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UNIVESP – PEDAGOGIA (Turma 2/2018) Fundamentos da Educação Infantil I (Resumo: Semanas 1, 2 e 3 – Jéssica Morales Pereira) Semana 1 - História da Educação da infância Videoaula 1 - História da Educação da Infância - TEÓRICOS: Jean-Jacques ROUSSEAU (1712 – 1778) Procurar o homem na criança: Para Rousseau, as crianças eram diferentes dos adultos com características próprias. NASCIAM BOAS. O adulto seria responsável por perverte-las. As crianças deveriam viver o máximo de tempo possível em seu estado natural de inocência. Teoria da bondade natural do homem – A criança deveria ser criada baseada em seus instintos e interesses naturais. As ideias pedagógicas Friedrich FRÖEBEL (1782 – 1852) Pedagogia do brincar para a infância: Criador dos JARDINS DE INFÂNCIA. Para Froebel, as crianças eram como sementes, com muitas potencialidades, que precisavam de um bom jardineiro para cultivá-las, e então floresceria todas as potencialidades da criança. A pedagogia de Froebel expresse seus conhecimentos: Filosofia, Química, mineralogia, Agricultura, Linguagem e Artes; Acreditava que a natureza era perfeita POR SER CRIAÇÃO DE DEUS; Lei Fundamental: a unidade entre o homem, a natureza e Deus = conexão interna (Todas as coisas procedem da Unidade Divina, de Deus) Parte das ideias Pestalozzianas: Passeios na natureza, lições práticas, jogos ao ar livre; Para aprender, nos jardins de infância, deveriam proporcionar às crianças a AUTO-ATIVIDADE (pela ação, a criança expressa suas intenções); A boa educação tem liberdade, lei e autodeterminação (autoconhecimento e autocontrole são fundamentais). A EDUCAÇÃO INFANTIL DEVE PROMOVER O DESENVOLVIMENTO. BRINCAR é fundamental para alcançar o desenvolvimento. ● Roupas leves para se mover e brincar. LINGUAGEM: mediação dos adultos para descobrir nomes e significados dos objetos de interesse da criança. Fórmula: Fazer + usar as mãos + expressão plástica = múltiplas linguagens Ovide DECROLY (1871 – 1932) Os centros de interesse: médico, ao dedicar-se ao estudo da neurologia, interessou-se pelas crianças com deficiências mentais, o que o levou ao campo da educação; Foi crítico da organização tradicional do ensino (acreditava que a forma de divisão das disciplinas não era compatível com o modo como a criança pensava, se apropriava do conhecimento). Para Decroly, era errado ensinar da unidade para o todo, o correto seria partir do todo para a parte. Mostrar o mundo e depois ir desmembrando e aprofundando. CENTROS DE INTERESSE: Nasciam das necessidades da criança (alimentação, respiração, asseio, proteção, jogos e trabalhos recreativos, experiências culturais e sociais). As crianças têm uma visão geral do todo (objetos de conhecimento) e depois chegam às particularidades e abstrações. A ESCOLA: oficinas ou laboratórios onde a prática estava muito presente. Os alunos trabalhavam ativamente, fazendo descobertas, confeccionando o próprio material e realizando experiências, muito mais do que apenas receber informações. Para Decroly, o aprendizado se dá: 1º - observação direta das coisas; 2º - associação das características observadas; 3º - expressão do pensamento através das linguagens (desenho, modelagem, escrita, etc) Maria MONTESSORI (1870 – 1952) EDUCAÇÃO SENSORIAL: Pedagogia Científica fundamentada na educação sensorial e implementada sob os princípios de método experimental; Deve ser voltada para a paz. É na escola que formamos a criança para um mundo melhor. CRIANÇA: carrega em si as melhores potencialidades da espécie (exploradora, observadora). PROFESSOR: Aprenderá com a criança a fazer sua própria educação. É quem organiza o espaço, pensa os materiais para que a criança aprenda e explore cada vez mais a partir de suas próprias potencialidades. Criança e professor aprendem juntos. PRINCÍPIOS: ● liberdade, atividade e livre escolha: a criança se autoeduca (Ela escolhe a atividade que quer fazer) ● disciplina ativa, silêncio e movimento, independência e dignidade; ● preparação espiritual do mestre e a transformação da escola; Três circunstâncias que favorecem a pedagogia Montessoriana: 1º - Ambiente adequado: mobiliário (pequeno, adequado ao tamanho da criança) 2º - Mestre humilde: está junto com as crianças, preparando tudo, mas não se sobrepondo a elas. 3º - Material científico: estimulante sensorial que provoque a autoeducação a) Buscar o desenvolvimento da função motora ou o exercício do sistema muscular (trabalhos domésticos, de atividades da vida cotidiana, trabalhos manuais) b) educação dos órgãos dos sentidos: Dimensões térmicas, táteis, cores, formas, sons. c) Desenvolvimento da linguagem: Letras móveis. Célestin FREINET (1896 – 1966) Movimento da Escola Moderna: O ensino é militância e engajamento pois a educação é possibilidade de emancipação do homem. A escola faz parte da sociedade e deve formar o aluno em ser crítico, questionador, capaz de superar as diferenças de classe. Não faz sentido uma escola enclausurada nela mesma, deve ser aberta para o mundo. NOVO MODELO DE GESTÃO DO ESPAÇO E TEMPO: a) momento de planejamento (junto às crianças) b) momento de conversa: pedagogia da escuta (sentimentos, desejos e sonhos) c) momento de atividades coletivas diversas d) Momento da comunicação dos trabalhos realizados nas oficinas e) momento de avaliação AS TÉCNICAS: A) TEXTO IMPRESSO: B) CORRESPONDÊNCIA ESCOLAR: C) TEXTO LIVRE: D) LIVRE EXPRESSÃO: E) AULA PASSEIO: F) LIVRO DA VIDA: Loris MALAGUZZI (1920 – 1994) Os direitos das crianças pequenas: ● As crianças são sujeitos que têm conhecimento e possibilidade de expressá-los em uma situação de parceria com os adultos que estão à sua volta, e outras crianças. ● Relação de busca por interesses mútuos que existem para alcançar o objetivo comum: O SABER ● A educação tem por base o relacionamento e a participação. ● O sistema de escolarização deve se expandir para o mundo da família, integrando-a e respeitando seu direito de conhecer e participar do trabalho desenvolvido pela escola. (parceria com a família) ● A organização dos espaços: sala do grupo, um espaço central que funcione como um local de encontros, jogos e outras atividades; salas-ambiente como ateliês, estúdios e laboratórios que funcionem como locais para manipulação ou experimentação. ACADEMIA DOS TEÓRICOS - QUADRO COMPARATIVO ROUSSEAU Criança Tem características e necessidades próprias. Nasce boa, porém o adulto - imerso em vícios - a perverte. Deveria viver o maior tempo possível em seu estado “natural” de inocência. Professor Deve preservar a criança, partindo dos instintos naturais dos pequenos para desenvolvê-los. Escola Organizada em 4 períodos: de 0 aos 5 anos, dos 5 aos 12 anos, dos 12 aos 15 anos, dos 15 aos 20 anos. Educação É um processo natural, que respeita o desenvolvimento natural da criança. Prática Educativa Valoriza a liberdade e o desenvolvimento das faculdades mentais e físicas das crianças. FRÖEBEL Criança Dotada de autoatividade, por meio da ação expressa suas intenções. Deve ser compreendida de acordo com sua natureza, tratada com justiça e posta no livre exercício de suas forças. Professor Responsável pela mediação entre as crianças e os objetos de interesse. Entender a relevância do brincar. Escola Lugar do cultivo da vidasocial livre e cooperativa. Educação Há liberdade, lei, autodeterminação. Não visa à aquisição de conhecimento, e sim à promoção do desenvolvimento. Faz florescer as potencialidades consideradas naturais do indivíduo. Prática Educativa Valoriza a expressão corporal, o gesto, o desenho, o brinquedo, o canto e a linguagem. Valoriza atividades espontâneas. A autoatividade é a base e o método. DECROLY Criança Apreende o mundo com base em uma visão do todo que, posteriormente, pode se organizar em partes, ou seja, que vai do caos à ordem. Professor Criador de ambientes propícios à autoatividade, autoavaliação, ao realismo, à originalidade e à criatividade, garantindo à criança o direito de crescer livremente e em plenitude. Escola Centrada no aluno, prepara as crianças para viver em sociedade, em vez de somente fornecer a elas conhecimentos. Tem função preventiva, garantindo formação intelectual, física e moral. Educação Não se constitui na preparação para a vida adulta, mas no meio em que a criança conduzirá a formação de sua identidade, vivenciando e resolvendo conflitos. Prática Educativa Métodos ativos: a criança conduz o próprio aprendizado, aprendendo a aprender. Desenvolve a observação, a associação e a expressão. Currículo construído pelas crianças. MONTESSORI Criança Ser que reserva em si mesmo as melhores potencialidades. Explorador, pequeno cientista e observador. Professor Prepara o ambiente adequado e