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1 Petição Inicial – Reclamação Trabalhista Sumário: 1.1. Conceito: 1.1.2. Jus postulandi: 1.2. Importância de uma boa redação: 1.3. Forma: Verbal ou Escrita: 1.3.1. Reclamação Trabalhista Verbal: 1.3.1.1. Procedimento: 1.3.1.2. Penalidade pela não redução a termo: 1.3.2. Reclamação Trabalhista Escrita: 1.3.2.1. Endereçamento: 1.3.2.2. Qualificação das partes: reclamante e reclamado: 1.3.2.3. Breve exposição dos fatos: causa de pedir: 1.3.2.4. Pedido: 1.3.2.4.1. Pedido certo e determinado: 1.3.2.4.2. Pedidos alternativos e sucessivos (subsidiário): 1.3.2.5. Requerimentos – Citação / Notificação da parte contrária; Justiça Gratuita; Provas: 1.3.2.6. Valor da causa: 1.4. Petição Inicial – Ritos: 1.4.1. Rito Sumário (rito de alçada): 1.4.2.1 Peculiaridades do rito sumaríssimo: 1.4.3. Rito Ordinário: 1.5. Indeferimento da Petição Inicial no Processo do Trabalho – Emenda ou Aditamento –: 1.6. Comissão de Conciliação Prévia: 1.7. Tutela Provisória: 1.7.1. Tutelas provisórias de urgência contempladas na CLT: 1.7.2. Tutela de urgência antecipada e tutela de urgência cautelar: 1.7.2.1. Requisitos da tutela de urgência antecipada e cautelar: 1.7.2.1. Tutela de urgência antecedente e tutela de urgência incidental: 1.7.3. Tutela de urgência cautelar: 1.7.4. Fungibilidade das tutelas de urgência: 1.7.5. Tutela da evidência. A petição inicial na Justiça do Trabalho, como regra, é conhecida como Reclamação Trabalhista. Esta nomenclatura, na Justiça do Trabalho, foi a sugerida pelo legislador, art. 837 e seguintes da CLT. Contudo, é comum a utilização dos dois termos. 1.1. Conceito Conforme aponta Francisco Ferreira Jorge Neto1, a petição inicial é o meio material de que o cidadão dispõe para ativar a prestação jurisdicional, 1 CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa; JORGE NETO, Francisco Ferreira. Prática Jurídica Trabalhista. 6ª ed., São Paulo: Atlas, 2015, p. 29. expondo a relação jurídica material controvertida e os seus fundamentos jurídicos e legais, além do requerimento da respectiva solução pelo Estado. A reclamação trabalhista, nada mais é do que um ato introdutório do processo, materialização do direito de ação2. Seria o start do processo. Mauro Schiavi, aponta de forma objetiva que, “a petição inicial é vital para o processo, pois é ela que baliza a sentença, que não pode se divorciar dos limites do pedido (art. 141 e 492 do CPC)”3. 1.1.2. Jus postulandi Na Justiça do Trabalho a presença do advogado é dispensável. A parte (reclamante ou reclamado) tem capacidade para postular os seus direitos ou de se defender sem a necessidade de advogado. Na seara trabalhista, ainda persiste este instituto. CLT - Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final. Contudo, o Tribunal Superior do Trabalho limitou o jus postulandi na justiça do trabalho: Súmula nº 425 do TST. JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado 2 SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. Petição Inicial. São Paulo: LTr, 1996, p. 83. 3 SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual do trabalho. 10ª ed., São Paulo: LTr, 2016, p. 529. de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho. Assim, o jus postulandi não pode ser exercido pela parte nos casos de: - ação rescisória; - ação cautelar; - mandado de segurança; - recursos de competência do TST. 1.2. Importância de uma boa redação A petição inicial deve ser cuidadosamente redigida, sopesando-se cada palavra, o encadeamento lógico da exposição e a correta formulação do pedido. Sua redação, inclusive, deve obedecer aos requisitos do estilo: clareza, precisão e concisão4. 1.3. Forma: Verbal ou Escrita. A reclamação trabalhista pode ser proposta de forma verbal ou escrita. Art. 840 da CLT - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. 1.3.1. Reclamação Trabalhista Verbal Art. 840 da CLT – [...] § 1º - [...] 4 GIGLIO, Wagner D. Direito processual do trabalho. 15 ed., São Paulo: Saraiva, 2005, p. 175 § 2º - Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em 2 (duas) vias datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que couber, o disposto no parágrafo anterior. Interessante apontar que, ainda que a reclamação trabalhista seja verbal, deverá ser reduzida a termo, pois o Juiz do Trabalho somente tomará contato com a petição inicial escrita. 1.3.1.1. Procedimento Quanto ao procedimento, conforme preceitua o art. 786 da CLT, a reclamação verbal deverá ser distribuída antes de sua redução a termo. Após a distribuição da reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no art. 731, art. 786, parágrafo único da CLT. Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do Trabalho. 1.3.1.2. Penalidade pela não redução a termo A penalidade aludida no artigo supra, aponta que, se o reclamante distribuir a reclamação verbal e não voltar no prazo estabelecido pelo mesmo artigo, 5 (cinco) dias, só poderá propor nova reclamação trabalhista após 6 meses. Vale ressaltar que na maioria das Varas do Trabalho, a distribuição e a redução a termo (fatos ocorridos na relação de trabalho) ocorrem no mesmo ato. Interessante notar, que a penalidade imposta pelo referido artigo ocorre na primeira distribuição, diferentemente da reclamação trabalhista escrita, que por sua vez, só poderá ser proposta após 6 (seis) meses da propositura de 2 (duas) ações arquivadas pelo não comparecimento do reclamante na primeira audiência designada pela Vara do Trabalho. OBS: No inquérito para apuração de falta grave (art. 853) e nos dissídios coletivos não se admite reclamação verbal. 