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LEIA ESTE E-BOOK NOS DISPOSITIVOS: Curiosidades e os 05 Sen�dos do Vinho por André Ribeiro facebook.com/andreribeirosommelier instagram.com/andre_ribeiro_sommelier www.arsommelier.com.br Realização: Agência TOM Compilado: André Ribeiro e Pablo Kühl Direção de Conteúdo: André Ribeiro Design e Diagramação: Nikolas Peripolli e Daniel Ca�aruzzi Revisão: Georgia Molina FICHA TÉCNICA: SOBRE A OBRA: A presente obra é dispo- nibilizada pela equipe do sommelier André Ribeiro com o obje�vo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos ou aprendizado individual de cada leitor. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel ou quais- quer uso comercial do presente conteúdo. © André Ribeiro André Ribeiro é sommelier desde 2007, formado com louvor pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SP), onde também par�cipou de diversos cursos e workshops. Trabalhando desde cedo nos comércios de sua família, desenvolveu seu �no comercial, imprescin- dível para o começo de sua carreira profissional com vinhos. "Durante uma entrevista de emprego para um cargo O Sommelier André Ribeiro no departamento de RH de uma loja de vinhos, o vice- presidente da empresa percebeu minhas ap�dões comerciais e ofereceu uma vaga na loja, com salário maior e para trabalhar diretamente com o público. Aprendi tudo que podia sobre vinhos, as curiosidades e histórias por trás dos rótulos e isso me ajudava na hora da venda". Em 2004, foi convidado a montar um empório na Vila Madalena (SP), assumindo a função de gerente e sommelier. Logo depois mudou-se para a empresa Casa Lisboa Bebidas, no Tatuapé (SP). André Ribeiro também é palestrante, ministrando aulas com bom humor e ensinando de maneira leve e descontraída. Hoje, com mais de 20 anos de profissão, se mantém atualizado e ligado às novidades, pois o mundo do vinho não para; sempre evolui. Visitou diversas vinícolas da América La�na, no Brasil, Chile e Argen�na, e em 2017 irá para a Europa, para conhecer vinícolas na Itália, Portugal e Espanha. Aliando a prá�ca da degustação à pesquisas e estu- dos diários, sua busca é por vinhos que tenham um bom custo e boa qualidade, privilegiando a experiên- cia da degustação. 7 Índice Curiosidades do Vinho Você Sabia? Chablis Você Sabia? Barca Velha Vinhos "Kosher" Você conhece a uva Saint Macare? Você Sabia? André Manz Você Sabia? Cabernet Sauvignon Você Sabia? Viña Casanueva Você conhece a uva Durif? Você já tomou um Cabernet Sauvignon Extraterrestre? Você já ouvir falar dos vinhos do Priorato? O vinho "Torna Viagem" Você sabe o que é est!est!est! ? Você Sabia? Heildelberg Você sabe o que é "Late Harvest" A verdadeira história do Carménère no Chile Você sabe como surgiu a poda da videira? O Vinho Azul 10 11 12 15 17 20 22 25 27 29 33 36 38 39 40 43 46 8 Chile - O mundo novo Você já ouviu falar em Vin de Table? Duas taças de vinho por dia proporciona uma vida sadia! Dica simples para armazenar seu vinho Você sabe onde está o barril do Chaves? A China e o �nto Você tomaria um Brunello servido por Al Capone? A vinícola arqueológica Beaujolais nouveau, o bebê dos vinhos Você sabe o que é Terroir? Colocaram Pera no Chardonnay? Diferença básica do vinho Porto Ruby e Tawny A Fermentação Malotá�ca O envelhecimento em barricas de carvalho A espumante Première Bulle nº1. Os 5 Sen�dos do Vinho Aspectos Visuais Aspectos Olfa�vos Aspectos Gusta�vos Aspectos Táteis Aspectos Audi�vos O Sexto Sen�do 49 52 53 55 56 58 59 61 62 64 65 66 67 68 72 74 77 90 99 100 102 9 10 que o solo de Chablis na França chama-se Kimeridgiano e é com- posto de seixo, calcário, fósseis marinhos e argila datados da era Jurássica? Um solo responsável pela minera- lidade do vinho, tornando o vinho Chablis o Chardonnay mais mineral do mundo! Melhor harmonização para ostras frescas! Você Sabia... 1111 que o vinho Barca Velha foi criado por Fernando Nicolau de Almeida, tendo a sua primeira colheita em 1952 e a sua úl�ma safra em 2008? Em 52 dessas colheitas, só 18 deram origem ao Barca Velha. As demais safras dão origem ao vinho Casa Ferreirinha Reserva Especial. Todo ano o conselho do Barca Velha se reúne para definir se aprovam ou não a safra. Em Outubro de 2016, será lançada a 18ª safra e serão distribuídas 18 mil garrafas, sendo que 1.500 garrafas virão para o Brasil, com preço apro- ximado de R$ 3.500,00 cada. Você Sabia... 1212 Poucas pessoas sabem, mas Kosher significa adequado ou apto, em hebraico. Para estar apto, o vinho Kosher só pode ser produzido a par�r de vinhedos que tenham no mínimo quatro anos de idade e devem des- cansar a cada 7 anos sem colheita. As cepas devem crescer sem interfe- rência, somente com adubo, co- lhidas manualmente por judeus, fermentada por leveduras na�vas e a vinificação é vigiada por um rabino responsável pela cer�ficação do vinho. Vinhos "Kosher" 1313 Todo o processo só pode ser visto e manipulado por judeus, a vinificação só é realizada em tanques de aço inox ou em barris produzidos con- forme a lei judaica, além de ser en- garrafado em garrafas novas e todo equipamento u�lizado deve ser hig ienizado de acordo com o preceito. 