motivador. Sua atribuição não é falar, mas preparar e dispor uma série de motivos de atividade cultural em um ambiente preparado. Escola Onde aflora o livre desenvolvimento. Propicia e garante manifestações espontâneas da criança. Local com liberdade para a escolha dos objetos a serem manipulados pelas crianças. Educação Visa ao desenvolvimento da personalidade humana e das suas potencialidades. Prática Educativa O ambiente facilita a expansão do ser em desenvolvimento, recolhe as energias, parece o lar. O material é componente essencial para estimular o sensorial e a autoeducação. FREINET Criança Não gosta de imposições, nem de disciplina rígida. Professor Um pesquisador. Aquele que estimula a descoberta e a realização pessoal do indivíduo. Escola Lugar onde se deve aprender os fatos importantes para a vida em sociedade. Onde se pratica verdade, justiça, personalidade livre, responsabilidade, iniciativa, relações causais. Educação Educação Infantil organizada em período de pré-ensino, do nascimento até por volta dos dois anos; jardim de infância, dos 2 aos 4 anos; escola maternal, dos 4 aos 7 anos. Prática Educativa Classes cooperativas e multisseriadas. Organização pautada em momentos de: planejamento, conversa, atividades coletivas, comunicação dos trabalhos realizados nas oficinas, avaliação. MALAGUZZI Criança Autônoma, capaz de estabelecer conversações, ideias, interrogações. Sujeitos que têm conhecimento e possibilidade de expressá-lo em uma situação de parceria com os adultos. Professor É dotado de saber e de desejo de pesquisar e aprender junto com as crianças. Contribui na elaboração dos quadros conceituais que definem conteúdos e práticas pedagógicas. Escola Local alegre para crianças pequenas, como um organismo vivo integral, como um local de vidas e relacionamentos compartilhados entre adultos e muitas crianças. Educação Deixa de ser uma experiência obrigatória para alcançar certos estágios e se tornar uma aprendizagem significativa. Aumenta as possibilidades de a criança inventar e descobrir. Prática Educativa Autoaprendizagem e currículo definidos junto com as crianças. A organização do espaço, a construção do ambiente e o tempo são essenciais para permitir a inventividade infantil. Texto-base - A EDUCAÇÃO INFANTIL NO SÉCULO XIX (Ler p. 68-77) | KUHLMANN JR, M Regulamento da Instituição Primária e secundária da Corte (1854): crianças a partir de 5 anos de idade poderiam frequentar a escola primária; Primeira Instituição de educação infantil do Brasil: Jardim de Crianças do Colégio Menezes Vieira (1875 - Rio de Janeiro) Reforma Leôncio de Carvalho (Decreto 7.247/1879) previa a instalação de jardins de infância. Parecer de Rui Barbosa de 1882, sobre a Reforma no Ensino, considera o jardim de infância como primeiro estágio do ensino primário. 1879 – Creche divulgada no Brasil (jornal Mãi de família, redator Carlos Costa). O médico Kossuth Vinelli escreve a matéria “A creche (asilo para a primeira infância) O artigo demonstra uma transformação das relações de trabalho. Informando que na Europa já haviam instituições para que as mães trabalhadoras pudessem deixar seus filhos; A creche, de origem francesa, como um complemento da escola primária; Definem as salas de asilo da segunda infância (depois chamadas de escolas maternais), para crianças de 3 a 6 anos, e creches, para crianças até 2 anos. Em outros países foram criadas instituições para crianças a partir de 2 ou 3 anos, como infant school inglesa, os asili infantilI italianos e o kindergarten (jardim de infância) alemão. Não tinham caráter obrigatório como a escola primária. Defendiam que as crianças pequenas deveriam preferencialmente ficar junto à mãe e à família. Mas que as crianças em idade própria, encontrariam no jardim de infância um lugar propício ao seu desenvolvimento e ao cultivo de bons hábitos. As creches, para os bebês, apoio exclusivo para as mães que trabalhassem. Tinham também a intenção de reduzir o abandono de crianças pequenas por mães que não teriam onde deixar seus filhos para trabalhar. A proteção à infância impulsiona a criação de instituições para cuidar da criança, sob diferentes aspectos. Associação Protetora da Infância Desamparada: uma das primeiras entidades a se preocupar com os aspectos da infância em âmbito nacional. Pretendia centralizar informações sobre os estabelecimentos para sustentação, instrução e educação da infância desamparada no país; Em 1883, o Inspetor Geral da Instrução Pública, Souza Bandeira, publica relatório sobre viagens que fez para obter informações sobre o jardim de infância. Informa que encontrou vários tipos de instituições diferentes na Europa, mas nenhum correspondia aos jardins de Froebel. Destinavam-se a fins humanitários e caridosos. Não envolvem uma ideia pedagógica. Dos poucos kindergartens encontrados, raros eram públicos e gratuitos. A maioria eram de associações que exigiam contribuição mensal relativamente elevada, preferindo na admissão, os filhos de associados, pertencentes a famílias ricas. Às crianças de famílias pobres restavam os asilos infantis e creches. É errônea a interpretação de que as creches tiveram preocupações exclusivamente assistencialistas e que os jardins de infância tinham preocupações exclusivamente pedagógicas. Tanto o sistema de Froebel se preocupava com fatores sociais, culturais e econômicos, quanto às preocupações educacionais estão nas propostas das creches. Instituições concedidas às demandas sociais sofrem preconceito por atenderem aos mais necessitados. Haviam os jardins de infância vinculados a órgãos de educação e creches e escolas maternais subordinados aos órgãos de saúde ou de assistência. Ainda assim, a área educacional sempre esteve presente nas creches e escolas maternais. As escolas primárias evoluíram em busca de normalizar as classes trabalhadoras por meio da educação, mas também visavam promover a educação para todas as classes como um instrumentode cidadania. Já as instituições de educação infantil, atendiam exclusivamente aos pobres. A exposição industrial de 1881, realizada no Rio de Janeiro, foi o primeiro impulso para realização da exposição pedagógica, em 1883. Durante este período várias pareceres foram elaborados, inclusive sobre educação física nos Jardins de infância, nas escolas primária e nos colégios, sobre o sistema disciplinar e os meios de incentivo para os jardins de infância, as escolas primárias e os estabelecimentos de instrução secundária. destaque para Menezes Vieira, Maria Guilhermina e Joaquim Teixeira de Macedo. Menezes Vieira, embora dono de escola que atendia sociedade Imperial, defendia a criação de instituições que atendessem às família mais pobres, em especial, as crianças negras libertados pela lei do ventre livre. Menezes Vieira defendia que as instituições de educação deveriam incorporar novos métodos pedagógicos e novos mobiliários e materiais escolares. Revelou que os jardins de infância cumpriam um papel de moralização da Cultura Infantil, estava educando para o controle da vida social. Para ele a solução para evitar esta prática seria imitar os planos educacionais adotados pela França (cantos e jogos de Pape-Carpentier) e pela Bélgica (jogos da Madame Portugal). O estado deveria articular e iniciativa privada como forma de implementação de uma política de educação infantil. Em 1885, Menezes Vieira, lembrou que a reforma Leôncio de Carvalho, de 1879 ( decreto 7.247), que modificava o ensino primário da corte, previa os jardins-de-infância nos seus distritos porém, não havia sido colocado em prática. As poucas instituições criadas no Brasil durante o século XIX eram para atender as crianças dos setores sociais privilegiados. Em 1896 foi criado o primeiro jardim de infância público, anexo à Escola Normal Caetano de Campos, na cidade de São Paulo. Materializando a proposta educacional do Partido Republicano Paulista. Inspirada nos princípios de Pestalozzi, considerava importante a observação na formação docente. Local de estágio para as professoras e modelo para as escolas oficiais em todo o estado. Mas eu público não era oriundo das classes populares. Sua proposta pedagógica utilizava os materiais didáticos de Froebel, os dons: a bola, os sólidos geométricos elementares, a esfera, o cubo e o cilindro, tábuas, varinhas, material para desenho, alinhavo e Tecelagem em papel. Havia uma ritualização na programação, com músicas e versos para as atividades. Abrir a preocupação com a educação moral, formação do Cidadão, ordem e senso estético. Do ponto de vista pedagógico, a educação infantil, tanto os jardins-de-infância quanto às escolas maternais, trabalhavam no âmbito do ensino intuitivo. Dava-se ênfase na criança e na sua atividade, utilizava-se