1.3.2. Reclamação Trabalhista Escrita Art. 840 da CLT e 391 do NCPC: Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal. § 1º - Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do Presidente da Junta, ou do juiz de direito a quem for dirigida, a qualificação do reclamante e do reclamado, uma breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante. Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. As reclamações trabalhistas, devem conter obrigatoriamente os elementos da ação: Partes, Causa de Pedir e Pedido. Pensando na estrutura das reclamações trabalhistas, abordaremos, passo a passo e de forma objetiva, os seus principais requisitos. 1.3.2.1. Endereçamento Designação do Juiz do Trabalho. Exemplo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE GUARULHOS/SP.OBS: Por mais que o juiz do trabalho seja magistrado federal a constituição não o denomina como juiz federal do trabalho, e sim como juiz do trabalho. Portanto, a nomenclatura correta a ser utilizada é Juiz do Trabalho. 1.3.2.2. Qualificação das partes: reclamante e reclamado Reclamante: nome completo, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência com CEP, CPF, RG - com o órgão expedidor, número da CTPS, PIS, nome da mãe (importante dado para evitar o homônimo), data de nascimento. Tomamos por base o Provimento GP/CR nº 05/2008, art. 339, do TRT2. Reclamado: - Se Pessoa Física: indicar sua qualificação e endereço completo. - Se Pessoa Jurídica: nome completo, endereço completo e CNPJ. OBS: Se a parte não detém todas as informações da parte contrária poderá ser declarado que desconhece tais dados. Logo, percebe-se que o endereço e o nome da parte contrária são dados fundamentais na sua qualificação. 1.3.2.3. Breve exposição dos fatos: causa de pedir Conforme preceitua o artigo 840 da CLT, não seria necessária a exposição dos fundamentos jurídicos, bastando a exposição dos fatos na reclamação trabalhista. Contudo, abordaremos o tema conforme o art. 319 do NCPC, que pontua sobre a necessidade da exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Os fatos e fundamentos jurídicos também são conhecidos como causa de pedir. Fato + Fundamento Jurídico = Causa de Pedir. Para Joel Dias Figueira Júnior5, a causa de pedir é o núcleo da petição inicial. Corroboramos do mesmo entendimento. Fato: são literalmente os fatos ocorridos na relação de emprego, o fato em si mesmo. Chamamos esses fatos de causa de pedir próxima. Fundamento jurídico: Trata-se da fundamentação jurídica sobre os fatos narrados. Chamamos essa fundamentação jurídica de causa de pedir remota. 5 FIGUEIRA JUNIOR, Joel Dias. Comentários ao Código de Processo Civil. V4 – T.II 2ª e., São Paulo: RT, 2007, p. 49. Lembrando que o CPC adotou a teoria da substanciação, ou seja, a coexistência do fato e da fundamentação jurídica a qual chamamos de causa de pedir. 1.3.2.4. Pedido Pedido, nada mais é do que o resumo do que o autor pretende receber. É através dele que o autor externa sua pretensão. Pode ser imediato ou mediato: - Pedido Imediato; consiste na providencia jurisdicional (declaratório, constitutivo ou condenatório). - Pedido Mediato: consiste na tutela do bem jurídico pretendido, ou seja, na reparação do direito violado, por exemplo, horas extras. Lembrando que o juiz está adstrito ao pedido da parte, art. 492 e 141 do NCPC. Relembrando: - Extra petita: O juiz concede tutela jurisdicional diversa do pedido formulado. - Ultra petita: O juiz concede a tutela jurisdicional correta, mas em quantidade maior. - Citra petita: o juiz concede a tutela jurisdicional correta. Mas em quantidade menor, sem motivo justificável. OBS: Na seara trabalhista há alguns casos em que o juiz pode se utilizar da Extrapetição. Exemplo, indenização no caso de pedido de reintegração de empregado estável. Art. 496 da CLT. 1.3.2.4.1. Pedido certo e determinado Os pedidos nas reclamações trabalhistas deverão ser formulados de forma certa (expressa) e determinada (aspectos qualitativos e quantitativos). Os pedidos genéricos são exceções. As hipóteses estão descritas no art. 322 e 324 do NCPC. No direito do trabalho os pedidos genéricos mais comuns são os pedidos de indenização onde se pede para o juiz fixar o quantum da indenização. 1.3.2.4.2. Pedidos alternativos e sucessivos (subsidiário) Pedido Alternativo: trata-se da possibilidade do devedor escolher o cumprimento da obrigação. Na seara trabalhista, podemos exemplificar da seguinte forma: requerimento do fornecimento das guias do seguro-desemprego ou o pagamento da quantia equivalente ao benefício pleiteado. Pedido Sucessivo (subsidiário): trata-se de pedidos subsidiários. A alternância ocorre se o primeiro pedido, principal, for rejeitado. Aqui não há escolha do devedor. Exemplo: Juiz eu quero “A”, se vossa excelência não conceder “A” então eu quero, no mínimo, “B”. 