1414 Caso o enólogo não seja judeu, deve passar as informações ao rabino. Após todo esse processo, recebe o cer�ficado pelo rabino e 1% da venda é rever�do para a caridade. Existem dois métodos de produção: Mevushal, que é pasteurizado e subme�do a aquecimento até chegar o ponto de ebulição e não mevushal produzido pelo método normal. Mevushal significa cozido! 15 O produtor Bill Calabria apesar de possuir uma rara alergia causada pelos ácidos do vinho, o que o impede de consumi-los, produz um ó�mo vinho usando somente o olfato. Calabria é um produtor estabelecido em Riverina desde 1945, come- çando a produção com seus pais, imigrantes italianos, localizados na segunda maior região produtora da Austrália. Começaram com o nome Westend State, que passou a se chamar Você conhece a uva Saint Macare? 16 Calabria Family Wines, em orgu- lhosa homenagem à origem humilde da família. Na propriedade exis�a uma varie- dade ex�nta que leva o nome de um famoso vilarejo francês, Bordeaux, tão rara que dificilmente encontra- se menções sobre em livros. Existem na região de Westend apenas dois hectares de vinha de mais de 70 anos e é a única vinícola que produz co- mercialmente, sendo apenas duas mil caixas por ano. Curiosidade: é a variedade que possui maior aroma de flores do mundo reunindo violeta e pétalas de rosas. 17 Ele foi para Portugal tentar a carreira de jogador, mas se machucou e acabou terminando sua carreira de futebolista, virando empresário de sucesso na área fitness em Lisboa. Trinta anos depois, sua vizinha, dona Lourdes, sabendo da sua paixão por vinhos, lhe ofereceu o vinhedo do seu falecido marido para que fizesse vinhos para seu próprio consumo. André gostou da ideia e adquiriu o vinhedo. Chegando lá, verificou que Você sabia que dentre os 50 melhores vinhos de Portugal, um é feito pelo brasileiro André Manz? 18 estavam plantadas uvas da casta Castelão e 200 pés de uma uva branca desconhecida. Os enólogos o aconselharam a arrancar eplantar outro �po de uva. Ele, porém, teve uma intuição de pesquisar que uva era essa e descobriu que era uma já ex�nta em Portugal, catalogada pela primeira vez em 1860, pelo monge francês Jean Paul, recebendo inicial- mente o nome dele. Hoje, a casta tem o nome de Jampal e é o único vinhedo cer�ficado desta variedade, considerado um dos 50 melhores vinhos de Portugal produzido em um solo fóssil como o de Chablis. 19 Trata-se de um vinho branco muito mineral, com uma qualidade aromá- �ca fantás�ca. Os an�gos mistu- ravam a Jampal com Castelão pela qualidade aromá�ca dessa cepa branca, uma espécie de Côte Rô�e português, por isso no meio do vinhedo, exis�am esses 200 pés de Jampal. "Não quero fazer muito vinho. Quero é fazer bom vinho." - André Manz. 20 Pois é amigos, ela é uma uva híbrida "inventada" no século XVII, a par�r do cruzamento bem sucedido da cabernet franc, uma uva �nta e a sauvignon blanc, uma uva branca, originalmente proveniente de Bordeaux. A par�r de Bordeaux espalhou-se para o sul da França, atravessou a Espanha, foi para Itália e cruzou o At lân�co. Hoje, é a uva mais plantada do mundo. Você sabia que a rainha das uvas, a Cabernet Sauvignon, é uma uva "inventada"? 21 Titular quase sempre no famoso corte bordalês: cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc, pe�t verdot e malbec. Caracterís�cas aromá�cas: Cassis, baunilha e, principalmente, com o passar dos anos, ameixa preta, tabaco e cacau. Sua cor intensa é rubi violáceo, que vai clareando ao passar dos anos. Harmonização: ó�mo para carnes grelhadas, massas com molho vermelho e queijo gruyére. 22 Pois é, falaremos da Viña Casanueva do Chile onde o diferencial de pro- dução está no processo de estabi- lização dos vinhos. Em uma vinícola normal, após o término da vinificação, passagem ou não em barrica, dependendo do �po do vinho ele é engarrafado e fica em descanso por algum tempo na adega. Já a cave submarina arma- zena seus vinhos em águas do oceano Pacífico, a 20 metros de profundidade. Você sabia que existe uma Cave no fundo do mar? 23 Segundo o enólogo, a temperatura constante e a pouca incidência de luz dará ao vinho uma melhora na qualidade aromá�ca e na concen- tração de sabores. A ideia da cave submarina surgiu após alguns mergulhadores acha- rem vinhos de barcos naufragados e verificarem que ao abri-los, man�- nham uma excelente qualidade. A vinícola proporciona um passeio que inclui uma caça ao tesouro no fundo do mar, onde os mergulha- dores procuram garrafas de vinhos escondidas em pequenos baús e ao chegarem à praia com os seus achados, são recebidos com uma 24 bela Centol la , um caranguejo gigante para acompanhar seus vinhos. A local ização da cave não foi revelada, se é que você não pensou em passar por lá para dar uns mergulhos... 25 A uva Durif é uma uva francesa, sendo a mesma conhecida como pe�te sirah ou pe�te syrah na América La�na. Muito produzida nos Estados Unidos e na Austrália, onde é chamada de Durif. Muitas pessoas acham que é uma variedade de syrah pequena, mas não é! Ela é uma uva híbrida do c r u za m e n t o e n t ra a sy r a h e perloursin. Foi criada por François Durif, sendo primeiramente cul�vada na região Você conhece a uva Durif? 