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TECIDO CARTILAGINOSO
1. INTRODUÇÃO:
O tecido cartilaginoso é uma forma especializada de tecido conjuntivo de consistência rígida. Desempenha a função de suporte de tecidos moles, reveste superfícies articulares, em que absorve choques, e facilita o deslizamento dos ossos nas articulações. A cartilagem é essencial para a formação e o crescimento dos ossos longos, na vida intrauterina e depois do nascimento. (Junqueira e Carneiro, 2013).
As funções do tecido cartilaginoso dependem principalmente da estrutura da matriz, que é constituída por colágeno ou colágeno mais elastina, em associação com macromoléculas de proteoglicanos (proteínas + 3glicosaminoglicanas), ácido hialurônico e diversas glicoproteínas. (Junqueira e Carneiro, 2013).
O tecido cartilaginoso não contém vasos sanguíneos, sendo nutrido pelos capilares do conjuntivo envolvente (pericôndrio). As cartilagens que revestem a superfície dos ossos nas articulações móveis não têm pericôndrio e recebem nutrientes do líquido sinovial das cavidades articulares. Em alguns casos, vasos sanguíneos atravessam as cartilagens, indo nutrir outros tecidos. O tecido cartilaginoso é também desprovido de vasos linfáticos e de nervos. (Junqueira e Carneiro, 2013).
Conforme as diversas necessidades funcionais do organismo, as cartilagens se diferenciam em três tipos: cartilagem hialina, que é a mais comum e cuja matriz contém delicadas fibrilas constituídas principalmente de colágeno tipo II; cartilagem elástica, que contém poucas fibrilas de colágeno tipo II e abundantes fibras elásticas; e cartilagem fibrosa, que apresenta matriz constituída preponderantemente por fibras de colágeno tipo I. (Junqueira e Carneiro, 2013.).
As cartilagens são envolvidas por uma bainha conjuntiva que recebe o nome de pericôndrio, o qual continua gradualmente com a cartilagem por uma face e com o conjuntivo adjacente pela outra. O pericôndrio contém nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. (Junqueira e Carneiro, 2013).
· Características Histológicas:
É o tipo mais frequentemente encontrado no corpo humano e, por isso o mais estudado. A fresco, a cartilagem hialina é branco-azulada e translúcida. Forma o primeiro esqueleto do embrião, que posteriormente é substituído por um esqueleto ósseo. Entre a diáfise e a epífise dos ossos longo em crescimento observa-se o disco epifisário, de cartilagem hialina, que é responsável pelo crescimento do osso em extensão. (Junqueira e Carneiro, 2013)
No adulto, a cartilagem hialina é encontrada principalmente na parede das fossas nasais, traqueia e brônquios, na extremidade ventral das costelas e recobrindo as superfícies articulares dos ossos longos (articulações com grande mobilidade). (Ibidem)
A cartilagem hialina é formada, em 40% do seu peso seco, por fibrilas de colágeno tipo II associadas a ácido hialurônico, proteoglicanos muito hidratados e glicoproteínas. Outro componente importante da matriz da cartilagem hialina é glicoproteína estrutural condronectica, uma macromolécula com sítios de ligação para condrócitos, fibrilas colágenas tipo II e glicosaminoglicanos. (Ibidem)
O crescimento da cartilagem deve-se a dois processos: o crescimento intersticial, por divisão miótica dos condrócitos preexistentes; e o crescimento aposicional, que se faz a partir das células do pericôndrio. (Ibidem) 
Coloração: Hematoxilina e Eosina (HE)
· Correlações Clínicas:
Desvio de septo nasal: é uma das causas mais comuns de obstrução do nariz. O septo nasal é uma estrutura formada por ossos (na sua parte posterior) e cartilagem (na porção anterior), que divide o nariz em duas narinas.  Ele é revestido pelo mesmo tipo de tecido que forra internamente o nariz, conhecido por mucosa nasal. Quando ele está torto para um dos lados, chamamos de desvio. Assim, a narina que contém o desvio torna-se mais estreita à passagem do ar, dificultando a respiração.
· Características Histológicas:
A cartilagem elástica é encontrada no pavilhão auditivo, no conduto auditivo externo, na tuba auditiva, na epiglote e na cartilagem cuneiforme da laringe. Basicamente, é semelhante à cartilagem hialina, porém inclui das fibrilas de colágeno (principalmente tipo II), uma abundante rede de fibras elásticas, contínuas com as do pericôndrio. As fibras de elastina podem ser demonstradas por seus corantes usuais, como a orceína. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Como a cartilagem hialiana, a elástica apresenta pericôndrio e cresce principalmente por aposição. A cartilagem elástica é menos sujeita a processos degenerativos do que a hialina. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Coloração: Verhoeff
· Correlações Clínicas:
Cicatrização da Otoplastia: toda cirurgia plástica deixa cicatriz, a da otoplastia é quase imperceptível, por localizar-se atrás da orelha, no sulco formado por esta e o crânio. Além do mais, como se trata de uma região de pele muito fina, a própria cicatriz tende a ficar “quase inaparente”. (Dr. André Colaneri, 2017)
· Características Histológicas:
A cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido com características intermediárias entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina. É encontrada nos discos intervertebrais, nos pontos em que alguns tendões e ligamentos se inserem nos ossos, na sínfise pubiana. A fibrocartilagem está sempre associada a conjuntivo denso, sendo imprecisos os limites entre os dois. (Junqueira e Carneiro, 2013)
A substância fundamental (ácido hialurônico, proteoglicanos e glicoproteínas) é escassa e limitada à proximidade das lacunas que contêm os condrócitos, região em que forma cápsulas basófilas, metacromáticas e PAS-positivas. Na cartilagem fibrosa, as numerosas fibras colágenas (tipo I) constituem feixes que seguem uma orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um arranjo paralelo ao longo dos condrócitos em fileiras. Na fibrocartilagem não existe pericôndrio. (Ibidem)
Coloração: Hematoxilina e Eosina (HE).
