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A N O 2 7 N º 3 7 9 J U L H O 2 0 1 9 R $ 1 9 , 9 0 W W W . R E V I S T A M E L H O R . C O M . B R Pesquisa ConarhTalentos Experts digitais desejam sair do país Para os CEOs, agilidade é tudo Conheça as Trilhas de Conhecimento Ele ganha força na agenda do RH, ajuda a atrair e reter talentos e no processo de inovação, entre outras coisas: o intraempreendedorismo A J U D A Melhor GESTÃO DE PESSOAS 24 R E V I S T A M E L H O R Por Gumae Carvalho A A J U D A Q U E V E M D E D E N T R O Gustavo Morita C A P A Fortalecer o intraempreendedorismo entra na agenda da área de recursos humanos para ajudar a empresa a inovar mais e a reter os melhores talentos – entre outros benefícios Sheila, da Finnet: vivenciar uma TransfoRHmação 25R E V I S T A M E L H O R em sempre é preciso olhar para fora para buscar uma solução para um determinado problema para sua empresa. Às vezes, a resposta para mui- tos dilemas está muito mais próxima do que se imagina. Basta olhar para dentro, para seus colaboradores. Um pouco mais do que isso: basta escutar mais, dar mais autonomia e condições e recursos para que eles atuem como empreendedores corporativos. Ou melhor, intraem- preendedores. Ah!, sim, e não deixe de lado as recompen- sas e reconhecimento por essa contribuição. Em um mundo cada vez mais veloz em termos de mu- danças e desafios, o intraempreendedorismo ganha força ao aplacar ao menos três dores das empresas, como expli- ca Florencia Estrade, co-líder global da Liga de Intraem- preendedores, uma organização internacional sem fins lucrativos que desenvolve comunidades de aprendizagem para inovadores institucionais (veja mais na entrevista na página 34). São elas: a necessidade de inovar mais rapida- mente; a dificuldade para manter os talentos engajados na empresa; e o desafio da criação de modelos de negócios sustentáveis que geram impacto socioambiental positivo. Quantas empresas sucumbiram a esses e outros desa- fios nos últimos anos? Por pararem no tempo ou por não se movimentarem para se adequar às mudanças em seus modelos de negócio, muitas deixaram apenas na memória sinais de sua grandeza. A BlackBerry, por exemplo, chegou a ter mais de 40% do mercado de celulares em 2010… Em algumas empresas, o RH tem se antecipado, conec- tando-se mais aos colaboradores. Nestas, a área já conse- gue fomentar e tirar do papel projetos e ideias importantes, como o intraempreendedorismo, conscientizando a alta gestão sobre a importância de se reinventarem frente ao novo mundo, mobilizando esses líderes para sair do dis- curso para a prática, trazendo resultados que impactam diretamente o negócio e sua sustentabilidade. Muitos atribuem a Gifford Pinchot III, um empreende- dor americano, a criação do termo intraempreendedoris- mo, a partir da publicação de um artigo em parceria com sua esposa, Elizabeth Pinchot, em 1978. Por estas bandas, o termo ganhou mais destaque em 2003 com o lançamen- to do livro Empreendedor corporativo – A nova postura de quem faz a diferença, de Eduardo Bom Ângelo, falecido em março de 2014. Bom Ângelo foi diretor-presidente da Bra- silprev Seguros e Previdência no período de 2003 a 2008 e da Cigna Previdência e Investimentos, entre 1997 e 2002. Mas quem são esses empreendedores corporativos ou N C A P A 26 R E V I S T A M E L H O R intraempreendedores? Heiko Spitzeck, professor na área de sustentabilidade da Fundação Dom Cabral (FDC) e coordenador do Centro de Intraempreendedorismo da mesma instituição, explica que essas pessoas são aqueles colaboradores com espírito de empreender e inovar que vi- sam criar novos produtos, serviços e modelos de negócios [a FDC faz parte também da Liga de Intraempreendedores, focando em intraempreendedores que desenvolvem novos negócios de valor compartilhado – valor para a empresa e valor para a sociedade, simultaneamente]. “Intraempreen- dedores são sonhadores que fazem!”, acrescenta Spitzeck. Esses sonhadores começam com um desafio e muita criatividade, mas, sabendo que o processo de inovação é longo e muitas ideias morrem no caminho em inúmeras empresas, eles também necessitam de ferramentas (como business canvas, lean startup etc.) e de um treinamento da musculatura de comportamento (pensar como dono, persistência, resiliência) para serem de fato protagonistas. “Muitas vezes, notamos que alguns colaboradores têm o mindset e as ferramentas, mas não necessariamente o comportamento intraempreendedor”, diz Spitzeck. PAPEL DA LIDERANÇA Partindo de Pinchot como criador do conceito de in- traempreendedorismo, vemos que não é uma coisa assim tão nova. Na Klüber Lubrication, o modelo de “empreen- der dentro dos limites da organização” é exercido há muito tempo. O primeiro projeto, focado em eficiência energética, completou 10 anos, sendo que a área repre- senta, atualmente, 10% do faturamento no Brasil. Além disso, outros dez projetos nesse mesmo modelo estão em andamento nas diversas áreas da companhia, com o objetivo de gerar ainda mais receita e atender às deman- das dos clientes. Entre eles estão iniciativas voltadas para equipamentos móveis, mercado agrícola, sistemas predi- tivos, geomarketing, soluções financeiras, entre outros. “Está no nosso DNA promover inovação e o empreende- dorismo corporativo. Estou na empresa há 25 anos e busco manter o assunto constantemente em discussão, para ins- pirar a todos. Compartilhar minhas vivências e experiên- cias pessoais faz parte do meu dia a dia”, comenta Enrique Garcia, CEO para América do Sul e Austrália da empresa. Ele reforça que essa cultura já está enraizada na Klüber e, por essa razão, ela ampliou sua participação em outros projetos como, por exemplo, ser uma das sete participantes do Centro de Intraempreendedorismo, uma parceria entre a Liga de Intraempreendedores e a FDC. O objetivo desse grupo é criar uma cultura de inovação no ambiente empre- sarial, desenvolvendo e apoiando novos negócios criados por intraempreendedores. “Mesmo sendo composto por segmentos diversos, é possível enfrentar desafios e apren- der juntos qual a cultura que nós, como líderes, temos de desenvolver em nossas empresas para que o intraempre- endedorismo aconteça, e como motivar nossos intraem- preendedores a seguirem em frente”, comenta Garcia. A Klüber também faz parte de um hub de mineração com mais de 20 indústrias do segmento. Entre os obje- tivos deste grupo estão discutir questões de eficiência energética e operacional e fontes alternativas de energia. Já foi iniciada uma pré-seleção de startups, com as quais o hub desenvolverá parcerias para a geração de novos negócios. “Somente a diversidade é capaz de desenvol- ver empreendedores corporativos. É necessário olhar para fora para aprender com empresas diferentes, no âmbito das ideias, pensamentos e negócios”, diz o CEO. O executivo lembra de uma pesquisa feita no ano pas- sado pela HowMuch.net a partir de dados da Unesco que apontam que o Brasil está em nono lugar no ranking de países que investem em pesquisa & desenvolvimento (P&D). Apesar disso, mesmo estando entre os dez primei- ros, Garcia reforça ser necessário que se pratique uma cul- tura organizacional que realmente apoie um ecossistema fértil à inovação, permeando todas as áreas da empresa. 27R E V I S T A M E L H O R “Acreditamos fortemente no poder da inovação pois, sem ela, o intraempreendedorismo não traz resultados. Esta- mos motivando qualquer funcionário na América do Sul ou na Austrália a ser intraempreendedor. Não é fácil, mas nós estamos aqui para ajudar”, diz o CEO. Trata-se, segun- do ele, de um processo contínuo e dinâmico. “Queremos que o assunto faça parte do dia a dia e da forma de atuar de nossos colaboradores, que são incentivados a compar- tilharem suas ideias, seus projetos, a questionarem os mo- delos atuais e a inovarem”, diz. Para ajudar nessa iniciativa, a empresa criou uma área de inovação, para dar suporte aos projetos, fazer conexões, trazerinputs de mercado, dar apoio internamente para estruturação de novos projetos e business cases com esse viés. “Podemos dizer que 60% dos colaboradores já foram impactados diretamente com ações sobre esse assunto, ainda que a mensagem já tenha sido difundida para 100% dos funcionários”, conta. Outro fator que contribui para o fortalecimento do intraempreendedorismo, e para a inovação que vem a reboque, é a postura e papel da liderança. A cultura or- ganizacional passa a ter um novo olhar em relação aos erros, vendo-os como fonte de aprendizado e os líderes devem colocar isso em prática, auxiliando os demais a ir além com o que se aprendeu. “Os líderes são estimu- lados a darem autonomia para suas equipes.” E falando em liderança, Spitzeck, da FDC, diferencia a alta liderança, a liderança média e o RH (e mais algumas áreas) nesse processo de intraempreendedorismo. Ele con- ta que a alta liderança precisa desafiar os colaboradores, valorizar os intraempreendedores e a inovação, bem como atuar como sponsors desses profissionais e saber lidar com os erros – que são comuns no processo de inovação, mais ainda num ambiente VUCA. “Vários CEOs do Centro [de Intraempreendedorismo] apontam que uma cultura de co- mando e controle não funciona mais e que é preciso enga- jar os colaboradores, como também providenciar espaços para inovação e colaboração”, diz Spitzeck. Ainda segundo o professor, a liderança média é o lugar mais comum para a inovação morrer, pois esses líderes acabam sobrecarregando os colaboradores com tarefas (sim, eles até têm tarefas a cumprir), não os dei- xando colaborar com outras áreas do negócio. “E o RH tem o papel de sensibilizar e capacitar a alta liderança para o processo de intraempreendedorismo e inovação e também tem o potencial de trabalhar os entraves da média liderança. O RH é chave para desenvolver uma cultura intraempreendedora.” Aliás, o