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Resumo Direito e Sociedade
19/03/12
Estrutura – modelo teórico, construído teoricamente, não se confunde com a realidade (como a planta de um apartamento).
O direito é um conjunto de normas do ponto de vista da perspectiva estrutural.
Perspectiva estrutural - considera o fundamento, a base, dá a forma, pressupõe uma sistematização, é um conceito polissêmico (vários sentidos na mesma palavra).
 Na realidade, o direito é mais do que um conjunto de normas.
Atributos conceituais:
1. Essencialidade
Todo elemento estrutural é essencial para caracterização de uma forma que é representada.
Equilíbrio precário – mantido pelos elementos estruturais. A modificação de um elemento acarreta uma mudança total na estrutura, uma vez que esse elemento é essencial.
2. Internalidade
Elemento estrutural é sempre interno (não externo).
Uma estrutura pressupõe um ambiente interno, coloca-se para além do visível (invisibilidade).
3. Durabilidade relativa
O elemento estrutural é mais durável no tempo do que os demais elementos, é regular na dinâmica do tempo. Exemplo: cláusulas pétreas na Constituição – não podem ser alteradas.
Durabilidade é diferente de imutabilidade. O elemento estrutural muda no decorrer do tempo, mas é mais estável quando comparado com outros elementos.
Não é a historicidade (temporariedade) que caracteriza o elemento estrutural, mas sim sua durabilidade no tempo.
A estrutura é sincrônica ou acrônica (não é diacrônica, ou seja, não leva em conta todo o processo de criação de um elemento, não leva em conta o curso histórico) – perspectiva presa ao presente.
4. Formalismo
A estrutura decorre de um modelo teórico.
Estabelece-se um modelo, uma sistematização.
Estrutura diz mais respeito à forma do que ao acontecer de fato (não empírico).
5. Objetivismo
Os elementos estruturais são desprovidos de subjetividade.
Os códigos são o elemento estrutural do direito.
6. Totalidade
7. Integração
A estrutura pressupõe totalidade e integralidade.
Elementos integrados que compõem o todo – partes organizadas compondo o todo, mas sempre com o foco na totalidade, as partes são referidas sempre ao todo.
Questões – da parte para o todo ou do todo para a parte – dupla perspectiva que se complementa, mas que também é contraditória.
A estrutura reflete as normas, as leis, mas há falhas:
· Nem sempre representa a prática
· Não há o devido cuidado com o ambiente externo
· Formalismo distancia da realidade
· Falta de subjetividade do individual e coletivo (interpretação)
· Há resistência na adequação do direito ao tempo
20/03/2012
Direito se constitui como tal na diferenciação daquilo que não é direito.
Perspectiva estrutural do direito – um conjunto integrado de normas constituídas por regras e princípios jurídicos.
A norma é, portanto, essencial, interna, durável...
Exemplo: o que é estrutural no xadrez – peças, tabuleiro e regras – essenciais, internos, formais, duráveis e objetivos.
No poder judiciário – as normas reguladoras, os juízes, os tribunais.
Perspectiva estrutural x Perspectiva funcional
Função pressupõe uma finalidade, implica em movimento (diacrônica), implica em totalidade e externalidade, pressupõe exclusividade.
Qual é a função do direito? Regulamentação, ordenação, tutela, promoção de direitos
Função, assim como estrutura, é um conceito polivalente que também sustenta uma corrente: funcionalista.
Durkheim – pai do funcionalismo, trabalhou com a fisiologia social.
Florestan Fernandes – para ele, a função possui três níveis:
· 1º - Teórico – trata dos objetivos, das finalidades (teológico)
· 2º - Prático – percussão do fenômeno na realidade. Exemplo – efeito do direito na prática = produção de alto nível de criminalidade. (empírico)
· 3º - Efeito na realidade – percussão desse efeito na prática e em relação ao todo. Trata-se da repercussão última do direito. Exemplo: pode ser a manutenção do sistema de produção
Os níveis:
· Ideológico / Teológico (?) – A função é entendida, logicamente, como sinônimo de fim, o fenômeno seria compreendido a partir de sua finalidade
· Mecanicista – A função é entendida, logicamente, como uma relação de correspondência entre um fato e seus efeitos socialmente úteis (percussão empírica direta e imediata)
· Positivo – A função é entendida, logicamente, como uma relação de interdependência entre uma atividade parcial e uma atividade total ou entre um componente estrutural e a continuidade da estrutura, em suas partes ou no todo, representando-se os elementos dessa relação de modos diversos e em graus variáveis, quer como determinados ou determinantes
Função manifesta – desejada
Função latente – não desejada, mas que contribui para o equilíbrio, para a funcionalidade e continuação do sistema.
Conclusão: é sempre possível ter uma perspectiva estrutural e uma funcional, sendo que ambas não se confundem.
Não é possível separar estrutura de função na prática.
Há uma relação circular (causal) entre internalidade (estrutura) e externalidade (função), ainda que negada teoricamente, existe uma relação entre o direito que está na teoria e o direito na realidade, sua aplicação.
26/03/2012
Estrutura = organização = arranjo = disposição
Olhar estruturalista – busca entender a totalidade (plural), parte da totalidade e busca a maneira como essa totalidade se constitui, não se satisfaz em conhecer as partes. A soma das partes não corresponde ao todo, o todo não se limita às partes.
A sociedade não é igual à soma dos indivíduos.
O estruturalismo procura a causa que faz com que as partes formem um todo.
A perspectiva estruturalista está no plano teórico, mas também na realidade. O direito, a estrutura jurídica, encontram-se na realidade.
