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Apostila Libras – rev. 07/2015 – Inilibras – direitos reservados. 
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A SURDEZ 
 
Deficiência Auditiva (D.A.), termo técnico utilizado pela OMS - 
Organização Mundial de Saúde, significa a dificuldade de ouvir, ou seja, a 
diminuição da capacidade de percepção normal dos sons. O deficiente 
auditivo nem sempre se enquadra na cultura surda. 
 
O audiômetro é um instrumento utilizado para medir a sensibilidade 
auditiva. O nível de intensidade sonora é medido em decibel (dB). Testes 
podem ser realizados para determinar o grau de comprometimento da 
audição, que se classifica em níveis, como abaixo descrito. 
 
• Audição normal: de 0 a 15 dB 
• Surdez leve: de 16 a 40 dB 
• Surdez moderada: de 41 a 55 dB 
• Surdez acentuada – de 56 a 70 dB 
• Surdez severa – de 71 a 90 dB 
• Surdez profunda – acima de 91 dB 
A sensibilidade auditiva poderá ocorrer em um ouvido ou em ambos. 
 
“Surdo-mudo” 
 
O surdo não é necessariamente mudo. Surdez e mudez são duas deficiências. O surdo pode vir a 
falar, desde que seja estimulado e incentivado ou, até mesmo, tenha interesse em aprender a se 
comunicar oralmente. A ideia de que o surdo seja necessariamente mudo vem sendo adotada 
incorretamente ao longo dos tempos. Pode sim ocorrer que um surdo seja ao mesmo tempo 
mudo, porém o grupo de pessoas com duas deficiências constitui uma minoria. 
 
Pode, ainda, ocorrer o fato de um surdo ser oralizado, ou seja, consegue se expressar por palavras, 
habilidade essa adquirida com o suporte de fonoaudiólogos e outros profissionais. Os surdos, que 
tiveram ao seu alcance recursos e procedimentos formais de educação desde pequenos, utilizam a 
comunicação espaço-visual, ou a língua de sinais, como meio de conhecer o mundo. 
 
 
Surdo 
Dependendo do grau da perda auditiva, o uso de aparelho ou implante não trará nenhum ganho 
de audição para os surdos. Muitas vezes já nasceram com essa condição ou adquiriram a surdez 
antes de desenvolverem a oralidade. Por este motivo o surdo utiliza mais frequentemente a língua 
de sinais. 
 
Os surdos, que nunca tiveram acesso a educação e viveram isolados durante toda sua vida, 
acabaram criando gestos próprios de apoio para estabelecer uma forma básica, particular e 
limitada de comunicação, essencialmente voltada a sua sobrevivência no meio familiar. 
 
Não importa a circunstância, é preciso respeitar o surdo. Ao mesmo tempo em que se busca 
integrar o surdo ou qualquer outra pessoa com algum tipo de deficiência na sociedade, é 
 
 
 
 
 
 
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imprescindível preparar a sociedade para conviver com estas pessoas para que as diferenças 
possam ser reduzidas. 
 
O direito a educação, a propagação de ideias de integração de pessoas com necessidades especiais 
e o aprimoramento das próteses fizeram com que as crianças surdas de diversos países fossem 
encaminhadas para escolas regulares. No Brasil, as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação 
passaram a coordenar o ensino das crianças com necessidades especiais, e surgiram as Salas de 
Recursos e Classes Especiais. 
 
Uma vez garantidos seus direitos, as pessoas com deficiência passaram a apresentar suas 
reivindicações que, no caso dos surdos, incluem o respeito à língua de sinais, ensino de qualidade, 
acesso aos meios de comunicação e serviços de intérpretes, entre outros. 
 
Com os estudos sobre surdez, linguagem e educação, já no final do século passado, os surdos 
assumiram a direção da única universidade para surdos do mundo – Gallaudet University Library, 
em Washington, nos Estados Unidos, e passaram a divulgar a Filosofia de Comunicação Total. 
Mais recentemente, os avanços nas pesquisas sobre as línguas de sinais vieram a defender o 
acesso precoce da criança a duas línguas, ou seja, à língua de sinais e à língua oral do país onde 
vive. Assim, foi imposta a Filosofia de Educação Bilíngue como forma de comunicação do surdo. 
 