intraempreendedorismo tem uma estreita liga- ção com as mudanças por que tem passado, nos últimos anos, o RH. De acordo com Sergio Povoa, Chief Human Resources Officer (HRO) da OLX, a área foi impulsionada a ser parceira de negócio, ganhando um papel de grande importância nas definições estratégicas. “A importância de ter um ambiente diverso e de alta performance tornou- -se prioridade para a competitividade e a diferenciação das organizações. Nunca se ouviu falar tanto em cultura e comportamento”, diz. “Hoje em dia, a gestão moderna pede um RH mais inovador, transparente, uma liderança mais participativa e mais protagonismo por parte dos fun- cionários”, afirma. “Com isso, as práticas e valores do RH também precisaram se reinventar. Temas como feedback contínuo, avaliação de potencial, colaboração entre áre- as, intraempreendedorismo, estruturas menos hierárqui- cas e processos mais flexíveis são cada vez mais abordados. As pessoas querem ser reconhecidas pelas suas contribui- ções, independentemente do tipo de trabalho que realizam ou do grau hierárquico que ocupam”, conta o executivo. NO CONTROLE DA CARREIRA Spitzeck tem percebido um maior destaque e interes- se por parte das empresas quando o assunto é intraem- preendedorismo. “Quando começamos com o tema, em 2010, ninguém falava de intraempreendedorismo. Na FDC, ajudamos, cada ano, mais empresas a trabalhar o tema. No final de 2018, lançamos o Centro de Intraem- preendedorismo junto com sete empresas: Natura; Nes- tlé; Basf; Klüber Lubrificantes; VLI; Gerdau; e Vedacit. Sentimos interesse de várias outras organizações. Além disso a Schwab Foundation [que organiza o prêmio de Empreendedor Social] abriu uma chamada em 2019 para intraempreendedores sociais. O Pacto Global convida intraempreendedores em grandes empresas a desenvol- ver soluções para os Objetivos do Desenvolvimento Sus- tentável. Voltei recentemente de uma reunião na União Europeia que discutiu políticas públicas que apoiam in- traempreendedores sociais. O tema, definitivamente, está ganhando relevância internacionalmente”, comemora. Uma das razões e molas propulsoras desse interesse é a procura por propósito. Os colaboradores não aceitam mais perder horas de vida no escritório em troca de um salário no final do mês, como explica o professor. “Sobre- tudo os millennials e as pessoas nas crises de meia-idade profissional. Comando e controle não funcionam mais, as pessoas querem contribuir e não só receber ordens.” E atender a esse desejo traz outros benefícios para as empresas que investem nos empreendedores corporati- vos. Um deles é no que se refere à retenção de talentos. O professor da FDC conta que já presenciou vários casos de intraempreendedores que dizem estar em uma organiza- ção para resolver um desafio social (ou ambiental) e que, na hora que a empresa deixar de apoiá-los nessa jornada, 28 R E V I S T A M E L H O R saem. “Os intraempreendedores tomam o controle de sua carreira, quer dizer: não trabalham como funcionários para uma organização. Elegem a organização que mais lhes permite viverem seu propósito. Se os valores e pro- pósitos batem, podem surgir inovações maravilhosas.” Além disso, o intraempreendedorismo contribui para uma atitude mais participativa, de pensar “como dono” e de empoderamento. E isso reflete diretamente na satisfação pessoal e profissional dos colaboradores, aumentando o engajamento, reduzindo a rotatividade e reforçando a identidade do profissional à empresa, como avalia Norio Nakashima, head do SaluLab, uma iniciativa na área de inovação do Grupo Salus. O Grupo, um consolidado de empresas de saúde e bem-estar, criou recentemente a SaluLab, uma área que visa incentivar a inovação em saúde, beleza e bem-estar, identificando projetos com sinergia com os negócios das empresas que o compõem. Assim como o mercado finan- ceiro vem assistindo, nos últimos anos, ao surgimento de inúmeras fintechs, o Grupo acredita que também haverá uma enxurrada de health techs. E nada melhor do que também contar com elas. Por isso, além de estar aberto para receber projetos de startups como essas, que tenham correlação com o core da empresa, o Grupo Salus tam- bém está disposto a investir em P&D interno. “Temos o empreendedorismo como uma de nossas principais ca- racterísticas, desde a fundação da primeira empresa do grupo, a Sorridents. Para acelerar esse processo, incen- tivar novos insights, o intraempreendedorismo, e pros- pectar inovações que tenham sinergia aos negócios das empresas do grupo, foi criada a SaluLab.” Nakashima conta que, pelo fato de esse projeto estar no início, a área de RH será o canal de comunicação entre a SaluLab e sua grande rede de colaboradores. A missão será divulgar os temas de interesse, apresentar os projetos sele- cionados e, principalmente, os casos de sucesso para esti- mular a criatividade dos colaboradores. “Mesmo antes do lançamento desse canal via RH, a novidade foi divulgada na convenção anual da empresa e despertou o interesse em muitos colaboradores e franqueados. Um deles, inclusive, apresentou uma excelente ideia que já estava em desenvol- vimento para uso próprio, e que será incorporada no apli- cativo de uso geral de toda a rede”, acrescenta Nakashima. Na SaluLab, as boas ideias terão reconhecimento pro- fissional por meio de divulgação interna e na mídia, e poderão eventualmente gerar compensação financeira, Spitzeck, da ganhando relevância internacionalmente D iv ul ga çã o C A P A conforme o retorno que proporcionarem. Existe, ainda, a possibilidade da criação de fóruns internos, com o forma- to do programa Shark Tank, para estimular e aprimorar a cultura empreendedora e, principalmente, o desenvol- vimento de características pessoais desejáveis para pro- fissionais da área de vendas, negociação e gerenciamento. Para Nakashima, o perfil empreendedor é composto de traços de personalidade muito apreciadas nas em- presas, como curiosidade, criatividade, proatividade e autodidatismo. “Na empresa, já existem testes para identificar asseguintes características, aplicados princi- palmente nos candidatos a franqueados e aos níveis ge- renciais internos: dominância, que analisa a habilidade de lidar com problemas e desafios; influência, como lida com pessoas e as influencia; estabilidade, para medir a resiliência a mudanças; e complacência, como se adapta a regras preestabelecidas.” TODOS PODEM PARTICIPAR Mas emplacar um projeto de inovação, que dê auto- nomia e protagonismo entre os colaboradores para cul- minar em uma cultura que suporte, fomente e valorize o intraempreendedorismo, tem seus desafios, suas bar- reiras a serem superadas. Spitzeck, da FDC, conta que as barreiras mais comuns estão ligadas à liderança que ainda acredita no tal comando-e-controle e que não vê a necessidade de inovação. “Já os desafios são muitos: falta de tempo de trabalhar em projetos intraempreendedores; cultura de ‘departamentos’ dentro da organização; falta de financiamento; e falta dos colaboradores em se reco- nhecerem como intraempreendedores para se conectar com outros – e ver que não estão sozinhos”, diz. Outro ponto a ser superado, de acordo com Marisa Albuquerque, head de inovação e fábricas de software da Globalweb, é o medo do brasileiro de desenvolver um processo de criatividade e de participar de vivên- cias de experimentações que podem ser malsucedidas. Algo bem cultural. E para vencer barreiras culturais na empresa, a executiva conta com um forte proces- so de comunicação para envolver os cerca de dois mil funcionários da Globalweb, muitos alocados em fábri- cas de software que ficam fora dos escritórios da em- presa, a participarem de um projeto de inovação. Companhia brasileira que presta serviços e soluções de tecnologia da informação, a Globalweb percebeu, nos últimos tempos, a necessidade de entregar mais que tecnologia: soluções de negócios que resolvessem verda- deiramente certas demandas e lacunas das empresas que atende. Para isso, decidiu criar uma área de inovação, dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos e serviços mais aderentes aos problemas dos seus clientes. “A área de Inovação Globalweb foi estabelecida com o objetivo que se criar um mecanismo colaborativo de ino- vação para o pensamento livre dentro da empresa. A ideia é buscar alternativas de soluções e serviços que suportem demandas internas, dos seus clientes e da comunidade em seu entorno. As sessões são abertas a qualquer colaborador da empresa e reúnem um grupo com diferentes experiên- uitos atribuem a Gifford Pinchot III, que escreveu o livro Intrapreneurship: why you don’t have to leave the corporation to become an entrepreneur (Harper & Row), a cria- ção do termo intraempreendedorismo. E é desse livro que tiramos os dez mandamentos para os intraempreendedores: 1. Trabalhe o máximo que puder 2. Lembre-se: é mais fácil pedir perdão do que permissão 3. Faça qualquer trabalho necessário para que o seu projeto funcione, independentemente da descrição do seu cargo 4. Siga sua intuição sobre as pessoas que esco- lher e trabalhe apenas com as melhores 5. Contorne quaisquer ordens destinadas a pa- rar o seu sonho 6. Encontre pessoas para ajudá-lo 7. Nunca aposte em uma corrida a menos que você esteja correndo 8. Seja verdadeiro em seus objetivos, mas rea- lista sobre as formas de alcançá-los 9. Honre seus patrocinadores 10. Vá para o trabalho todos os dias disposto a ser demitido Os dez mandamentos M 29R E V I S T A M E L H O R 30 R E V I S T A M E L H O R cias”, diz Marisa. Qualquer colaborador pode participar, a partir da proposição de um problema. “A área de RH par- ticipa desde o processo de ideação, validação, prototipação e experimentação. Sempre com a missão de trazer a pers- pectiva de ‘olhar o outro’ como premissa”, diz ela. E quando se fala em intraempreendedorismo não há como deixar fora da discussão