26 do Rhône. É uma uva muito saturada de cor, com a casca grossa e seus bagos são pequenos, daí vem o nome pe�te. Em 1884, foi levada para Califórnia, adaptou-se super bem ao clima e ao solo, e em 1900 o nome pe�te sirah começou a ser usado. Hoje, é produzida na sua terra natal, a França, EUA, Austrália, Chile e até em Israel. Encontramos no Brasil alguns exemplares: o legí�mo Australiano "3 Bridges Durif", o chileno Vinã Maipo Gran Devocion Pe�t Syrah, entre outros. 27 Pois existe e foi criado pelo astrô- nomo e enólogo britânico, Ian Hutcheon. O vinho tem o nome Meteorito e é produzido na Viña Tremonte. Ele teve a ideia de dar um toque espacial ao vinho, tendo em posse um meteorito, que se formou com o nascimento do sistema solar e viajou milhões de anos pelo cinturão de asteroides entre Júpiter e Marte. Esse meteorito escapou e final- mente se impactou com a Terra, no Você já tomou um Cabernet Sauvignon extraterrestre? 28 deserto do Atacama, no Chile, 4 mil anos antes de Cristo e se manteve nessa região inóspita até a sua descoberta. Unindo suas duas paixões, astrono- mia e vinho, Ian teve a ideia de maturar o vinho em barrica com o meteorito dentro, criando assim um cabernet com notas estelares. Dizem que quem toma adquire alguns poderes e pode se comunicar com outras dimensões. Resolvemos fazer o teste, tomamos algumas garrafas... um cabernet impecável... quanto aos poderes, você sente depois da quarta garrafa. 29 Priorato na Espanha é uma das me- nores regiões produtora de vinho do mundo. Pode ser a menor em tamanho, mas produzem grandes vinhos e, segun- do Robert Parker (famoso crí�co), dali saem os melhores custo x qualidade do mundo. Tudo começou no século XII, quando os monges da ordem Cartuxa resolveram se estabelecer na Espanha. Na procura do local para construção do mosteiro, ficaram sabendo através de um pastor de ovelhas de uma velha lenda que Você já ouviu falar dos vinhos do Priorato? 30 naquela região inóspita e pedregosa havia uma escada onde os anjos subiam e desciam a Terra e, ao pararem para repouso, se alimen- tavam e cantavam salmos em agradecimento ao alimento. Fazia um tempo nublado e de repente, abriu um espaço entre as nuvens e saiu um facho de sol. Então entenderam que al i deveriam edificar o seu mosteiro. O mestre do mosteiro era chamado de Prior, daí vem o nome Priorato. Se estabeleceram e plantaram as vinhas, que eram rigorosamente cuidadas pelo mestre vinhateiro, como era chamado. 31 Com o passar do tempo, seus vinhos eram apreciados em toda Espanha, inclusive pelo Rei, que comprava mui tas garrafas do moste i ro, conhecido como Scala Dei - "escada para Deus". Formou-se uma cidade em volta do mosteiro, onde os miseráveis se alimentavam das sobras dos monges. 32 Em 1835, o Scala Dei foi invadido, sa- queado e incendiado pela popula- ção devido ao grande acúmulo de riquezas. Dizem que a vinícola Miguel Torres, encontrou algumas parreiras resis- tentes dessa época e produziram um vinho chamado Salmos em home- nagem a tão devotados monges que trabalhavam cantando salmos. 33 Se algum dia alguém te pedir o vinho de "torna viagem" não se assuste. Trata-se do vinho da Ilha da Madeira. Sua comercialização era feita pela Europa através de navio e percebe- ram que o vinho que não era vendido durante a viagem voltava a sua origem ainda melhor, devido a longa viagem somada ao aquecimento pelo calor tropical, o que acelerava o seu envelhecimento. Hoje, as vinícolas simulam essas condições através de estufas e depois armazenam o vinho em bombonas abertas para aumentar a O vinho de "Torna Viagem" 34 oxidação, ou seja, um vinho que já passou por todos os elementos que estragaria um vinho normal: calor e ox i d a ç ã o, t o r n a n d o - o q u a s e indestru�vel. Dizem que pelo seu aroma, era usado nos lenços das damas da corte como perfume. O duque de Clarence deixou o seu nome ligado a estevinho quando, ao ter sido senten- ciado à morte na sequência de um atentado contra o seu irmão, escolheu morrer por afogamento num tonel de Malvasia da Madeira. 35 Um dos vinhos mais raros é produ- zido com a uva Terrantez. Tem um velho ditado português que diz: "As uvas Terrantez, não as coma e nem as dê, pois pra vinho Deus as fez!" 36 Existe uma lenda que conta que, no ano de 1111, o bispo Giovanni Defuk foi convidado para ir ao Va�cano na cerimônia de coroamento do rei. O bispo mandou seu fiel escudeiro, um exímio conhecedor de vinho, com a incumbência de marcar no caminho as melhores tabernas, onde es�vesse o melhor vinho. Ele marcaria na porta "est!", que seria a senha: "aqui se encontra o bom vinho!". Ao chegar em Montefiascone, ficou tão encantado com o vinho que encontrou, que escreveu na porta da Você sabe o que é est!est!est! ? 37 taverna "Est!est!est!" Chegando à essa taverna, o bispo ficou encan- tado com o vinho branco feito de trebbiano e malvasia, seguiu seu caminho cumprindo o seu compro- misso e ped iu ao Va�cano a transferência para Montefiascone. Hoje, ele está sepultado em uma tumba na igreja Flaviano e, em sua homenagem, o vinho recebeu a denominação "est!est!est!" 38 que na cidade de Heidelberg, na Alemanha, no castelo que leva o mesmo nome da cidade, existe o maior barril de vinho do mundo. Com capacidade para 221 mil litros, ele foi construído por Karl Theodor, em 1751. Te m 8 ,5 m de com pr im e nto, diâmetro de 7 m e para sua constru- ção foram u�lizados 130 troncos de carvalho Você sabia... 