Buscar

Direito FT - Componetes da atividade financeira do estado 1

Prévia do material em texto

Aula 02 – Componentes da AFE – Cont. 
CCJ0030 - DIREITO FINANCEIRO e TRIBUTÁRIO I 
Alexandra Rufino 
2019.2 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
 Assim, receita corresponde aos ingressos públicos que se incorporam ao patrimônio público. 
Contudo, nem todos os recursos que ingressam nos cofres públicos são receita, pois alguns deles são 
arrecadados sem ânimo de definitividade. 
 É a entrada que, integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou 
correspondências no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo. 
Aliomar Baleeiro 
 Nesse caso, são ingressos, mas não 
receitas, e se sujeitam a regras distintas. Aqui é 
importante fazer a distinção entre ingresso e 
receita: “Considera-se ingresso toda quantia 
recebida pelos cofres públicos, seja restituível ou 
não, daí também ser chamado simplesmente de 
entradas”. Assim, receita é o ingresso definitivo. 
Receita Pública 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Classificação da RP 
1. Quanto à competência: 
 Classifica-se de acordo com o ente da Federação recebedor. 
 
2. Quanto à origem/coercitividade: 
 Originárias: decorrente da exploração do próprio patrimônio estatal (jus gestionis). São os preços. 
 Derivadas: obtida no patrimônio particular, é a receita decorrente da imposição tributária (jus 
imperii). São as receitas tributárias. 
 
3. Quanto à regularidade da arrecadação pelo Estado: 
 Ordinárias: recebimento regular, periódico, uma constante no orçamento público. 
 Extraordinárias: recebimento excepcional, esporádico. 
 
4. Quanto à Afetação do Patrimônio: 
Receitas Efetivas: aquela que faz crescer a situação líquida patrimonial do Estado. 
Receitas não efetivas: aquela que não muda a situação líquida patrimonial, pois diminuem o ativo 
ou aumentam o passivo. 
 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Classificação da RP 
5. Quanto à natureza: 
 Orçamentárias: arrecadados exclusivamente para aplicação em programas e ações 
governamentais. Receitas correntes e de capital. 
 
Extraorçamentária: pertencentes a terceiros arrecadados para fazer face às exigências contratuais 
pactuadas para posterior devolução. 
 
6. Quanto à categoria econômica: 
Receita corrente: quando não há qualquer cobrança financeira em relação ao Estado. São receitas 
arrecadas sem contrapartida financeira ou patrimonial, por isso, financiam as despesas correntes 
(custeio). 
 
Receita de capital: surgem através de recursos financeiros de contratação de dívidas ou 
comprometimento patrimonial, por isso, só podem financiar despesas de capital (investimentos). 
 Atenção!!! A diferença positiva entre as receitas correntes e despesas correntes, denomina-se 
superávit do orçamento corrente, e destina-se exclusivamente ao financiamento da despesa de capital 
(art. 11 da Lei nº 4.320/64). 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Renúncia de receita 
 São mecanismos financeiros empregados na vertente da receita pública que produzem os 
mesmos resultados econômicos da despesa pública, pois reduzem o patrimônio público. 
 Anistia/remissão/subsídio/crédito presumido/concessão de isenção em caráter 
não geral/alteração ou modificação da base de cálculo. 
 O art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal determina que a renúncia de 
receita deverá estar acompanhada da estimativa de impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios 
seguintes e a uma de duas medidas: 
 a) demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na 
estimativa de receita da lei orçamentária; ou 
 b) estar acompanhada de medidas de compensação de aumento de receita, 
proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou 
criação de tributo ou contribuição. 
Restrições e condições 
 Atenção!!! Não constitui renúncia de receita: a) às alterações das alíquotas dos impostos extrafiscais 
e b) o cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança. 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Praticando é que se aprende!!! 
 Para os doutrinadores, as entradas de numerários que passam a integrar o patrimônio, sem 
quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo denominam-se: 
a) Receita pública. 
b) Receita tributária. 
c) Receita extraorçamentária. 
d) Ingressos permitidos. 
e) Ingressos públicos. 
 Receita pública proveniente de normal arrecadação tributária da unidade da Federação, no 
exercício da sua competência tributária, classifica-se como: 
a) receita extraordinária, sob o ângulo da periodicidade. 
b) receita derivada, quanto à coercitividade. 
c) receita ordinária, em relação à origem da receita pública. 
d) receita transferida, uma vez que provém do patrimônio do particular. 
e) receita derivada, sob a ótica da periodicidade. 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Praticando é que se aprende!!! 
 É exemplo de renúncia de receitas, segundo a LFR: 
a) concessão de isenção em caráter não geral. 
b) as imunidades previstas na CF. 
c) alterações de alíquotas dos seguintes impostos: II, IE, IPI e IOF. 
d) cancelamento de débitos de montante inferior ao valor da cobrança. 
e) alterações de alíquotas de impostos extrafiscais federais. 
AULA 02: Componentes da AFE 
Crédito Público 
 Crédito público consiste em empréstimos captados no mercado financeiro interno ou externo, 
através de contratos assinados com os bancos e instituições financeiras ou do oferecimento de títulos 
ao público em geral. Ricardo Lobo Torres 
Para a doutrina: trata-se de ingresso público e não de receita pública em sentido estrito. 
Para a lei: os créditos públicos são receitas que integram o orçamento fiscal, como receita 
orçamentária, de capital, operação de crédito. 
Direito Financeiro e Tributário I 
Resumindo: Ato através do qual o Estado obtém dinheiro com a obrigação de 
restitui-los posteriormente, em espécie, com pagamento de juros. 
Emissão de papel moeda, emissão de títulos da dívida pública, 
realização de contratos de empréstimo, retenção de investimentos e 
empréstimos compulsórios. 
Técnicas instrumentais 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Classificação da CP 
1. Quanto à coercitividade: 
Forçados: assentado em ato de autoridade, sem anuência do prestamista. 
Voluntários: são realizados sob a égide da autonomia da vontade. 
 