a questão de recompensas e reconhecimento. Neste momento, na Globalweb, a po- lítica de recompensas está baseada em destaques e visibi- lidade dentro da empresa. Mas em função dos resultados alcançados, futuramente imagina-se um programa mais arrojado. “Promovemos ações em projetos específicos para premiar seus destaques. O item inovação é fundamental na escolha desses projetos. Ainda em junho, promovemos um evento de reconhecimento de um projeto de grande complexidade realizado junto a uma grande operadora de telecom. Nessa oportunidade, reconhecemos com gifts es- peciais e troféus os colaboradores que inovaram na hora de entregar. Esse é um processo recorrente em nossa empresa e que vai ser o pilar para as recompensas do Innovation Lab”, diz Marisa. PROFISSIONAIS MAIS RESISTENTES Inovação é um valor para a Finnet, empresa de TI para automação financeira. Sheila Nunes, gerente de RH, conta que, ao investir em uma dinâmica de trabalho inovadora, a empresa vivencia esse valor e proporciona um ambiente com autonomia para seus colaboradores. “Estimular a ino- vação faz parte do nosso DNA para que tenhamos diferen- cial competitivo na retenção de talentos.” Para envolver os funcionários a participarem do proje- O que avaliar na hora de contratar as como identificar o perfil de um intraem- preendedor em um processo de recrutamen- to e seleção? Carolina Cabral, gerente sênior de recrutamento da Robert Half, conta que, ao con- sultar o currículo, é possível perceber esse perfil pelo histórico de empresas por onde ele passou, especial- mente se participou da implantação de uma área ou departamento em alguma empresa ou se trabalhou em uma startup, por exemplo. “Se ele ficou um ou dois anos em uma startup, principalmente se ajudou a desenvolvê-la do zero, com certeza tem o perfil”, diz. Já durante a entrevista, vale observar o modo como ele conta sua experiência. “Em geral, esse candidato não é tarefeiro; ele foca em contar os resultados e mu- danças que promoveu ou atingiu nas empresas por onde passou. Também destaca o que ele fez e não se esconde por trás de uma equipe. Ele consegue demons- trar como sua atitude fez diferença em um projeto, por exemplo, sem desmerecer os colegas”, acrescenta Caro- lina. Para conferir essas informações, é sempre salutar checar as referências profissionais para confirmar com os gestores anteriores se esse profissional realmente possui esse perfil ou se apenas se preparou muito bem para a entrevista. No entanto, profissionais com esse perfil não são muitos disponíveis no mercado e Caroli- na afirma haver uma demanda crescente por parte das empresas. “De modo geral, esse profissional não está desempregado. O lado positivo é que o mercado está em migração. Notamos que profissionais de diversas áreas têm se movimentado para desenvolver essas ha- bilidades, fazendo cursos, academia corporativa, De- sign Thinking etc.”, diz. Um conselho que a consultora dá para as empre- sas que desejam ter esse profissional é, desde o pro- cesso seletivo, dar evidências de que ele realmente terá a autonomia que almeja e que ele terá liberda- de para criar e inovar. “Como esse profissional tem perfil crítico, durante a entrevista costuma questio- nar os entrevistadores para conferir esses aspectos. Ele também é muito ligado aos gestores; por isso, é essencial que haja uma relação de empatia com os líderes diretos e demais gestores para que o profis- sional explore todo seu potencial ao ser admitido para a equipe”, diz. M C A P A 31R E V I S T A M E L H O R to de inovação, a Finnet treinou 70% de sua mão de obra, incluindo as áreas técnicas, comercial, RH, MKT e finan- ceiro em metodologias ágeis. “Mergulhamos no mundo dos meet-ups. A dinâmica de trabalho do RH também passou a ter projetos por Sprint, Daylings, Scrum Master, entre outros, a fim de vivenciarmos essa TransfoRHma- ção”, diz Sheila. Ela lembra que também foram realizados vários treinamentos de Scrum com sushi para os demais colaboradores. Isso ajudou a atrair as pessoas das equipes que, curiosas, realizavam o curso, aprendiam e, no final, saboreavamo sushi, feito com metodologia ágil. Com a chegada de um novo Chief Technology Offi- cer (CTO), Leonardo Sakai, a companhia construiu em conjunto com todos os heads o planejamento de 2019 para que cada squad pudesse se tornar indepen- dente e com mais foco em um produto específico para alavancar o negócio. “Para que não houvesse falha na comunicação, realizamos diversos eventos, vídeos, di- vulgação em rede social interna, além dos encontros das horizontais que são realizados semanalmente. Cerca de 100 colaboradores são responsáveis pelas estratégias de inovação da Finnet. Além disso, iniciamos um projeto de investimento em startups que possuem sinergia com os nossos produtos e soluções, promovendo a aceleração do time to marketing do grupo empresarial”, diz Sheila. Mais uma vez, alguns obstáculos apareceram nesse processo que instiga os colaboradores a serem empreen- dedores corporativos. “Como em toda mudança, sem- pre há aqueles profissionais mais resistentes por diver- sos motivos: aversão ao risco; ceticismo; entre outros. Além disso, a empresa possuía muitos profissionais com muito tempo de casa. Tivemos os que se reinventaram e encararam a mudança como um desafio e aqueles que preferiram sair do time”, conta a executiva de RH. Ter medo do risco e de errar, na Finnet, também é en- carado de outra forma. O erro, assim com em outras em- presas que entendem o poder o intraempreendedorismo e da inovação, faz parte do processo e é usado como fonte de aprendizado. Lá, depois de cada Sprint, há um Review, uma espécie de análise de tudo o que foi feito e de tudo aquilo que precisaria ser evoluído, para que nos próximos sprints não ocorressem os mesmos problemas. Além dis- so, a empresa possui um mural do aprendizado, em que as equipes se reúnem para discussão e análise de causa-raiz. Em função dessa busca por inovação e autonomia para os funcionários empreenderem internamente na Finnet, o processo de recrutamento e seleção passou por mudanças. Hoje, as equipes são responsáveis por fazer o hunting do talento e a análise técnica. Após essa etapa, o pessoal de RH faz a entrevista para um diagnóstico comportamental e fit cultural. Muitas entrevistas são realizadas em grupo para otimizar o tempo. Depois desse processo, todos se reúnem para decidir em consenso se o profissional será ou não contratado. Sheila conta que o índice de retenção e assertividade é de, em média, 95%, excluída a área de aten- dimento ao cliente. Ela explica que, com essas mudanças, os squads adquiriram mais autonomia, responsabilidade e sentimento de dono, além da empatia com o RH. “Atual- mente, as competências que a empresa busca são autoges- tão, multidisciplinaridade e empreendedorismo”, diz. Sim, as empresas buscam um novo perfil de profis- sionais no mercado para atender a essa demanda por mais inovação e protagonismo. Carolina Cabral, geren- te sênior de recrutamento da Robert Half, conta que o interesse na contratação de intraempreendedores vem crescendo exatamente por causa do novo perfil de mer- cado e porque o profissional agora deve ter mais do que o olhar de “dono”: é necessário ter uma visão híbrida, com foco em inovação. “Algumas empresas demandam mais esse tipo de profissional, especialmente com o avanço da tecnologia. Em startups, por exemplo, esse é um perfil- -chave, independentemente de segmento de atuação ou cargo. Empresas que estão passando por processo de re- branding, ou novo posicionamento de marca, também demandam esse tipo de profissional, além de empresas de e-commerce que atuam no mundo digital”, diz (veja mais no boxe O que avaliar na hora de contratar). Mas de nada adianta buscar esse profissional se a casa não está arrumada para recebê-lo, se a cultura não é verda- deiramente ligada à inovação, ao erro como aprendizado, à autonomia. Trata-se de um casamento que mal começa e acaba. Com dores para ambos os lados. Sem uma lide- rança capaz de identificar um empreendedor corporativo e de dar a ele condições para que exerça esse protagonismo, nada feito. Sufocar as ideias de um funcionário intraem- preendedor pode não ser uma boa atitude. Por exemplo, se as lideranças da Kodak tivessem dado ouvidos e incentiva- do o engenheiro Steven Sasson, seu funcionário, logo que ele mostrou o projeto de uma câmera digital, há algumas décadas, talvez a empresa não tivesse o fim que teve. No entanto, o medo de criar um produto que ameaçava seu carro-chefe foi maior... E deu no que deu. 32 R E V I S T A M E L H O R Na Algar Telecom, os intraempreendedores desafiam os “tubarões” T A N Q U E D E IDEIAS a Algar Telecom, o processo estruturado para incentivar a geração de ideias inovadoras existe desde 2001. Em 2017, evoluiu e ganhou força. Ana Paula Marques, diretora de gente e relacio- namento com o cliente, conta que a empresa possui uma política de reconhecimento de inovação para incentivar e proporcionar a todo e qualquer associado, estagiário, jovem aprendiz e bolsista a oportunidade de contribuir ativamente para o cumprimento da estratégia da orga- nização. Aqueles que apresentam performance diferen- ciada na execução da inovação são reconhecidos por seu engajamento e recompensados financeiramente. As ideias de inovação internas da empresa são apro- vadas num programa batizado de Shark Tank, forma- to inspirado em game show no qual empreendedores apresentam seu negócio a investidores, os chamados “tubarões”. O time do Shark Tank é constituído por profissionais de visão sistêmica e envolvidos com a es- tratégia da empresa e que pertencem a diferentes áreas da organização, como financeira, negócios, processos, relacionamento com clientes, talentos humanos, tec- nologia e transformação. Além da aprovação, os “tubarões” são responsáveis por classificar em qual esteira de