A perspectiva estruturalista contempla a variação. Não olha a dinâmica, nem a estática, mas as regularidades na dinâmica.
Pierre Bordieu: estruturalismo genético – conceito de campo: campo como estrutura objetiva (exemplo: campo jurídico – advogados, juízes, promotores – há regras nesse campo que o regulam). Além do campo objetivo, há um campo subjetivo (internalização da estrutura).
Bordieu tenta compreender a estrutura e a causa que faz com que ela seja uma estrutura. Ele leva em conta o campo objetivo e subjetivo.
Textos: 
O estudo do direito vivo – Eugene Ehrlich
Mas o âmbito de validade de nossos códigos é tão incalculavelmente vasto, as relações jurídicas, das quais eles tratam, tão incomparavelmente mais ricas, mais variadas, mais cambiantes, como elas nunca foram, que o simples pensamento de esgotá-las em código seria uma monstruosidade. Querer encerrar todo o direito de um tempo ou de um povo nos parágrafos de um código é tão razoável quanto querer prender uma correnteza numa lagoa (Teich). (...) cada um desses códigos estará superado necessariamente pelo direito vivo...
... o direito positivo também aqui não dá de modo alguma uma imagem do que realmente ocorre na vida. A ciência do direito e a teoria devem investigar as formas reais de cada classe social e lugar diferentes, mas que são uniformes e típicas em sua essência. Elas cumprem sua tarefa muito mal, se elas simplesmente apresentam o que a lei prescreve e nada do que realmente acontece. Isso é então direito vivo em contradição com o que é somente válido diante dos tribunais e autoridades.
Só um diminuto trecho da realidade aparece diante das autoridades. O método sociológico exige, portanto, que os resultados obtidos através das sentenças sejam complementados mediante a observação direta da vida.
Seria uma coisa de máxima importância que a hodierna ciência do direito e a Jurisprudência se ocupem finalmente com os contratos e documentos de hoje. No entanto, o documento só mostra aquele segmento do direito vivo que está documentado, é necessário também abrir os olhos, informar-se através de uma observação atenta da vida, entrevistar as pessoas e anotar suas respostas.
A sociologia do direito deve começar pela pesquisa do direito vivo. Ela deve dirigir-se primeiramente ao concreto e não ao abstrato. Somente o concreto pode ser observado.
O direito vivo constitui a base da ordem jurídica da sociedadehumana. Os métodos histórico e etnológico são indispensáveis para estudar o estado atual do direito (em cada parte do presente está contido todo seu passado).
Para conhecer o estado real do direito, temos que investigar o que a sociedade humana produz, como também o direito estatal e a influência real do Estado sobre o direito social. Embora as legislações de diferentes países possam ser idênticas, ainda assim um direito muito diferente é que domina.
Novos métodos são sempre necessários para novos fins científicos. O método é tão infinito quanto a própria ciência.
Problemas do Estruturalismo
A estrutura é, pois, aquilo que a análise interna de uma totalidade revela: elementos, relações entre tais elementos, e a disposição, o sistema dessas mesmas relações. Em suma, trata-se da armação, do esqueleto do objeto, o que permite nele distinguir o essencial do acessório.
A noção de estrutura possui um laço com o método comparativo – a estrutura permite a comparação porque pode ser comum a realidades diferentes.
Estrutura, organização, arranjo, disposição são sinônimos.
O estruturalismo implica totalidade e interdependência. Consiste em assumir em todo caso a atitude totalizante. Mas, para totalizar, é preciso por em relação aquilo que se deve mostrar também como separável – método ao mesmo tempo analítico e totalizante. Esse método permite definir o que faz a singularidade de um conjunto – na sua estrutura – e, ao mesmo tempo, fornece os meios de não nos fecharmos ali.
O estruturalismo propriamente dito começa quando se admite que conjuntos diferentes podem ser confrontados, em virtude de suas diferenças.
O estruturalismo implica a pluralidade das organizações.
A estrutura não tem conteúdo: ela é o próprio conteúdo, apreendida numa organização lógica concebida como propriedade do real.
Crítica ao estruturalismo – parcialidade que lhe faria omitir o essencial.
O estruturalismo só se aplicaria aos conjuntos estáveis (sincronia). Ele fracassaria ao explicar a mudança – é um erro dizer isso, pois:
O objetivo do estruturalismo é dar conta das variações; a mudança é um modo particular de variação; não pode, pois, desmentir o estruturalismo.
Uma estrutura não comporta nenhuma referência temporal – ela não é diacrônica, mas também não é sincrônica; o qualitativo acrônica conviria melhor. É preciso que entre estruturalismo e história não haja oposição. Os fenômenos históricos podem ser descritos estruturalmente: não é o estruturalismo que enfia as estruturas na história, é esta que solicita por si própria a análise estrutural (a história constitui permanências).
Problema: a história não é apenas continuidade, é também ruptura.
Para Sartre: “Temos permanecido no plano da totalização sincrônica e não encaramos a profundidade diacrônica da temporalização prática... É preciso, no momento, deixar estas estruturas viverem livremente, opondo-se e compondo-se entre elas.” – ele reconhece o caráter dinâmico da estrutura e recusa o estruturalismo.
27/03/2012
Durkheim – trabalha com uma perspectiva estrutural, mas é o pai do funcionalismo
Questionamentos:
O que faz com que esse todo (sociedade) seja diferente da soma dos indivíduos?
Do que é feita essa integração?
O que liga os indivíduos e forma a sociedade?