1.3.2.5. Requerimentos – Citação / Notificação da parte contrária; Justiça Gratuita; Provas No processo do trabalho não temos, como regra, o procedimento citatório. O que temos é a notificação da parte contrária, art. 841 da CLT. Esta notificação ocorre sem a análise primária do juiz do trabalho, diferentemente do que ocorre no processo cível. Quem emite a notificação é a secretária da vara, sem antes o juiz ter contato com a petição inicial. Se o empregado não possuir condições financeiras para arcar com as custas do processo poderá requeres os benefícios da gratuidade de justiça. Vale ressalta o entendimento do TST sobre a comprovação da “declaração de pobreza”, in verbis: O simples fato de o autor estar empregado e ter auferido renda não afasta por si só a presunção de pobreza, pois a situação de pobreza não é medida única e exclusivamente pela renda auferida, mas por uma somatória de fatores, como o nível de endividamento, por exemplo" RR-845- 33.2010.5.02.0444, Aloysio Corrêa da Veiga, relator, 6ª turma. O requerimento da gratuidade de justiça tem amparo no art. 790, §3º da CLT. Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas. Seria necessário apresentar ou requer as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados juntamente com a petição inicial, art. 319, VI do NCPC? Sérgio Pinto Martins entende que a CLT tem dispositivo próprio para exarar sobre as provas no processo trabalhista, art. 845 da CLT, não aplicando o art. 391, VI do NCPC. Francisco Ferreira Neto entende que o art. 391, VI, do NCPC é aplicável no processo do trabalho. https://aplicacao5.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=845&digitoTst=33&anoTst=2010&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0444 https://aplicacao5.tst.jus.br/consultaProcessual/consultaTstNumUnica.do?consulta=Consultar&conscsjt=&numeroTst=845&digitoTst=33&anoTst=2010&orgaoTst=5&tribunalTst=02&varaTst=0444 Corroboramos do mesmo entendimento de Sergio Pinto Martins. No entanto, é comum o requerimento do protesto de provas dos fatos alegados na reclamação trabalhista. Vale ressaltar que, são documentos indispensáveis aqueles sem os quais o mérito da causa não possa ser julgado, por exemplo: norma coletiva, contrato que e pretende anular etc. 1.3.2.6. Valor da causa Valor da Causa é a importância pecuniária que se atribui ao pedido. Não podendo ser calculada de imediato, deverá ser calculada por estimativa. Art. 319, V do NCPC. O valor deverá ser fixado: -Havendo pedidos cumulados, a soma de todos; -Havendo pedidos alternativos, o de maior valor; -Havendo pedidos sucessivos, o valor do principal; Por fim, a reclamação trabalhista deverá conter a assinatura do autor ou do seu representante (advogado). 1.4. Petição Inicial – Ritos Rito Ordinário, Sumaríssimo e Sumário. Como regra, na justiça do trabalho, o que determina o rito procedimental a ser seguido é o valor da causa. Quando pensamos nos “ritos” devemos ter em mente que cada rito apresentará peculiaridades especiais. 1.4.1. Rito Sumário (rito de alçada) Art. 2º, §3º, da Lei 5584/70 = Até 2 (dois) salários mínimos. O rito sumário deixou de ser utilizado na prática, não obstante subsista previsão legal. Ainda que alguns autores sustentam que ele deixou de existir com a instituição do rito sumaríssimo, ele ainda está vigente em nosso sistema. 1.4.2. Rito SumaríssimoArt. 852-A e seguintes da CLT = Até 40 (quarenta) salários mínimos. O que diferencia o rito sumaríssimo do ordinário são algumas peculiaridades que o rito sumaríssimo detém por ser mais célere. Vale ressaltar, que a estrutura da redação da reclamação trabalhista, tanto no rito ordinário, quanto no rito sumaríssimo, é a mesma. Como dito, o que muda são apenas algumas peculiaridades contidas no rito sumaríssimo. 1.4.2.1 Peculiaridades do rito sumaríssimo - O pedido deverá ser certo e determinado, com sua respectiva quantificação (líquido), art. 852-B, I. Logo, na peça inicial (reclamação trabalhista) os pedidos deverão ser liquido. - Não há citação por edital. O reclamante tem que informar corretamente o nome e endereço da parte contraria, art. 852-B, I. - Se não for observada as peculiaridades acima o processo é arquivado, art. 852-B, §1º. - Como regra, as reclamações trabalhistas são instruídas em audiência única, art. 852-C. Nos casos em que houver a necessidade de perícia, por exemplo, poderá o juiz designar nova data para a realização de nova audiência, art. 852-H, §4º. - Art. 852-E: o juiz tem a obrigação de persuadir os litigantes a conciliarem. - Os incidentes e exceções processuais deverão ser decididos de plano na audiência. - Numero de testemunhas: 2 (duas), no máximo, art. 852-H, §2º. Cuidado: as testemunhas deverão comparecer independente de intimação, ou seja, a convite da parte. O juiz só procederá a intimação da testemunha se for comprovado o convite, art. 852-H, §3º. 1.4.3. Rito Ordinário Demais reclamações trabalhistas = acima de 40 (quarenta) salários mínimos. OBS: as ações que figuram a administração pública direta, autárquica e fundacional sempre observarão o rito ordinário. 