materiais de ensino, adotou-se algumas das propostas de Froebel. Havia poucas instituições no país, E assim permaneceu por boa parte do século XX. Mas tiveram importante papel histórico. Pouco foi feito, mas havia uma necessidade de discussão sobre o sistema educacional para se enquadrar os blocos das Nações modernas. Texto-base - A educação infantil no século XX (Ler p. 182-194) | KUHLMANN JR, M. A falta de acesso às instituições educacionais marcam a história da educação brasileira, principalmente quando se trata de Educação Infantil. No início do século XX começam a ser implantadas. Inicialmente parte das instituições que atendiam crianças de 4 a 6 anos eram vinculadas aos órgão de saúde e assistência social, mantendo contato indireto com a área educacional. Ao final do século XX houve uma aceleração na expansão, que depois se estabiliza. A legislação vincula todas as instituições aos órgãos educacionais. A Constituição de 1988 prevê educação infantil gratuita para pais e mães trabalhadores com filhos de 0 a 6 anos, mas ainda não foi alcançada. A incorporação das creches aos sistemas educacionais não proporcionou a superação da concepção educacional assistencialista. A falta de verbas para a educação infantil tem estimulado novas divisões, por idades: creches para crianças de 0 a 3 anos; pré-escolas. Muitos municípios limitaram o atendimento em centros de educação infantil por faixas de idade e o atendimento em período integral. Primeira creche fundada em 1899 para filhos dos operários da Fábrica de Tecidos Corcovado, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, foi fundado o Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro. 1901: Associação Feminina Beneficente e Instructiva (São Paulo - Anália Franco). Organiza escolas maternais e creches agregadas a asilos para órfãos. Em 1910 somavam 18 escolas maternais e 17 creches. 1908: (Rio de Janeiro) Creche Sra Alfredo Pinto (Ipai-RJ) e Creche Central do Patronato de Menores (regulamento baseado na suavidade de carinho ao serviço das regras científicas). Escola infantil Delfim Moreira (Belo Horizonte), divida em 1914 com a segunda unidade chamada Escola Infantil Bueno Brandão. 1987: Rio de Janeiro (Decreto nº 52) regulamenta o ensino municipal e previa que o ensino primário fosse dado em jardins de infância e escolas primárias, o que ocorre apenas a partir de 1909. Políticos, educadores, industriais, médicos, juristas, religiosos se articulam na criação de associações e na organização de instituições educacionais para crianças pequenas. 1917: Dr. Vieira Souto, chefe da santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro e presidente da Associação Municipal Protetora da Instrução da Infância Desvalida, faz o discurso Cuidemos da infância de nossa pátria. 1920: Conferência “Cuidar da Infância” - Riberão Preto / SP. Em 1929, Moncorvo Filho lamenta que apesar dos avanços relacionados à proteção da infância, nas áreas da saúde, mortalidade e cuidados, ainda não havia uma política nacional para a infância. Todas essas ações tinham caráter assistencialista e carregavam o preconceito à pobreza, eram vistas como dádiva e não direito. promoviam uma pedagogia da submissão, preparando os pobres para a aceitação a exploração social. O Estado não geria as instituições, apenas repassava recursos para as entidades. Embora inicialmente as creches e pré-escolas não integrassem os órgão educacionais, logo essa relação foi se aproximando. 1920: o estado de São Paulo criou legislação para a instalação de Escolas Maternais, mas as instalações ficavam a cargo das empresas e instituições. 1925, cria-se o cargo de inspetor para escolas maternais e creches, ocupado por Joanna Grassi. Mesmo que não fosse exigido que as mulheres que atuassem nas creches não tivessem formação, as supervisoras e coordenadoras eram professoras, uma das poucas carreiras escolares oferecidas às mulheres. Os estudos voltados para os cuidados e educação das criança pequenas, a puericultura, passavam a fazer parte do currículo da escola normal. Profissionais de educação e saúde entenderam que a colaboração médico-pedagógica era uma necessidade. A pedagogia começa a dar ênfase à psicologia, higiene e desenvolvimento físico como base da educação. Na década de 1920,o campo educacional fica mais delimitado e a pedagogia passa a ser vista como arte e ciência. Começam a se difundir as ideias de Maria Montessori (individualizar as crianças, professor como auxiliar, observação e diagnóstico das condições e aptidões dos alunos). A organização do Estado e legislação se acentuam a partir de 1930. 1934: Diretoria de proteção à Maternidade e Infância (nível federal). 1937: Ministério da Educação e Saúde, e a Diretoria passa a ser a Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância. 1940: Departamento Nacional da Criança (DNCr). Em todas as fases, o diretor foi Olinto de Oliveira, médico que participou do Congresso da Proteção à Infância (1922). O DNCr estabeleceu regras para o funcionamento das creches. Seus médicos trabalharam em todo o sistema escolar. Educação e saúde fizeram parte do mesmo ministério até 1953. Neste ano, o DNCr passa a integrar o Ministério da Saúde, em 1970, muda seu nome para Coordenação de proteção Materno-Infantil. Alguma regulamentações e legislações foram criada entre 1923 e 1932 buscando dar acesso à amamentação e creches às mulheres trabalhadoras, mas não saíram do papel. O Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, 1932, propõe o desenvolvimento das instituições de educação e assistência às crianças pequenas. Aos poucos a escola maternal deixa de ser vista como instituição dos pobres, e passa a ser definida como instituição para atendimento de crianças de 2 a 4 anos, em geral. Enquanto o jardim, seria para crianças de 5 a 6 anos. Mais tarde as especializações etárias passa a incorporar os nomes das turmas em instituições para crianças de 0 a 6 anos (berçário, maternal, jardim, pré). Em 1933 Anísio Teixeira enfatizou a importância da visão pedagógica para as crianças e pré-escola. (desenvolvimento mental, socialização e a importância dos brinquedos). Entre 1930 e 1940, diversas instituições de jardim de infância são implantadas em vários estados. Visando o desenvolvimento das crianças de 4 a 6 anos, inspirados nas teorias de Friederich Froebel. 1938 na capital paulista, surge uma nova iniciativa, que cresce, a partir de 1940, os Parques Infantis. Proposta para receber crianças de 4 a 12 anos, fora do horário escolar. Logo se expande para o interior e demais estados. Valorizam a produção cultura, valorização da nacionalidade, folclore, práticas esportivas. Os cursos Normais passam a enfatizar a formação de professores para a pré-escola. Formação que cresce para modalidade de especialização pós-normal, tornando-se curso superior. Exigia uma sólida fundamentação teórica e pesquisas experimentais sobre o desenvolvimento infantil. Algumas instituições criam salas de aula infantis com observatórios, onde as alunas normalistas poderiam observar o trabalho com as crianças, sem serem vistas. Em 1957, a professora Heloísa Marinho elabora a Escala do Desenvolvimento Físico, Psicológico e Social da Criança Brasileira. A escala, experimentada até a década de 1970 e publicada no livro Estimulação essencial, em 1977. Descreve o comportamento esperado mês a mês, desde o nascimento aos 8 meses, depois por períodos cada vez mais espaçados, até os 9 anos de idade. Tornou-se referência para o trabalho de muitas creches. a proposta defendia que as atividades criadoras da criança, a vivência natural, superassem em valor educativo os exercícios formais do jardim de infância tradicional. Em 1952 uma publicação do DNCr defendia a existência de materiais apropriados para a educação das crianças nas creches: caixas de areia, quadros-negros, bolas, blocos de madeira, lápis, tesouras, brinquedos. A recreação, atividades lúdicas e espontâneas, o contato com o ambiente também se mostram fundamentais. Propiciam o desenvolvimento da criança, tornando-as objetivas, observadoras, desenvolvem o equilíbrio e a habilidade neuromuscular. A criação de instituições de educação infantil não se restringem mais ao apoio e desenvolvimento do emprego industrial. Até o final da década de 1960, os jardins de infância criados caracterizam-se por se constituírem segundo alguns critérios de qualidade. Mas a expansão que seguiu abandona este quadro de referência, implantando um modelo de custo e qualidades mínimas. Como medida de emergência, Igrejas de diferentes religiões recebem autorização para a implantação dos Centros de Recreação, para atender às crianças de 2 a 6 anos. Com isso, a igreja católica também se empenhou na