execução a ideia será enquadrada: protótipo; estação; talentos humanos; ou transformação. Após essas duas etapas preliminares, é iniciada a execução, protagonizada pelo autor da ideia, com o apoio das áreas executoras, equipe do Brain (Instituto de Ciência e Tecnologia fundado pela Algar Telecom) e da área beneficiada. O associado se torna o empreendedor da solução que sugeriu e é responsável por vender a sua ideia, recrutar colegas para a execução e cumprir o que foi apresenta- do no pitch. Ao final, após a validação dos resultados, os profissionais envolvidos na implantação da ideia recebem prêmios em dinheiro como reconhecimento. Por meio desse programa que incentiva o intraem- preendedorismo, a organização colhe uma série de benefícios, diz Ana Paula. Entre eles, ela cita o maior engajamento dos associados (como são chamados os colaboradores), que leva à retenção, assim como a atração de talentos. “O intraempreendedorismo tam- bém tem um papel muito importante como apoio na transformação da cultura, uma vez que os associa- dos são estimulados a trabalhar de novas maneiras, atuando em times multidisciplinares, colocando o cliente no centro, analisando questões de custos etc. Ao se desenvolverem como verdadeiros empreende- dores dentro de casa, eles estão ajudando a organi- zação a se tornar mais ágil, competitiva e preparada para as mudanças no mercado”, diz, acrescentando que, além das vantagens internas, o intraempreende- dorismo também gera valor para o cliente – já que o entendimento das suas dores e a busca por produtos e soluções que melhorem sua experiência são o princi- pal foco das inovações. N D iv ul ga çã o Ana Paula, da papel importante como apoio na transformação da cultura C A P A 32 R E V I S T A M E L H O R 33R E V I S T A M E L H O R A questão é saber como vencer as barreiras ou ar- madilhas para implementar um programa dessa na- tureza. Uma delas é a comunicação, como transmitir da maneira mais clara possível os objetivos do pro- grama, os critérios de avaliação, o que a organização busca, o que faz sentido para a empresa e o cliente. “Isso se torna mais crítico quando é necessário co- municar umaresposta negativa para o autor de uma ideia. É preciso explicar a análise realizada de ma- neira muito aberta e estruturada, garantindo que esse associado não se desmotive, para que continue sempre instigado a pensar em novas oportunidades”, destaca Ana Paula. Outro desafio com o qual a empresa se depara ao longo do processo é quando, em alguns casos, um associado tem uma grande ideia, mas não tem perfil de execução. Ana Paula comenta que uma ideia boa, na verdade, é uma ideia bem executada – assim, não há como separar as duas coisas. “Temos de estimular o que chamamos de ‘protagonismo da execução’. Se aquele associado não tiver essas competências, ele pre- cisa montar um time que tenha. Por isso, temos uma estrutura de mentores e guardiões da inovação para dar todo o apoio necessário durante o processo.” Na Algar Telecom, o papel da área de Talentos Hu- manos tem sido fundamental nesse processo de busca de uma cultura de intraempreendedorismo, uma vez que ela é responsável pela evolução cultural da empre- sa. Ana Paula conta que o Grupo Algar vem desenvol- vendo um trabalho em torno dos atributos pelos quais quer ser cada vez mais reconhecido – ágil, inovador, confiável e perene – e os comportamentos vinculados a eles que deseja estimular nos associados de todos os níveis. “A questão do intraempreendedorismo se co- necta a esses atributos, criando total sinergia com o que estamos buscando para a nossa evolução cultural.” E isso pressupõe mudanças em ações e políticas como avaliação, recompensa, por exemplo: AVALIAÇÃO “Nossa avaliação de performance, em todos os níveis, já está centrada nos quatro atributos (ágil, inovadora, confiável e perene) e nos comportamentos esperados dentro de cada um deles. Sendo assim, o perfil inovador do associado é formalmente avaliado”, diz Ana Paula. RECOMPENSA Seguindo a política do Shark Tank, todas as esteiras premiam a inovação. Por exemplo, os participantes dos protótipos ganham um reconhecimento financeiro no mesmo valor quando a ideia é concluída, independente- mente de seu resultado. “Esse reconhecimento é muito importante porque houve um esforço, uma tentativa para conquistar uma melhoria, mesmo que o resulta- do não tenha sido o esperado. Isso é essencial para de- monstrarmos nossa cultura de tolerância ao erro, tão importante para estimular a inovação.” Se a ideia der certo e for escalada para a empresa, é utilizada uma porcentagem do resultado do projeto e distribuído um reconhecimento adicional para o time. Cada um pode ganhar até quatro salários-base como prêmio. TREINAMENTOS “Promovemos uma série de capacitações para es- timular o intraempreendedorismo, com foco em workshops para estimular que os associados se tor- nem protagonistas da inovação”, diz Ana Paula. “Acreditamos que se aprende fazendo, então esta é a base de nossa metodologia de aprendizagem 70-20- 10. Seguindo esse conceito, consideramos que 70% do aprendizado se adquire ao ‘colocar a mão na massa’, agindo; 20% do aprendizado se adquire por meio da colaboração, ouvindo outras pessoas e aceitando su- gestões de melhoria. Já 10% do aprendizado se adqui- re em sala de aula. A metodologia do Shark Tank se encaixa bem nesse conceito.” RECRUTAMENTO A empresa está trabalhando para também adaptar o processo de recrutamento e seleção seguindo os qua- tro atributos definidos. Ana Paula acredita que o intraempreendedorismo tende a ser cada vez mais valorizado e incentivado nas empresas, uma vez que estamos avançando para orga- nizações cada vez mais abertas, ágeis, inovadoras, e a inovação e a cultura de resultados estão diretamente associadas ao empreendedorismo. “As organizações têm avançado muito nesse sentido e isso tende a ga- nhar muito mais força num futuro próximo.” 34 R E V I S T A M E L H O R C A P A E N T R E V I S T A E S T R A D E F L O R E N C I A da Liga dos Intraempreendedores Job description versus job crafting E se pudesse criar uma carreira intraempreendedora? S hu tt er st o ck 35R E V I S T A M E L H O R E la é empreendedora, estrategista e se diz apaixonada por negócios com impacto posi-tivo em pessoas que encontram sentido em seu trabalho e propósito na vida. Florencia Estrade é co-líder global da Liga dos Intraempreende- dores, uma organização internacional sem fins lucra- tivos que desenvolve comunidades de aprendizagem para inovadores institucionais com núcleos no Brasil, Inglaterra, Peru, Canadá e México, além de possuir embaixadores em mais 10 países. Na entrevista a se- guir, ela destaca o papel do intraempreendedorismo para ajudar as empresas em seus novos desafios. Há uma atenção maior ou crescente por parte das empresas em relação ao intraempreendedorismo? Sim. O intraempreendedorismo atende a três dores que as organizações têm cada vez mais presentes: (1) a necessidade de inovar cada vez mais rapidamente para acompanhar o ritmo da indústria e startups; (2) a di- ficuldade para manter os talentos realmente engajados dentro da empresa, quando a busca individual pelo pro- pósito e significado no trabalho cresce; (3) o desafio da geração de modelos de negócios sustentáveis que geram impacto socioambiental positivo. O intraempreendedo- rismo é o caminho para destravar o potencial humano dentro das organizações, servindo como canal de reali- zação do propósito das pessoas e da organização. Nessas ações, qual tem sido ou qual deve ser a participação da área de RH? Hoje, fala-se muito sobre o futuro do trabalho e o tipo de skills e de liderança necessários para um mundo cada vez mais volátil e incerto. A liderança intraempreendedora é essencial para a evolução das organizações. As áreas de RH têm três papéis impor- tantes nesse sentido: 1Identificar e acolher as pessoas que já estão demons-trando sua capacidade intraempreendedora. Na co- munidade da Liga de Intraempreendedores, temos essas pessoas como membros da rede e percebemos quando elas têm dificuldade de se desenvolver internamente na organização, às vezes sendo consideradas como diver- gentes ou diferentes e enfrentando muitos desafios para gerar mudanças a partir de dentro da empresa. 2 Capacitar os colaboradores para exercer sua lide-rança intraempreendedora, desenvolvendo com- petências específicas, tais como pensamento genera- tivo, construção de business case e capacidade para navegar no sistema político da organização. 3 Criar um ambiente organizacional favorável ao intraempreendedorismo. É importante, por exemplo, preparar os gestores para acolher o intraem- preendedorismo nas suas equipes. Isso, muitas vezes, vai contra os modelos atuais de job description, metas, incentivos, modelos de carreira etc.. Como ajudar uma empresa a mudar seu mindset, sua cultura, para o intraempreendedorismo? Quais são as barreiras mais comuns? A Liga de Intraempreendedores realizou um estu- do sobre esse tema, em 2018, com algumas entidades. Posso compartilhar alguns dos highlights: 1 DISTRIBUIÇÃO DE PODER E TOMADA DE DECISÃO: a fragmentação e as caixinhas são muito eficientes para controle e eficiência, mas uma grande barreira para a criação e a inovação. Os intraem- preendedores têm dificuldade de se enxergar em uma área, pensam de forma mais holística, como “donos”, e sofrem quando têm de lidar com brigas de poder entre áreas e ciúmes entre departamentos. Muitos deles ex- pressam a dificuldade de, às vezes, apresentar ideias e levar adiante projetos que passam por cima de seus che- fes. É importante criar espaço para o desenvolvimento e a aprovação de ideias multifuncionais, que não se encai- xam na estrutura padrão da organização. 