1.5. Indeferimento da Petição Inicial no Processo do Trabalho – Emenda ou Aditamento – * Emendar a inicial significa corrigi-la. * Aditar a inicial significa adicionar. No processo do trabalho as possíveis emendas e aditamentos ocorrem com mais frequência e possibilidades, pois a notificação da parte contrária (reclamada) ocorre sem a análise primária do juiz, pois quem emite a notificação da parte contrária é a secretária da vara, sem antes o juiz ter contato com a petição inicial, diferentemente do que ocorre no processo cível, em que juiz manda emendar ou aditar a petição inicial antes de citar a parte contraria. Logo, o juiz do trabalho tem o seu primeiro contato com a petição inicial (reclamação trabalhista) no dia designado para a primeira audiência. Vejamos os apontamentos do NCPC e do TST sobre o indeferimento da petição inicial, in verbis: Art. 321 do NCPC: O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. Súmula nº 263 do TST: PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE. Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm Se a petição Inicial for indeferida de plano, art. 330 do NCPC, cabe Recurso Ordinário. Lembrando que estamos diante de uma decisão sem resolução de mérito (terminativa), exceto nos casos de prescrição e decadência (resolução de mérito). Seria aplicável o art. 331 do NCPC no processo trabalhista (juízo de retratação)? Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar (recurso ordinário), facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. Grifo nosso. No nosso sentir sim, art. 769 da CLT. Art. 769 - Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título. 1.7. Tutela Provisória Base legal: Artigos 294 e seguintes do CPC. Sugerimos a leitura dos artigos 294 à 311 do CPC. Tutelar direitos é a função principal da Justiça. Já o processo, é o instrumento pelo qual se busca a efetividade desta tutela. Na busca da tutela pretendida por meio do Estado/Juiz, há situações em que a longa duração do processo acaba por gerar prejuízos ou risco de prejuízos para uma das partes, comprometendo a efetividade do direito que se busca por meio do poder judiciário. No mesmo passo, o professor Wambier aponta que, a tutela antecipada, “foi introduzida no sistema processual brasileiro [...], visando erradicar a ineficiência do processo diante da declarada e assumida morosidade do Poder Judiciário na solução dos conflitos”6. Oportuno os apontamentos de Luiz Guilherme Marinone sobre o tema: O procedimento ordinário é injusto às partes mais pobres, que não podem esperar, sem dano grave, a realização dos seus direitos. Todos sabem que os mais fracos ou pobres aceitam transacionar sobre os seus direitos em virtude da lentidão da justiça, abrindo mão da parcela do direito que provavelmente seria realizado, mas depois de muito tempo. A demora do processo, na verdade, sempre lesou o princípio da igualdade.7 Diante desta realidade criam-se as técnicas de sumarização – tutelas sumárias, liminares -. Conforme redação do art. 294 e seu parágrafo único do CPC, a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. Sendo que, a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Logo, podemos dizer que a tutela provisória se subdivide em tutela de urgência e tutela da evidencia. Sendo que a primeira, pode ser assecuratória (cautelar), ou antecipatória (tutela antecipada). Já a segunda (evidência), busca a efetivação, a concessão, de um direito incontroverso. 6 WAMBIER, L. R.; ALMEIDA, F.R.C. de; TALAMINI, E. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 346. 7 MARINONE, Luiz Guilherme. A tutela antecipada na reforma do processo civil. São Paulo: Malheiros, 1995, p. 14. Percebe-se que o intuito da tutela provisória, independente da modalidade (urgência ou evidência), pretende combater os riscos de dano para quem busca o provimento jurisdicional, derivados da demora da solução judicial do litigio. Assim, quando nos deparamos com a necessidade de maior celeridade do provimento jurisdicional, podemos nos valer das tutelas diferenciadas - tutelas de urgência ou evidência-, que se apresentam como meios de regulação provisória do litigio que envolve as partes do processo, ou seja, antecipação do que se pretende no processo. Por fim, o legislador previu que a tutela de urgência pode se dar de forma antecipada ou cautelar. 1.7.1. Tutelas provisórias de urgência contempladas na CLT Antes de adentrarmos ao tema, propriamente dito - tutelas provisórias NCPC - vale frisar que a CLT contempla apenas duas hipóteses de concessão de liminar no curso do processo de conhecimento, artigo 659, IX e X: Art. 659 - Competem privativamente aos Presidentes das Juntas, além das que lhes forem conferidas neste Título e das decorrentes de seu cargo, as seguintesatribuições: IX - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem a tornar sem efeito transferência disciplinada pelos parágrafos do artigo 469 desta Consolidação. X - conceder medida liminar, até decisão final do processo, em reclamações trabalhistas que visem reintegrar no emprego dirigente sindical afastado, suspenso ou dispensado pelo empregador. Assim, a