Preocupação – separar a sociologia das outras ciências – é fundamental identificar os fatos sociais como externos ao indivíduo.
Segundo Durkheim, o que nos liga é um lago abstrato, a SOLIDARIEDADE – essa ligação possui um substrato de ordem moral, o que faz com que sequer possamos enxergar a individualidade. Essa solidariedade age como o cimento que junta os tijolos, que são os indivíduos.
O direito é a manifestação externa, visível e não apenas abstrata dessa solidariedade. A manifestação dessa solidariedade é o direito.
Para Durkheim, o que faz a sociedade evoluir é a divisão social do trabalho – quanto mais população, integração e comunicação entre as pessoas, tanto mais há divisão social do trabalho, especialização. Diferentemente de Marx que considera que considera a luta de classes como máquina de evolução da sociedade.
SOLIDARIEDADE MECÂNICA – poucas pessoas, comunidades menores, a integração dos indivíduos se dá pela semelhança (pouca especialização, todos faziam tudo), há uma grande consciência coletiva (muitos valores e crenças comuns a todos os seus membros) e pouca individualista. A violação dos valores implica em um risco nessa sociedade, o que causa a preponderância do direito penal (mais repressivo), que atua em função dos valores da consciência coletiva, a qual mantém a integração. Portanto, nesta sociedade o direito mais aplicado é o direito repressivo (penal).
Para Durkheim, nas sociedades onde a solidariedade mecânica está muito desenvolvida, o indivíduo não se pertence, ele é literalmente uma coisa, da qual a sociedade dispõe (texto: Introdução à Sociologia)
SOLIDARIEDADE ORGÂNICA – surge conforme aumenta a especialização (o cenário se inverte), aumenta a consciência individual e diminui a coletiva. Com isso, o que passa a unir os indivíduos é a diferença, rompe-se a autossuficiência dos grupos e surge uma dependência do produto do trabalho alheio em virtude da especialização. Nesta sociedade o direito mais aplicado é o direito restitutivo, cuja função é impor a reparação dos prejuízos causados pelo descumprimento das obrigações profissionais ou funcionais.
Para Durkheim, a sociedade orgânica só se fortalece quando “cada um tem uma esfera de ação que lhe é própria” e pode, assim, afirmar sua individualidade. Devido ao fato de exercemos determinada função doméstica ou social, ficamos presos numa rede de obrigações da qual não temos o direito de nos libertar (texto: Introdução à Sociologia)
Para definir o tipo de solidariedade (mecânica ou orgânica), deve-se analisar a quantidade de cada tipo de direito. Se há mais leis restitutivas, maior é a solidariedade orgânica; se há mais leis repressivas, maior é a solidariedade mecânica.
No Brasil, predomina a solidariedade orgânica – a diferença integra os indivíduos.
Fato social (elemento estrutural)
Características:
· Exterioridade – fato social é exterior ao in.divíduo. Maneira de agir, pensar e sentir, fora das consciências individuais
· Coercitividade – maneira de agir, pensar e sentir, fora das consciências individuais e com poder de coerção (se impõe sobre o indivíduo).
· Generalidade – fato social é coletivo, aplica-se às partes e ao todo.
Portanto, o direito é um fato social por excelência.
“O direito é a mão da sociedade pensando sobre o indivíduo”
Fato social patológico (não normal) – despossuído do atributo da generalidade
É desfuncional (não é útil), uma vez que não se volta para o todo, não é geral. Para Durkheim, tudo que não se volta para o benefício do todo é patológico.
Atuação do direito – evitar que surjam desfuncionalidades
O direito é sempre funcional, legitimado – nasce da consciência coletiva e das representações coletivas (sentimentos comuns à média da sociedade) – direito é idealista, parte da base ideológica e subjetiva para a base real. É também evolucionista.
Marx, ao contrário, defendia que o direito sai da base real para a base ideológica.
O suicídio é pura consciência individual – resulta da desintegração social
Texto:
 Introdução à Sociologia
 A primeira regra do método de Durkheim é que os fatos sociais devem ser tratados como coisas exteriores pelo investigador.
A sociedade consiste essencialmente de “representações”, ou seja, de crenças e sentimentos.
Consciência coletiva = conjunto de crenças e sentimentos comuns ou comum dos membros de determinada sociedade, independente dos indivíduos. Exprime a combinação de uma pluralidade de indivíduos.
Consciência individual = exprime apenas a natureza orgânica e psíquica de cada membro.
É necessário observar o comportamento de um número suficientemente grande de pessoas até formarmos uma imagem das crenças e sentimentos do “comum dos membros” da sociedade nacional a esse respeito.
A expressão da consciência individual do sujeito-pesquisador, tudo o que as representações podemsignificar para a investigação sociológica é uma fonte de erros e deformações
Em vez de falar em consciência coletiva, no singular, Durkheim passa a falar de preferência em representações coletivas, no plural, para se referir aos diferentes “estados da consciência coletiva”
Durkheim defende o ideal de objetividade científica para a sociologia – tomar as ciências naturais, mais velhas e bem sucedidas, como modelo para a jovem ciência social – concepção mecanicista da vida social.
Fato social – toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de cada sociedade tendo, ao mesmo tempo, existência própria, independente de suas manifestações individuais.
Características:
· Exterioridade – são exteriores à consciência individual
· Coercitividade – possuem uma capacidade de coação sobre os indivíduos
· Generalidade – são ao mesmo tempo gerais numa dada sociedade e independentes de suas expressões individuais
O resultado final da atividade comum escapa inteiramente a nosso controle.