 
IBGE - Censo 2010 
 
Segundo o último Censo promovido pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 
2010, verificou-se que a deficiência auditiva atinge 9,7 milhões de pessoas no Brasil. 
 
A perda total ou parcial da audição pode estar associada a doenças ou acidentes e apresenta-se 
em graus de severidade, o que irá determinar o tratamento apropriado. 
 
Hoje este número deve ser bastante diferente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ASPECTOS DA SURDEZ 
 
DEFICIÊNCIA AUDITIVA 
Entende-se por deficiência auditiva a incapacidade total ou parcial da 
audição, ou seja, a diminuição da capacidade de percepção normal dos 
sons, sendo considerado deficiente auditivo total aquele cuja audição 
não é funcional na vida comum (surdo) e parcialmente deficiente 
auditivo aquele cuja audição ainda é funcional fazendo ou não uso de 
prótese auditiva (hipoacústico). 
 
 
 
CLASSIFICA-SE UM INDIVÍDUO PARCIALMENTE DEFICIENTE QUANDO ELE: 
 Apresenta surdez leve, ou seja, perda auditiva de quarenta decibéis. Isto significa que a 
voz fraca ou distante não é percebida e que nem todos os fonemas são distinguidos. É 
confundido como desatenção e este problema não impede a aquisição normal da 
linguagem, mas haverá dificuldade na leitura e escrita e problemas de articulação. 
 
 Apresenta surdez moderada, ou seja, perda auditiva de quarenta a setenta decibéis. É 
necessário falar com certa intensidade para que o deficiente ouça. Poderá haver atraso de 
linguagem e alterações articulatórias bem como problemas linguísticos. 
 
CLASSIFICA-SE UM INDIVÍDUO DEFICIENTE AUDITIVO TOTAL QUANDO ELE: 
 Apresenta surdez severa, com perda de setenta a noventa decibéis. Poderá até adquirir 
linguagem, mas será mais demorada e dependerá de muita estimulação e orientação dos 
pais. A aquisição será mais facilitada se o indivíduo tiver boa percepção visual. 
 
 Apresenta surdez profunda, com perda de mais de noventa decibéis. É possível que adquira 
linguagem oral, mas com muito estímulo desde bebê. 
 
No passado, costumava-se pensar que o deficiente auditivo tinha também um déficit de 
inteligência, mas com a inclusão dos deficientes auditivos no âmbito escolar, provou-se que a não 
aprendizagem era decorrente da falta de estímulos e incentivo aos estudos. Este progresso ocorreu 
quando foram desenvolvidas as línguas de sinais. 
 
O conceito é dado de acordo com o grau de perda auditiva que é calculado através da intensidade 
necessária de amplificação de um som de modo que seja percebido pela pessoa deficiente. Essa 
amplificação é medida em decibéis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CAUSAS DA SURDEZ E DIAGNÓSTICOS 
 
A deficiência auditiva pode ser de origem congênita ou adquirida. 
 
É CONSIDERADA CONGÊNITA QUANDO AS CAUSAS SÃO: 
• Hereditariedade ou desordens genéticas. 
• Viroses maternas como sarampo, rubéola. 
• Doenças tóxicas, como toxoplasmose, sífilis. 
• Ingestão de medicamentos tóxicos durante a gravidez. 
• Drogas, alcoolismo. 
• Fator Rh. 
• Carências alimentares. 
• Pressão alta, diabetes. 
• Exposição à radiação, dentre outros. 
 
É CONSIDERADA ADQUIRIDA QUANDO AS CAUSAS SÃO: 
 Infecção hospitalar. 
 Meningite. 
 Remédios tóxicos. 
 Sarampo, caxumba. 
 Exposição a ruídos muito altos. 
 Traumatismos cranianos, dentre outros acometimentos físicos. 
 
Acredita-se que a cada mil nascimentos, uma criança nasce com surdez profunda, por isso a 
prevenção é de extrema importância. Em respeito à prevenção, deveriam ser feitas campanhas de 
vacinação, exames pré-nupciais, pré-natal, boas condições de parto e higiene, melhores condições 
de nutrição e programas de orientação às gestantes e mães. 
 