CLT trata o tema de forma genérica, na medida que não prevê a possibilidade da antecipação do resultado final da lide para outras hipóteses em que se verifique a necessidade de sua antecipação8, como por exemplo, a reintegração de empregado estável que não seja dirigente sindical. Ao bem da verdade, na prática, o tópico específico na petição inicial que dissertará sobre a antecipação do resultado final do processo, deverá apenas observar os dispositivos legais específicos, pois os requisitos bases são os mesmos, isto é, a presença do fumus boni iures e do periculum in mora. Exceção encontramos na tutela da evidência, mas trataremos do tema em tópico específico. Por exemplo, se a questão versar sobre reintegração de dirigente sindical, a base legal será o dispositivo da CLT, art. 659, X. Se a questão versar sobre reintegração de gestante, a base legal será o dispositivo do NVPC, art. 300 e seguintes. Vale ressaltar que há doutrinadores que pregam que o dispositivo legal celetista pode ser utilizado de forma analógica para as demais hipóteses de estabilidades. 1.7.2. Tutela de urgência antecipada e tutela de urgência cautelar - CPC Nas tutelas de urgência antecipada, a pretensão da parte é a satisfação antecipada do direito pretendido, ou seja, tem caráter finalístico, o que se objetiva é a antecipação da pretensão do pedido final. Trata-se de tutela satisfativa. Já a tutela de urgência cautelar tem natureza conservativa, ou seja, busca a conservação do direito. Esta medida provisória pretende conjugar o pedido provisório com o objeto sobre o qual deva incidir o pedido final (ação principal), como por exemplo, assegurar futura satisfação de crédito na fase de execução. 8 BEZERRA LEITE. Carlos Henrique. Curso de direito processual do trabalho, 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 597. Segundo Ramiro Podetti9, tais medidas (cautelares) tem o objetivo de assegurar bens, pessoas e provas para a obtenção da pretensão do pedido final (ação principal). Para facilitar a compreensão exemplificamos: Como exemplo de “assegurar bens” temos a figura do arresto. Como exemplo de “assegurar pessoas” temos a figura da guarda de pessoas. Como exemplo de “assegurar provas” temos a figura da produção antecipada de provas. Percebe-se que são figuras muito próximas. No direito comparado, não existe distinção entre essas duas medidas, todas recebem a nomenclatura de medidas cautelares10. 1.7.2.1. Requisitos da tutela de urgência antecipada e cautelar CPC. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Em regra, a doutrina, diz ser necessário o fumus boni iuris (probabilidade do direito) e o periculum in mora (perigo de dano OU o risco ao resultado útil do processo) para justificar as tutelas de urgência, seja para a tutela de urgência antecipa, seja para a tutela de urgência cautelar. Contudo, a 9 PODETTI, Ramiro. Tratado de las Medidas Cautelares. Buenos Aires, 1956, p. 36. 10 THEODORO JÚNIOR, Humberto, Curso de Direito processual Civil, Vol. I. 56ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 812. densidade dos requisitos podem variar. Humberto Theodoro, com maestria aponta que: Segundo o princípio da proporcionalidade, o que se passa é que quanto mais verossímil o direito, menos rigorosa se apresenta a exigência do risco de dano; e quanto mais grave o perigo de uma lesão extrema e irreparável, mais se atenua o rigor na exigência do fumus boni iuris. Assim é que se vai da admissibilidade de medidas liminares para “tutela pura do fumus extremado” (tutela da evidência, sem reportar-se ao perigo de dano) até a adoção de “tutela do periculum extremado” (como nas medidas autorizadas pela legislação ambiental, que se fundam no “princípio da precaução”, sem maior preocupação com demonstração efetiva do direito – fumus – dada a “emergência crítica” evidenciada no caso analisado). Entre os dois extremos, cabem inúmeros tipos, em que ora se valoriza mais intensamente o fumus, ora o periculum, embora ambos sejam exigidos, ainda que assimetricamente.11 1.7.2.1. Tutela de urgência antecedente e tutela de urgência incidental Muitos doutrinadores, com espeque no novo Código de Processo Civil, subdivide as tutelas de urgência em tutela de urgência antecedente e tutela de urgência incidental. Conforme preceitua o art. 303 do CPC, o pedido de urgência pode ser anterior a propositura do processo principal (tutela de urgência antecedente), e segundo o art. 300 do CPC o pedido de urgência pode ocorrer juntamente 11 THEODORO JÚNIOR, Humberto, Curso de Direito processual Civil, Vol. I. 56ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 799. (dentro) do processo principal (tutela de urgência incidental), seja liminarmente, na propositura da demanda ou no transcorrer do processo. Lembrando que, quando se tratar de tutela de urgência antecedente, o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar, art. 303, §1º, I do CPC. 1.7.3. Tutela de urgência cautelar CPC. Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. O novo CPC traz o mesmo espírito do código de processo civil pretérito no que tange às medidas cautelares, conforme citação do artigo supra. Manteve-se o poder geral de cautela, no entanto não temos mais um capítulo especial no novo código que dispõem sobre procedimentos específicos das medidas cautelares. 