· Correlações Clínicas:
Hérnia de Disco Lombar: pode ser aguda, surgindo repentinamente como resultado de uma flexão, torção e levantamento de peso ou pode aparecer gradualmente após vários episódios pequenos de exercício ou de atividade não habitual. 
Os sintomas da hérnia lombar são devido a alterações traumáticas ou degenerativas no disco ou articulações espinhais. Os sintomas locais são dor e espasmo muscular. Lombalgia aguda com ou sem ciática (dor no dermátomo correspondente). São comuns em qualquer idade, geralmente seguindo-se a ligeiro trauma ou distensão. Há diminuição da mobilidade nos estágios agudos com dor em qualquer movimento e posteriormente extensão dolorosa e limitada. A dor costuma variar com as mudanças de posição. Também ocorrem deformidades devido ao espasmo muscular intenso, provocando redução da lordose lombar ou escoliose antálgica. 
3. Referências:
Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
Abraham L. Kierszenbaum. Histologia e Biologia celular, Uma introdução à patologia. 3ª edição. Elsevier, 2012
http://projetos.unioeste.br/projetos/microscopio/
http://www.icb.usp.br/mol/0indicedemodulos.html
TECIDO ÓSSEO
1. INTRODUÇÃO:
O tecido ósseo é o componente principal do esqueleto, serve de suporte para os tecidos moles e protege órgãos vitais, como os contidos na caixa craniana e torácica, bem como no canal raquidiano. Aloja e protege a medula óssea, formadora das células do sangue, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na contração muscular. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Além dessas funções, os ossos funcionam como depósito de cálcio, fosfato e outros íons, armazenando-os ou liberando-os de maneira controlada, para manter constante a constante a concentração desses importantes íons nos líquidos corporais. (Junqueira e Carneiro, 2013)
O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular calcificado, a matriz óssea. As células são: ososteócitos, que se situam em cavidades ou lacunas no interior da matriz; os osteoblastos, que sintetizam a parte orgânica da matriz e localizam-se na sua periferia; e os osteoclastos, células gigantes, móveis e multinucleadas que reabsorvem o tecido ósseo, participando dos processos de remodelação dos ossos. Todos os ossos são revestidos em suas superfícies externas e internas por membranas conjuntivas que contêm células osteogênicas, o periósteo e o endósteo, respectivamente. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Os osteócitos são as células encontradas no interior da matriz óssea, ocupando as lacunas das quais partem canalículos. Os osteoblastos são as células que sintetizam a parte orgânica (colágeno tipo I proteoglicanas e glicoproteínas) da matriz óssea. Sintetizam também osteonectina e osteocalcina. Os osteoclastos são células móveis, gigantes, multinucleadas e extensamente ramificadas. As ramificações são muito irregulares, com forma e espessura variáveis. (Junqueira e Carneiro, 2013)
· Características Histológicas:
Em cada osso o primeiro tecido ósseo que aparece é do tipo primário (não lamelar), sendo substituído gradativamente por tecido ósseo lamelar ou secundário. No adulto é muito pouco frequente, persistindo apenas próximo às suturas dos ossos do crânio, nos alvéolos dentários e em alguns pontos de inserção de tendões. (Junqueira e Carneiro, 2013)
O tecido ósseo primário apresenta fibras colágenas dispostas em varias direções sem organização definida, tem menor quantidade de minerais e maior proporção de osteócitos do que o tecido ósseo secundário. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Coloração: Hematoxilina e Eosina (HE).
· Correlações Clínicas:
Fontanelas: as funções das fontanelas que se encontram no alto da cabeça dos bebês e das suturas são promover o momento do parto, facilitando assim a passagem do bebê pelo canal vaginal e permitir o crescimento adequado do cérebro.
Logo após o parto, a cabeça do bebê pode apresentar pequenas deformidades devido às alterações ocorridas durante o parto. Geralmente, essas imperfeições são corrigidas logo nos dez primeiros dias de vida.