Em relação à assistência ao deficiente auditivo, deveria haver atendimento fonoaudiólogo e 
médico, estimulação precoce e acesso à Educação Infantil. O diagnóstico do indivíduo com 
deficiência auditiva pode ser proveniente de diversos exames, dentre eles:exame do ouvido, 
exame otorrinolaringológico, audiometria com reforço visual e variadas técnicas de avaliação da 
audição. 
 
A família é uma importante aliada para o diagnóstico precoce. Ela deve ficar atenta desde os 
primeiros meses de vida do bebê. O bebê desde muito cedo reage às vozes dos familiares, às 
músicas, a sons do ambiente, aos sons dos brinquedos, aos sons da televisão. Caso o bebê não 
demonstre reação a essas situações, é importante procurar auxílio médico. 
Quanto à criança, é importante notar a distância que ela assiste à televisão e a altura do som, se 
ela só se reporta a alguém quando está de frente, se apresenta problemas na escola, se não 
atende quando é chamada, se apresenta problemas na fala, enfim qualquer comportamento 
diferenciado que possa significar algum distúrbio. 
É importante salientar que qualquer diagnóstico feito precocemente é fundamental para um bom 
desenvolvimento educacional, social e psicológico da criança e que poderá proporcionar a ela uma 
vida normal. É importante ressaltar que a escola também tem um papel fundamental, pois 
 
 
 
 
 
 
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dependendo da situação é a escola que notará possíveis problemas com a criança, cabendo a ela 
indicar o profissional adequado. 
 
O PAPEL DA FAMÍLIA 
 
A família é peça fundamental para a descoberta da deficiência, para o acompanhamento correto 
e necessário e para a integração do indivíduo na sociedade. 
Mas para que ocorra tudo isso de forma eficaz, é necessário que haja uma parceria com a 
escola e sociedade. 
O primeiro passo importante a ser dado está antes mesmo da gravidez. 
Como dito anteriormente os pais devem fazer exames pré-nupciais e a mulher deve vacinar-se 
contra rubéola, sarampo e outras doenças como também estar atenta ao fator Rh de seu sangue. 
Já estando grávida, a mulher deve alimentar-se bem, fazer o acompanhamento pré-natal correto, 
evitar a companhia de pessoas com doenças contagiosas e tomar medicamentos sob supervisão 
médica. Após o nascimento, os pais devem vacinar seu filho contra meningite, sarampo e 
caxumba, dar medicamentos sob supervisão médica e procurar um médico sempre que 
necessário. 
Entretanto, mesmo sob todos os cuidados, os pais devem ficar atentos ao desenvolvimento da 
criança, pois são eles que perceberão precocemente a surdez do filho. Os principais indícios de 
uma criança com deficiência auditiva são: 
 
 Não reage ao barulho de porta batendo ou outros ruídos fortes, como música alta, 
gritaria, fogos de artifício etc.. 
 Não atende quando chamada. 
 Está sempre distraída ou desatenta. 
 Atraso na fala (após dois anos de idade). 
 Fala de modo incompreensível. 
 Aparenta ter atraso no desenvolvimento neurológico e ou motor. 
 
Caso a criança apresente um ou mais desses indícios é recomendável procurar um médico. Após a 
criança ser diagnosticada como deficiente auditiva, os pais devem procurar assistência adequada 
para o acompanhamento dessa criança. Essa assistência engloba primeiramente os serviços 
fonoaudiológico, médico, educacional e psicológico. Estes atendimentos trabalharão 
imediatamente identificando e tratando a deficiência da criança, podendo proporcionar a ela um 
progresso e uma melhor qualidade de vida. 
Buscando essa melhoria na qualidade de vida da criança, os pais devem interagir ativamente com 
esses profissionais, pois só se consegue um progresso havendo um acompanhamento. Devido a 
isso, os pais devem estar sempre disponíveis a atender as necessidades de seu filho e colaborar no 
ambiente familiar com o que lhes é proposto pelos profissionais, já que várias atividades devem ser 
feitas continuamente. Os pais, também, podem procurar as associações de deficientes auditivos 
existentes em várias comunidades, onde são oferecidos palestras e acompanhamento profissional 
à criança e, inclusive, aos pais. Nessas comunidades também há a interação de indivíduos 
deficientes auditivos, onde são realizadas festas, confraternizações, reuniões periódicas e 
diversões entre os participantes. É importante ressaltar também que é necessário o 
acompanhamento psicológico aos pais, para que eles saibam lidar melhor com a deficiência de seu 
filho e para que possam também conversar sobre suas angústias, dúvidas. 
 