Relação dos indivíduos para com os produtos da sua atividade coletiva = relação de síntese – relação em que as propriedades do todos transcendem às das partes que entram em sua composição.
Steven Lukes sobre a noção de coercitividade, engloba diferentes aspectos da relação indivíduo-sociedade:.
· Normais sociais – apoiadas em sanções que obrigam os indivíduos a obedecê-las
· Condições sociais – indivíduo deve levar em conta como meios necessários para alcançar os fins que se propõe
· Influência das multidões sobre o comportamento individual
· Aprendizado das normas sociais pelos indivíduos – obedece espontaneamente
Enquanto normas, os fatos sociais são pensados como aquilo que governa a conduta do indivíduo, mas não se confunde com ela.
Instituição – toda a crença, todo o comportamento pela coletividade, sem desnaturar o sentimento da expressão. A sociologia seria então definida como a ciência das instituições, de sua gênese e de seu funcionamento.
Dizer que as instituições funcionam implica afirmar que elas possuem funções sociais, ou seja, que as atividades por elas governadas correspondem a determinadas necessidades da sociedade.
Durkheim diz que a sociedade não é mera soma de indivíduos; ao contrário, o sistema formado por sua associação representa uma realidade específica que tem suas próprias características.
Além disso, rejeita as explicações baseadas em fatores “orgânicos-psíquicos”, isto é, em atributos da natureza humana individual não submetidos a influências sociais, como raça e hereditariedade. Rejeita também as explicações baseadas em estados e disposições mentais (como a “tendência inata para o progresso”).
Conclui que a explicação da vida social encontra-se na natureza da própria sociedade, no substrato da vida social.
Para ele, os fatos sociais não diferem dos fatos psíquicos apenas em qualidade; apresentam um substrato diferente, não evoluem no mesmo meio, não dependem das mesmas condições.
A sociedade tem por substrato o conjunto de indivíduos associados. O sistema que eles formam ao se unir constitui a base sobre a qual se estabelece a vida social.
Morfologia social = fatos que constituem a base da vida social. Essa morfologia interessa-se antes pela integração dos diferentes grupos ou “partes elementares” na sociedade.
Fisiologia social = normas institucionalizadas em vários graus de formalização, crenças e práticas e as correntes sociais.
Para Durkheim, a origem primária de qualquer processo social de certa importância deve ser procurada na constituição do meio social interno.
As “espécies” sociais podem ser classificadas numa escala evolutiva das mais simples às mais complexas – “solidariedade social”, que pode ser mecânica ou orgânica.
Com relação à divisão do trabalho, Durkheim diz que ela progride tanto mais existam indivíduos que estejam suficientemente em contato para poder agir e reagir uns sobre os outros.
Nas sociedades modernas, há um estreitamento da distância física entre os indivíduos – “condensação” da sociedade, que ocorre através de três processos:
· Concentração da população no território
· Formação e desenvolvimento de cidades
· Aumento do número e da rapidez das vias de comunicação e transmissão
Cabe à sociologia determinar o caráter normal ou patológico dos fatos sociais.
Normalidade ligada à generalidade dos fatos sociais
Na solidariedade orgânica efetiva, não basta que os indivíduos se sintam solidários porque são mutuamente dependentes – é preciso ainda que a maneira por que eles devem cooperar seja predeterminada, ou seja, a solidariedade orgânica requer uma regulamentação suficientemente complexa das condições de cooperação entre indivíduos e grupos diferenciados.
Ausência de regras – situação de anomia
Para Durkheim, não há correspondência entre as regras jurídicas e morais estabelecidas e as condições sociais geradas pelo progresso da divisão do trabalho, o que caracteriza uma situação anormal ou patológica.
02/04/2012
Durkheim considera crime um fato social normal (não patológico), uma vez que é útil, não em si mesmo, mas em sua repressão e punição, já que estas reforçam os valores da consciência coletiva – crime é funcional
O crime e a penalidade são inseparáveis.
A função tem percussão sempre na totalidade, ou seja, é funcional aquilo que garante a manutenção do direito.
Peter Berger – instituições
Trabalha com atributos semelhantes aos selecionados por Durkheim.
Historicidade no direito – o que vem antes e pode permanecer por mais tempo; não depende da existência do sujeito.
Mutabilidade do direito ao longo do tempo. Há, no interior do direito, o atributo da temporalidade, pois ele sofre a influência do tempo, está aderido ao tempo.
Autoridade moral – diz respeito à legitimação que se dá fora do ambiente do direito, o direito precisa ser sustentado por uma autoridade moral que se chama legitimação.
Para Berger, compreender a realidade implica levar em consideração questões subjetivas e objetivas 
· Subjetiva – internalização e socialização de valores, condutas. Pode ser primária ou secundária:
· Primária – relações interpessoais diretas. Está relacionada à infância, linguagem, padrões de conduta
· Secundária – mundo das instituições, regras, normas
· Objetiva – ações sociais que se desprendem dos homens. Passam por um processo de habitualização (ritualização – prática rotineira, a qual constitui as instituições, que não são naturais, mas sim construídas pelo homem) e socialização.
Existe uma circularidade causal (ou causalidade circular) entre subjetividade e objetividade.
O sujeito passa por um processo de internalização (e posterior externalização), habitualização e institucionalização. Esse processo é circular. Sendo assim, o que se institucionaliza, internaliza no sujeito e o que se internaliza, se habitualiza no sujeito (na sequencia havendo uma institucionalização) e assim sucessivamente. (Oh god, why? No compriendo!)
Se direito é instituição, então a estrutura jurídica é dependente das normas de internalização e externalização (é o caso da linguagem, por exemplo).
