Prévia do material em texto
História moderna: da formação do sist. Internac. Aula 3: A europa no século XVII Apresentação Nesta aula, estudaremos a Guerra dos Trinta Anos e de que maneira esse con�ito provoca uma nova con�guração de poderes na Europa. Abordaremos também o processo de União Ibérica, destacando seu alcance para além da Europa, evidenciando o caso das invasões holandesas no Brasil colonial. Objetivo Distinguir as principais características do barroco, destacando sua importância como movimento cultural característico do século XVII; Reconhecer a importância da Guerra dos Trinta Anos e da Paz de Vestfália para o estabelecimento de um sistema internacional moderno; Identi�car a herança medieval na mentalidade do homem moderno. Premissa Nas aulas anteriores, vimos as grandes mudanças operadas na transição do medievo para a modernidade. O que podemos concluir, após estudarmos este período de transição, que as alterações na política e na economia propiciam o surgimento de uma nova mentalidade, um novo homem, moderno em diversos aspectos, mas que ainda conserva, em seus hábitos e cotidiano, uma forte herança medieval. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Teto da Capela Sistina | Fonte: Wikipedia Sobre a arte Quando pensamos em arte, imediatamente nos remetemos à pintura e à escultura, onde esta ideia nos parece mais evidente. Mas a arte engloba vários campos de produção, como a arquitetura. Vimos que o renascimento retoma conceitos estéticos da antiguidade clássica, valorizando a cultura greco-romana. Durante boa parte desse período, a Igreja encomendou obras aos artistas renascentistas , como Rafael e Leonardo da Vinci, para adornar suas igrejas e mosteiros. 1 O Papado Para entendermos essa mudança na postura da Igreja, vamos ver rapidamente como funcionava a eleição papal. Ou seja, como um eclesiástico se torna papa. Tradicionalmente, entre a Idade Média e a Moderna, havia na Itália algumas famílias particularmente poderosas. Essas famílias possuíam terras e, com o renascimento urbano e comercial, passaram também a se dedicar ao comércio e às atividades bancárias. São Pedro: o primeiro Papa. / Wikipedia Joseph Alois Ratzinger: bispo que recentemente renunciou ao cargo. / Fonte: Wikiipedia http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula3.html O Barroco Saiba mais Leia o texto Eleição Papal para saber mais sobre o assunto. No século XVII, a própria estética que havia sido tão cara aos renascentistas entrava em declínio. Outras formas de arte surgiam particularmente in�uenciadas pelo pensamento católico. Dentre elas, destacamos o barroco, um estilo importante não só na Europa, mas também nas colônias americanas, em especial no Brasil. Monalisa é o ícone clássico da cultura renascentista. (Fonte: Wikipedia). Dois estilos passaram a conviver: o classicismo, inspirado nos padrões greco-romanos e o barroco, com inspiração religiosa. Logo, nos países marcadamente católicos, como Itália, Espanha e Portugal, o barroco se desenvolveu e chegou às colônias, tendo sido uma das principais manifestações artísticas do período colonial. javascript:void(0); Classicismo Auto-retrato (1506) - Rafael Sanzio. / Fonte: Wikipedia. Barroco Cortona Triumph of Divine Providence (1633- 1639), Palazzo Barberini. / Fonte: Wikipedia Se a arte Renascentista buscava a simiteria e a perfeição das formas, o Barroco buscava o movimento, a perspectiva e a ilusão de ótica. A arte barroca retratou, sobretudo questões importantes para o catolicismo, como o martírio dos santos e a vida de cristo. Antoine Coysevox: A Fama do Rei cavalgando Pégaso, originalmente no Parque de Marly, hoje no Louvre. Narciso Tomé e �lhos: El Trasparente, altar na Catedral de Toledo. Melchior Barthel: Melancolia As meninas: Diego Velásquez – 1656 | Fonte: Wikipedia Sobre a arte Um dos mais importantes pintores do barroco espanhol foi Diego Velásquez, o pintor preferido do rei da Espanha, Felipe IV. O rei encantou-se com um retrato seu feito pelo pintor e, a partir de então, sua