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FATORES CONDICIONANTES PARA A OCORRÊNCIA DE PARASITOSES ENTÉRICAS DE ADOLESCENTES
Leonardo Nunes Vieira*
NUNES, Marcela Oliveira, MATOS-ROCHA, Thiago José; Fatores condicionantes para a ocorrência de parasitoses entéricas de adolescentes. J. Health Biol Sci. 2019 Jul-Set; 7(3):265-270.
De acordo com os autores do artigo, Marcela Oliveira Nunes e Thiago José Matos-Rocha, as enteroparasitoses representam um problema sanitário no Brasil, assim como em outros países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, pois acometem um grande número de pessoas, necessitando, assim, de maior atenção quando atingem indivíduos, principalmente com carência alimentar. As parasitoses intestinais podem causar a desnutrição, assim como a desnutrição pode facilitar a ocorrência de infecções por enteroparasitos1, representando um problema que acarreta uma série de alterações orgânicas, muitas delas graves, o que constitui uma das principais causas de morte no Brasil.
Os principais parasitas transmitidos por alimentos e água contaminada são Entamoeba histolytica, Giardia intestinalis, Hymenopelis nana, Taenia solium, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Enterobius vermicularis, e as larvas presentes no solo são Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Strongyloides stercoralis.
A esquistossomose é uma das doenças que mais sobressai no Brasil devido à distribuição territorial. Como é um mal de difícil diagnóstico clínico, principalmente em áreas que não apresentam incidência da infecção, os exames são essenciais para sua detecção. A profilaxia é a principal forma de controlar a doença, e uma medida de educação deve ser à base de controle de saúde pública. A falta de conhecimento e higiene pessoal e os cuidados com a preparação de alimentos aumentam o risco de doenças, principalmente as parasitoses. Mesmo que as parasitoses sejam uma das infecções mais comuns, ainda há uma dificuldade na realização de exames coproparasitológicos.
Os autores também mostram que o objetivo do estudo deles foi verificar os aspectos socioeconômicos, o conhecimento das principais doenças parasitárias, os fatores associados na transmissão e a profilaxia das principais verminoses humanas entre estudantes de uma escola do município de Maceió – AL. Foi realizado um estudo descritivo e transversal em uma escola particular do município de Maceió – AL. Sendo entrevistados 151 crianças com idades de 14 a 18 anos. Tendo a amostra de 100 dos entrevistados. Os alunos preencheram o instrumento de coleta de dados, cujas questões abordavam os dados socioeconômicos. A segunda parte do instrumento contemplou aspectos relacionados aos fatores associados envolvidos na transmissão das principais verminoses, como tipo de água usada para beber, hábito de lavar os alimentos antes de ingeri-los, andar descalço e lavar as mãos ao usar o banheiro, bem como o conhecimento em relação às principais verminoses humanas. 
Todos os entrevistados responderam que a coleta de lixo era realizada pelo caminhão do lixo, e 82% destacaram que existia uma estação de tratamento de esgoto em seu bairro de residência. Todos os 100 entrevistados indicaram que o banheiro residencial se encontrava dentro de sua casa, e que o abastecimento de água era encanado. Como possível fator na transmissão das verminoses avaliou se a água utilizada para beber. Constatou-se que 35% dos entrevistados utilizavam água potável, 34% água filtrada e 31% água mineral. Quando perguntados sobre os hábitos alimentares, 76 (76%) confirmaram que ingerem frutas, verduras e legumes crus, 24 (24%) não ingerem alimentos crus. Quanto ao preparo de frutas e verduras, 64 (64%) afirmam que esses alimentos são lavados com água tratada ou fervida.
Cem por cento 100% dos avaliados relataram utilizar o abastecimento de água servido pela rede pública. Quando questionados sobre o tipo de residência, 73% dos discentes indicaram morar em casa mista. Identificaram que 25,8% dos avaliados residiam em domicílios de madeira e 22,6% do tipo mista, em que as moradias apresentaram mais casos de parasitoses.
De acordo com os resultados obtidos no presente estudo, 100% dos avaliados apresentam sistema de esgotos em suas residências. A prevalência das doenças parasitárias é alta em locais nos quais as condições de vida, o saneamento básico e a disseminação de informações são ineficientes ou inexistentes. Elas são apontadas como um indicador do desenvolvimento socioeconômico de um país, afetando mais de 30% da população mundial, principalmente nos países em desenvolvimento. Os entrevistados utilizam água encanada para beber e, até mesmo, preparar seus alimentos. A água é um meio importante de transmissão das parasitoses de veiculação hídrica, sendo que, nos lugares com más condições de saneamento e falta de tratamento de água, as doenças parasitárias são predominantes. As precárias condições de saneamento básico expõem as populações à aquisição de diferentes enteroparasitos, tornando frequentes os casos de poliparasitismo.
Com relação à presença dos animais de estimação, 38% dos avaliados possuíam cachorro e 36% tinham gato. Os animais contaminados, principalmente os domésticos, que mantêm mais contato com seres humanos, contaminam o solo e a água e formam um ciclo de transmissão e contaminação parasitária. Todos os avaliados afirmam que não participaram de palestras sobre parasitoses intestinais. A Educação Sanitária tem como objetivo ensinar a população a adquirir hábitos higiênicos que promovam a saúde e evitem doenças, fazendo-se fundamental em um contexto escolar. 
A conclusão que obtiveram os autores desse estudo publicado foi que segundo a maioria dos avaliados, as verminoses estão ligadas às deficiências quanto à rede geral de esgoto, à coleta de lixo e ao tratamento da água, e as fezes de animais de estimação podem contribuir para a transmissão de vermes, sendo a esquistossomose a verminose mais conhecida. Torna-se necessário que os assuntos lecionados em sala de aula sejam aplicados de forma mais efetiva no dia a dia dos alunos, visando a uma melhoria na saúde pública.
* Graduando em Biomedicina pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Aluno de Epidemiologia e Parasitologia Clínica. E-mail: leonardonunes839@gmail.com

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