. Ao acordar, não se levantar de forma brusca. a possibilidadede edema em pés e tornozelos. 19 Assistência de Enfermagem relativa ao uso de psicofármacos ESTABILIZADORES DO HUMOR 20 CARBONATO DE LÍTIO Orientar cliente e familiares quanto: Aos sinais e sintomas indicativos de toxicidade ao lítio (diarreia, vômitos, náuseas, visão turva, fraqueza). Advém daí a necessidade do controle periódico da dosagem do lítio no sangue. as comorbidades relacionadas ao uso do lítio. Realizar a coleta de sangue entre 10 a 12 horas da ingestão da última dose de lítio. Certificar-se que nenhuma dose de lítio deixou de ser ministrada nos últimos dias. aos tremores nas mãos que podem ser agravados com uso de cafeína e tendem a reduzir com o passar do tempo. 21 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ESTABILIZADORES DO HUMOR CARBONATO DE LÍTIO Orientar cliente e familiares quanto: a ocorrência de poliúria e polidipsia que são efeitos colaterais esperados. Manter a ingesta hídrica equivalente a 3 litros por dia em adulto. ganho de peso. Realizar acompanhamento multiprofissional. ao acompanhamento profissional para prática de exercícios físicos e dieta. aos efeitos teratogênicos do lítio. 22 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM - ESTABILIZADORES DO HUMOR ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM – ESTABILIZADORES DO HUMOR VALPROATO Orientar cliente e familiares quanto: a ocorrência de anorexia, icterícia, náuseas e diarreia que são efeitos colaterais que indicam possibilidade de hepatotoxicidade. aos efeitos teratogênicos. CARBAMAZEPINA Orientar cliente e familiares quanto: as comorbidades (agranulocitose, anemia e hepatite) relacionadas ao uso de carbamazepina. Realizar a coleta de sangue para hemograma a cada 2 semanas nos primeiros 2 meses de tratamento. 23 CONSIDERAÇÕES O manejo de clientes que usam psicofármacos depende de práticas multiprofissionais, da autonomia do sujeito e de suporte familiar. Acredita-se na interpretação extensiva sobre Segurança do Paciente, pois uma vez se apropriando dos conhecimentos e compartilhando convicções, cliente promove a (auto)assistência segura, tornando-se independente e resolutivo no seu tratamento. Neste sentido, a Assistência de Enfermagem pode possibilitar o convencimento do indivíduo das suas potencialidades e de sua autonomia. Para tanto é necessário compartilhar convicções de teóricos de Enfermagem para abolir os graus de dependência do sujeito em relação à Assistência de Enfremagem. 24 REFERÊNCIAS 1. Stefanelli MC, Fukuda IMK, Arantes EV. Barueri: Manole; 2008. 2. Marcolan JF, Castro RCBR. Enfermagem em saúde mental e psiquiátrica: desafios e possibilidades do novo contexto do cuidar. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013. 3. Wilkins LW. Enfermagem psiquiátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 4. Kaplan HI, Sadock BJ, Grebb JA. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed; 2015. 5. Ibanez G, Mercedes BPC, Vedana KGG, Miasso AI. Adesão e dificuldades relacionadas ao tratamento medicamentoso em pacientes com depressão. Rev Bras Enferm. 2014;67(4):556-62. 6. Stahl SM. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações clínicas. Rio de Janeiro: MEDSI; 2014. 7. Stuart GW, Laraia MT. Enfermagem psiquiátrica: princípios e prática. Porto Alegre: Artmed; 2001. 8. Mantovani C, Migon MN, Alheira FV, Del-Bem CM. Manejo de paciente agitado ou agressivo. Rev Bra Psiq. 2013; 32 (Supl II): 96-103. 9. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 529, de 1° de abril de 2013, que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Brasília: Ministério da Saúde: 2013. 10.COREN. CONSELHO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente. São Paulo: Coren; 2010. 11. Canguilhem G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária; 2011. 25