organização de instituições, impulsionando a luta por creches em vários lugares do país no final dos anos 1970. A Legião Brasileira de Assistência propôs em 1977 a criação de creches Casulo, creches para crianças de 0 a 6 anos a baixo custo (assistencialista) O Ministério da Educação começa a se ocupar da educação pré-escolar. Planos desenvolvidos durante o governo militar viam que além de solução para os problemas da pobreza, a educação infantil resolveria as altas taxas de reprovação no ensino de 1º grau (educação compensatória). No início da década de 1980, o MEC começa a falar em educação pré-escolar de 0 a 6 anos. A classe média passa a procurar instituições educacionais pré-escolares. Criaram-se pré-escolas particulares alternativas. O atendimento educacional de crianças em creches ganha legitimidade social, para além da sua destinação exclusiva aos filhos dos pobres (servidores públicos, universidades, bancários, jornalistas, professores, passam a utilizar serviços de creches). Reivindicações de vários setores sociais e disputas políticas intensificaram a expansão das instituições . Segundo o MEC em 1970 haviam 460 mil matrículas na pré-escola. Em 1984: 2,5 milhões; em 1997: 4 milhões e 292 mil. O princípio educacional a se adotar nos berçários, para crianças de 0 a 18 meses, era o da estimulação. Valorizava-se o envolvimento afetivo entre pajem e criança. A decoração e mobiliário visavam a estimulação viso-sensorio-motora. Deixar as crianças o máximo de tempo possível em liberdade pelos espaços. Para crianças de 18 meses em diante, o programa maternal previa atividades de expressão oral, desenvolvimento motor, música, matemática, ciência, integração social e vida prática, respeitando-se as necessidades das diferentes faixas etárias. O propósito educacional e foco no desenvolvimento intelectual da criança passa a ser mais evidente. Havia uma crítica à recreação, que acabava secundarizando a importância da criança brincar, em uma hierarquia subordinada ao pedagógico. O desenvolvimento intelectual é visto como um modo moderno de atuar na pré-escola, em substituição ao tradicional lúdico. Na década de 1990 passam a conciliar as preocupações com cuidados e educação infantil, com conteúdos escolares. Mas há ainda, um preconceito com relação ao trabalho manual e cuidados de alimentação e higiene, associando-os à sua dimensão de doméstico. SEMANA 2 - Educação Infantil brasileira: ordenamentos legais e políticas públicas Antes da Constituição de 1988, como o número de vagas na Educação Infantil era insuficiente, havia processos de seleção para as vagas, normalmente baseadas em classe social, salário, número de filhos,localização da residência, etc. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ▪ Com relação às políticas públicas para a infância, a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi um marco quanto ao direito das crianças, prevendo a educação para as crianças pequenas, como uma opção da família e um dever do Estado, apontando para a superação do caráter assistencial e exigindo uma efetiva atuação dos diferentes níveis dos sistemas de ensino: federal, estadual, municipal. • Ressalta-se também a presença no texto constitucional do princípio de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, avanços fundamentais com relação à ampliação dos direitos da criança independente de sua origem, raça, sexo, cor, gênero ou necessidade. Antes da Constituição de 1988, como o número de vagas na Educação Infantil era insuficiente, havia processos de seleção para as vagas, normalmente baseadas em classe social, salário, número de filhos, localização da residência, etc. ▪ Com relação às políticas públicas para a infância, a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi um marco quanto ao direito das crianças, prevendo a educação para as crianças pequenas, como uma opção da família e um dever do Estado, apontando para a superação do caráter assistencial e exigindo uma efetiva atuação dos diferentes níveis dos sistemas de ensino: federal, estadual, municipal. • Ressalta-se também a presença no texto constitucional do princípio de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, avanços fundamentais com relação à ampliação dos direitos da criança independente de sua origem, raça, sexo, cor, gênero ou necessidades educacionais especiais. • Essa conquista foi também reiterada pela Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, que parte do pressuposto de que toda criança e adolescente é cidadão, independentemente de sua classe social. Nesse mesmo ano, através do Decreto Legislativo nº 28 de 14 de setembro, o governo brasileiro aprovou o texto da Convenção sobre os Direitos da Criança – CDC, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em novembro de 1989. DOCUMENTO DAS CARINHAS • Política Nacional de Educação Infantil (Brasil, 1994a) • Educação Infantil no Brasil: situação atual (Brasil, 1994b) • Por uma política de formação do profissional de Educação Infantil (Brasil, 1994c) • Critérios para um atendimento em creches que respeite os direitos fundamentais das crianças (1995) • Educação Infantil: bibliografia anotada (Brasil, 1995b) • Propostas pedagógicas e currículo em Educação Infantil (Brasil, 1996) • Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 foi promulgada. A Lei concebe o atendimento à criança de zero a seis anos de idade como sendo a primeira etapa da educação básica, cuja função é a de iniciar a formação necessária a todas as pessoas para que possam exercer sua cidadania. • EI: “desenvolvimento integral da criança até 6 anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. • Ainda no final da década de 1990, o MEC elaborou e distribuiu o documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 1998b), que embora seja alvo de inúmeras críticas, por desconsiderar as especificidades e particularidades regionais, além de apresentar uma concepção idealizada e abstrata tanto das crianças, quanto das educadoras, é um documento inegavelmente importante, por constituir-se na primeira proposta curricular oficial destinada para as creches e pré-escolas. • Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, como Resolução CNE/CBE n° 1 de 04/04/1999 (Brasil, 1999b). Essas Diretrizes, diferentemente do Referencial, tiveram caráter mandatório para todos os sistemas municipais e/ou estaduais. Como fundamentos norteadores dos projetos pedagógicos as Diretrizes apontam em seu artigo 3° os seguintes princípios: • a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; • Princípios Políticos dos Direitos e deveres da Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; • Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade das Manifestações Artísticas e Culturais. (Brasil, 1999b). DOCUMENTOS DO MEC: • Política Nacional de educação Infantil: pelo direito das crianças de 0 até 6 anos à educação (Brasil, 2005a) apresenta diretrizes, objetivos, metas e estratégias para a área de Educação Infantil; • Parâmetros Nacionais de infraestrutura para instituições de Educação Infantil (Brasil, 2005b) • apresentam, como o próprio título indica, parâmetros básicos de infraestrutura para as instituições, com vistas a subsidiar as adaptações, reformas e construções de espaços de Educação Infantil. • Entende-se por parâmetros a norma, o padrão, ou a variável capaz de modificar, regular, ajustar o sistema (Houaiss e Villar, 2001). Parâmetros podem ser definidos como referência, ponto de partida, ponto de chegada ou linha de fronteira. • Indicadores, por sua vez, presumem a possibilidade de quantificação servindo, portanto, como instrumento para aferir o nível de aplicabilidade do parâmetro. Parâmetros são mais amplos e genéricos, indicadores mais específicos e precisos. • Parâmetros de qualidade suficientemente amplos para abarcar diferenças regionais, flexíveis para permitir que as manifestações culturais locais tenham espaço para se desenvolver, específicos para favorecer a criação de uma base nacional, de fácil aplicação e monitoramento a fim de possibilitar sua adoção e, consequentemente, consolidar essa base comum. 1- Concepção de criança A criança é um sujeito social e histórico inserido em uma sociedade na qual partilha de uma determinada cultura. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também contribui com ele. A criança, assim, não é uma abstração, mas um ser produtor e produto da história e da cultura. 