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PSICOLOGIA INSTITUCIONAL UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA E DA SAÚDE Prof. Sinara Franke de Oliveira Movimento Institucionalista gênese sócio-histórica 1- MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA – GÊNESE SÓCIO HISTÓRICA O Institucionalismo aparece em uma época (década de 60) de rápidas e profundas mudanças que introduziram grande mobilidade nas distintas organizações sociais (escolas, empresas, hospitais psiquiátricos, presídios). 1- MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA – GÊNESE SÓCIO HISTÓRICA No seu surgimento e posterior desenvolvimento pode-se distinguir dois momentos: a) O que julga as organizações desde o seu interior, tentando preservá-la; b) O que julga as organizações desde fora, tentando destruí-las, confiando na “revolução social”. 1- MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA – GÊNESE SÓCIO HISTÓRICA Primeiro momento: o institucionalismo centrou-se; a) Nos hospitais psiquiátricos pretendendo revelar as contradições internas da organização. Psicoterapia Institucional – aplicação do T-group na socialização dos doentes mentais, pretendendo reabilitá-los, isto é, ajustá-los às exigências normativas do contexto social externo; 1- MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA – GÊNESE SÓCIO HISTÓRICA b) Nas escolas pretendendo outorgar ao grupo-classe a responsabilidade da situação escolar e colocando na berlinda o lugar de poder na relação professor-aluno. Pedagogia Institucional - propõe a prática da autogestão dos grupos, desfocando-se dos aspectos didáticos e psicológicos da aprendizagem e centrando a atenção para a interação professor-aluno. 1.1- PSICOTERAPIA INSTITUCIONAL O M. I. francês ligado á saúde mental iniciou-se em 1940, no Hospital Psiquiátrico de Saint-Alban (Lozère, França), foi sua primeira expressão. François Tosquelles criou o lema que indicava ser necessário “tratar a instituição de cuidados”. Uma vez que o funcionamento da dinâmica do estabelecimento de cuidados em saúde mental, podem ser instrumentos de tratamento e não de agravamento da doença, considera-se que as mudanças devam ser feitas de dentro para fora do hospital. Segundo Vertzman, a PI se baseia em: “liberdade de circulação; lugares estruturados concretos: ateliês, serviços ( cozinha, administração, etc.) 1.1-PSICOTERAPIA INSTITUCIONAL Em seguida, o local de referência foi, e ainda é a Clínica La Borde (Cour-Cheverny, França). O diretor membro fundador, Jean Oury, com quem Félix Guattari trabalhou. Em 1952, numa comunicação feita por Douzemon e Koechlin sobre hospital, foi usada pela primeira vez a expressão psicoterapia institucional. Neste mesmo ano, M. Jones definiu as “comunidades terapêuticas”, cujos princípios influenciaram a P. I. Além dessas outras influências: H. Simon (publicou o livro Por uma Terapêutica Ativa no Hospital Psiquiátrico), Marx com o conceito de alienação entre outros.. 1- Movimento Institucionalista: gênese sócio histórica. Segundo momento o institucionalismo centrou-se : Não questionam as contradições dessas organizações. Propõem, simplesmente, abolir essas organizações por considerá-las totalmente irrecuperáveis. Antipsiquiatria: Ronald Laing e David Cooper. Nascida junto á grande corrente de contestação cultural e política dos anos 60, que criticava o objeto e os métodos da Psiquiatria e Psicopatologia proporcionando uma profunda revolução nesse campo. Psiquiatria democrática: Franco Basaglia após participar de um trabalho de transformações em Gorizia, na Itália, chega a Trieste e processa um empreendimento de demolição do aparato manicomial. Propunha a extinção dos tratamentos violentos, destruição dos muros e a constituição de novos espaços e formas de lidar com a loucura. Anti-escola: 1970 Illich e Celma. PSICOLOGIA INSTITUCIONAL OU MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA? 2-MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA – GÊNESE SÓCIO HISTÓRICA - BRASIL O termo PSICOLOGIA INSTITUCIONAL surgiu no Brasil, no início da década de 70, trazido por psicólogos e psicanalistas que aqui se exilaram (textos de José Bleger). Mais tarde (final da década de 80), chegaram outras leituras vindas da Europa (textos de Lourau, Lapassade, Mendel, Lobrot, Cooper, Basaglia, Castel e Foucault). A “Psicologia Institucional” no Brasil, foi-se estabelecendo, incluindo, a cada passo, diferentes orientações teóricas e novas modalidades de prática profissional. Passou-se a englobar sob o mesmo “rótulo” (uso do termo no singular) uma ampla variedade de teorias não se identificando os limites e as especificidades dos recortes teóricos nas suas diferentes articulações com outras áreas do conhecimento. Seria mais adequado falar em Psicologia(S) Instituciona(IS) – no plural – para garantir a compreensão de como se constituem os discursos teóricos sobre a intervenção institucional, assim como se constituem as práticas de intervenção institucional. Seria mais adequado falar em um “Movimento Institucionalista”! 