2. Quanto à origem: 
Interno: assumida com instituições que operam no território nacional. 
Externa: assumida com instituições que operam fora do limite do território nacional. 
Judicial: assumida por conta de sentenças judiciais transitadas em julgado. 
 
3. Quanto à temporalidade: 
Curto prazo: dívida flutuante. 
Decorre de operações de caráter financeiro, refletindo no fluxo de caixa e deve ser resgatada dentro de 
um exercício financeiro/São aqueles que a legislação vigente não exige autorização orçamentária para seu 
pagamento/São as dívidas extraorçamentárias. 
 
Longo prazo: dívida fundada ou consolidada. 
Decorrem de desequilíbrios orçamentários ou financiamentos de obras e serviços públicos, cuja 
exigibilidade superior a 12 meses/São despesas orçamentárias/As operações de crédito de prazo inferior a 12 
meses, cujas receitas tenham constado no orçamento, integram a dívida fundada (art. 29, § 3°, LRF). 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Vedações legais 
→ Operações de crédito entre os entes da Federação, diretamente ou por intermédio de 
fundos, autarquias ou empresa estatal dependente e outros inclusive suas entidades da 
administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de 
dívida contraída anteriormente; 
 
→ Operações de crédito destinada a financiar despesasde custeio; 
 
→ Operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a 
controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo; 
 
→ Ao Banco Central a emissão de títulos da dívida pública a partir de dois anos após a 
publicação da LRF; 
 A partir de 2002, os títulos da dívida pública são emitidos pelo Tesouro Nacional. 
 
→ Refinanciamento de dívidas não contraídas com a própria instituição cedente; 
 
Fonte: arts. 34 a 37 da LRF 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
→ Captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato 
gerador ainda não tenha ocorrido; 
 
→ Recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou 
indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto. 
 
Fonte: arts. 34 a 37 da LRF 
Vedações legais 
Regras de Ouro! 
 É vedada a realização de operações de crédito que excedam as despesas de capital, 
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, 
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. Art. 167, III da CF 
 
 
 É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que 
integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por 
lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos. Art. 44 da LRF 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Praticando é que se aprende!!! 
 O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das 
despesas de capital constantes no projeto de lei orçamentário. O enunciado exposto refere-se: 
 a) às operações de crédito por antecipação da receita orçamentária. 
 b) à destinação das receitas de alienações de bens. 
 c) à impossibilidade de realizar operações de crédito. 
 d) à regra de ouro. 
 e) à proibição de realização da dívida imobiliária. 
Sugestão de Leitura!!! 
Link: http://www.conjur.com.br/2014-set-09/contas-vista-divida-
publica-atrasa-ampliacao-direitos-fundamentais 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Dimensões: 
 Orçamentária (autorização legislativa – créditos orçamentários/adicionais) – necessária para o 
empenhamento da despesa; 
 Financeira (disponibilidade de recursos) – indispensável para o pagamento da despesa. 
 A aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público 
competente, dentro duma autorização legislativa, para execução de fim a cargo do governo. 
Aliomar Baleeiro 
Despesa Pública 
 A despesa pública é a soma ou conjunto dos 
gastos realizados pelo Estado. Assim, a despesa é 
tudo aquilo que o Estado paga, o que sai de sua 
conta para alguma conta. 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Classificação da DP 
1. Quanto à competência: 
 Classifica-se de acordo com o ente da Federação que realiza a despesa. 
 