2- Concepção de Pedagogia da Educação Infantil • cidadãos de direitos; • indivíduos únicos, singulares; • seres sociais e históricos; • seres competentes, produtores de cultura; • indivíduos humanos, parte da natureza animal, vegetal e mineral. O que implica em: • auxílio nas atividades que não podem realizar sozinhas; • atendimento às necessidades básicas físicas e psicológicas; • atenção especial por parte do adulto em momentos peculiares de sua vida. As crianças precisam ser apoiadas em suas iniciativas espontâneas e incentivadas a: • brincar; • movimentar-se em espaços amplos e ao ar livre; • expressar sentimentos e pensamentos; • desenvolver a imaginação, a curiosidade e a capacidade de expressão; • ampliar permanentemente conhecimentos a respeito do mundo da natureza e da cultura apoiadas por estratégias pedagógicas apropriadas; • diversificar atividades, escolhas e companheiros de interação em creches, pré-escolas e centros de Educação Infantil A criança tem direito: - à dignidade e ao respeito; - autonomia e participação; - à felicidade, ao prazer e à alegria; - à individualidade, ao tempo livre e ao convívio social; - à diferença e à semelhança;- à igualdade de oportunidades; - ao conhecimento e à educação; - a profissionais com formação específica; - a espaços, tempos e materiais específicos. 7- Parâmetros Nacionais de Qualidade para as Instituições de Educação Infantil • 1- As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil contemplam princípios éticos, políticos e estéticos. • 2- As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil promovem as práticas de cuidado e educação na perspectiva da integração dos aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo/linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser completo, total e indivisível. • Dimensões e Indicadores da Qualidade na Educação Infantil INDICADOR 1.1. Proposta pedagógica consolidada • 1.1.1. A instituição tem uma proposta pedagógica em forma de documento conhecida por todos? INDICADOR 1.2. Planejamento, acompanhamento e avaliação • 1.2.1. As professoras planejam e avaliam as atividades, selecionam materiais e organizam os ambientes periodicamente? CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL • Espaços institucionais não domésticos: estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0-5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO • Conjunto de práticas que buscam articular as experiências e saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, para o desenvolvimento integral da criança de 0-5 anos. • Ênfase na brincadeira (ludicidade, curiosidade e inventividade da criança) CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL • Instrumento político, cultural e científico coletivamente formulado • Campo de controvérsias: relações, interações e práticas educativas e intencionais • Linguagens não isoladas, mas contextualizadas: consideração da integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-motoras, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças Texto-base - Política Nacional de Ed. Infantil: pelo direito das crianças de 0 a 6 anos à Educação (2006) Embasada no art. 227 da Constituição Federal: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Ao Estado, portanto, compete formular políticas, implementar programas e viabilizar recursos que garantam à criança desenvolvimento integral e vida plena, de forma que complemente a ação da família. Os movimentos sociais pressionam para uma expansão e qualificação no atendimento educacional das crianças de 0 a 6 anos. A demanda aumenta com o crescimento da inserção feminina no mercado de trabalho. Há uma conscientização da necessidade da educação da criança com base científica e com diversidade pedagógica. Pesquisas sobre o desenvolvimento, formação da personalidade, construção da inteligência e aprendizagem nos primeiros anos de vida apontam para a importância do trabalho educacional nesta faixa etária. Demonstram a amplitude do conhecimento gerado sobre a produção das culturas infantis, o convívio da criança, sujeito de direito. São reconhecidos a identidade e o papel dos profissionais da Educação Infantil, cuja atuação complementa o papel da família. A Educação Infantil, embora tenha mais de um século de história como cuidado e educação extradomiciliar, somente nos últimos anos foi reconhecida como direito da criança, das famílias, como dever do Estado e como primeira etapa da Educação Básica. Inicialmente a educação infantil tira caráter assistencialista e sem critérios dado para crianças de 0 a 3 anos no início e a expansão nas décadas de 1970 e 1980 do atendimento educacional de 4 a 6 anos; A forma de se ver a criança vem mudando, para uma concepção de criança como criadora, capaz, sujeito de direitos, ser sócio-histórico, produtor de cultura e nela inserida. Novas pesquisas foram desenvolvidas envolvendo dois aspectos indissociáveis: educar e cuidar. O trabalho pedagógico visa atender às necessidades da criança, superando a visão adultocêntrica (a criança não é um “vir a ser”). Em suas origens, as creches eram concebidas como algo para a população de baixa renda e as pré-escolas para os filhos das classes média e alta. Tradicionalmente, na educação de crianças de 0 a 3 anos predominam os cuidados em relação à saúde, à higiene e à alimentação, enquanto a educação das crianças de 4 a 6 anos tem sido concebida como preparatória para o Ensino Fundamental. Constituição Federal de 1988: a educação de 0 a 6 anos é direito da criança e dever do Estado. A inclusão da creche no capítulo da educação explicita sua função educativa, sem deixar sua função de cuidar. Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, reafirma os direito estabelecidos pela Constituição e estabelecem mecanismos de participação e controle social na formulação e na implementação de políticas para a infância. A partir de 1994 o MEC realiza encontros para discutir as Políticas para a educação infantil. Neste documento, se definem como principais objetivos para a área a expansão da oferta de vagas para a criança de 0 a 6 anos, o fortalecimento, nas instâncias competentes, da concepção de educação e cuidado como aspectos indissociáveis das ações dirigidas às crianças e a promoção da melhoria da qualidade do atendimento em instituições de Educação Infantil. Em 1995 o MEC apontou 4 linhas de ação, para a melhoria da qualidade na educação infantil: a) incentivo à elaboração, implementação e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares; b) promoção da formação e da valorização dos profissionais que atuam nas creches e nas pré-escolas; c) apoio aos sistemas de ensino municipais para assumirem sua responsabilidade com a Educação Infantil; d) criação de um sistema de informações sobre a educação da criança de 0 a 6 anos. A LDB (1996) integrou a Educação Infantil à Educação Básica, dando reconhecimento ao trabalho pedagógico com crianças de 0 a 6 anos. No capítulo sobre a Educação Básica, essa lei define a finalidade da Educação Infantil como “o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Esse tratamento dos vários aspectos como dimensões do desenvolvimento e não como coisas distintas ou áreas separadas é fundamental, pois evidencia a necessidade de se considerar a criança como um todo, para promover seu desenvolvimento integral e sua inserção na esfera pública. A formação de docentes para atuar na Educação Infantil, segundo o art. 62 da LDB, deverá ser realizada em “nível superior, admitindo-se, como formação mínima, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”. Muitos estudos e análises foram realizadas para a elaboraçãode propostas pedagógico-curriculares para a Educação Infantil. Mas trouxeram à tona a fragilidade e a inconsistência de grande parte das propostas pedagógicas em vigor. No entanto, foi possível evidenciar a multiplicidade e a heterogeneidade de propostas e de práticas, ponto crucial quando se discute a questão do currículo. A LDB (arts. 12 e 13), incumbiu as instituições de Educação Infantil de elaborar as próprias propostas pedagógicas com a participação dos professores. Buscando reconhecer a ação pedagógica dos professores e a riqueza e diversidade brasileira. Porém, era necessário garantir uma certa unidade qualitativa às propostas e fornecer subsídios teóricos aos professores e às suas instituições. Em 1998, foi elaborado pelo MEC, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), conjunto de referências e orientações pedagógicas, não se constituindo como base obrigatória à ação docente. Em 1999, o Conselho Nacional de Educação definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI, com caráter mandatório. Ambos os documentos têm subsidiado a elaboração das novas propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil. Pela Constituição o Estado tem o dever de garantir o atendimento às crianças de 0 a 6 anos em creches e pré-escolas (art. 208, IV), especificando que à União cabe prestar assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para garantir equalização das oportunidades e padrão mínimo de qualidade. Determinou que os municípios atuem prioritariamente no Ensino Fundamental e na Educação Infantil (art. 211, § 2º), assim como a LDB (art. 11, inciso V). O Plano Nacional de Educação (2001) expressa a relação entre as competências dos entes federados, município, estado e União, e da família. A articulação com a família visa ao mútuo conhecimento de processos de educação, valores, expectativas. Que a educação familiar e a escolar se complementem e se enriqueçam, produzindo aprendizagens coerentes, mais amplas e profundas. A autonomia dos entes federados e o regime de colaboração são dois princípios indissociáveis no sistema. O objetivo comum só pode ser alcançado, mediante a cooperação entre os níveis de governo. Competências e ações concernentes aos diferentes níveis de governo: União ● Formulação da política nacional ● Coordenação nacional (articulação com outros órgãos e ministérios que tenham políticas e programas para crianças de 0 a 6 anos) ● Estabelecimento de diretrizes gerais ● Assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios ● Coleta, análise e disseminação de informações educacionais ● Regulamentação e normatização pelo CNE ● Formação universitária de professores ● Fomento à pesquisa Estados ● Formulação da política estadual ● Coordenação estadual ● Execução das ações estaduais ● Assistência técnica e financeira aos municípios ● Normatização pelo CEE ● Autorização, reconhecimento, credenciamento, fiscalização, supervisão e avaliação dos estabelecimentos do seu sistema de ensino ● Formação universitária de professores ● Fomento à pesquisa ● Formação de professores na modalidade Normal, em nível médio Municípios Municípios com sistema municipal de ensino: ● Formulação da política municipal ● Coordenação da política municipal ● Execução dos programas e das ações ● Normatização pelo CME (quando houver) ● Autorização, reconhecimento, credenciamento, fiscalização, supervisão e avaliação dos estabelecimentos do seu sistema de ensino ● Formação continuada de professores em exercício ● Fomento à pesquisa Municípios integrados ao sistema estadual de ensino: ● Formulação da política municipal ● Coordenação da política municipal ● Execução dos programas e das ações ● Formação continuada de professores em exercício ● Fomento à pesquisa No PNE essas competências são trazidas em diretrizes, objetivos e metas para dez anos, abrangendo aspectos qualitativos e quantitativos. A Lei que instituiu o PNE determina que os estados, o Distrito Federal e os municípios elaborem seus respectivos planos decenais. Esses planos devem ser construídos num processo democrático, amplamente participativo, com representação do governo e da sociedade, com vistas a desenvolver programas e projetos nos próximos anos. Diretrizes da Política Nacional de Educação Infantil (PRINCIPAIS) ➢ A educação e o cuidado das crianças de 0 a 6 anos são de responsabilidade do setor educacional. ➢ A Educação Infantil deve pautar-se pela indissociabilidade entre o cuidado e a educação. ➢ Tem função diferenciada e complementar à ação da família. Implica comunicação entre elas. ➢ É dever do Estado, direito da criança e opção da família o atendimento gratuito. ➢ A educação de crianças com necessidades educacionais especiais deve ser realizada em conjunto com as demais crianças, assegurando-lhes o atendimento educacional especializado. ➢ A qualidade deve ser assegurada por meio do estabelecimento de parâmetros de qualidade. ➢ O processo pedagógico deve considerar as crianças em sua totalidade, observando suas especificidades, as diferenças entre elas e sua forma privilegiada de conhecer o mundo por meio do brincar. ➢ As instituições devem elaborar e avaliar suas propostas pedagógicas a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil e com a participação dos professores. ➢ As propostas pedagógicas das instituições de devem explicitar concepções, definir diretrizes referentes à metodologia do trabalho pedagógico e ao processo de desenvolvimento /aprendizagem. ➢ Professores e os outros profissionais exercem um papel socioeducativo, devendo ser qualificados especialmente para o desempenho de suas funções com as crianças de 0 a 6 anos. ➢ A formação inicial e a continuada dos professores de são direitos e devem ser asseguradas a todos pelos sistemas de ensino com a inclusão nos planos de cargos e salários do magistério. ➢ Os sistemas de ensino devem assegurar a valorização de funcionários não-docentes que atuam nas instituições, promovendo sua participação em programas de formação inicial e continuada. ➢ O processo de seleção e admissão de professores que atuam nas redes pública e privada deve assegurar a formação específica na área. Para a rede pública, a admissão deve ser por meio de concurso. ➢ As políticas voltadas para a Educação Infantil devem contribuir em âmbito nacional, estadual e municipal para uma política para a infância. Devem se articular com as políticas das demais modalidades de ensino para garantir a integração, a formação dos profissionais, bem como o atendimento às crianças com necessidades especiais. Deve-se articular às políticas de Saúde, Assistência Social, Justiça, Direitos Humanos, Cultura, Mulher e Diversidades, bem como aos fóruns de Educação Infantil e outras organizações da sociedade civil. Objetivos ❏ Integrar efetivamente as instituições de Educação Infantil aos sistemas de ensino por meio de autorização e credenciamento destas pelos Conselhos Municipais ou Estaduais de Educação. ❏ Fortalecer as relações entre as instituições de Educação Infantil e as famílias e/ou responsáveis pelas crianças de 0 a 6 anos matriculadas nestas instituições. ❏ Garantiro acesso de crianças com necessidades educacionais especiais nas instituições. ❏ Garantir recursos financeiros para a manutenção e o desenvolvimento da Educação Infantil. ❏ Expandir o atendimento educacional às crianças de 0 a 6 anos de idade, visando alcançar as metas fixadas pelo Plano Nacional de Educação e pelos Planos Estaduais e Municipais. ❏ Assegurar a qualidade do atendimento em instituições de Educação Infantil. ❏ Garantir a realização de estudos, pesquisas e diagnósticos da realidade da Educação Infantil no país para orientar e definir políticas públicas para a área. ❏ Garantir espaços físicos, equipamentos, brinquedos e materiais adequados nas instituições de Educação Infantil, considerando as necessidades educacionais especiais e a diversidade cultural. ❏ Ampliar os recursos orçamentários do Programa Nacional de Alimentação Escolar para as crianças que freqüentam as instituições de Educação Infantil. ❏ Garantir que todas as instituições de Educação Infantil elaborem, implementem e avaliem suas propostas pedagógicas, considerando as diretrizes curriculares nacionais, bem como as necessidades educacionais especiais e as diversidades culturais. Assegurar a participação dos professores no processo. ❏ Assegurar e garantir a valorização dos professores, promovendo a participação em Programas de Formação Inicial e continuada, garantindo a inclusão nos planos de cargos e salários do magistério. E que estes programas abordem os conhecimentos específicos da área de Educação Especial. ❏ Garantir a valorização dos funcionários não-docentes que atuam na Educação Infantil. ❏ Assegurar que estados e municípios elaborem e/ou adeqüem seus planos de educação em consonância com a legislação vigente. ❏ Fortalecer parcerias para assegurar, nas instituições competentes, o atendimento integral à criança, considerando seus aspectos físico, afetivo, cognitivo/lingüístico, sociocultural, bem como as dimensões lúdica, artística e imaginária. Metas ★ Integrar efetivamente, até o final de 2007, todas as instituições de Educação Infantil (públicas e privadas) aos respectivos sistemas de ensino. ★ Estabelecer, até o final da década, em todos os municípios e com a colaboração dos setores responsáveis pela educação, pela saúde e pela assistência social e de organizações não-governamentais, programas de orientação e apoio aos pais com filhos entre 0 e 6 anos, oferecendo, inclusive, assistência financeira, jurídica e de suplementação alimentar nos casos de pobreza, violência doméstica e desagregação familiar extrema. ★ Atender, até 2010, 50% das crianças de 0 a 3 anos, ou seja, 6,5 milhões, e 80% das de 4 a 6 anos, ou seja, 8 milhões de crianças. ★ Assegurar que, em todos os municípios, além de outros recursos municipais, os 10% dos recursos de manutenção e desenvolvimento do ensino não vinculados ao Fundef sejam aplicados, prioritariamente, na Educação Infantil. ★ Divulgar parâmetros de qualidade dos serviços de educação