1.7.3.1. Tutela de urgência cautelar - Procedimentos A tutela cautelar antecedente deverá ser proposta no juízo competente para apreciar a demanda principal, art. 299 do CPC. A petição inicial acautelatória antecedente deverá observar os requisitos básicos do art. 305 do CPC, in verbis: Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Por ser autônoma a medida cautela, deverá conter o valor da causa. Concedida a medida liminar ou não, o demandado deverá ser citado para contestar o pedido da medida cautelar, no prazo de 5 (cinco) dias, art. 306 do CPC. No procedimento cautelar também se aplica os efeitos da revelia se o demandado não contestar os pedidos, devendo o magistrado decidir a questão em 5 (cinco) dias. Se houver a necessidade de audiência de instrução e julgamento, o magistrado assim designará, caso contrário, após a apresentação de contestação, o juiz chamará o processo a conclusão e decidira sobre o pedido. Contra sentença proferida no processo cautelar cabe Recurso Ordinário. Vale ressaltar que o pedido principal deverá ser formulado no prazo de 30 (trinta) dias, art. 308 do CPC. 1.7.4. Fungibilidade das tutelas de urgência Quanto aos procedimentos das tutelas urgência, no que tange o correto manejo da medida provisória,a melhor doutrina12, hodiernamente com amparo no art. 305, parágrafo único do CPC, prima pela flexibilização dos procedimentos, ou seja, para a busca da garantia de efetividade da tutela jurisdicional, as questões meramente formais não podem obstar à realização de valores constitucionalmente garantidos. Logo, nas tutelas provisórias opera-se o princípio da fungibilidade dos procedimentos. 1.7.5. Tutela da evidência CPC. Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. 12 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias de urgência. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 291. Quando se pensa na tutela da evidência, o direito pleiteado de forma sumária, antecipada, não está apoiado em situações de “perigo de dano”, ou seja, não há necessariamente o periculum in mora, e sim em uma causa que se pode aferir liquidez e certeza do direito material pretendido, isto é, o direito de uma das partes está suficientemente provado. Aqui as provas são robustas e os elementos de convicção são suficientes para garantir, ainda que de forma antecipada, em favor de uma das partes no processo.13 Luiz Fux, na obra “Tutela de segurança e tutela da evidencia”, diz que trata-se de direito evidente, cuja a prova dos fatos alegados são incontestáveis, ou ao menos impassíveis de contestação séria. Podemos explicar, no Direito do Trabalho, as situações em que o empregador demite o empregado e não homologa a sua rescisão contratual. Nestes casos, com a propositura da reclamação trabalhista, é possível pedir de forma antecipada (tutela de evidência) o soerguimento do FGTS e autorização para pleitear Seguro Desemprego, pois é evidente que nos casos de rescisão contratual por iniciativa do empregador o empregado tem direito a soerguer o FGTS e receber Seguro Desemprego. Assim, a tutela da evidência pressupõe, por sua própria natureza, demanda principal já ajuizada. Podendo a ação ajuizada contar com pedido liminar logo na propositura da ação, art. 311 parágrafo único do CPC, ou incidentalmente, art. 311, I do CPC. 13 THEODORO JÚNIOR, Humberto, Curso de Direito processual Civil, Vol. I. 56ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 887. MONTANDO A PEÇA: Petição Inicial - Reclamação trabalhista – Rito Ordinário. Pontos necessários: 1) Endereçamento; 2) Qualificação das Partes, identificação (nominação da peça), base legal; 3) Fato e Fundamento Jurídico (tópicos separados); 4) Pedido, Requerimentos finais; 5) Encerramento. Exemplo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___VARA DO TRABALHO DE GUARULHOS/SP14 SERGIO CALDAS, brasileiro, casado, soldador, portador da Cédula de Identidade Rg nº 44.454.544-1 SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob o nº 303.453.833-33, e-mial: sergiocaldas@pinus.com, CTPS nº 071171 Série: 00202–SP cadastrado no PIS sob o nº 2.049.113.102-4, nascido em 17.06.1980, filho de SILVIA CALDAS, residente e domiciliado na Rua Jaú, 34 – Jardim Odete – Guarulhos/SP - CEP: 02598-004, por seu advogado que esta subscreve, endereço completo e CEP, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos art. 840, §1º da CLT e art. 319 do CPC, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 14 Para facilitar a escrita para os candidatos à aprovação no exame de ordem, sugerimos o seguinte endereçamento: AO DOUTO JUÍZO DA ___ DO TRABALHO DE GUARULHOS/SP. Em face de TOP LINE LTDA, inscrita no CNPJ sob nº 16.126.056/0001-90, com endereço na Rua Bajé, 690 - Jardim Courace - Guarulhos/SP - CEP: 01022- 303. I - DO CONTRATO DE TRABALHO15 O reclamante foi contratado para exercer a função de soldador em 12 de abril de 2012. Exerceu seu horário de trabalho de segunda à quinta-feira das 8 às 18 horas e as sextas-feiras das 8 às 17 