39 Essa expressão encontrada nos rótulos de vinhos indica um vinho feitos de uvas colhidas tardiamente. E o que isso significa? Que as uvas ficam o máximo tempo possível no pé, para perder o máximo de água, aumentando seu açúcar. Geralmente, são usados nos vinhos conhecidos como os de sobremesa e que servem para acompanhar a mesma. A técnica também é usada em alguns �ntos como amarone, mas de uma forma mais agressiva com uvas passificadas e isso já é assunto para uma próxima. Você sabe o que é "Late Harvest"? 40 Uma vinícola chilena contratou um enólogo francês para dar uma assessoria, visando melhorar os seus vinhos. O enólogo visitou toda a instalação, anotou as mudanças de maquinário para sofis�car e moder- nizar a vinícola. Depois, foi visitar as vinhas e ao chegar no vinhedo de uva Merlot, observou que havia algumas plantas com as folhas vermelhas e outras com as folhas verdes. Quando a uva chega à maturidade suas folhas ficam vermelhas, mas todas ao mesmo tempo. A verdadeira história do Carménère no Chile 41 Chamou o responsável e perguntou o mo�vo de algumas serem verdes, mas ele não soube responder. Então, observou que as folhas eram diferentes; pegou uma amostra, levou para a França e descobriu pelo estudo da ampelografia (estudo da fo l h a d a u va ) q u e e ra a u va Carménère. Por isso que o vinho Merlot que saia daquela vinícola era ruim, pois o tempo de amadureci- mento da Carménère é mais longo do que a Merlot. O nome vem de carmim, pois a cor da folha fica vermelha antes. A França quase não produz essa uva, pois ela demora muito para amadu- recer e não produz vinhos com bom 42 valor comercial. Na Itália, a região da Lombardia produz e é conhecida como uva Carmenero. Após essa descoberta, foi lançado o boato que descobriram uma uva já ex�nta, para não parecer que os enólogos chilenos deixaram passar despercebida uma uva diferente entre as demais. 43 No ano de 345 depois de Cristo, o monge São Mar�nho saiu para supervisionar os vinhedos de seu monastério. Possuíam grande quan- �dade de terras na França, perto de Tours, no Vale do Loire. Ele era um amante de vinhos e, por sua dedicação e estudos sobre o assunto, era o orientador dos mon- ges, uma espécie de enólogo da época. Conhecido como mestre vinhateiro, estava sempre a cavalo, mas nesse dia como não havia um disponível, pegou então o burro. Ao chegar Você sabe como surgiu a poda da videira? 44 atrasado, pelo seu meio de trans- porte ser mais lento, amarrou o bur- ro e saiu com os monges para ver o vinhedo. Ao retornar, muitas horas depois, viu que o burro havia se soltado e comido algumas uvas e folhas das parreiras. Anotou a ocorrência no seu caderno e par�u. Na época da colheita, veio acom- panhar e percebeu que nas plantas que o burro havia comido, as uvas estavam melhores que as demais. Então, percebeu que se diminuísse os cachos, produziria menos, mas com maior qualidade. Um tempo atrás, Angelo Gaja apren- deu essa técnica na França e a levou 45 à Itália, na região onde hoje sai um dos melhores vinhos, o Piemonte. Quando a população ficou sabendo que ele cortava metade dos cachos, ainda verde das parreiras, falavam que ele estava maluco. Hoje, ele produz os melhores vinhos da Itália, sendo o mais premiado produtor do Guia Gambero Rosso. 46 Seis jovens espanhóis inovaram o mundo do vinho, criando um vinho azul, feito de uvas �ntas e brancas, que não são produzidas por eles, mas compradas para a produção do vinho. Foi necessária uma pesquisa de dois anos até a�ngir essa coloração, com a adição de antocianos e pigmentos índigos, que dão coloração à bebida. Antocianos são pigmentos associa- dos às cores das frutas; nas plantas, as antocianinas protegem os teci- dos, as flores e os frutos contra radiação uv e tem ação an�oxidante; para o ser humano, atua na preven- O Vinho Azul 47 ção do câncer. Funcionam como an�-inflamatório. Para o coração, podem diminuir o colesterol e auxiliam no tratamento de úlcera, protegendo o estômago. Possuem função cogni�va comprovada por estudos que descobriram que em ratos alimentados com antocianos, era menos propensa a perda de memória. Bom, pelo menos sabemos que esse corante natural não faz mal e a proposta da garotada é fazer um vinho alegre, leve e sem imposições de harmonização, estando em aberto para experiência. O azul nos remete à paz, ao oceano, 48 ao céu super bonito. O vinho é leve, fresco e levemente adocicado. O vinho azul chegará ao Brasil no começo de novembro, trazido pela importadora Caves Santa Cruz. (www.cavessantacruz.com.br) Se Tim Maia es�vesse vivo, diria: "Esse vinho é azul da cor do mar!" 49 O Chile é dividido em 14 Vales, produtores de vinho e suas denomi- nações de origem (DO) são: Bio-Bio, Casablanca, Colchagua, Curicó, Leyda, San Antonio, Aconcágua, Cachapoal, Elqui, Itata, Limari, Maipo, Malleco e Maule. Uma curiosidade do Chile é o fato de não ter sido a�ngido pela Phylloxera Vastatrix, que devastou grande parte dos vinhedos da Europa. Falaremos desta praga futuramente, mas a proteção natural foi a sua geografia: oceano Pacífico ao oeste e cordilheira dos Andes a leste. O Chile é um país estreito, de 177 km Chile O mundo novo 50 de largura, em média, e 4300 km de comprimento, formando assim um ar-condicionado natural de dia, pois o vento marí�mo vem e passa pelos vinhedos, bate na cordilheira e volta à noite, refrescando os vinhedos, fazendo assim com que as parreiras parem de amadurecer o fruto e mantenham a sua acidez. A irrigação das parreiras é feita pela água do degelo dos Andes, onde se formam rios sazonais, quesó existem no verão. As parreiras foram trazidas por Colombo pra o Peru em 1493, e trazidas para o Chile em 1548, pelos monges Bartolomeu de Terrazas e Francisco del Estero. 