infantil como referência para a supervisão, o controle e a avaliação e como instrumento para a adoção das medidas de melhoria da qualidade. ★ Divulgar padrões mínimos de infra-estrutura para o funcionamento adequado das instituições de Educação Infantil públicas e privadas, que assegurem o atendimento das características das distintas faixas etárias e das necessidades do processo educativo quanto a: - espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário; - instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças; - instalações para preparo e/ou serviço de alimentação; - ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da Educação Infantil, incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo; - mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos; - adequação às características das crianças com necessidades educacionais especiais. ★ Somente autorizar construção e funcionamento de instituições de Educação Infantil, públicas ou privadas, que atendam aos requisitos de infra-estrutura. ★ Adaptar os prédios de Educação Infantil de sorte que, em cinco anos, todos estejam conforme os padrões de infra-estrutura estabelecidos. ★ Realizar estudos sobre o custo da Educação Infantil com base nos parâmetros de qualidade, com vistas a melhorar a eficiência e garantir a generalização da qualidade do atendimento até 2011. ★ Assegurar que, até o final de 2007, todas as instituições de Educação Infantil tenham formulado, com a participação dos profissionais de educação nelas envolvidos, suas propostas pedagógicas. ★ Admitir somente novos profissionais na Educação Infantil que possuam a titulação mínima em nível médio, modalidade Normal. ★ Formar em nível médio, modalidade Normal, todos os professores em exercício na Educação Infantil que não possuam a formação mínima exigida por lei. ★ Extinguir os cargos de monitor, atendente, auxiliar, entre outros, mesmo que ocupados por profissionais concursados em outras secretarias ou na secretaria de Educação e que exercem funções docentes. ★ Colocar em execução programa de formação em serviço, em cada município ou por grupos de município, preferencialmente em articulação com instituições de ensino superior, para a atualização permanente e o aprofundamento dos conhecimentos dos profissionais que atuam na Educação Infantil, bem como para a formação dos funcionários não-docentes. Estratégias ❖ Contribuir para o fortalecimento da integração das instituições de Educação Infantil ❖ Apoiar técnica e pedagogicamente a construção de políticas municipais de Educação Infantil ❖ Desenvolver ações de apoio técnico à elaboração e à implementação dos Planos Estaduais e Municipais de Educação ❖ Estimular e apoiar tecnicamente os sistemas de ensino a acompanhar e a supervisionar o funcionamento das instituições de Educação Infantil nas redes públicas e privadas. ❖ Implementar as ações atribuídas à União pelo Plano Nacional de Educação e participar das ações conjuntas com os sistemas estaduais e municipais de ensino, definidas em seus respectivos planos. ❖ Apoiar a implementação de Sistemas Educacionais Inclusivos. ❖ Criar grupos de trabalho para estudar a situação das creches vinculadas às empresas e órgãos públicos. ❖ Estabelecer parceria com órgãos governamentais e não-governamentais. ❖ Elaborar e implementar programas para fortalecer as funções diferenciadas das instituições e das famílias no que diz respeito à educação e ao cuidado das crianças de 0 a 6 anos. ❖ Criar formas de controle social dos recursos da Educação Infantil. ❖ Definir e implementar a ação supletiva e redistributiva da União, com base em decisões políticas e em compromissos sociais firmados nos Planos Nacional, Estaduais e Municipais de Educação. ❖ Incluir a Educação Infantil – creche (0 a 3 anos) e pré-escola (4 a 6 anos) – no sistema de financiamento da Educação Básica ❖ Apoiar tecnicamente momentos de formação para as famílias e as comunidades escolares, oportunizando o acompanhamento de seus filhos. ❖ Orientar os sistemas de ensino na perspectiva do fortalecimento institucional da Educação Infantil. ❖ Fortalecera gestão democrática dos sistemas de ensino. ❖ Implantar conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar local na melhoria do funcionamento das instituições e no enriquecimento das oportunidades educativas ❖ Realizar estudos, pesquisas, simpósios, seminários e encontros, tendo em vista o avanço e a atualização de conhecimentos na área. ❖ Definir parâmetros nacionais de qualidade para o atendimento nas instituições de Educação Infantil, considerando as legislações vigentes, as teorias e as pesquisas da área. ❖ Elaborar padrões de infra-estrutura para o funcionamento adequado das instituições ❖ Consolidar a Comissão de Política de Educação Infantil do Comitê Nacional de Políticas da Educação Básica e ambos como parceiros na implementação, no acompanhamento e na avaliação da Política Nacional de Educação Infantil. ❖ Apoiar financeiramente os municípios e o DF na construção, na reforma ou na ampliação das instituições de Educação Infantil; na aquisição de brinquedos e materiais pedagógicos; na aquisição de equipamentos, mobiliário, brinquedos e livros de literatura infantil, com prioridade para os que construíram, reformaram e ampliaram as instituições. ❖ Distribuir livros e periódicos de circulação nacional para a rede pública de Educação Infantil, com o objetivo de socializar informações e debates. ❖ Realizar o Prêmio Qualidade na Educação Infantil. ❖ Elaborar e implementar a Política Nacional de Formação de Leitores tendo como foco as crianças, as professoras e os professores da Educação Infantil. ❖ Divulgar e discutir a LDB, o PNE, as DCNEI, pareceres e resoluções do CNE que dizem respeito à área. ❖ Colocar em pauta em todos os momentos de formação a proposta pedagógica e seus processos de elaboração, implementação e avaliação. ❖ Apoiar tecnicamente os estados, os municípios e o Distrito Federal para que promovam a formação inicial dos professores em exercício na Educação Infantil que não possuem a formação mínima exigida por lei. ❖ Produzir e distribuir a Revista Criança para os profissionais da Educação Infantil, como meio de divulgação de idéias, pesquisas, reflexões e experiências na área. ❖ Colaborar para que a especificidade da Educação Infantil esteja assegurada no Programa Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica do Ministério da Educação. ❖ Implementar a Rede Nacional de Formação Continuada de professores da Educação Básica. ❖ Apoiar técnica e financeiramente as secretarias estaduais e municipais de Educação na promoção de programas de formação continuada; os sistemas de ensino no que diz respeito à articulação com as universidades que compõem a Rede de Formação Continuada de Professores da Educação Básica. ❖ Valorizar e apoiar a formação dos professores em cursos de nível superior com habilitação em Ed Infantil. ❖ Promover e apoiar financeiramente a formação em serviço dos profissionais não-docentes que atuam nas instituições de Educação Infantil. ❖ Apoiar técnica e financeiramente os municípios e o Distrito Federal para que promovam a habilitação dos dirigentes das instituições de Educação Infantil. ❖ Criar mecanismos de acompanhamento e de avaliação da Política Nacional de Educação Infantil, visando ao seu fortalecimento e à sua reorganização. ❖ Realizar simpósios de Educação Infantil visando ao fortalecimento de uma política nacional para a área. ❖ Articular a Educação Infantil com o Ensino Fundamental, para evitar o impacto da passagem entre um período e o outro em respeito às culturas infantis e garantindo uma política de temporalidade da infância. ❖ Articular a Política Nacional de Educação Infantil com os fóruns de Educação Infantil e outras organizações da sociedade civil que atuam na área. Recomendações Que: ● a prática pedagógica considere os saberes produzidos no cotidiano por todos os sujeitos envolvidos no processo: crianças, professoras e professores, pais, comunidade e outros profissionais; ● estados e municípios elaborem ou adeqüem seus planos de educação em consonância com a Política Nacional de Educação Infantil; ● as instituições de Educação Infantil ofereçam, no mínimo, 4 horas diárias de atendimento educacional, ampliando progressivamente para tempo integral, considerando a demanda real e as características da comunidade atendida nos seus aspectos socio-econômicos e culturais; ● as instituições de Ed. Infantil assegurem e divulguem iniciativas inovadoras, que levem ao avanço na produção de conhecimentos teóricos na área da Educação Infantil, sobre a infância e a prática pedagógica; ● a reflexão coletiva sobre a prática pedagógica, baseada nos conhecimentos