carreira de retratista foi notória. Um de seus mais famosos quadros, As Meninas (ao lado), é considerado um dos principais expoentes do estilo barroco, no qual o artista retrata a ele próprio como um dos personagens da cena. Sua obra in�uenciou diversos movimentos que se seguiram, como o impressionismo, bem como importantes pintores contemporâneos, como Picasso e Salvador Dalí. Saiba mais Ainda que a arte barroca tenha um viés religioso, ela em nada se parece com a arte medieval. Diversos elementos renascentistas foram incorporados nos estilos que seguiram o renascimento e com o barroco não foi diferente. As paisagens realistas, os retratos anatomicamente bem feitos, a noção de profundidade fazem parte do legado renascentista para a arte moderna. Como pôde perceber na galeria, o barroco é opulento, rico em formas, cores e texturas. Se o renascimento foi patrocinado principalmente pelos burgueses, o barroco teve na Igreja e nas cortes católicas seus principais mecenas. Da Europa, ele chega às colônias americanas e se desenvolve nos séculos XVII e XVIII, em especial, nas regiões mais prósperas. Fé x Ciência Seus ornamentos retorcidos e extremamente detalhados se espalharam pela Europa, na arquitetura o barroco atingiu seu apogeu. Catedrais espanholas como a de Nossa Senhora do Pilar (1) e de Santiago de Compostela (2) revelam este estilo em seu esplendor. Saiba mais No Brasil, a arte barroca de Minas Gerais e da Bahia são, atualmente, consideradas patrimônio da Humanidade. 2 3 O embate entre classicismo e barroco re�ete a luta entre a Igreja e a ciência, entre a fé e a razão, tão característica da Idade Moderna. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula3.html Enquanto o barroco �orescia nas artes, diversos cientistas faziam enormes avanços em suas áreas de conhecimento, como Kepler, com seus estudos sobre o movimento dos planetas e Isaac Newton, com a Teoria da Gravidade. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Com a contrarreforma e as atividades intensas da Inquisição, os diversos cientistas que contestavam os princípios católicos eram expostos a constantes processos e investigações, que culminavam, em alguns casos, com a morte na fogueira, como ocorreu com Giordano Bruno. Mas a igreja não se ocupava somente da questão cultural e cienti�ca. Dentre os pressupostos da contrarreforma, estava a expansão da fé católica, e as colônias americanas representavam um vasto território a ser conquistado, em termos espirituais. A proximidade entre a Igreja e o Estado Ibérico permitiu a chegada da cultura europeia ao continente americano. Atenção Embora no século XVIII os europeus já tivessem consolidado seu domínio colonial, propiciando uma enorme fonte de novos convertidos para a Igreja, no campo político, Portugal e Espanha passavem por diversos problemas internos, sendo o caso português, o mais grave deles. Leia mais. Europa em ebulição O século XVII foi o período de ouro espanhol , mas isso não quer dizer que não tenha sido um tempo de intensos con�itos, como atesta a perda de Portugal em 1640. Somamos a isso uma guerra que alteraria de�nitivamente a constituição geopolítica europeia, a Guerra dos Trinta Anos, que opôs diversos reinos em disputa pela hegemonia territorial no continente europeu. 4 javascript:void(0); http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula3.html Atenção Durante a Idade Média, eram comuns os con�itos armados, dentro e fora da Europa. Podiam se referir a disputas dinásticas, como a Guerra das Duas Rosas, na Inglaterra, ou longos embates religiosos, como é o caso das Cruzadas. Com a centralização dos Estados nacionais, essa situação não se alterou muito, mas agora as disputas assumiam um caráter nacional e estavam diretamente relacionadas a busca por territóriose a conquista de novos mercados, dentro dos parâmetros do mercantilismo. Bandeira da Holanda. A Holanda, embora possuísse uma estrutura política descentralizada, destacava-se pelas relações mercantis que estabelecia através das companhias