51 As primeiras colheitas aconteceram em San�ago e eram usadas para rituais religiosos. No século XIX, houve a moder- nização, com a criação de novas vinícolas como a Carme, Errazuriz, San Pedro, Cousiño, Macular, Concha y Toro. Mas somente em 1990, que começaram a se destacar no cenário mundial do vinho, fazendo hoje, vinhos simplesmente fabulosos! 52 Ao ouvir essa expressão, logo imaginamos um vinho feito de mesa, mas não é nada disso! Vin de Table (vinho de mesa) iden- �fica o vinho mais básico produzido na França, não é uma DO (denomi- nação de origem), significa que o vinho não tem origem regional definida. Pode vir de qualquer vinhe- do ou região, geralmente vinhos feitos por comerciantes de uvas, que saem para garimpá-las em diversas regiões, juntam todas e produzem um vinho. Podem mencionar a uva e a safra, mas não é obrigatório. Você já ouviu falar em Vin de Table? 53 Para os homens, 375 ml diários e para as mulheres, 187 ml diários, são as quan�dades necessárias para evitar os male�cios causados pelo álcool, beneficiando o sistema car- diovascular, com redução do risco de infarto do miocárdio e trombose, aumento do bom colesterol e redu- ção da adesividade das plaquetas, que são elementos importantes na coagulação do sangue. Para o sistema neurológico, redução do ritmo de envelhecimento das células do cérebro e redução do risco de demência, melhorando a Duas taças de vinho por dia proporciona uma vida sadia! 54 circulação cerebral. Para os ossos, melhora da densidade óssea e redu- ção do índice de osteoporose. Para o sangue, melhora da absorção de fer- ro pelo intes�no. Consulte seu médico antes, pois se �ver diabetes, for hipertenso e consumir regularmente remédios, assim como as grávidas, nem pensar em vinho e álcool! Um brinde à saúde! 55 Depois de aberto, transfira metade da garrafa para uma garrafa menor, de 375 ml e deixe o mínimo de oxigênio possível. Guarde na adega ou na geladeira e desfrute da outra metade depois. É importante passar rápido o vinho para a garrafa menor assim que aberto, para não dar tempo de oxidar pela ação do oxigênio do ar. Uma experiência simples para ver a oxidação é par�r uma maçã ao meio. Ela vai estar bem branquinha, mas quando você volta depois de meia hora, vai estar escura pela oxidação. Dica simples para armazenar seu vinho 56 Em breve, teremos um vinho para harmonizar com sanduíche de presunto.... isso, isso, isso! Segundo informações do Jornal La Vanguardia, o barril de carvalho francês ficou abandonado durante anos nos estúdios da Televisa, emissora que produzia o programa, interpretado por Roberto Gómez Bolaños, como ator principal. O nome da vinícola não foi revelado, mas sabemos que produzem vinhos orgânicos e biodinâmicos. O barril tem capacidade para 225 litros e foi vendido pela bagatela de R$ 467,80. Você sabe onde está o barril do Chaves? 57 Agora a Dona Florinda pode convidar o professor Girafales para tomar uma taça de vinho... chega de café! O que me deixou muito intrigado (não porque comi muito trigo - como diria o Chaves) foi não divulgarem o nome da vinícola. 58 Vocês sabia que os chineses são os maiores consumidores de vinho �nto do mundo? Eles ultrapassaram a França e a Itália, e a�ngiram a marca de 1,86 bilhões de garrafas de vinho �nto, segundo pesquisas publicadas na revista Exame. Em cinco anos, registrou-se um aumento de 136% no consumo da bebida. A China e o tinto 59 Dizem que quando um capanga de Al Capone falhava em uma missão e era preso, ele dava um jeito e mandava soltar o indivíduo. Quando ele se encontrava com o capanga que falhou, dizia: - "O que aconteceu?" Se os argumentos fossem convin- centes, liberava o rapaz, mas quando não, ele dizia: - "Dá um Brunello pra ele". Então, o capataz bebia aquele maravilhoso líquido sem saber que, Você tomaria um Brunello servido por Al Capone? 