2 MODELOS DE CONTRATAÇÃO: as empre-sas têm uma tendência a buscar o fit cultural em lugar de cultivar a diversidade. É interessante olhar como muitos dos modelos de capacitação e de desen- volvimento profissional dentro das empresas buscam a homogeneidade entre os colaboradores. No caso do intraempreendedorismo, é importante apreciar a di- versidade e dar espaçopara ela ficar viva. 3 MODELOS DE INCENTIVOS: a principal queixa de todos os intraempreendedores é a falta de reconhe- 36 R E V I S T A M E L H O R cimento. A performance é majoritariamente medida em função de resultados de curto prazo e metas tangíveis. Os intraempreendedores sofrem com a falta de valorização de suas ideias, tendo de renunciar a “promoções” e [oportuni- dades de] “carreira” para fazer o que realmente os empolga. E se pudesse criar uma carreira intraempreendedora? Como a empresa deve lidar com o erro? Quando lidamos com a operação do dia a dia e a eficiên- cia em processos maduros e repetitivos, é natural e lógico focar a diminuição da quantidade de erros, como sinal de eficiência e efetividade. Mas quando falamos de gestão es- tratégica, de desenvolvimento de novos negócios, de ino- vação, é preciso desenvolver uma cultura de aprendizagem em que haja espaço para o erro. Mais: deve-se considerar o erro como parte fundamental do processo de aprendiza- gem. É quase o contrário do que normalmente se fala: em uma entrevista de recrutamento ou de avaliação de perfor- mance, se a pessoa diz que não errou, isso pode ser enten- dido como sinal de que não tentou e, portanto, pode ser avaliada pior do que quem tentou e falhou. Gosto muito do movimento Fuck up nights, que promove a celebração do erro, o aprendizado por meio do erro. Quantas empresas hoje de fato celebram o erro? Qual o papel das lideranças? As lideranças dão o exemplo, são os role models para a cultura da organização. É importante ter lideranças que exercitam sua capacidade intraempreendedora e dão o exemplo, tomando risco e engajamento pessoal no que acreditam. E também é importante que elas motivem as pessoas a buscar seu propósito pessoal, como elas se re- lacionam com o propósito da organização e deixar um espaço para o job crafting, em que cada um busca ou cria sua posição na organização. Falar em intraempreendedorismo é falar em dar voz, em ouvir mais os funcionários e permitir que sejam mais protagonistas. Quais os impactos disso para a empresa para atrair e reter talentos? Com certeza ajuda a atrair e reter talentos. Ser uma empresa que promove o intraempreendedorismo significa ser uma empresa que se coloca como pla- taforma para as pes- soas poderem trabalhar “desde” a organização e não “para” a organiza- ção. É oferecer a opor- tunidade para as pes- soas desenvolverem seu propósito pessoal e po- der gerar mais impacto positivo na sociedade, alavancando a platafor- ma da organização. De forma geral, a partir de sua experiência, como as empresas recompensam e reconhecem esses funcionários? Intraempreendedores apreciam autonomia e fle- xibilidade, evitam burocracia e processos e gostam de um desafio mais aberto, aquele papel em branco, aquela “janela de oportunidade” para criar. Então, trata-se de gerar espaços mais livres dentro das po- sições, em que há uma porcentagem de tempo, uma porcentagem do bônus, que é flexível, para cada um criar seu espaço no que quer desenvolver. Em lugar de job description é o job crafting. Como aliar o intraempreendedorismo aos movimentos de criação de labs nas companhias ou à aproximação de empresas junto a startups (ou até mesmo criando incubadoras)? Que resultados podemos ter desses encontros? Há um grande potencial no encontro de intraem- preendedores com empreendedores. É um mix perfeito de perfis, ambos têm capacidade criativa e de geração de oportunidades; um deles traz mais rapidez, fluidez e o outro traz escala, investimento. Os intraempreen- dedores têm a capacidade criativa empreendedora e o entendimento de como funciona a política, orçamen- to, limites políticos da organização. Os empreendedo- res trazem oxigênio, criatividade, rapidez que pode ser aproveitada pela empresa. As empresas têm uma tendência a buscar o fit cultural em lugar de cultivar a diversidade C A P A E N T R E V I S T A 37R E V I S T A M E L H O R 4 R E V I S T A M E L H O R 24 20 B R I E F I N G C AA P A C O N A R H C O N F I R A + 34 32 06.Caro leitor Por Sandra Gioffi , diretora do CONARH e diretora-executiva de cultura digital da Accenture 08.Giro 38.Coaching 44.Estagiários – Pesquisa 50.ABRH-BRASIL 52.Abre aspas Por Mari Achutti, CEO e fundadora da Sputnik Para os CEOs, agilidade é a nova moeda dos negócios. E se eles não se adaptarem, suas empresas poderão se tornar irrelevantes Confi ra as cinco Trilhas de Conhecimento – estratégia, cultura, liderança e talentos, digital, e mercado e tendências 16 Fortalecer o intraempreendedorismo entra na agenda da área de recursos humanos para ajudar a empresa a inovar mais e a reter os melhores talentos – entre outros benefícios CCAPA - CASSEEE NNa Algar Teleccooom, os inntraempreenddeeedores desafi am os “tubarões” CCAPA - ENTRRRREVISTA EE se pudéssemmoss criar uma caarreira intraeemmmpreendedora? 12 Estudo mostra que 87% dos experts digitais brasileiros desejam construir uma carreira no exterior P E S Q U I S A T A L E N T O S – P E S Q U I S A 5R E V I S T A M E L H O R RH TRIPLE P R O G R A M A Uma nova digital para o RH A O RH Triple A é uma experiência de aprendizagem fluída e intensa, para que gestores de RH desenvolvam as habilidades necessárias para lidar com as transformações da sociedade, contando para isso com amplos espaços de cocriação do conhecimento, troca de experiências, protagonismo e acolhimento do pensamento divergente e emergente. Saiba mais: rhtriplea.fdc.org.br | 0800 941 9200 | atendimento@fdc.org.br Início em 29/07 6 R E V I S T A M E L H O R OO CONARH DDDE 2019: ##humanize Vivemos na era da mudança exponencial! Carros autônomos, apli- cativos que ajudam as minorias, comida a um clique, robôs que fazem visi- tas médicas ao leito dos pacientes, filmes em qualquer device e a qualquer hora, DNAs sendo modificados... Uma era em que o homem domou de verdade a tecnologia e emprestou a ela sua inteligência, a cognitiva! Mas a mais fantástica transformação é o impacto disso tudo no compor- tamento humano. O cliente, hoje, tem voz, tem jornada e exige personaliza- ção e experiência. CEOs reconhecem que o ativo mais importante é a pessoa e também que seus funcionários são mais maduros digitalmente que suas culturas organizacionais. Depois de tanta revolução, industrial, tecnológica, chegamos à revolução humana, na qual a tecnologia está a favor das pessoas. É verdade que alguns postos de trabalho estão em extinção, mas também outros novos e com mais significado surgem. Além disso, estamos demo- cratizando o acesso a camadas mais simples da nossa sociedade. Um exem- plo? Que formação é exigida para operar um drone? Em qual grande uni- versidade um profissional tem de estudar para atuar com essa máquina? Com essa revolução, novas competências são exigidas: empatia; colabo- ração; adaptabilidade; capacidade de reinvenção, de cooperação etc. Em- presas estão abrindo mão de formação universitária para privilegiar a for- mação “humana”, na qual a ética e o respeito são amplamente valorizados. Entendem que prover conhecimento técnico e formação é mais fácil e mais barato do que prover as chamadas competências transversais. E como o profissional de pessoas está se posicionando nesse cenário? Quais casos concretos de sucesso e protagonismo temos no Brasil e no mundo para compartilhar? O que podemos aprender juntos para levar e disseminar nas nossas organizações, influenciando os gestores, líderes e as culturas para que esse crescimento exponencial seja sustentável? Como podemos fazer parte e não ficar de fora da nossa era - a era que todo pro- fissional de RH sempre desejou? Agora, estão falando a nossa “língua”, o nosso idioma. De gente a gente entende! E vamos falar muito disso no CONARH 2019! EDITOR Gumae Carvalho: gumae@editorasegmento.com.br Web: melhoronline@editorasegmento.com.br PUBLICIDADE marta.acosta@editorasegmento.com.br TECNOLOGIAMARKETING/WEB Editor de vídeo: Gabriel Pucci ASSINATURAS EDITORA SEGMENTO Central de atendimento ao leitor acesse www.editorasegmento.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Sardinha CONSELHO DELIBERATIVO C A R O L E I T O R www.revistamelhor.com.br Diretora do CONARH e diretora-executiva de cultura digital da Accenture 7R E V I S T A M E L H O R Responsável Técnico: Dr. Eduardo Grill - CRM 79041. A conquista da Acreditação nível Pleno da ONA é o reconhecimento da qualidade dos serviços prestados pelo Hospital Dom Alvarenga a população. Fale com sua operadora sobre o Dom Alvarenga. SE O SEU PLANO É MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS SEUS COLABORADORES, COMBINA COM O NOSSO. O Hospital Dom Alvarenga vem fazendo investimentos constantes na modernização de sua infraestrutura e também no aprimoramento dos seus profissionais. Tudo para oferecer um atendimento cada vez melhor. Com qualidade reconhecida e mais de 20 especialidades clínicas e cirúrgicas, o Hospital Dom Alvarenga está preparado para realizar os mais diversos tipos de cirurgia, como oncológicas e cardiológicas. Também possui um Centro de Diagnósticos para fazer exames de imagem, laboratoriais, endoscópicos, hemodinâmica e um ambulatório médico, onde o paciente é atendido com hora marcada. (11) 2163-1700 Outras informações www.alvarenga.org.br Av. Nazaré, 1361 - Ipiranga 8 R E V I S T A M E L H O R A arquitetura do RH Percurso BATE-PAPO Para José Augusto Figueiredo, presidente no Brasil e vice- presidente-executivo na América Latina da LHH, a área de recursos humanos deve, cada vez mais, construir os melhores contextos para as pessoas se desenvolverem. Quando falamos em carreira, também deve ser englobado o tema transição de carreira. Como ele vem sendo tratado