Para Berger, todo conhecimento deve ser legitimado por valores
Níveis de legitimação:
· 1º - sistema de objetivação linguística – linguagem (encontra-se em nível pré-teórico e no fundamento do conhecimento)
· 2º - proposições teóricas – conjunto de máximas e provérbios (projetos?) que nos orientam
· 3º - teorias explícitas de ordem institucional – conjunto de proposições da própria instituição
· 4º - dimensão do universo simbólico – significados, valores da sociedade (nível mais abstrato, ligado à consciência coletiva)
Texto:
O que é uma instituição social?
A instituição pode ser definida como um padrão de controle, ou seja, uma programação de conduta individual imposta pela sociedade.
A linguagem é a instituição fundamental da sociedade, além de ser a primeira instituição inserida na biografia do indivíduo. Esta realiza a objetivação da realidade – o fluxo incessante de experiências consolida-se, adquire estabilidade numasério de objetos distintos e identificáveis.
A linguagem ainda estrutura o ambiente humano da criança por meio da objetivação e por estabelece relações significativas – através de fixações linguísticas a criança pode aprender a assumir o papel do outro.
Além disso, a linguagem é a instituição social que supera todas as outras. Representa o mais poderoso instrumento de controle da sociedade sobre todos nós.
Os papéis representam instituições
Características fundamentais de uma instituição:
· Exterioridade – as instituições são experimentadas como algo dotado de realidade exterior (fora do indivíduo) – difere da realidade formada pelos pensamentos, sentimentos e fantasias do indivíduo
· Objetividade – alguma coisa é objetivamente real quando todos (ou quase todos) admitem que de fato a mesma existe, e que existe duma maneira determinada
· Coercitividade – instituições são dotadas de força coercitiva. O poder essencial que a instituição exerce sobre o indivíduo consiste justamente no fato de que a mesma tem existência objetiva e não pode ser afastada por ele
· Autoridade moral – as instituições invocam um direito à legitimidade – reservam-se o direito de não só ferirem o indivíduo que as viola, mais ainda o de repreendê-lo no terreno da moral. Essa autoridade está ligada à legitimação, a qual está ligada à externalização (confirmação daquilo que foi internalizado, aprendido pelo ser humano e se dá no ambiente externo ao direito)
· Historicidade – as instituições não são apenas fatos, mas fatos históricos, têm uma história. A linguagem (e o mundo das instituições) pode ser concebida como um grande rio que flui através do tempo. Existe uma aderência do direito ao tempo, uma mutabilidade
Reconhecer o poder das instituições, não é o mesmo que afirmar que elas não podem mudar – elas mudam constantemente e precisam mudar.
03/04/2012
Tanto a perspectiva estrutural quanto a funcional olham a totalidade. A estrutural está mais ligada à solidariedade mecânica (a consciência coletiva tem função de integração). Já a funcional está mais ligada à solidariedade orgânica
Para Durkheim, a densidade da comunicação é estrutural e gera a divisão do trabalho (funcional)
Existem dois modelos de explicação:
· Estrutural (morfologia) 
· Funcional (fisiologia)
Toda estrutura tem função e a função é a integração
Olhar o direito como norma – perspectiva estrutural
Olhar a percussão das normas, a aplicação prática – perspectiva funcional
Função do direito na perspectiva de Durkheim – integração
Na sociedade, há consciência coletiva
Sociedade menos evoluída – maior consciência coletiva – solidariedade mecânica – direito repressivo
População amplia e vai se especializando – divisão social do trabalho (força da diferença)
Sociedade mais evoluída – menor consciência coletiva – solidariedade orgânica – direito restitutivo
Pressupostos da teorização de Durkheim (premissa: integração e equilíbrio)
· Totalidade
· Equilíbrio funcional – unidade social como unidade orgânica
· Unidade social consensual, coerente e integrada
· Moralismo
Meios de adaptação (Robert Merton)
	Modos de adaptação
	Metas culturais
	Meios institucionais
	Conformidade
	+
	+
	Inovação
	+
	-
	Ritualismo
	-
	+
	Evasão
	-
	-
	Rebelião
	+ -
	+ -
Anomia – afrouxamento da consciência coletiva, fazendo com que a sociedade deixe de ser capaz de se integrar
Suicídio – fenômeno coletivo
Causas:
· Regulação
· Insuficiente (anomia)
· Excessiva (fatalismo)
· Integração
· Insuficiente (egoísmo)
· Excessiva (altruísmo)
Texto:
Robert Merton e o Funcionalismo
Desvio é visto como um produto da estrutura social, absolutamente normal
Principais postulados do desvio e da anomia:
· As causas do desvio não devem ser atribuídas a fatores bioantropológicos e naturais (como a raça e o clima, respectivamente), nem tampouco a uma situação patológica da estrutura social
· O desvio representa um fenômeno normal de toda estrutura social
· O comportamento desviante, dentro de seus limites funcionais, constitui um fator necessário e útil para o equilíbrio e o desenvolvimento sociocultural. Quando esses limites são ultrapassados, o fenômeno de desvio torna-se negativo, o que corresponde à situação de anomia
Merton estuda as relações existentes entre a estrutura cultura e a estrutura social.
De um lado existem as metas (objetivos, valores ou fins culturais) que se apresentam como motivações fundamentais de comportamento. De outro, modelos de comportamento institucionalizados (meios legítimos, institucionais e socialmente aprovados da busca para obtenção das metas, de acordo com as normas sociais).