60 ao final da garrafa, seria executado. Essa era a senha! Então, se fizer algo errado e te oferecerem um Brunello... amigo, até logo! 61 Arqueólogos da Universidade da Califórnia descobriram uma vinícola de 6.100 anos em uma caverna onde hoje fica a Armênia, no Oriente Médio. No sí�o arqueológico foram encon- trados um prensa para moer uvas, potes de fermentação e um cálice. A descoberta foi publicada na revista cien�fica Journal of Archaeological Science. A vinícola arqueológica 62 Este vinho teve origem na festa da vindima. As primeiras uvas colhidas eram colocadas para fermentação e seriam usadas na festa da colheita, onde muitos turistas passaram a frequentar e es�mularam a comer- cialização do vinho. O Beaujolais nouveau é feito pela maceração carbônica, processo pelo qual as uvas são colocadas inteiras em tanques de inox fechado, onde o peso das frutas de cima esmagam as da parte de baixo. Assim que começa a fermentação, que libera gás carbônico, este invade o tanque fechado e comprime mais ainda as Beaujolais nouveau, o bebê dos vinhos 63 uvas. Nesse momento, acontece a fermentação no interior da uva, ou seja, se você abrir o tanque e comer as uvas vai ter vinho no seu interior. Esse processo libera alguns ésteres como acetato de e�la, o succinato e o lactato de isoamila, que proporcio- nam aromas de banana e de rosas. Produzido na região de Beaujolais, situada ao norte de Lyon - França e feito 100% de uva Gamay, ele é lançado sempre na terceira quinta- feira de Novembro. Deve ser consumido novo, assim como o seu nome nouveau (novo). Seu tempo de guarda é de no má- ximo seis meses. 64 O termo terroir, que literalmente significa “terreno”, abrange as caracterís�cas de solo, microclima e ecossistema do local onde a uva foi plantada. Influenciam na qualidade do vinhe- do e do vinho. Você sabe o que é terroir? 65 Hoje tomamos um Chardonnay e sen�mos muito aroma de pera. Será que adicionam pera na fermentação? Não, esse aroma é um aroma primá- rio, que surge da própria fruta. Igualmente encontrada na pera e na uva Chardonnay, é uma estrutura linear do éster Acetato de Hexila . Acetato de Hexila é o que dá o aroma de pera à fruta e também ao vinho. Colocaram Pera no Chardonnay? 66 O Porto Ruby é menos envelhecido e, como diz o seu nome, ele é de cor vermelho rubi e tem aromas de fru- tas frescas. O Porto Tawny é mais envelhecido, a sua cor é âmbar, meio aloirado e seus aromas são de frutas secas. Curiosidade: são permi�dos mais de 40 �pos de uvas, para a produção do Vinho do Porto. Diferença básica do vinho Porto Ruby e Tawny 67 A fermentação malolá�ca compre- ende a transformação do gusta�- vamente áspero ácido málico em ácido lá�co, mais macio, por meio da presença de bactérias lá�cas que fazem parte da flora natural do mosto de uvas tanto quanto as leveduras que promovem a fermen- tação alcoólica. A Fermentação Malotática 68 A u�lização de barrica para guarda, transporte e conservação do vinho é muito an�ga, e já foram encontrados afrescos na tumba do faraó Hesi-re, datando de 1800 AC, mostrando o transporte e comérciodos vinhos em barrica. Naquela época, se trocava uma barrica por um escravo. An�gamente, eram u�lizadas as ânforas de barro para transporte, que hoje foram subs�tuídas pelas barricas, pela facilidade de trans- porte e maior resistência. Hoje, ganhou o gosto do consumi- dor, pois o álcool sendo um solvente, O envelhecimento em barricas de carvalho 69 absorve, incorporando aromas e sabor ao vinho. Os aromas mais comuns para você iden�ficar se passou por madeira são: coco, baunilha, cravo defu- mado, caramelo, Bu�erscotch e amêndoa. Um país que adora vinhos amadei- rados é a Espanha, tendo na sua 70 legislação, na região de Rioja, as seguintes regras: Jovem: podem ou não passar por madeira, geralmente ficam 3 meses e é colocado no mercado após um ano da colheita. Crianza: período mínimo de 8 meses em barrica e é colocado no mercado 24 meses após a colheita. Reserva: mínimo de madeira de 12 meses e colocado a venda após 36 meses da colheita. Gran Reserva: mínimo de madeira 24 meses e colocado a venda após 60 meses da colheita. Após serem re�rados da barrica, ficam engar- rafados e estabilizados nas cavas. 71 Os sommeliers que adoram vinhos amadeirados são conhecidos por "Sommelier Pica-Pau", pois adoram um suco de madeira... 72 Dizem que foi a primeira bolha do mundo, criada na abadia de Saint- Hilaire, onde os monges iam estudar. D o m Pe r i g n o n e s t u d o u l á e provavelmente aprendeu a fazer es- pumante neste local. Depois, voltou para Champanhe e veio com aquela história de que foi por acaso... Já repararam que todo champanhe tem uma estrela desenhada? É em h o m e n a g e m a e s t a célebre frase dita pelo m o n g e : - " V e n h a m irmãos, estou bebendo estrelas!" A espumante Première Bulle nº1. 73 74 Primeiro: incline a taça sobre um fundo branco para poder observar o vinho sem interferência de outras cores. Segundo: Limpidez. Ver se o vinho é límpido, ou seja, sem nada sólido flutuando e brilhante, ver se não está opaco ou fosco, pois isso é defeito. Terceiro: Transparência. Se for muito escuro, geralmente tem mais corpo e taninos, já se for clarinho, mais levinho. Quarto: Viscosidade. Se o líquido é ralo ou viscoso. Quanto mais denso, mais corpo, mais leve mais ralinho. Aspectos Visuais 75 Quinto: se �ver borbulhas são espumantes ou frisantes, se não, é um vinho tranquilo. A cor pode nos revelar a idade de um vinho. O jovem tem uma cor intensa, brilhante; um vinho velho, uma cor alaranjada, a�jolada, sem brilho. Se o halo ou unha do vinho es�ver todo laranja, aí cuidado, se não for um 76 vinho do Porto, é sinal de que está velho! As lágrimas são filetes que escorrem pelo copo. Algumas pessoas acham que isso é sinal de qualidade, mas não, pois se colocar álcool de limpeza na taça e balançar, vão se formar as lágrimas. Quanto maior a quan�dade e mais lentamente elas deslizarem pela taça, mais álcool o vinho possui. 