nas empresas? Observamos que, no início, transição de carreira era utilizada para aliviar o “peso na consciência” da organização ou responsáveis diretos por aquela desvinculação, e existia um peso emocional muito grande nessa ruptura. O segundo ponto era o medo de sanções trabalhistas por parte da pessoa desvinculada. Depois veio o aprendizado, e as organizações começaram a perceber que além de ajudar aquele que se foi, ela gerenciava melhor o clima dos que fi caram, ou seja, passou a ser um forte instrumento de engajamento em momentos de ruptura – inevitáveis. Atualmente, as Como o RH deverá atuar daqui para a frente no que se refere a esse tema (carreira), uma vez que as relações ou vínculos com as empresas tendem a ser diferentes? A importância e relevância do RH aumenta tremendamente! Os RHs estão tendo a oportunidade de ser os arquitetos de contexto para que as pessoas possam se desenvolver. Difi cilmente existirá espaço para pensar em retenção e exclusividade que tínhamos no passado. As organizações terão ofertas para seus contribuidores da mesma forma que ofertam para seus clientes. Viveremos a transição de colaboradores para a de contribuidores! Colaborar não pressupõe resultados e contribuição traz essa conotação qualitativa. Existirão ofertas para diferentes públicos e níveis e o controle e a gestão perderão força para infl uência e impacto. G I R O Fala-se muito que carreira é da responsabilidade da própria pessoa. Mas qual o papel da empresa? A responsabilidade do desenvolvimento da carreira sempre foi do indivíduo. A empresa é uma facilitadora ou aceleradora desse processo. As organizações coparticipam desse desenvolvimento com interesse no desenvolvimento de seus negócios e interesses de curto e longo prazo. Para uma atividade empresarial, o desenvolvimento de carreira não está dissociado de futuros resultados. Viveremos a transição de colaboradores para a de contribuidores Figueiredo, da LHH 9R E V I S T A M E L H O R Qual a importância e as investirem no desenvolvimento de suas carreiras? Tradicionalmente, no Brasil, as empresas patrocinadoras em transição de carreira investem nesse serviço para os cargos de alta liderança, deixando os outros níveis da organização vulneráveis ao que o mercado oferece. Infelizmente, no Brasil, a oferta desse serviço para contratação direta pelos profi ssionais é de baixíssima qualidade quando não serviços fi ctícios. Acreditamos que todos os profi ssionais, de qualquer nível, possam ter a escolha de investir no seu próprio desenvolvimento. Quanto mais cedo o profi ssional encarar os desafi os do autoconhecimento, melhor e maior será sua capacidade de endereçar as questões de soft skills para papéis de liderança, além do know-how para encontrar a empresa na qual ele maximizará sua contribuição, no caso de transição de carreira. empresas acreditam que o investimento transcende a gestão interna, passando a ser uma ferramenta de responsabilidade social, na qual estão inseridos brand reputation, sociedade, engajamento interno etc., algo bem maior. Inclusive, o orçamento para transição de carreira não está sendo gerenciado por RH e sim pelas áreas de responsabilidade social ou relações institucionais. Importante ressaltar que, no RH, esse orçamento em transição de carreira concorre com outros em T&D, por exemplo. O cuidado necessário BENEFÍCIOS le já teve mais poder. Ao menos é o que parece: o salário não é mais o único ou principal motivo que um funcionário leva em consideração na hora de optar por uma empresa para trabalhar. A questão, agora, é avaliar todo o pacote de benefícios que é oferecido, como avalia Th ales Becker, CMO e CSO na Creditoo, plata- forma online de empréstimo consignado. “Uma política de benefícios efi caz vai além do previsto em lei e atende às necessidades dos colabora- dores”, diz, acrescentando que, em algumas companhias, instalações em clubes recreativos, desconto em academias, licença-maternidade e pater- nidade estendidas, e ambiente pet friendly são outros itens que passam a fazer parte dessa lista. Mas o que mais tem pesado nesses pacotes? Para responder a essa ques- tão, Becker lembra da Pesquisa Anual de Benefícios Corporativos, feita pela Mercer Marsh Benefícios, em 2017, que mostrou que os amparos relacionados à saúde e vida (como assistência médica, odontológica e se- guro de vida) estão em primeiro plano, seguidos por auxílios fi nanceiros (vale-refeição, auxílio-creche e empréstimo consignado). Na sequência, estão fl exibilidade no trabalho. “Os dados não chegam a ser necessaria- mente uma surpresa, visto que a precariedade do sistema público de saú- de e o alto índice de endividamento do brasileiro são uma realidade.” Ele conta que, ainda de acordo com a pesquisa da Mercer Marsh, 89% das empresas acreditam que os benefícios fazem parte de uma gestão tática, colaborando, principalmente, para retenção e atração de talentos. “Em diversas pesquisas sobre o assunto, é interessante notar o crescimento no índice de relevância dos benefícios na ges- tão de pessoas. Podemos interpretar tal mudança de comportamento como algo muito positivo, uma vez que as empresas estão olhando com mais cuidado o seu corpo de profi ssionais, o que só vem a agre- gar vantagens à própria companhia, já que funcionários satisfeitos e motivados refl etem na competitividade do negócio”, fi naliza. + E N D I V I D A M E N T O De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 60,1% dos brasileiros começaram 2019 em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o soluções que facilitem suas vidas”, diz Becker. E 9R E V I S T A M E L H O R 10 R E V I S T A M E L H O R G I R O Comente sobre o conteúdo editorial, sugestões e críticas às matérias F A L E C O N O S C O R E D A Ç Ã O Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões, críticas às matérias e releases. Fax: (11) 3039-5610 | melhor@editorasegmento.com.br Cartas para a Revista MELHOR: Rua Paulistânia,551 | CEP 05440-001 | São Paulo | SP Cartas e mensagens devem trazer o nome e o endereço do autor. Por razões de espaço ou clareza, elas poderão ser publicadas de forma reduzida. A T E N D I M E N T O Para falar sobre assinaturas, renovação, números atrasados ou outros serviços para assinantes, entre em contato com a Central de Atendimento ao Leitor. Tel.: (11) 3039-5666 atendimento@editorasegmento.com.br ou www.editorasegmento.com.br M A R K E T I N G Informações sobre promoções, eventos, reprints e projetos especiais. marketing@editorasegmento.com.br P U B L I C I D A D E Anuncie na MELHOR | Gestão de Pessoas e fale com o público mais qualificado do Brasil. Tel.: (11) 3039-5625 | marta.acosta@editorasegmento.com.br M E L H O R O N L I N E Visite a versão on-line. www.facebook.com/revistamelhor www.twitter.com/revistamelhor www.revistamelhor.com.br “Por força de determinação judicial, proferida nos autos do processo nº 0126930- 16.2007.8.26.0100, informamos que as matérias, prêmios e conclusões divulgadas na Revista Corporação - Especial de Tecnologia - nos 1 e 2, nos anos de 2005 e 2006, respectivamente, foram reconhecidamente elaboradas com base em informações equivocadas e Retratação que acabaram prejudicando as avaliações das empresas atuantes na área de tecnologia, fato que ocasionou prejuízos à Elancers Ltda., que deixou de receber a regular análise de seus dados empresariais. Deste informamos que as informações contidas na publicação citada sem o cuidado essencial.” 11R E V I S T A M E L H O R Vivian Pereira e Alexandra Amadeu, colaboradoras da área de RH da Unimed Jaboticabal, sentiam a neces- sidade de aperfeiçoar a forma de interagir com um dos colegas, portador de surdez, Fabio Inagaki. Elas viram no curso de Língua de Sinais, disponibilizado pela câmara municipal daquela cidade e pela Associação de Pais e Amigos dos Surdos, a oportunidade de criar um curso para os demais funcionários da empresa – ajudando-os a se comunicarem com o colega surdo sem precisar de papéis. Dessa ideia e desejo, foi criada uma Oficina Inclu- siva de Libras voltada os colaboradores da Unimed, tendo sua primeira turma encerrada em junho. Há cinco anos trabalhando na empresa, Inagaki (que tem uma vida normal, realizou todos os estudos, inclusive com pós-graduação) foi convidado para ser o instrutor da oficina, que contou com a participação voluntária de 20 colaboradores. “A iniciativa tem sua importância no sentido de capacitar os colaboradores para atendimento a esse público específico, proporcionando a inclusão social e uma melhor comunicação com o colega surdo que trabalha na empresa que, hoje, com certeza, sente-se mais compreendido e valorizado”, diz Vivian. Ensinando bons sinais INCLUSÃO Para Luiz Roberto Lins Ferraz, diretor-presidente da Unimed Jaboticabal, é papel da empresa incentivar a participação de todos nesse tipo de atividade, visan- do à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e acolher de forma mais efetiva ao público que apresente algum tipo de deficiência. aprendem língua de sinais 12 R E V I S T A M E L H O R T A L E N T O S P E S Q U I S A S hu tt er st o ck Nova York é a cidade de preferência dos brasileiros 13R E V I S T A M E L H O R Estudo mostra que 87% dos experts digitais brasileiros desejam construir uma carreira no exterior N A M Ã O E U M D E S T I N O N A C A B E Ç A PASSAPORTE Brasil é um dos países mais propensos à fuga de talentos locais na área digital. É o que afi r- ma um estudo realizado pelo Boston Consul- ting Group (BCG) e pela Th e Network em 180 países. O levantamento aponta que os profi ssionais brasileiros que atuam no segmento estão entre os que mais desejam construir uma carreira no exterior. De acordo com o relatório Decoding digital talent, nada menos que 87% dos experts digitais desejam sair do país, uma porcentagem bem superior à média global, que é de 67%. Os EUA, citados por 63%, aparecem como destino de preferência do brasileiro, seguidos de Canadá (51%), Portugal (37%), Alemanha (34%) e Austrália (37%). Entre as cidades, Nova York, Londres, Lisboa, Barce- lona e Toronto foram, em ordem decrescente, as mais mencionadas pelos entrevistados locais. Levando em conta todos os segmentos profi ssio- nais, na área digital a tendência à imigração é maior. Enquanto 55% dos não especialistas afi rmaram estar O + L E V A N T A M E N T O Para a realização do estudo, foram entrevistadas 27 mil pessoas com especializado (expert-level) em programação e desenvolvimento web; desenvolvimento de aplicativos; Inteligência Artificial; robótica; entre outras habilidades digitais. Os dados foram recortados do relatório Decoding global talent 2018, que, na ocasião, entrevistou 366 mil pessoas de 197 países para identificar as principais tendências entre os profissionais de diversos setores em âmbito global. 