· Características Histológicas:
O tecido ósseo secundário (lamelar) é a variedade geralmente encontrada no adulto. Sua principal característica é conter fibras colágenas organizadas em lamelas de 3 a 7 μm de espessura, que ficam paralelas umas às outras ou se dispõem em camadas concêntricas em torno de canais com vasos, formando os sistemas de Havers ou ósteons. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Na diáfise dos ossos, as lamelas ósseas se organizam em arranjo típico, constituindo os sistemas de Havers, os circunferenciais Interno e externo e os intermediários. Esses quatro sistemas são facilmente identificáveis nos cortes transversais à diáfise. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Cada sistema de Havers ou ósteon é um cilindro longo, ás vezes bifurcado, paralelo à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas. Os canais de Havers comunicam-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa de osso por meio de canais transversais ou oblíquos, os canais de Volkmann. (Junqueira e Carneiro, 2013)
O tecido ósseo é fomado por um processo chamado de ossificação intramembranosa, que ocorre no interior de uma membrana conjuntiva, ou pelo processo de ossificação endocondral, o qual se inicia sobre um molde de cartilagem hialina, que gradualmente é destruído e substituído por tecido ósseo formado a partir de células do conjuntivo adjacente. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Coloração: Hematoxilina e Eosina (HE).
· Correlações Clínicas:
Osteoporose: é uma doença metabólica, sistêmica, que acomete os ossos. A prevalência da osteoporose, acompanhada da morbidade e mortalidade de suas fraturas, aumenta a cada ano. A osteoporose ocorre quando o corpo deixa de formar material ósseo novo suficiente, ou quando muito material dos ossos antigos é reabsorvido pelo corpo - em alguns casos, pode ocorrer as duas coisas. Se os ossos não estão se renovando como deveriam, ficam cada vez mais fracos, finos e sujeitos a fraturas.
· Características Histológicas:
A ossificação intramembranosa ocorre no interior de membranas de tecido conjuntivo. É o processo formador dos ossos frontal, parietal e de partes do occipital, do temporal e dos maxilares superior e inferior. Contribui também para o crescimento dos ossos curtos e para o aumento em espessura dos ossos longos. (Junqueira e Carneiro, 2013)
O local da membrana conjuntiva onde a ossificação começa chama-se centro de ossificação primária. O processo tem início pela diferenciação de células mesenquimatosas que se transformam em grupos de osteoblastos, os quais sintetizam o osteoide (matriz ainda não mineralizada), que logo se mineraliza, englobando alguns osteoblastos que se transformam em osteócitos. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Nos ossos chatos do crânio, principalmente após o nascimento, verifica-se um predomínio acentuado da formação sobre a reabsorção de tecido ósseo nas superfícies interna e externa. (Junqueira e Carneiro, 2013)
A parte da membrana conjuntiva que não sofre ossificação passa a constituir o endósteo e o periósteo. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Coloração: Hematoxilina e Eosina (HE).
· Correlações Clínicas:
Não há correlação clínica.
· Características Histológicas: 
A ossificação endocondral tem início sobre uma peça de cartilagem hialina, de forma parecida à do osso que se vai formar, porém de tamanho menor. Esse tipo de ossificação é o principal responsável pela formação dos ossos curtos e longos. A ossificação endocondral consiste essencialmente em dois processos. Primeiro, a cartilagem hialina sofre modificações, havendo hipertrofia dos condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques, sua mineralização e a morte dos condrócitos por apoptose. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Desse modo, aparece tecido ósseo onde antes havia tecido cartilaginoso, sem que ocorra a transformação deste tecido naquele; os tabiques de matriz calcificada da cartilagem servem apenas de ponto apoio à ossificação. (Junqueira e Carneiro, 2013)
O primeiro tecido ósseo a aparecer no osso longo é formado por ossificação intramembranosa do pericôndrio que recobre a parte média da diáfise, formando um cilindro, o colar ósseo. Desde o início da formação do centro primário surgem osteoclastos e ocorre absorção do tecido ósseo formado no centro de cartilagem, aparecendo, assim, o canal medular, o qual também cresce longitudinalmente à medida que a ossificação progride. (Junqueira e Carneiro, 2013)
Seu desaparecimento por ossificação, aproximadamente aos 20 anos de idade, determina a parada do crescimento longitudinal dos ossos. Na cartilagem de conjugação, começando ao lado da epífise, distinguem-se as cinco zonas: zona de repouso, zona de proliferação, zona hipertrófica, zona calcificada e de ossificação. (Junqueira e Carneiro, 2013)
· Correlações Clínicas:
Nanismo: é um transtorno que se caracteriza por uma deficiência no crescimento, que resulta numa pessoa com baixa estatura se comparada com a média da população de mesma idade e sexo. Transformada em números, essa medida corresponde a um percentil inferior a três na curva de crescimento estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou menor que dois desvios-padrão abaixo da altura média prevista para a idade e sexo, na ausência  de causas que justifiquem o retardo no crescimento.
 
3. Referências:
Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
Abraham L. Kierszenbaum. Histologia e Biologia celular, Uma introdução à patologia. 3ª edição. Elsevier, 2012
http://projetos.unioeste.br/projetos/microscopio/
http://www.icb.usp.br/mol/0indicedemodulos.html

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