77 Aromas - Parte 1 Você já deve ter reparado que seu cão de es�mação é um ó�mo farejador. Para você ter uma ideia, os seres humanos possuem cinco milhões de receptores de odor no nariz, já os cães, possuem duzentos milhões. Uma enorme diferença, não é mesmo? Isso acontece porque o ser humano usa pouco o olfato. O crí�co ameri- cano Robert Parker recebeu de presente do seu pai, pela herança gené�ca, um olfato super apurado! Aspectos Olfativos 78 Seu pai era perfumista, o profis- sional responsável por combinar diferentes cheiros para criar per- fumes. Vamos aos passos para análise olfa�va: antes de agitar a taça, você sen�rá um �po de aroma. Depois de agitar a taça, este se vaporiza, o que resulta em uma intensificação de aromas. Agite por alguns segundos, coloque o nariz na taça e aspire. Os aromas não são uma ciência exata, pois puxaremos da nossa mente a memória olfa�va de determinado aroma. O que cabe a nós é exercitar o olfato, cheirar tudo: as frutas, flores, especiarias, minerais, balsâmico, animais, vegetais, químicos, etc. 79 Aí teremos uma ampla gama de memória olfa�va em nosso cérebro, facilitando assim a iden�ficação dos aromas. 80 Aromas - Parte 2 Os aromas encontrados nos vinhos não são imaginários. As uvas são frutas e, ao fazer a fermentação, liberam substâncias em comum com outra, por exemplo, a carménère é rica em pirazina, uma substância que dá aroma também ao pimentão. Ao sofrer a fermentação, liberam essas moléculas voláteis. Esse �po de aroma chamamos de aromas primários, porque vem dá própria uva. Todo e qualquer aroma do vinho são decorrentes dessas substâncias químicas presentes nas uvas. Os aromas secundários são aqueles provocados pelo homem, por exem- plo o estágio em madeira, passa a 81 B-me�l-y-octalactona, que é a origem do aroma de coco e de vanilina, que dá o aroma de bau- nilha. Agora, os aromas terciários são aqueles que se desenvolvem ao longo dos anos, em vinhos com potencial de envelhecimento em 82 garrafa (não é qualquer vinho). Chamamos de "bouquet" os aromas mais complexos que, no caso do pinot noir da Borgonha, surgem aromas de violeta, caça, couro, alcaçuz, sous-bois, misto de terra úmida, cogumelo e folhas em decomposição. Claro que isso tudo no caso de ser um ó�mo Borgonha. 83 Aromas - Parte 3 Segundo Émile Peynaud, pai da eno- logia moderna, os aromas se dividem em seguintes cadeias: florais, frutados, especiarias, ani- mais, vegetais, minerais, balsâ- micos, químicos e empireumá�cos (chocolate, mel, caixa de charuto, "sous-bois", etc.) Nos vinhos jovens, sempre os aro- mas são leves e "alegres". Já nos vinhos evoluídos, os aromas são mais "sérios", como animais, couro e decomposição. 84 Aromas - Parte 4 A Diferença entre Decantar e Aerar. Decantar um vinho é o processo de separar o sólido do líquido, usado em vinhos mais velhos, que têm sedimentos e borra. Essa borra é cons�tuída basica- mente por pigmentos e taninos, que conferem gosto amargo ao vinho �nto. Nos brancos, não têm sedi- mentos e sim, cristais de bitartarato de potássio, que também dá sabor amargo. Os cristais de Bitartarato devem ser evitados servir na taça. Geralmente esse cristal fica na parte de baixo da 85 rolha e não é considerado um de- feito do vinho, pelo contrário, indica que o vinho não foi estabilizado a frio ou filtrado e isso garante mais aromas e sabores ao vinho. Agora, quando colocamos um vinho jovem no decanter, estamos aeran- do para liberar os aromas. Sendo esse o mesmo mo�vo pelo qual giramos o vinho na taça. Hoje, existem aeradores portáteis que funcionam muito bem. Sua função é oxigenar as moléculas do vinho, liberando assim seus aromas. Por que isto acontece? Porque o vinho tem uma pequena reserva natural de oxigênio que, com 86 o passar o tempo, esta reserva é incorporada ao próprio vinho, por isso temos a necessidade de oxige- ná-lo, liberando assim seus aromas. 87 Aromas - Parte 5 Cuidado com o uso do decanter, pois nem todos os vinhos são feitos para serem decantados ou aerados. 88 Como vimos na parte 4, os vinhos novos e simples, por exemplo, podem perder o seu aroma ao colocá-los no decanter, pois é uma super�cie muito aberta e, como os aromas são voláteis,irão sumir. Quando abrimos um vinho, coloca- mos na taça e percebermos que o vinho está sem aroma, damos o nome de fechado, aí sim, devemos aerar para oxigenar e liberar os aromas. Defeitos: Se ao abrir o vinho, sen�r o aroma de mofo ou pano de pia na rolha, pode 89 estar bouchonné, e isso se deve a uma contaminação na rolha por um composto tricloroanisol, conhecido como TCA. Isso acontece por um mau trato na rolha. Depois, temos os vinhos oxidados, vinhos que �veram contato com oxigênio, por infiltração na rolha. Lembram cheiro de vermute. Terceiro, vinhos contaminados por excesso de bre�anomyces ou leveduras ruins. Isso ocorre no processo de fermentação do vinho. Então, temos que ter um grande cuidado, inclusive com controle de temperatura , para impedir o crescimento das leveduras ruins. 