14 R E V I S T A M E L H O R dispostos a aceitar uma oportunidade de desenvolver uma carreira no exterior, no segmento digital esse ín- dice chega a 67%. E o interesse varia muito de país para país. Em lugares como o Brasil e a Índia, a disposição para tal mudança é de mais de três quartos, enquan- to que na China, por exemplo, menos de um em cada quatro entrevistados consideraria tal movimento. Os EUA são o principal destino para especialistas digitais em todo o mundo. A lista dos cinco países mais atraentes inclui também Alemanha, Canadá, Austrália e Reino Unido, em ordem decrescente. Lon- dres foi a cidade mais citada no âmbito global, seguida de Nova York, Berlim, Amsterdã e Barcelona. De acordo com o estudo, uma das razões que prio- rizam a escolha dos países, além da proximidade geográfica, linguística e cultural, é a possibilidade de maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e as possibilidades de aprendizado, treinamento e de cres- cimento na carreira. E enquanto os experts digitais brasileiros pensam em partir para o exterior, são poucos os estrangeiros que se atraem pelo mercado local. O Brasil ocupa a 23ª posição no ranking geral de atratividade. Os estran- geiros que mais têm vontade de trabalhar no merca- do digital brasileiro são de Angola (35%), Peru (34%), Argentina (29%), Costa Rica (22%) e Nicarágua (17%). IMPACTO DAS TENDÊNCIAS DIGITAIS Em um momento em que as empresas têm alta de- manda por pessoas com habilidades digitais, esses profissionais estão mais dispostos a se mudar para outro país com o propósito de ganhar experiência ou avançar em suas carreiras. Dessa forma, desenvol- ver ações para atrair ou reter talentos digitais surge como um ponto de atenção para as organizações. O relatório do BCG mostra alguns dos caminhos para enfrentar esse desafio. “O primeiro passo para as empresas é entender o impacto que tendências digitais – como Inteligência Artificial, robótica e automação – terão sobre a força de trabalho e como podem melhorar a qualificação de suas equipes nessas especialidades, viabilizando o recrutamento de especialistas digitais para preencher possíveis lacunas”, afirma Manuel Luiz, sócio do BCG que lidera a prática de pessoas e organizações. Para as grandes lém da tendência imigratória dos es- pecialistas na área digital, o relatório identificou outras características desses profissionais. Uma delas é que, ao contrário do que se imagina, a preferência deles é em traba- lhar para uma grande empresa e não para uma startup. Entre os experts digitais brasileiros, as preferências por local de trabalho são, em ordem decrescente, uma grande empresa, uma startup, pequenas ou médias empresas, órgãos governa- mentais e de maneira autônoma. Na pesquisa glo- bal, foram identifi- cadas 3.666 pessoas como especialistas em Inteligência Ar- tificial (IA), isto é, com conhecimen- to especializado e capacidade de en- sinar o que sabem. Esse número colo- ca o talento da IA em cerca de 14% dos especialistas digitais. Como os especialistasdigitais em geral, esses pro- fissionais preferem trabalhar para grandes empresas, mas, nesse recorte, a análise do BCG encontrou uma lacuna de gênero ainda maior, com os homens respon- dendo por 72% dos talentos em IA, em comparação com 68% dos especialistas em digital em geral. Setenta por cento das pessoas com habilidades de Inteligência Artificial estão dispostas a se mudarem em razão de uma proposta de trabalho, um pouco mais do que outros especialistas digitais. As pre- ferências desses especialistas são os EUA (38%) e a Alemanha (34%), sendo Nova York e Berlim grandes centros de tecnologia que oferecem amplas oportuni- dades de emprego. A Poucos profissionais se atraem pelo Brasil, que ocupa a 23ª posição no ranking geral de atratividade T A L E N T O S P E S Q U I S A 15R E V I S T A M E L H O R MUDAR O MUNDO COM O RH Queremos levar para sua empresa o que há de melhor em nós Vivemos em um mundo de incertezas. Como será o ambiente de trabalho daqui para a frente? As empresas vão perder o medo de compartilhar o que sabem? Vão incluir todos seus stakeholders na conversa, incluindo seus concorrentes, em mercados mais e mais fragmentados? Será que as pessoas terão a humildade e a coragem de se abrirem para o conhecimento, para o aprendizado constante? É chegada a diário a máxima socrática de que sabemos apenas que nada sabemos. QUEREMOS COMPARTILHAR COM VOCÊS NOSSAS CERTEZAS E TAMBÉM NOSSAS DÚVIDAS. E o que caberá ao RH? Será que ele vai entender que seu papel será o de gerir relacionamentos? Entre pessoas, entre times, entre clientes e empresa, entre empresas, entre sociedade e organização. Ele será o promotor de encontros, nos quais as dúvidas e certezas serão divididas e usadas como fonte de conhecimento, de decisão. E para ajudar a área de recursos humanos, temos como tarefa principal colocar todas nossas certezas e dúvidas ao lado de nossas competências para criar as melhores soluções. QUEREMOS DIVIDIR NOSSOS SONHOS, PROPÓSITO E VALORES. Entendemos que o mundo irá se pautar mais por perguntas do que por respostas. Elas TECHWARE APRESENTA vão ensejar novos modelos de negócios, novas competências. O novo que não traz certeza, que causa desconforto, mas que ao mesmo tempo atrai e motiva – a fazer novas perguntas, a criar, a sermos mais humanos. É esse espírito que se coloca como baliza em qualquer empresa. Alinhado ao propósito da organização, fará pulsar a vida no ambiente corporativo cada vez mais digital, mais tecnológico, mais ágil. E somente pessoas concretizam sonhos, valores e missão. E apenas o RH consegue proporcionar esse encontro de desejos. QUEREMOS COMPARTILHAR A DEDICAÇÃO E ALEGRIA DE NOSSOS TECHDESIGNERS EM CADA SOLUÇÃO QUE CRIAMOS. São eles os responsáveis também pela criação desse novo ambiente de trabalho, colocando parte de si em cada linha de programação, em cada atendimento, em cada visita, em cada atividade que parece estar longe de um produto, mas que sem ela nada acontece – como deveria acontecer. Nosso espírito humano é a alma de nossa tecnologia. Acreditamos que é nesse conjunto homem-máquina que trilham os negócios. É a agilidade do digital, com sua amplitude e abrangência, que impulsiona a mudança, que transforma mercados, que exige novas competências, que traz novas experiências. Que cria um novo mundo e um novo RH. Sim, nós transformamos o seu RH. QUEREMOS LEVAR PARA SUA EMPRESA O QUE HÁ DE MELHOR EM NÓS. VENHA CONHECER. 16 R E V I S T A M E L H O R Fique por dentro das Trilhas de Conhecimento C O N A R H E S C O L H A S E U M E L H O R CAMINHO este ano, o Congresso Nacional sobre Ges- tão de Pessoas (CONARH), um dos maio- res eventos do gênero no mundo, completa 45 edições. Com o objetivo de compartilhar inovações e provocar refl exões sobre os temas mais atuais do universo de gestão e desenvolvimento huma- no, o evento contará com mais de 100 palestras. Para aproveitar melhor todo esse conteúdo, tendências e boas práticas, o congresso está dividido em temáticas, as chamadas Trilhas de Conhecimento. “Com esse conceito, o congressista pode escolher qual caminho quer seguir e moldar a própria expe- riência de acordo com os seus interesses e necessida- des. Serão cinco trilhas – estratégia, cultura, liderança e talentos, digital, e mercado e tendências, estrutura- das com foco nas principais demandas do mercado e dos profi ssionais da área”, destaca Sandra Gioffi , dire- tora do CONARH. N 45º CONGRESSO NACIONAL SOBRE GESTÃO DE PESSOAS - CONARH Data: Local: São Paulo Expo Endereço: Rodovia dos Imigrantes, s/n - Inscrições: www.conarh.org.br/congressista Anote na agenda 17R E V I S T A M E L H O R Shutterstock AS TRILHAS ESTRATÉGIA é a trilha que reúne grandes transformações organiza- cionais, mostrando como essas movimentações precedem a definição de táticas e nascem de muita análise e planejamento. Diogo Lara, cofundador do aplicativo Cíngulo, e autor dos livros Temperamento forte e bipolaridade (Saraiva) e Imersão (HarperCollins), apresenta nesta trilha o tema Como anda a mente e a produtividade dos seus colaboradores? O contexto global, as mudanças e as exigências em curso explicam a trilha de CULTURA, que ainda se debruça sobre temas como clima e di- versidade organizacional. Vida ou morte na era exponencial será o mote da palestra de José Salibi, cofundador da HSM, e Sandro Magaldi, cofun- dador da meuSucesso.com, nesta trilha. Carreira, gestão de desempenho, sucessão e mento- ring permeiam a trilha de LIDERANÇA E TALENTOS, dando assistência a líderes em todos os estágios. Laís Souza, ex-atleta olímpica de ginástica artística e esqui aéreo; Renan Dal Zotto, técnico da Seleção Brasileira Masculina de Voleibol; e Mauricio Noriega, jornalista do Grupo Globo, estarão nesta trilha com a palestra Alcançando e mantendo a alta performance. O que o es- porte pode nos ensinar? As novas ferramentas que estão transformando o setor, como Inteligência Artificial, user