Para Merton, muitas vezes, as oportunidades legítimas para alcance das metas são distribuídas de maneira desigual.
Para ele, na sociedade norte-americana, a meta cultural mais importante é o sucesso na vida – os meios e as normais não permitem a todos alcançar a meta formulada. Esse quadro de defasagem possibilita o surgimento da anomia e gera o comportamento desviante.
· Conformidade – reposta positiva, apresenta-se como o modo de adequação individual mais comum e não favorece o aparecimento de problemas de controle social. Toda sociedade dispõe de controles que operam continuamente para induzir o comportamento humano à conformidade
· Inovação – resposta desviante, representa o comportamento criminoso típico. São empregados meios ilegítimos para a persecução dos objetivos culturais. Fornece explicação tanto para a delinquência do “colarinho branco”, quanto para a dos estratos sociais inferiores. Na busca do sucesso financeiro, isso ocorre fruto de uma estrutura social em que o fim consagra os meios. Tenta-se alcançar o sucesso econômico ou financeiro, sem a devida interiorização das normas institucionais. Ainda assim, as maiores pressões no sentido do desvio são exercidas sobre camadas inferiores (ausência de oportunidades realistas para o progresso) – sofrendo todo o impacto da discrepância entre a estrutura cultural e a social, recorrem à inovação como resposta à frustração de se sentirem condenados a procurar enriquecer numa estrutura social que os condena de antemão ao fracasso. Incentivos ao sucesso são fornecidos pelos valores culturais previamente estabelecidos e os caminhos para alcançar esses objetivos são grandemente limitados pela estrutura de classe. A inovação pressupõe a socialização imperfeita dos indivíduos, os quais matem o objetivo cultural do sucesso, mas abandonam os meios legítimos
· Ritualismo – trata-se de uma atitude de conformidade absoluta com as normais institucionais, acompanhada do desinteresse pelos objetivos e da renúncia à procura sem limites de sucesso, riqueza e poder. Ocorre uma obediência, quase compulsiva, às normas institucionais, o respeito aos costumes e às regras tradicionais, incluindo as jurídicas. Representa a classe média inferior. Essas pessoas acreditam que altas ambições atraem frustração e perigo (medo), enquanto aspirações menores geram satisfação e segurança (“quanto mais alto você sobe, maior a queda”)
· Evasão – situação menos comum, representação a negação tanto dos fins culturais como dos meios institucionais (estado de rejeição). Os que se adéquam a esse modo de adaptação são considerados “alienígenas” (estão na sociedade, mas não são da sociedade). Pode ter na origem uma intensa interiorização quer dos objetivos, quer das normas culturais. Como o indivíduo não pode romper unilateralmente com um dos dois elementos (fins culturais e meios institucionais), por haver plenamente absorvido tantos os valores associados a um quanto a outro, ele opta por nega ambos
· Rebelião – corresponde não à simples negação dos fins e dos meios institucionais, mas à afirmação substitutiva (substituição de valores) fins alternativos, mediante meios alternativos. Pressupõe o distanciamento em relação aos objetivos e padrões socialmente dominantes. Ressentimento é diferente de rebelião. O sistema institucional é visualizado como a barreira para a satisfação de objetivos legitimados. Ocorre a formação de subgrupos, alienados do resto da comunidade, mas unidosinternamente.
A família exerce uma profunda e persistente influência na vida do indivíduo – “incumbe ao bom genitor encorajar em seus filhos aqueles hábitos e objetivos que os ajudarão a ser melhores que ele próprio, e seu primeiro dever é fazer a criança querer ser alguém”.
Anomia corresponde à aguda disjunção entre as normas objetivos culturais e as capacidades socialmente estruturadas de membros do grupo para agirem em conformidade com eles. Trata-se de um sistema ou expressão do vazio que se produz quando os meios socioestruturais não servem para satisfazer as expectativas culturais de uma sociedade.
Três graus de anomia:
· 1º - simples, estado de confusão, sensação de separação em relação ao grupo
· 2º - mais sério, agudo, deterioração dos sistemas de valores
· 3º - mais grave, agudo extremo, desintegração dos sistemas
09/04/2012
Método de Merton
Metas (valores) convertidas em normas (direito, meios institucionais)
Vantagens:
· Desloca da visão psicológica para social
· Estudo para além do bem e do mal
· Teoria de médio alcance (???)
· Crime como algo normal
· Sai da questão do efeito para causa (???)
Críticas:
· Consenso – muito racional (???)
10/04/2012
Teoria sistêmica
Nasce do funcionalismo
Parsons – herdeiro do funcionalismo de Durkheim, mas se apropria do conceito de ação social de Weber
Conceito fundamental – ação social
Ao contrário do fato social, a ação social contempla uma perspectiva social e outra psicológica (subjetiva). Trata a ação humana como dotada de sentido (direção), ou seja, tem como referência a expectativa em relação ao outro. Há uma integração entre subjetividade e objetividade.
Exemplo: dois ciclistas se colidem – não é ação social. No entanto, se um olha para o outro e depois colidem, é uma ação social, pois resulta da expectativa que um tinha sobre o outro.
Componentes psicológicos, motivacionais: tentativa de entender a base causal de uma ação
Para Weber – perspectiva intra-individual 
Para Parsons – perspectiva supra-individual
Perspectiva mais centrada na subjetividade humana, ao contrário do foco objetivo de Durkheim.