de comércio, as chamadas Companhias das Índias. Conhecida por sua tolerância religiosa, a Holanda recebeu uma enorme imigração judaica, especialmente após o século XV, quando a Espanha, em seu esforço para uni�car seu território, expulsou os judeus do reino. Esses judeus levaram consigo tanto a riqueza que haviam acumulado quanto sua experiência mercantil e foram um fator determinante para a consolidação econômica dos países baixos. Bandeira da França. O equilíbrio de poder entre as nações europeias, centralizadas ou não, era frágil. Havia a disputa pelas possessões ultramarinas, reivindicadas pela França, por exemplo, que não reconhecia o Tratado de Tordesilhas. Além disso, as lutas religiosas, provocadas pela reforma, opunham católicos e protestantes, e eclodiam em constantes guerras civis que, por sua vez, acabavam transcendendo as fronteiras de seus países e sendo disseminadas por todo o continente. Soma-se a esse contexto a ameaça de invasão dos turcos em regiões do Sacro Império Romano germânico e da Península Itálica e temos uma Europa em ponto de ebulição. Águia bicéfala, símbolo dos Habsburgos. Nestas condições, um con�ito armado não tardaria a acontecer e em 1618, tem inicio a Guerra dos Trinta Anos, que começou na cidade de Praga, na atual República Tcheca, que na época era governada pelos cHabsburgos . O avanço dos Habsburgos preocupou o rei francês Luís XIII e também seu primeiro ministro, o cardeal Richelieu. Embora a França fosse católica, as convicções religiosas foram superadas pelos temores políticos de que, sendo vencedores e uni�cando os estados, o sacro Império se tornaria uma potência e desestabilizaria o governo absolutista francês. 5 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula3.html Holanda + França x Espanha. Por essa razão, os franceses buscam uma aliança com a Holanda, apesar da maioria protestante desse país e declaram guerra à Espanha católica. Isso não quer dizer que a religião era irrelevante ou apenas um pretexto. Ela foi o combustível que moveu a população no con�ito e também a pólvora que se espalhou por todo o continente, envolvendo quase todos os reinos. Atenção Dessa forma, quando a França de�nitivamente ganha a guerra, em 1648, não podemos a�rmar que o catolicismo tenha sido derrotado, pois o estado francês não abandonou essa religião. A derrota foi imposta a uma dinastia e seus aliados católicos, e não ao catolicismo. A Paz na Europa Para selar o �m do con�ito foi assinada a Paz de Vestfália, uma série de tratados que alteraria a con�guração geopolítica europeia. A França incorpora a região da Alsácia, dentre outros territórios. A Holanda e a Suécia são reconhecidas como soberanas sob o nome de Províncias Unidas e Confederação Suíça, respectivamente. O Sacro Império Romano germânico, derrotado, fragmenta-se ainda mais, dividindo-se em reinos menores, o que pode ser considerado como um dos fatores para a uni�cação tardia da Alemanha, que ocorrerá somente no século XIX. Do ponto de vista religioso, os tratados garantem liberdade de culto para católicos, luteranos e calvinistas, o que acaba com as pretensões dos Habsburgos de instituir o catolicismo como religião hegemônica. Vestfália é emblemática porque inaugura o chamado sistema internacional moderno , pois pela primeira vez são reconhecidos princípios de soberania e a ideia de estado-nação. Podemos dizer, então, que o homem moderno é um homem em con�ito. Por um lado, a razão e as novas descobertas cientí�cas apresentam um mundo novo, no qual o homem e capaz de desvendar os mecanismos da criação divina. Por outra, a fé, que insiste nos mistérios e dogmas religiosos. 