90 Aspectos Gustativos Paladar - Parte 1 Vamos tratar das sensações que o vinho exerce no nosso paladar, na nossa boca e também quando esse l íqu ido passa por e la , o que c h a m a m o s d e re t ro g o sto o u olfa�vas retronasais. As sensações gusta�vas revelam quatro sabores: doce, salgado, ácido e amargo. São poucas as sensações comparado ao olfato, onde pode- mos sen�r múl�plos aromas. Primeiro: O pH (potencial hidroge- niônico) da boca (sal iva) é 7, enquanto a do vinho 3,5. 91 O pH, para quem não sabe, mede o grau de acidez, sendo medido numa escala de 0 a 14, onde 7 é conside- rado valor neutro e quanto menor fica e próximo de 0, maior é a acidez. Ácidos Amargo Doce Salgado 92 E agora, o que devemos fazer? Por onde começamos? Basta dar um belo gole de vinho e deixar ele passear por toda a sua boca, assim regulando o pH do vinho com o da boca. Por isso, não analisamos o vinho no primeiro gole, pois o choque de pH dá uma adstringência, um certo amargor e, portanto, só devemos analisar no segundo gole. O pH da água está entre 7 e 10 e, ao ingerirmos, desregulamos o pH de novo, sendo necessário, mais um gole de vinho para regular. 93 Curiosidade (pH): Vinagre: 2,9 Coca-Cola: 2,5 Saliva Humana: 6,5 - 7,4 Água natural: 7 Água do mar: 8 Cloro: 12,5 94 Paladar - Parte 2 Bom, após regular o pH da boca, coloque uma dose generosa de vinho na boca e deixe passar por toda super�cie da língua. Sen�remos na ponta da língua a doçura, não só pelo açúcar residual, mas também pelo álcool e pela glicerina. Nas laterais frontais, o salgado, rara- mente encontrado nos vinhos, mas peculiar no jerez de Sanlucar de Barrameda. Nas laterais superiores, sen�mos a acidez, proporcionada pelos ácidos próprios da uva (tartárico, cítrico e 95 málico) ou dos ácidos provenientes da fermentação alcoólica (succínico lác�co e acé�co). Ela nos dá aquela sensação gostosa de frescor, devido à salivação fluída e abundante. Isso acontece porque ao sen�r o ácido o cérebro recebe uma mensagem e libera saliva para diluir a acidez. O amargor é sen�do no fundo da língua. Vinhos de boa qualidade não tem amargor e quanto mais intenso esse sen�do, pior o vinho. 96 Paladar - Parte 3 Umami - o quinto sabor Umami - "sabor gostoso ". Descrever esse sabor é muito di�cil. Agora, imagina harmonizar algo que nem conseguimos descrever. A ciência já reconhece o umami como um sabor, transmi�do pelo aminoác ido g lutamato e por enzimas chamadas inosinato e guanilato. O sabor é sen�do no centro da língua e está presente no tomate, queijo parmesão, presunto cru, brócolis, aspargos, ovos, cogumelos e outros. O sabor individual do umami é o 97 mais su�l de todos, daí a dificuldade em ser iden�ficado. Geralmente vem depois do impacto salgado e causa uma leve salivação. Se você acha que umami é novidade, ele foi descrito pela primeira vez no século XX, por um professor e cien�sta japonês chamado Kukunae Ikeda, mas essa descoberta levou quase 100 anos para ser oficial- mente reconhecida, quando a universidade de Miami comprovou a presença de receptores do gosto umami na língua humana. Um exemplo desse sabor é sen�do no tempero aji-no-moto. Dizem que o Jerez é um vinho salga- do e que é a harmonização perfeita 98 para sabores umami. Mas isso não é comprovado. As tapas com presunto cru e Jerez são muito indicadas pelos pseudo-conhe-cedores. Algumas variações de vinhos Jerez 99 Aspectos Táteis Sensações Táteis Dá a impressão que vamos enfiar a mão dentro da taça e sen�r a textura do vinho, mas não é nada disso. São as sensações sen�das na boca como sedosidade, granulado, textura, veludo e densidade. Um vinho encorpado dá peso na bo- ca e parece que podemos mas�gar. Aveludado, leve, granulado, taninos mais agressivo, podemos sen�r a quan�dade alcoólica do vinho. Quanto maior a sensação de calor na boca, maior a quan�dade alcoólica do vinho. 100 Aspectos Auditivos Quinto Sen�do: Audição Quando abrimos um espumante e percebemos que ele não emite som de gás saindo é um péssimo sinal. A causa de estar sem gás pode ser por deixarmos o espumante muito tempo na geladeira e a rolha retraiu, deixando escapar o gás. 101 Estourar espumante é legal em comemorações, mas não é aconse- lhável, pois perde muito gás carbô- nico. Outra sensação audi�va é ouvir o som do vinho caindo na taça ou no decanter, um som muito agradável aos ouvidos. 102 O Sexto Sentido Se �vermos noção de geografia e um pouco de conhecimento sobre o plan�o, colheita, �pos de uvas, a m a d u r e c i m e n t o e r e g i õ e s produtoras de vinho, podemos u�lizar esse sexto sen�do. Por exemplo: Se �ver na prateleira um pinot noir produzido na Argen- �na, um na região de Mendoza, outro da Patagônia, qual escolher? Bom, sabendo que a uva pinot noir é uma uva que amadurece mais rápido e se dá bem em regiões mais frias e pegarmos o da Patagônia, com cer- teza teremos um produto melhor. 103 Outro exemplo: se temos R$ 50,00 para comprar um vinho italiano e temos duas opções, um da Toscana e outro da Sicília, qual adquirir? Com certeza, o da Sicília. Por ser uma região menos valorizada, podemos adquirir um vinho melhor com menor preço, pois os toscanos tem grande fama de terem tornado a qualidade X preço em desequilíbrio, pois leva em conta a fama da região. 104