historicamente produzidos, pelas ciências e pela arte e pelos movimentos sociais, norteie as propostas de formação; ● os profissionais da instituição, as famílias, a comunidade e as crianças participem da elaboração, da implementação e da avaliação das políticas públicas. Texto-base - Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil. vol. 1 4 - A qualidade na perspectiva da legislação e da atuação dos órgãos oficiais no Brasil No Brasil o campo da Educação Infantil ganhou grande impulso na década de 1980. A Constituição de 1988 reconhece o dever do Estado e o direito da criança a ser atendida em creches e pré-escolas e vincula esse atendimento à área educacional, ressalta a igualdade de direitos ao acesso e permanência. Em 1990 o ECA ratifica os dispositivos. Entre 1994 e 1996, o MEC realizou vários seminários e debates buscando construir uma nova concepção para a educação das crianças de 0 até 6 anos, dando origem a uma série de publicações, feitas com a colaboração de professores e pesquisadores. Muitos com enfoque na qualidade da Educação Infantil (critérios de qualidade, propostas pedagógicas e currículo, metodologia de análise e avaliação dos processos) A LDB (Lei nº 9394/96) vincula a Educação Infantil ao sistema educacional, como primeira etapa da Educação Básica. Passa a ter função de iniciar a formação necessária a todas as pessoas para que possam exercer sua cidadania. Define a finalidade da Educação Infantil como sendo o “desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Isso implica compartilhamento da responsabilidade familiar, comunitária e do poder público. A avaliação na Educação Infantil deve considerar o desenvolvimento integrado, deve ser processual, de forma sistemática e contínua. Tem objetivos de diagnóstico. A formação exigida para o profissional da Educação Infantil passa a ser a mesma dos que atual no Ensino Fundamental I: nível superior em curso de licenciatura, ou formação mínima, a oferecida em nível médio na modalidade normal. A LDB estabelece que os sistemas promovam a valorização dos profissionais, planos de carreira do magistério público, ingresso exclusivamente por concurso, formação continuada, piso salarial, progressão, período reservado a estudos, etc A responsabilidade pela execução da Educação Infantil é dos municípios, mas necessita de ação conjunta com os governos estaduais e federal, e parceria com a sociedade. As creches e pré-escolasforam credenciadas e tiveram que atender a critérios de regulamentação criados pelos Conselhos de Educação, o que impactou na qualidade do atendimento, pois visavam garantir que tivessem espaço físico e materiais adequados, formação dos profissionais, proposta pedagógica, etc. Em 1998 o MEC elaborou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, visando auxiliar o professor na realização de seu trabalho. Composto por três volumes, aponta metas de qualidade, reflexões sobre a concepção de criança, de educação e do profissional, trata da formação pessoal e social e de conteúdos. Foi a primeira proposta curricular oficial para creches e pré-escolas. Em 1999, o Conselho Nacional de Educação - CNE aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, de caráter mandatório. institui diretrizes de trabalho. As Diretrizes definem em seu art. 3º os fundamentos norteadores que devem orientar os projetos pedagógicos desenvolvidos nas instituições de Educação Infantil: a) “Princípios Éticos da Autonomia, Responsabilidade, Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; c) Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.” Também em 1999 foram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal, traz uma concepção de formação atualizada no que diz respeito aos fundamentos teóricos, abrangente quanto à visão de educação. Em 2000, foram aprovadas as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil, deliberam sobre a vinculação das instituições de Educação Infantil aos sistemas de ensino e sobre vários aspectos que afetam a qualidade do atendimento. Plano Nacional da Educação (PNE): compromisso do Estado, não de um governo apenas. O progresso na educação necessita de esforços continuados e coordenados a longo prazo. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena: considera a necessidade de superar a longa história de imposição de modelos educacionais estranhos à cultura indígena. A Constituição e a LDB determinam que tais culturas devem ser valorizadas e respeitadas, mas possibilitando o acesso às informações e aos conhecimentos valorizados pela sociedade. Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação Básica (2002), em nível superior, licenciatura de graduação plena. Caracterizam-se por princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização institucional e curricular de cada estabelecimento de ensino. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas escolas do campo (2002), que visam orientar a adequação do projeto institucional escolas do campo. Concepções de respeito às diferenças e garantia do princípio da igualdade, visando o acesso da população do campo à educação básica de qualidade. Em 2003, a Lei 10.639/03, altera a LDB e inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira. Visa resgatar “a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil”. Em 2004, o CNE aprovou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Propõe que se construam pedagogias de combate ao racismo e a discriminações. Estão organizadas nos seguintes princípios: consciência política e histórica da diversidade; fortalecimento de identidades e de direitos; ações educativas de combate ao racismo e a discriminações. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2004): propõe a educação inclusiva e não sexista e como seu primeiro objetivo “Incorporar a perspectiva de gênero, raça, etnia e orientação sexual no processo educacional formal e informal”. Vários outros debates e documentos foram criados visando melhorias na qualidade do ensino e atendimento na Educação Infantil. Base Nacional Comum Curricular – Educação Infantil (BNCC) Até a década de 1980 a expressão educação pré-escolar expressava um entendimento de que a Educação Infantil era uma etapa anterior para a escolarização, ou seja, fora da educação formal. O que muda a partir da Constituição de 1988, quando o atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a 6 anos passa a ser dever do Estado. Com a LDB de 1996, a Educação Infantil passa a integrar a Educação Básica. Com a alteração na LDB, em 2006, o acesso ao Ensino Fundamental foi antecipado para os 6 anos de idade e a Educação Infantil passa a atender as crianças de zero a 5 anos. Porém, a Educação Infantil passa a ser obrigatória para crianças de 4 e 5 anos apenas em 2009 (Emenda Constitucional nº 59/2009). Na LDB essa mudança chega apenas em 2013. Como primeira etapa da educação básica, a Educação Infantil é o início do processo educacional. É o início do processo de socialização estruturada. Educar e Cuidar estão vinculados e são indissociáveis. Significa acolher as vivências e conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e comunidade, articulando-os na propostas pedagógicas, ampliando o universo de experiências, conhecimentos e habilidades das crianças, atuando de maneira complementar à educação familiar. As aprendizagens nos contextos familiar e escolar são muito próxima, principalmente com relação aos bebês e crianças pequenas (socialização, autonomia e comunicação). O diálogo e compartilhamento de responsabilidades entre família e a instituição de educação infantil são essenciais. É preciso reconhecer e trabalhar com as culturas e diversidades das famílias e comunidade. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (2009) definem a criança como: “sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” Os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa etapa da Educação Básica são as interações e a brincadeira. As crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por suas ações e interações com seus pares e com os adultos, possibilitando aprendizagens, desenvolvimento e socialização. A interação durante o brincar traz aprendizagem e potenciais para o desenvolvimento integral da criança, expressam afeto, a mediação das frustrações, resolução de conflitos e regulação das emoções. Seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, asseguram que a criança possa aprender, desempenhando papel ativo, vivenciando desafios e sendo provocadas a resolvê-los, para que possam construir significados sobre si, os outros e o mundo social e natural. DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: • CONVIVER com outras crianças e adultos, utilizando diferentes linguagens,