horas, com 1 (uma) hora de intervalo intrajornada para refeição e descanso, tendo percebido como último salário o valor de R$ 1.238,00 (um mil e duzentos trinta e oito reais). Foi dispensado em 27.11.2015, sem justo motivo. II - DO AVIDO PRÉVIO Em 02 de março de 2015 o reclamante recebeu notificação, aviso prévio, que seu contrato de trabalho iria se extinguir, sem justo motivo. Contudo, a Reclamada lhe informou que o aviso prévio seria pago de forma indenizada. Conforme pode se verificar no TRCT, em anexo, o salário correspondente ao aviso prévio não foi pago. Assim, nos termos da Lei 12.506/11, requer o pagamento do aviso prévio de forma indenizada, no montante de 39 dias. III - DAS FÉRIAS Neste diapasão, as férias é um dos direitos do obreiro assegurado pela Constituição Federal, art. 7º, inc. XVII, CLT, art. 129 e seg. e Convenção nº 132 da OIT. Direito este que visa a melhoria da condição social 15 Para os candidatos à aprovação no exame de ordem, não há a necessidade de inserir este tópico na petição inicial. do trabalhador, sempre acrescido de um terço sobre o valor das férias a serem recebidas. O reclamante não gozou férias durante todo o pacto laboral. Neste caso, tem direito a férias simples e proporcionais dos seguintes períodos aquisitivos: Abril de 2013 à abril de 2014, acrescidas do 1/3 constitucional; e, Abril de 2014 à abril de 2015, acrescidas do 1/3 constitucional. Assim, nos termos dos artigos 130 e 146 da CLT, requer o pagamento das férias acima discriminadas. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Face ao exposto requer a procedência dos pedidos abaixo elencados, condenando a reclamada ao pagamento dos seguintes títulos: - Férias simples ......................................................................... indicar valor (R$); - 1/3 das férias simples .............................................................. indicar valor (R$); - Férias proporcionais ............................................................... indicar valor (R$); - 1/3 das férias proporcionais .................................................... indicar valor (R$); - Aviso prévio proporcional indenizado, 39 dias ......................... indicar valor (R$); - Requer seja que esse juízo se digne conceder ao reclamante os benefícios da gratuidade da justiça, nos termos do art. 790, §3º da CLT, por não ter meios suficientes para custear as despesas da causa e manter-se. - Ex positis, requer a notificação da reclamada, para comparecer à audiência a ser designada e, querendo, contestem a presente reclamatória, sob pena de confissão e revelia. - Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em Direito, notadamente pelo depoimento pessoal dos representantes legais da reclamada, oitiva de testemunhas, apresentação de documentos e o que mais se fizer necessário na busca da verdade e efetivação da justiça. Espera, por fim, seja a presente reclamação trabalhista julgada PROCEDENTE, para condenar a reclamada no pedido e nas demais cominações de estilo, sem exceção. Dá-se à presente causa o valor de R$ ____________ (tantos mil reais). Termos emque, pede deferimento. Guarulhos, 28 de fevereiro de 2019. Nome do advogado OAB/SP nº MONTANDO A PEÇA: Petição Inicial - Reclamação trabalhista – Rito Ordinário. Pontos necessários: 1) Endereçamento; 2) Qualificação das Partes, identificação (nominação da peça), base legal; 3) Fato e Fundamento Jurídico (tópicos separados); 4) Pedido, Requerimentos finais; 5) Encerramento. Exemplo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ___VARA DO TRABALHO DE GUARULHOS/SP16 SERGIO CALDAS, brasileiro, casado, soldador, portador da Cédula de Identidade Rg nº 44.454.544-1 SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob o nº 303.453.833-33, e-mial: sergiocaldas@pinus.com, CTPS nº 071171 Série: 00202–SP cadastrado no PIS sob o nº 2.049.113.102-4, nascido em 17.06.1980, filho de SILVIA CALDAS, residente e domiciliado na Rua Jaú, 34 – Jardim Odete – Guarulhos/SP - CEP: 02598-004, por seu advogado que esta subscreve, endereço completo e CEP, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos art. 840, §1º da CLT e art. 319 do CPC, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA 16 Para facilitar a escrita para os candidatos à aprovação no exame de ordem, sugerimos o seguinte endereçamento: AO DOUTO JUÍZO DA ___ DO TRABALHO DE GUARULHOS/SP. Em face de TOP LINE LTDA, inscrita no CNPJ sob nº 16.126.056/0001-90, com endereço na Rua Bajé, 690 - Jardim Courace - Guarulhos/SP - CEP: 01022- 303. I - DO CONTRATO DE TRABALHO17 O reclamante foi contratado para exercer a função de soldador em 12 de abril de 2012. Exerceu seu horário de trabalho de segunda à quinta-feira das 8 às 18 horas e as sextas-feiras das 8 às 17 horas, com 1 (uma) hora de intervalo intrajornada para refeição e descanso, tendo percebido como último salário o valor de R$ 1.238,00 (um mil e duzentos trinta e oito reais). Foi dispensado em 27.11.2015, sem justo motivo. II - DO AVIDO PRÉVIO Em 02 de março de 2015 o reclamante recebeu notificação, aviso prévio, que seu contrato de trabalho iria se extinguir, sem justo motivo. Contudo, a Reclamada lhe