2-MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA NO BRASIL Como e quando surgiu no Brasil? Nos anos 70, a partir de alguns departamentos e grupos de pesquisa de universidades brasileiras e de outras organizações, congregando os mais diferentes tipos de profissionais. Embora tendo ampliado seu campo de atuação até o momento e venha sendo referenciada em diferentes áreas (saúde coletiva, educação, trabalho, etc), através da divulgação de trabalhos acadêmicos e de relato de Intervenções, apenas recentemente, vem ganhando espaço e sendo aplicada no campo da Psicologia. 3- MOVIMENTO INSTITUCIONALISTA De início, é necessário esclarecer que a expressão Movimento Institucionalista tem um sentido amplo-genérico, pois na realidade, ele se constituiu a partir de um conjunto de disciplinas e movimentos que ocorreram na sociedade francesa, a partir dos anos 40 e 50. De acordo com Heliana de Barros Conde Rodrigues (1993), dentro do Institucionalismo francês, devemos considerar duas vertentes: A “análise institucional” e a “socioanálise”, de inspiração dialética, originadas, sobretudo, das obras de René Lourau e Georges Lapassade; A “esquizoanálise”, inspirada na filosofia da diferença, originada da obra de Félix Guattari e Gilles Deleuze. Como afirma a autora, é indispensável conhecer a gênese teórico-conceitual e histórica para a melhor compreensão desses campos. 4- O QUE É O “INSTITUCIONALISMO”? Uma abordagem teórico-metodológica “híbrida” que revisa e faz crítica dos valores sócioculturais que, até meados do século XX, “instituíam”, orientavam e organizavam as relações sociais, nas sociedades ocidentais. 5- PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DO “INSTITUCIONALISMO”? O desenvolvimento de um conjunto de conceitos e instrumentos técnicos para a análise e intervenção nas instituições que compõem a sociedade (o campo psicossocial). 6- O QUE O “INSTITUCIONALISMO” ENTENDE POR INSTITUIÇÕES SOCIAIS? Conjunto de códigos, de regras lógicas, que regulam as atividades sociais humanas, atribuindo-lhes sentidos valorativos, atribuindo significados que prescrevem (o quê e como) devem ser transmitidos das seguintes formas: ❖ Informal – por meio da transmissão oral, de tradições, costumes, hábitos, informações, etc; (processo de socialização informal – educação familiar e mídia). ❖ Formal – por meio da construção de leis, normas, regras, códigos que são registrados em documentos (aparato jurídico); (processo de socialização formal – escolarização, preparação para o trabalho, etc). Para o “INSTITUCIONALISMO”, as instituições, são entidades “abstratas” por mais que possam estar registradas em escritos ou tradições. 7- AS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES SOCIAIS PARA O INSTITUCIONALISMO: Linguagem – conjunto de leis, de normas que regem a combinação dos sons, que criam unidades de significação na linguagem permitindo a construção de um número infinito de mensagens, de tal modo que estas mensagens possam ser compreensíveis por qualquer falante ou ouvinte de uma determinada língua.7- PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES SOCIAIS PARA O INSTITUCIONALISMO Parentesco – conjunto de leis, de normas que definem os lugares tais como: pai, mãe, filho, nora, genro, sogra, etc. Prescrevem como (que tipo de vínculos e alianças) e entre quais membros podem se dar uniões. Divisão do trabalho – conjunto de leis, de normas que especifica cada tipo de produção e tarefa (divisão técnica) e distribui e hierarquiza os lugares de poder, prestígio e lucro (divisão social), determinando diferenças entre trabalho manual e intelectual, assalariado e autônomo, etc. 7- PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES SOCIAIS PARA O INSTITUCIONALISMO Educação – conjunto de leis, de normas que prescrevem como e o que se deve aprender e ensinar, como instruir-formar um aspirante a membro da sociedade para que ele possa integrar-se à cultura da mesma. Religião – conjunto de leis, de normas que regulam as relações do homem com a divindade (que pode ser, para alguns, sobrenatural ou, para outros, imanente à vida terrena). Prescrevem toda uma série de comportamentos que são indicados e contra-indicados. 7-PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES SOCIAIS PARA O INSTITUCIONALISMO Justiça – conjunto de leis, de normas que regulam as relações entre os homens prescrevendo o que é licito e o que é ilícito e determinando as formas de castigo ou punição. BIBLIOGRAFIA BAREMBLITT, G. O Inconsciente Institucional. Petrópolis: Vozes, 1994. ______________. Cinco Lições sobre a transferência. São Paulo: HUCITEC, 1996. RODRIGUES, H.B.C. ALTOÉ, S. Saúde Loucura nº 8 Análise Institucional. São Paulo: UCITEC, 2004.