 
 
 
 
 
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Se houver a integração família, comunidade, escola e demais profissionais, os benefícios 
proporcionados à criança serão bem mais positivos e desenvolvidos precocemente. 
 
CULTURA SURDA 
 
Assim como os ouvintes, o surdo possui uma forma de comunicação própria. Por preconceito, o 
surdo é considerado por alguns como um ser inferior. Contudo, é tão capaz quanto o ouvinte de 
aprender ou executar trabalhos. 
 
O texto a seguir descreve um pouco da cultura surda que, certamente, ajudará a compreender o 
mundo em que vivem os surdos e, ao mesmo tempo, facilitará o aprendizado da Libras. 
 
1. Comunidades 
Os surdos de grandes centros urbanos costumam se 
reunir em grupos e constituir comunidades a fim de 
trocarem experiências entre si. Além de se 
divertirem, os surdos discutem assuntos de 
interesse, organizam passeios, festas ou eventos de 
integração. Muitos ouvintes fazem parte destas 
comunidades. Existem até mesmo sites de 
comunidades surdas de diferentes partes do Brasil e 
do mundo. 
 
 
2. Educação 
Por falta de informação, muitos surdos não 
frequentam escolas e acabam aprendendo a se 
comunicar por conta própria, desenvolvendo sinais 
caseiros para garantir sua sobrevivência em casa, 
sem saber que existe um meio de comunicação 
formal para eles e, um mundo à sua espera. 
Por outro lado, há pais que, mais esclarecidos, 
aprendem os sinais para dar uma boa educação ao 
filho surdo desde pequeno, além de encaminhá-lo a 
escolas especializadas. Muitos surdos concluem um 
curso universitário, trabalham em grandes 
empresas ou dedicam-se ao ensino de outros surdos. 
 
 
3. Trabalho 
Os surdos podem trabalhar como qualquer pessoa. Atuam em oficinas, supermercados, 
laboratórios, hospitais, escolas, área de vendas, etc. Com as ações recentemente promovidas na 
área de responsabilidade social, as portas das empresas de diferentes indústrias se abriram para as 
pessoas com deficiência, principalmente para os surdos, para que pudessem se integrar na 
sociedade, passando a ser cidadãos produtivos. 
 
 
 
 
 
 
 
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4. Costumes 
Como qualquer pessoa, os surdos gostam de sair, conversar, 
reunir-se em festas ou em shoppings. Interagem entre si bem 
como com qualquer ouvinte, mantendo uma prosa animada e 
interessada. São curiosos e indiscretos por natureza, o que os 
motiva a fazer perguntas e questionamentos de ordem pessoal 
e particular sem nenhuma implicação negativa. Portanto, não 
se sintam constrangidos quando um surdo lhes fizer perguntas 
extremamente pessoais e saibam como lidar com isso de 
forma natural. 
 
 
 
5. Comunicação 
Muitos surdos não conhecem o Português. Podem saber algumas palavras isoladas, mas a 
pronúncia, a escrita e a leitura são demasiadamente complexas para alguém que nunca escutou. 
Por esse motivo, os sinais se tornaram de suma importância para a comunicação com o surdo ou 
entre surdos. Assim, por exemplo, para chamar a atenção de um surdo, normalmente se acena 
com as mãos ou coloca-se a mão levemente em seu ombro ou braço, ou, em sala de aula, acende-se 
e apaga-se a luz. 
 
 
6. Internet 
Viver sem Internet, um celular ou um laptop é estar 
desconectado do mundo e distante das pessoas e da 
comunicação. Os surdos se adequaram muito bem a essa 
gama toda tecnológica, acompanhando sua evolução de 
perto e incorporando as novidades a cada dia inventadas 
como ferramentas de auxílio à comunicação. Com a 
evolução e a disponibilidade de educação formal e de 
ferramentas tecnológicas, o horizonte do surdo ganhou 
amplitude, permitindo-lhe ocupar espaço próprio nomundo moderno.

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