experience e analytics, serão contempladas na trilha DIGITAL. Quem quiser saber mais sobre esse universo pode con- ferir a palestra Influenciando o futuro do RH, apresen- tada por Marcelo Nobrega, diretor de recursos huma- nos da Arcos Dourados. Tudo o que é inovador e des- ponta com força em algum lugar no mundo, impactando organiza- ções e pessoas, faz parte de trilha de MERCADO E TENDÊNCIAS. O papel da cultura – Fortalecendo valores e pessoas é o tema que será abordado por Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, e Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor Brasil, e moderado por José Roberto Bur- nier, jornalista e apresentador da GloboNews, nesta trilha. lições do esporte papel da cultura valores e pessoas futuro próximo 18 R E V I S T A M E L H O R lançamento do CONARH 2019 foi realizado no encerramento da edição 2018, e com muita tecnologia envolvi- da. Os visitantes foram convidados a baixar o aplicativo Câmera CONARH, na App Store ou Google Play. Ao posicionar a câmera do celular em frente do crachá ou de logotipos do CONARH 2018, um avatar surgia na tela, apresentando o evento deste ano. Em seguida, apareciam os ícones “Quem faz o CONARH?”, “Qual o tema do CONARH 2019?”, “Quando acontecerá?”, e a planta baixa do evento. To- das as informações em realidade aumentada. Mundo executivo aralelamente ao CONARH, será realizada também a Expo ABRH, principal feira de negócios da área na América Latina. Os visitantes poderão assistir a mais de 100 palestras e conferir as novidades de mais de 150 expositores. A Expo recebe um público qualificado e ávido por conhecer as novidades e ten- dências de RH, e a expectativa é que mais de 24 mil pessoas circulem na feira du- rante os três dias de evento, conhecendo as inovações e tecnologias das principais empresas do segmento. As inscrições para participar da Expo ABRH podem ser feitas pelo site do CONARH (www.conarh.com.br). O valor do ingresso antecipadoé de R$ 50,00 por dia e agiliza o processo de entrada no local. O preço para quem optar por adquirir o ingresso a partir de 13 de agosto será de R$ 100,00. Estudan- tes e pessoas com mais de 60 anos pagam meia entrada. Viste a Expo ABRH ésar Souza, presidente do Grupo Empreenda, fala por que você não pode ficar fora da edição deste ano do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH), que tem como tema #Humanize. E ele também traz um pouco do que vai ser discutido no Mundo Executivo, uma rodada de palestras para convidados. Confira. O Na palma da mão P C C O N A R H 19R E V I S T A M E L H O R Bruna Lombardi e mais… Confira mais alguns destaques de temas e palestrantes nesta edição do CONARH: D I V E R S I D A D E Os valores, as competências e o comportamento da nova geração (geração da transparência e da verdade) e como organizações podem aproveitar o máximo do potencial dessa diversidade de gerações dentro da em- presa são os temas da palestra Inovação, diversidade e comportamento geracional. Ela será comandada por Andreas Auerbach, sócio da Box1824 e cofundador da NexoHw, nova empresa do Grupo Box focada nos no- vos códigos do trabalho. Nos últimos seis anos, Auer- bach vem desenvolvendo estudos sobre a relação dos jovens com o trabalho e novas metodologias nas áreas de atração, desenvolvimento e cultura. E N G A J A M E N T O O Programa Lótus, da Anglo American Brasil, é voltado ao desenvolvimento de colaboradores e da comunidade. São várias iniciativas, como o workshop de planejamento voluntário, o sábado cultural, cam- peonato de futebol, caminhada da saúde, aula de culi- nária, grupo de turismo, oficina de fotografia, entre outras que, somadas, passam de 330 atividades – além de treinamentos obrigatórios. Além desse programa, o diretor de RH e administrativo da empresa, Carlos Hi- lário Andrade, também vai falar sobre a atuação dos colaboradores da Anglo na tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. Não perca a palestra Programa Ló- tus - Engajando em momentos difíceis. J O V E N S Ele já foi CEO de empresas como o Grupo Pão de Açúcar e Banco do Brasil. Hoje, é conselheiro das Lo- jas Marisa, da Smiles S/A e do Instituto de Reciclagem do Adolescente e senior advisor do Banco Morgan Stanley no Brasil, da Temasek e do Principal Financial Group. Com tanta experiência, Cássio Casseb vai falar sobre como as pessoas fazem a diferença nas empresas e nas ONGs na palestra A missão de impactar a vida e a trajetória de jovens em situação de vulnerabilidade. P R O P Ó S I T O Atriz, poetisa, escritora, apresentadora, rotei- rista, produtora e ativista ambiental, Bruna Lom- bardi está nesta edição do CONARH na palestra Felicidade com propósito. Ela possui uma plata- forma digital, a Rede Felicidade, composta por um portal, um canal no YouTube e Instagram. Com isso, tem o propósito de compartilhar con- teúdos que promovam o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. O canal também é interativo e por meio do “Bruna Responde” seus seguidores enviam dúvidas e perguntas sobre temas e a atriz faz comentários, dividindo experiências que es- timulam o desenvolvimento de hábitos para vi- verem de forma mais feliz e realizada. “Quando nos conectamos com os nossos sen- timentos mais íntimos, com a nossa voz interior, com a fala silenciosa da nossa emoção, estamos nos conectando com o Universo. Por meio do autoconhecimento, entramos em contato com o nosso divino. Deus dentro de nós. Essa é a jorna- da de todos. E se essa energia, que distribuo em tudo que faço, for capaz de ajudar e tocar o co- ração de alguém, então eu mesma encontrei meu propósito na vida”, diz ela. É T I C A Não existe humanização sem Ética. Ela está no centro dos relacionamentos humanos e precisa ser mais debatida. E para falar sobre esse tema, nada melhor do que o professor Alexandre Di Micelli, um dos principais estudiosos sobre o assunto no Brasil. Ele trabalha o tema a partir da perspectiva do indivíduo, extrapolada então para a organização. Tema bastante atual e crí- tico, principalmente no atual contexto do país, que estará na palestra Ética e felicidade no traba- lho: Dois lados da mesma moeda para o sucesso empresarial no século 21. 20 R E V I S T A M E L H O R Para os CEOs, agilidade é a nova moeda dos negócios. E se eles não se adaptarem, suas empresas podem se tornar irrelevantes P E S Q U I S A QUEM FICA PARADO Shutterstock É P O S T E 20 R E V I S T A M E L H O R 21R E V I S T A M E L H O R + P E S Q U I S A Foi conduzida a partir de entrevistas setores sediadas no Brasil. Na América foram entrevistados (exceto Brasil) e, países participaram. s CEOs estão diante de uma escolha difícil. Frente a uma mudança ambiental, econô- mica e tecnológica sem precedentes, esses executivos buscam expandir seus negócios criando a agilidade organizacional para romper mo- delos de negócios existentes e desafiar ortodoxias de mercado de longa data. De acordo com a quinta edição da pesquisa CEO Outlook, da KPMG International, pouco mais da me- tade dos CEOs está confiante de que terão sucesso. Eles apresentam uma visão realista, uma vez que 53% projetam um crescimento cauteloso de até 2% em três anos (queda em relação aos 55% verificados em 2018). Assim como na edição anterior do estudo, eles tam- bém estão mantendo uma perspectiva positiva de cres- cimento de três anos para a economia global, embora tenha caído ligeiramente de 67% para 62% nos últimos 12 meses. Essa confiança também é demonstrada pelo seu compromisso de contratar, com 36% dos CEOs planejando acrescentar mais de 6% à sua força de tra- balho nos próximos três anos. “Um CEO de sucesso precisa, agora, ser um CEO ágil”, afirma Bill Thomas, presidente global da KPMG International. “Ter êxito em um mundo de alta volati- lidade e de incertezas requer habilidades de liderança diferentes, particularmente em grandes organizações multinacionais. Não é mais uma questão de simples- mente defender sua posição e usar escala para manter a vantagem competitiva. Hoje, os CEOs precisam se sen- tir à vontade para quebrar seus modelos de negócios, O forjando novas parcerias estratégicas, considerando estratégias alternativas de fusões e aquisições e aumen-tando as habilidades de suas forças de trabalho”, diz. Para Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, o que há de diferente no cenário de 2019 é a forte consciência das lideranças de que é ne- cessário adotar nova postura perante uma pressão cada vez mais impositiva por respostas que atendam às atuais demandas. “A resposta está na resiliência. É com este re- curso que os CEOs se tornam cada vez mais capacitados às adaptações que o mundo corporativo exige”, afirma. Para os respondentes, a base da empresa resiliente está em segurança cibernética, alianças estratégicas, aplicação de capital em novas tecnologias e mão de obra qualificada. Essa conclusão é ratificada com a 22 R E V I S T A M E L H O R constatação de que, para 32% dos CEOs brasileiros, a adaptação é prioridade do líder resiliente. De acordo com o estudo, os CEOs precisam enten- der e lidar com um conjunto de riscos cada vez mais imprevisível e de rápida mudança. Preocupações sobre degradação ambiental, as perturbações provocadas pelas novas tecnologias e as crescentes tensões geo- políticas estão criando novos níveis de incerteza para os líderes à medida que procuram atender ou exceder suas metas de crescimento: MUDANÇA CLIMÁTICA CONDUZINDO A UM AMBIENTE OPERACIONAL MULTIRRISCO Os CEOs consideraram a mudança climática como o maior risco para o crescimento de sua organização. Esta foi a primeira vez, em cinco anos, que ela foi classificada P E S Q U I S A maioria dos CEOs brasileiros acredita no crescimento das suas empresas, com 88% declarando-se muito confiantes ou confiantes em que isso ocorra entre 2019 e 2021. Entre os CEOs globais, esse índice é de 94% e, na América do Sul, 90% têm essa