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Resenha - Reforma gerencial e legitimação do estado social

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Reforma gerencial e legitimação do estado social 
Luiz Carlos Bresser-Pereira 
 
Inicialmente o texto trata de três marcos históricos: Pós-Segunda Guerra Mundial (1940), 
onde o Estado de Bem-Estar Social ou Estado Social é constituído, hegemonia do 
Capitalismo neoliberal, rentista e financista (1970) e o início da Reforma Gerencial do Estado 
no fim do século XX. 
A reforma gerencial é implementada a partir de 1980, com o crescimento do aparelho do 
Estado e implantação do estado social, como forma de legitimá-lo diante do ataque 
neoliberal. Apesar da oposição do Banco Mundial em implantar a reforma gerencial (com o 
argumento de finalizar a reforma burocrática para dar início na reforma gerencial), a reforma 
iniciou-se na Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Austrália. 
Com a formação do Estado moderno surgem quatro objetivos políticos: liberdade, riqueza ou 
o bem-estar econômico, a justiça social e a proteção da natureza. Os objetivos citados 
correspondem às quatro ideologias que nasceram com a revolução capitalista, nesse contexto, 
temos como correspondência: 
Liberdade individual corresponderá ao liberalismo; 
Riqueza ou o crescimento econômico corresponderá ao desenvolvimentismo; 
Justiça social, corresponderá ao socialismo; 
Proteção da natureza, corresponderá ao ambientalismo. 
Apesar de não serem totalmente compatíveis, os objetivos citados são complementares. O 
avanço dos quatro objetivos, em conjunto com o objetivo segurança, significa progresso ou 
desenvolvimento humano. 
O Estado é caracterizado como instrumento de ação coletiva e meio para alcançar os quatro 
objetivos políticos citados, bem como, segurança ou a ordem pública. 
Além de regular o mercado e promover a redução das desigualdades, tem o papel de garantir 
as condições gerais para que as empresas nacionais sejam competitivas. 
Para realizar seus objetivos o Estado transita entre dois papéis: Estado como regime político 
(sistema constitucional-legal), e Estado como administração pública (aparelho / organização 
que garante o sistema constitucional-legal). 
A transição entre a administração burocrática para a gerencial, era na época, a resposta à 
necessidade de aumentar a eficiência da saúde, educação e previdência social que passavam a 
ser geridos pelo estado. Ao contribuir para eficiência e redução de custos, a Administração 
Gerencial, tem um papel importante na legitimação das ações do Estado, com objetivo de 
oferecer serviços de consumo coletivo com menor custo e maior abrangência, diminuindo as 
lacunas sociais. 
O texto aborda a reforma gerencial proposta por Bresser em 1995, a fim de, fortalecer o 
Estado. Houve uma grande discussão no Brasil quando se iniciou a reforma gerencial de 
1995, havia os que defendiam o modelo burocrático acusando a reforma gerencial de 
neoliberal. 
A vinculação da reforma gerencial de 1995 com o neoliberalismo, mostrou-se um equívoco, 
visto que, havia clara tentativa de desmantelar o poder do Estado e diminuí-lo através do 
neoliberalismo, mas a tentativa neoliberal de acabar com o estado social por meio da 
diminuição de suas funções sociais fracassou. 
A proposta de Bresser, era tornar os serviços sociais universais como: saúde e educação, mais 
eficientes, legitimando o estado de bem estar social. 
As diretrizes do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado continuaram a ser 
implantadas nas esferas federal, estadual e municipal independentemente da orientação 
política de seus governos. 
Para viabilizar a oferta dos serviços de forma gratuita e igualitária era preciso que o Estado 
fosse capaz de ofertar esses serviços de forma efetiva e eficiente. A administração burocrática 
era efetiva; porém, ineficiente diante da dimensão dos serviços sociais do Estado. 
Temos dois marcos importantes, referente a reforma gerencial no Brasil: uma no governo 
Fernando Henrique, com o SUS (garantir o direito universal aos serviços de saúde, com 
maior abrangência, menor custo e eficiência), e a outra no governo Lula, com o Bolsa Família 
(distribuição de renda para famílias de baixa renda, situação de pobreza, vulnerabilidade ou 
exclusão). A reforma gerencial surgiu da pressão por maior eficiência e menores custos que 
se seguiu à transformação do estado democrático liberal em estado democrático social. A 
transição do estado burocrático para gerencial, foi fundamental para neutralizar a ideologia 
neoliberal, visto que a administração gerencial aumenta o poder do estado.

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