informou que o aviso prévio seria pago de forma indenizada. Conforme pode se verificar no TRCT, em anexo, o salário correspondente ao aviso prévio não foi pago. Assim, nos termos da Lei 12.506/11, requer o pagamento do aviso prévio de forma indenizada, no montante de 39 dias. III - DAS FÉRIAS Neste diapasão, as férias é um dos direitos do obreiro assegurado pela Constituição Federal, art. 7º, inc. XVII, CLT, art. 129 e seg. e Convenção nº 132 da OIT. Direito este que visa a melhoria da condição social 17 Para os candidatos à aprovação no exame de ordem, não há a necessidade de inserir este tópico na petição inicial. do trabalhador, sempre acrescido de um terço sobre o valor das férias a serem recebidas. O reclamante não gozou férias durante todo o pacto laboral. Neste caso, tem direito a férias simples e proporcionais dos seguintes períodos aquisitivos: Abril de 2013 à abril de 2014, acrescidas do 1/3 constitucional; e, Abril de 2014 à abril de 2015, acrescidas do 1/3 constitucional. Assim, nos termos dos artigos 130 e 146 da CLT, requer o pagamento das férias acima discriminadas. IV - DA TUTELA DA EVIDÊNCIA MM Juiz (a), o artigo 311, IV, do CPC, preconiza o que: Art. 311 CPC: A tutela de evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo ou de risco ao resultado útil do processo quando: Inciso IV – A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Trata-se da situação subjudice, pois, embora a reclamada tenha rescindido o contrato de trabalho pactuado entre as partes, sem justo motivo, não foi dada a devida baixa na CTPS do autor, ou seja, não propiciaram a devida homologação, razão pela qual, não pode o reclamante soerguer os valores depositados a título de FGTS, os quais conforme Extrato de Conta Vinculada para fins Rescisórios somam R$ 9.500,00 (nove mil e quinhentos reais), documento anexo. Também não pode socorrer-se das parcelas inerentes ao Seguro desemprego, que é direito do trabalhador. Nesse sentido, tendo em vista que o reclamante encontra-se em penúria, posto que a par de ter ficado sem seu emprego não recebeu as devidas verbas rescisórias, requer com fulcro no artigo 311 do vigente CPC se digne Vossa Excelência em determinar autorização Judicial para que se possa levantar junto à Caixa Econômica Federal os valores depositados do FGTS até o momento. Requer ainda autorização para receber o benefício do seguro Desemprego, na forma da lei, tendo em vista que o reclamante encontra- se em penúria, posto que a par de ter ficado sem seu emprego não recebeu as devidas verbas rescisórias, sendo a prova documental anexa suficiente para tanto, não tendo a reclamada condição de oferecer qualquer prova capaz de obstaculizar a pretensão ao direito líquido e certo do obreira. Assim, requer seja concedida Liminarmente Inaudita Altera Pars, consoante disposição legal processual a Tutela da Evidência para que seja autorizado o levantamento dos valores parcialmente depositados do FGTS, com as atualizações monetárias e os juros até então computados, bem como, seja expedida autorização para requerimento de pagamento do Seguro Desemprego na forma da lei, por ser inclusive direito do trabalhador. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS Diante do exposto requer: - Seja a concessão liminar da Tutela da Evidência nos termos e fundamentos constantes na Causa de Pedir, ou seja, autorização para levantamento dos valores alusivos ao FGTS, e autorização para que o reclamante possa requerer e receber as parcelas alusivas ao Seguro Desemprego, na forma da vigente legislação; - Seja a procedência dos pedidos abaixo elencados, condenando a reclamada ao pagamento dos seguintes títulos: - Férias simples ......................................................................... indicar valor (R$); - 1/3 das férias simples .............................................................. indicar valor (R$); - Férias proporcionais ............................................................... indicar valor (R$); - 1/3 das férias proporcionais .................................................... indicar valor (R$); - Aviso prévio proporcional indenizado, 39 dias ......................... indicar valor (R$); - Seja que esse juízo se digne conceder ao reclamante os benefícios da gratuidade da justiça, nos termos do art. 790, §3º da CLT, por não ter meios suficientes para custear as despesas da causa e manter-se. - Ex positis, requer a notificação da reclamada, para comparecer à audiência a ser designada e, querendo, contestem a presente reclamatória, sob pena de confissão e revelia. - Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em Direito, notadamente pelo depoimento pessoal dos representantes legais da reclamada, oitiva de testemunhas, apresentação de documentos e o que mais se fizer necessário na busca da verdade e efetivação da justiça. Espera, por fim, seja a presente reclamação trabalhista julgada PROCEDENTE, para condenar a reclamada no pedido e nas demais cominações de estilo, sem exceção. Dá-se à presente causa o valor de R$ ____________ (tantos mil reais). Termos em que, pede deferimento. Guarulhos, 28 de fevereiro de 2019. Nome do advogado OAB/SP nº