A ação social se da em diversos contextos:
· Contexto da personalidade (psíquico)
· Contexto social
· Contexto cultural
· Contexto biológico
A relação entre o cultural e o social dá origem ao processo de INSTITUCIONALIZAÇÃO
Relação internalidade x externalidade
Relação objetividade x subjetividade
Para Parsons, elementos estruturais: valores, normas, coletividade (família, condomínio, faculdade – onde há o delineamento de papéis) e papéis – todos elementos que são duráveis na sociedade (durabilidade).
Para ele, a parte menor de uma sociedade não é o indivíduo, mas sim os papéis que o indivíduo possui.
Nos papéis há um conjunto de normas que os regem.
Hierarquia dos Componentes Estruturais e das Funções
	
	Elementos estruturais
	Funções (do direito)
	
	+ informação
	Valores
	Estabilidade informativa
	- especialização
	
	Normas
	Integração
	
	
	Coletividades
	Prosseguimento de fins
	
	+ energia motivacional
	Papéis
	Adaptação
	+ especialização
 (
3
)
16/04/2012
 (
Personalidade
) (
Social
)
 (
1
) (
Cultural
)
 (
2
)
1 – Internalização (inclusão de normas na personalidade)
2 – Institucionalização
3 – Socialização
O subsistema cultural é hierarquicamente superior 
17/04/2012
Funcionalismo e Estruturalismo – compreensões do direito
Durkheim é funcionalista – direito é externo (fato social)
Sociedades mais primitivas – confusão entre diferentes segmentos sociais – direito, religião, economia formavam um todo, não estavam divididos 
Sociedades modernas – há uma maior especialização, mas é possível encontrar resquícios dos outros ambientes no ambiente jurídico e vice-versa. A separação não foi absoluta – comunicação entre internalidade e externalidade
É possível compreender o direito através de elementos externos a ele – podemos usar recursos metodológicos externos para compreender a parte externa do direito
A base material é determinante do tipo de direito predominante numa dada sociedade (união por semelhança – direito repressivo)
Através da institucionalização, um valor é convertido em norma
Parsons – valores legitimam as normas, ainda que as normas não legitimem os valores
Ação social – conduta humana dotada de sentido
Há uma relação entre subjetividade (personalidade) x objetividade (direito)
Há também uma forte relação entre realidade empírica e direito, a qual foi negada por muito tempo pelos positivistas.
24/04/2012
Weber – começa a analisar relação entre ética protestante e espírito capitalista
Defende que podemos encontrar a racionalidade jurídica fora da espacialidade jurídica.
Pressuposto 1 – todo processo de teorização é uma redução da realidade e por isso deixa sobras, não sendo possível reproduzir a realidade na sua totalidade.
Pressuposto 2 – adequação de sentido – a realidade é, além de complexa, constituída pela conexão dos diversos âmbitos sociais (economia, arte, política, etc.), sendo impossível ler a realidade separando tais elementos.
Pressuposto 3 – multicausalidade de todos os fenômenos sociais. Exemplo: fenômeno A depende dos fenômenos B, C, D.
Diante da complexidade de compreender a realidade, cria um modelo idealmente puro (TIPO IDEAL), que parte da realidade, mas não se confunde com ela, o qual contém a CAUSA ADEQUADA (classificada assim, uma vez que afeta o percurso do fenômeno).
Para Weber, há uma multicausalidade de todos os fenômenos sociais.
Essa causa adequada corresponde à causa sem a qual não ocorreria o fenômeno, mas insuficiente para produzir o fenômeno (é necessário que haja outras causas).
Weber conclui que, na modernidade ocidental, a racionalidade formal era a causa adequada de um conjunto de fenômenos (capitalismo, estatalismo, individualismo) – não é mais possível falar em direito, mas sim em direito capitalista, direito estatal, etc. É possível compreender o direito apenas quando se analisa elementos externos ao direito.
Causa não adequada – aquela que não muda quando um determinado fenômeno que exerce influência sobre ela desaparece.
07/05/2012
Weber
Nosso direito é preponderantemente formal (perde a realidade empírica)
Formal (teoria) x Material (prática)
Direito racional formal traz maior segurança, principalmente com relação ao meio capitalista.
Racionalidade material – valores extrajurídicos, aderência à realidade
Racionalidade formal – lógica teórica, afastada da realidade empírica – perde aderência à realidade empírica, não abarca os fatos da realidade
A estrutura do direito está assentada na racionalidade formal, no entanto o que se observa na prática é a racionalidade material.
O que temos hoje de valores racionais materiais na constituição: Ideias de legitimação, justiça, etc.
08/05/2012
Tipos de legitimação
	Ação social
	Dominação
	Direito
	Tradicional (costume)
	Tradicional
	Irracional-material
	Carismática (emoção)
	Carismática
	Irracional-formal
	Racional com relação fins
	Legal
	Racional-formal
	Racional com relação valores
	
	Racional-material
Para Weber, Estado se constitui a partir do processo de expropriação do poder social e concentração na espacialidade estatal (privatização é processo contrário).
Quando há esse processo de concentração, é fundamental que esse Estado tenha um poder que exerça o controle. O direito é esse instrumento de controle.
Montesquieu – para o bem estar das coisas, é fundamental que haja um controle formal através do instrumento da legalidade (que possui função política, pois delimita o poder estatal) – por isso o parlamento era composto pela aristocracia e pela burguesia. Essa legalidade legitima o Estado.
Essa racionalidade formal implantada gera a burocracia (isso também se da na economia e no direito).
O tipo de racionalidade presente na economia e na política é o mesmo presente no direito em um mesmo período e na mesma sociedade – isso é também uma verdade hoje.
Pode-se entender o direito a partir do entendimento da burocracia ou do capitalismo financeiro, por exemplo.