2. Quanto à regularidade: 
 Ordinária: realizadas para manutenção dos serviços públicos, em que se repetem todos os 
exercícios. 
 Especial: despesa destinada ao atendimento de necessidades públicas novas. 
 Extraordinária: despesa advinda de situações excepcionais. 
 
3. Quanto à afetação do patrimônio: 
Receitas Efetivas: aquela que reduz a situação líquida patrimonial do Estado. 
Receitas não efetivas: aquela que não gera nenhuma alteração na situação líquida patrimonial do 
Estado. 
 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Classificação da DP 
4. Quanto à natureza: 
 Orçamentárias: despesas decorrentes do princípio da legalidade, pois necessitam autorização 
legislativa para a execução, por isso, constam na lei orçamentária e nos créditos adicionais. Despesas 
correntes e de capital. 
 
Extraorçamentária: despesas decorrentes de levantamento de valores que se revertam de 
características de simples transitoriedade. Essas despesas não são inseridas na lei orçamentária nem nos 
créditos adicionais, pois são valores que o gestor não pode contar para fazer face aos gastos públicos. 
Ex.: restituição de depósito, de cauções e de fianças, amortização da dívida principal decorrente do ARO, 
pagamento de restos a pagar, recolhimento das contribuições previdenciárias e consignações em pagamento. 
 
5. Quanto à categoria econômica: 
Despesa corrente: despesas de custeio, aquelas que não contribuem, diretamente, para a 
formação ou aquisição de um bem de capital. Dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, 
inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis. 
 
Receita de capital: despesas realizadas pela Administração Pública com a intenção de adquirir ou 
constituir bens de capital que irão contribuir para a produção de novos bens ou serviços, gerando 
aumento patrimonial. 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Despesas Orçamentárias 
 A regra insculpida na Constituição, no art. 167, II, é a vedação de despesas que excedam os 
créditos orçamentários ou adicionais; assim, não pode ser realizada despesa não prevista no 
orçamento. 
Empenho: ato emanado da autoridade competente que cria para o Estado obrigação 
de pagamento pendente ou não de implemento de condição. É vedada a realização 
de despesa sem prévio empenho. 
 Tipos: ordinário, estimativa e global. 
 
Liquidação: apuração do implemento de condição, ou seja, se o caso cumpriu ou não 
a sua parte no contrato, executando o serviço ou entregando o objeto comprado. 
 
Pagamento: entrega do dinheiro ao credor, realizada após a liquidação e a emissão 
da ordem de pagamento. 
Estágios de execução 
Atenção!!! Todo empenho é prévio (art. 60 da Lei nº 4.320/64). 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Precatório judicial 
 A instituição do precatório se deu exatamente para evitar os privilégios ilegais, sobretudo o 
preterimento de ordem entre credores das Fazendas Públicas, ou seja, para que os pagamentos 
fossem efetuados dentro dos preceitos constitucionais, prestigiando a legalidade, a moralidade 
administrativa, a impessoalidade e a eficiência, dentre outros. 
(CARNEIRO, C. Curso de Direito Tributário e Financeiro. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 63.) 
Conceito 
 O precatório judicial é a solicitação que o juízo da execução faz ao Presidente do Tribunal a 
que pertence para que ele determine ao Chefe do Poder Executivo que faça previsão orçamentária 
de verba necessária ao pagamento de direito decorrente de sentença judicial que condena a 
Fazenda Pública ao seu pagamento. 
Previsão legal 
 Art. 100, CF - O pagamento obedece a ordem cronológica, por isso, é criada uma fila. 
 Há preferências para o crédito de natureza alimentícia e ainda para os créditos de 
natureza alimentícia de idosos ou portadores de moléstia grave de até três vezes essa 
requisição de pequeno valor. 
Direito Financeiro e Tributário I 
AULA 02: Componentes da AFE 
Praticando é que se aprende!!! 
 Em relação aos estágios da despesa pública pode-se afirmar que uma despesa somente 
poderá ser paga... 
a) quando houver apenas o prévio empenhamento da despesa, sem necessidade de liquidação. 
b) quando o empenho da despesa tiver sido cancelado previamente e houver a liquidação. 
c) quando a despesa tiver sido liquidada, independente de prévio empenhamento. 
d) quando a despesa for reconhecida pela Administração. 
e) quando houver prévio empenho e liquidação da despesa. 
 Todos os créditos adicionais são abertos pelo Poder Executivo durante a execução do orçamento. 
Dentre eles, NÃO dependem de autorização legislativa prévia, os créditos adicionais: 
a) especiais, apenas. 
b) suplementares e especiais. 
c) extraordinários, apenas. 
d) suplementares e extraordinários. 
e) suplementares, apenas. 
Assuntos da próxima aula: 
AVANCE PARA FINALIZAR 
A APRESENTAÇÃO.AVANCE PARA FINALIZAR 
A APRESENTAÇÃO.

Mais conteúdos dessa disciplina