6 Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon173/aula3.html Notas encomendou obras aos artistas renascentistas 1 Todavia, o movimento de contrarreforma, no século XVI, em especial após o Concílio de Trento, fez com que a igreja revisse sua posição em relação à arte renascentista, da qual ela tanto se bene�ciara no século anterior. Com o concílio, cujo um dos objetivos era reagir à expansão do protestantismo, o catolicismo reforça seu aspecto moral especialmente no que concerne as artes plásticas. Podemos citar como exemplo, a Capela Sistina, uma das obras primas de Michelangelo. Minas Gerais 2 O caso de Minas Gerais é emblemático. No século XVIII, com o ciclo do ouro, cidades como Vila Rica, atual Ouro preto, ganham enorme destaque, pois por ela a�uem os diversos minérios preciosos que irão escoar para os portos em direção à Península Ibérica. Nesse período, destaca-se o trabalho de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, escultor, entalhador e arquiteto; dentre suas obras, de valor incalculável, encontra-se o conjunto dos doze profetas, feitos em pedra sabão – típica da região de Minas Gerais – em Congonhas do Campo, e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto. Bahia 3 Na Bahia do século XVII, coexistem diversas irmandades que erguem vários templos aos santos de sua devoção. O estilo rebuscado do barroco pode ser visto em grande parte destas construções, que fazem de cidades como Salvador, um exemplo único da cultura colonial de seu tempo. Período de ouro espanhol 4 Apesar de rever um intenso a�uxo de metais vindos da América, o espanhois não conseguiram reter e acumular os minérios preciosos, que se escosvam rapidamente do reino. Habsburgos 5 Os reis Habsburgos desejavam centralizar os territórios pertencentes ao Império, que juntos, somavam mais de 300 reinos diferentes. Mas, esses reinos careciam de uma identidade, um princípio que os uni�casse. A Dinastia Habsburgo era católica e buscou na religião o princípio uni�cador entre os estados. Entretanto, a reforma já se espalhara pelos reinos e os protestantes se opuseram à iniciativa de consolidação do catolicismo na região, que opôs duas ligas: a Liga Evangélica, dos príncipes protestantes e a Liga Sagrada, dos príncipes católicos. Sistema internacional moderno 6 A Europa do século XVII marca a consolidação das grandes rupturas que haviam ocorrido na transição do período Medieval para o Moderno, com o fortalecimento dos estados nacionais. No tocante às mentalidades, embora a reforma e o renascimento tenham aberto espaço para a proliferação de uma nova visão de mundo, as sociedades ainda guardam diversas heranças do catolicismo arraigado e das superstições do período anterior. Ainda se contam histórias sobre os seres fantásticos que habitam as �orestas, mesmo que haja um enorme avanço cienti�co. O desenvolvimento tecnológico que permitiu aos navegadores atravessarem o Atlântico e conhecerem um novo mundo não impediu que ainda houvesse a crença em monstros marinhos, a Reforma aproximava o homem de Deus sem a necessidade de intermediários, mas ainda se acreditava no poder das bruxas e na magia negra. A Europa do século XVII marca a consolidação das grandes rupturas que haviam ocorrido na transição do período Medieval para o Moderno, com o fortalecimento dos estados nacionais. No tocante às mentalidades, embora a reforma e o renascimento tenham aberto espaço para a proliferação de uma nova visão de mundo, as sociedades ainda guardam diversas heranças do catolicismo arraigado e das superstições do período anterior. Ainda se contam histórias sobre os seres fantásticos que habitam as �orestas, mesmo que haja um enorme avanço cienti�co. O desenvolvimento tecnológico que permitiu aos navegadores atravessarem o Atlântico e conhecerem um novo mundo não impediu que ainda houvesse a crença em monstros marinhos, a Reforma aproximava o homem de Deus sem a necessidade de intermediários, mas ainda se acreditava no poder das bruxas e na magianegra. Referências BURKHARDT, Jacob. A cultura do renascimento na Itália: um ensaio. São Paulo: Cia das letras, 2009. p. 25 Próxima aula A montagem da empresa colonial europeia; O etnocentrismo europeu; A crise do sistema colonial. Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Se ainda tiver alguma dúvida, fale com seu professor online, utilizando os recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.