Características da burocracia:
· Estabelecimento de jurisdiçõesfísicas dentro da espacialidade estatal
· Burocracia sempre se baseia em documentos escritos
· Hierarquização
· Remuneração salarial – relaciona-se com a tributação (só ocorre com o desenvolvimento do capitalismo)
· Transformação das finanças públicas em orçamento
· A própria tributação
· Acessibilidade universal
· Hierarquização tendo como critério a competência técnica
Características do direito racional:
· Formalismo
· Abstração (silogismos)
· Regularidade
· Previsibilidade e calculabilidade
· Funcionários especializados para aplicar o direito
Características do capitalismo:
· Contabilidade racional
· Apropriação dos meios de produção
· Mercado livre
· Técnicas de produção e transporte racionalizados
· Calculabilidade e previsibilidade nas relações econômicas
· Força de trabalho livre
· Comercialização da economia
Definição de Estado para Weber
Estado é aquela comunidade humana que, dentro de determinado território, reclama para si (com êxito) o monopólio da coação física legítima
Legitimidade – atitude de obediência voluntária à coação física
Dois tipos de fundamento da dominação:
· Interno – legitimação (tradicional, carismática e racional)
· Externo – caráter administrativo e pessoal e existência de recursos materiais para administração 
Burocratização implica na homogeneização e tecnificação
Na contemporaneidade – tensão entre burocratização e democratização (diferenciação)
Texto	
Sociologia de Max Weber – A Sociologia Jurídica
Ideia principal – expor as fases e os fatores que contribuíram para a racionalização do direito moderno na civilização ocidental.
A função da sociologia jurídica é apreender até que ponto as regras de direito são observadas, e como os indivíduos orientam de acordo com eles a sua conduta.
O progresso na racionalização do direito não se faz acompanhar necessariamente de uma submissão crescente dos comportamentos à sua validade normativa.
Jurista – trata o Estado como uma personalidade moral
Sociólogo – trata o Estado sob a forma das representações que os homens dele fazem concretamente
A existência de um aparelho de coerção é determinante para a definição sociológica do direito.
Uma vez que nos encontremos em presença de um órgão de constrangimento, podemos falar de direito.
Direito é diferente de convenção. Esta apresenta também um caráter obrigatório, mas na ausência de constrangimento, ou seja, encerra uma sanção, mas que cabe ao grupo e não a uma instituição.
As convenções, por sua vez, distinguem-se dos usos e costumes, os quais não são obrigatórios, nem sancionados exteriormente.
É difícil saber se um comportamento obedece unicamente às normas jurídicas ou a uma obrigação ética – impossibilidade de fazer a distinção entre a influência externa e a motivação interna – é inútil querer explicar tudo pela sociologia ou por qualquer outra disciplina.
Direito privado x Direito público – distinção incapaz de facilitar a análise sociológica do direito (diluição das fronteiras)
Direito positivo x Direito natural – a sociologia só deveria ocupar-se, em princípio, do direito positivo, mas ela não pode desinteressar-se do direito natural
Direito objetivo x Direito subjetivo – a linha geral da sociologia jurídica de Weber procura mostras os processos que levaram à racionalização do direito moderno e ilustrar uma vez mais a singularidade da civilização ocidental (direitos subjetivos que contribuíram para a formação do capitalismo e ideais de liberdade de consciência ou de dispor de sua propriedade)
Direito formal (conjunto do sistema do direito puro do qual todas as normas obedecem unicamente à lógica jurídica) x Direito material (leva em conta os elementos extrajurídicos e se refere no curso de seus julgamentos aos valores políticos, éticos, econômicos ou religiosos)
Quatro tipos ideais de direito:
· Direito irracional e material – fundamentação em puros valores emocionais, fora de qualquer referência a uma norma (justiça feita por déspota se aproxima dessa qualidade)
· Direito irracional e formal – fundamentação em normas que escapam à razão, porque se pronunciam com base em uma revelação ou em um oráculo
· Direito racional e material – fundamentação em um livro sagrado, em uma vontade política de um conquistador ou em uma ideologia
· Direito racional e formal – hoje é o mais preponderante. Fundamentação em conceitos abstratos, criado pelo pensamento jurídico
Enquanto o direito formal tende a sistematizar as normas jurídicas, o direito material permanece empírico – esses dois direitos se deixam racionalizar, mas conservam elementos irracionais.
No início, o costume era direito, como a lei o é em nossos dias.
O direito primitivo tinha em geral caráter carismático – era formal no sentido de que havia uma decisão, independente do sentimento subjetivo da justiça.
À medida que foi necessário formular exatamente a pergunta para se dirigir aos deuses, viu-se fundamental a criação de certos conceitos jurídicos técnicos – essa racionalidade se acentuou, uma vez que os anunciantes do direito se tornaram funcionários ou pelo menos autoridades oficiais.
Outros fatores contribuíram, mais tarde, para a racionalização: condições materiais da existência das coletividades (complicação dos intercâmbios econômicos e a prática contratual), distúrbios ocasionados pelas guerras e a necessidade da pacificação dos territórios ocupados – aspecto material assume importância cada vez maior.
A intervenção dos elementos extrajurídicos, de ordem política, econômica, social ou ética, serviu para ajudar o progresso da racionalização, não mais no sentido da justiça formal, mas sim da justiça material.
Característica essencial do novo movimento – renunciar ao mesmo tempo ao empirismo e à casuística, ao cuidado puramente didático e ao conselho moral, para aumentar a lógico e a racionalidade interna do direito sem excluir os elementos extrajurídicos.