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A mediação como meio de resolução de conflitos

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A mediação como meio de resolução de conflitos
É resultado da vida em sociedade, a existência de conflitos, como consequência da diferença de opiniões e pensamentos dos seres humanos. A presente monografia objetiva fazer uma análise acerca da contribuição da mediação como método alternativo para a resolução desses conflitos. Trata-se de pesquisa qualitativa, realizada por meio de método dedutivo, cuja fundamentação dar-se-á através de instrumentais técnicos, por meio de doutrina, artigos de publicações periódicas impressas, de sites especializados e legislação. Desse modo, as reflexões começam por meio de abordagem da evolução da sociedade e o consequente surgimento de conflitos que poderão ser solucionados por meio da mediação e ainda garantir a pacificação e inclusão social do ser em sociedade. Em seguida, faz uma abordagem acerca dos métodos alternativos de resolução de conflitos, na esfera judicial e extrajudicial, com um breve relato sobre cada um deles. Finalmente, examina as principais contribuições que a mediação pode trazer às partes com base no Projeto de Lei do Código de Processo Civil (PL. 8.046/2010) e a Resolução 125 do Conselho Nacional da Justiça – CNJ, bem como a importância das oficinas de parentalidade de pais e filhos. Nesse sentido, conclui-se que a mediação surge como um meio de garantir a manutenção dos relacionamentos humanos, através de uma solução menos traumática para as controvérsias dos envolvidos.
CONCEITO DE MEDIAÇÃO
Mediação é um método extrajudicial de resolução de conflitos, em que uma terceira pessoa, o mediador, escolhido pelas partes envolvidas no conflito, atua como facilitador da interação e do diálogo entre as partes. As pessoas envolvidas são conduzidas a uma maior compreensão das respectivas posições e interesses, o que contribui para que elas mesmas, de forma cooperativa, encontrem as melhores soluções para satisfazer os seus respectivos interesses, preservando o relacionamento.
O Mediador busca sempre ser imparcial e neutro, estabelecendo atitudes de respeito e cooperação entre as partes, de maneira que estas possam criar, avaliar e escolher as melhores alternativas para a solução do conflito
O mediador tem o dever de conduzir o processo da mediação, mas às partes cabe a incumbência de buscar suas próprias soluções para o conflito. O mediador não decide nem sugere, mas promove um processo de reflexão das partes para que elas tenham a melhor compreensão do conflito e, uma vez este compreendido, possam buscar alternativas de solução em ações cooperativas.
NATUREZA JURÍDICA
A conciliação tem natureza jurídica de transação, pois as partes, através de concessões recíprocas, extinguem o litígio existente entre elas.
Ademais, o Código Civil, em seu art. 840, estabelece que “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.”.
A mediação possui natureza contratual, pois o acordo nela realizado nasce da vontade das partes, criando, extinguindo e modificando direitos.
Nesse sentido, é o magistério de Rosane da Rosa Cachapuz[3], ao dizer que a mediação “É firmada na soberania da vontade das partes, criando, extinguindo ou modificando direitos, devendo constituir-se de objeto lícito e não defeso em lei, razão pela qual estão presentes os elementos formadores do contrato, tem como objeto o comportamento humano, pois sua finalidade é a resolução dos conflitos relativos à interação do ser na sociedade.”.
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS
Tendo em vista isso, a Lei nº 13.140/201 definiu este método extrajudicial de resolução de conflitos da seguinte forma: “Art. 1. (...); Parágrafo único: Considera-se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controvérsia”. Nesse contexto, o principal ponto positivo da Lei é a segurança jurídica proporcionada, pois, muito embora a mediação já fosse utilizada, ela ainda não contava com um dispositivo legal que a regulasse, e que, inclusive, conferisse a ela uma definição legal.
Outro ponto positivo, com relação aos mediadores, é o fato de que estes serão cobrados pelos Tribunais quanto ao seu treinamento e capacitação, o que demonstra a seriedade com que o terceiro imparcial é tratado. Ademais, outra vantagem, que aliás é comum à Lei de Arbitragem, é que os mediadores e os demais que o assessoram no procedimento são equiparados aos servidores públicos para os efeitos da legislação penal e, deste modo, podem cometer crimes que, em tese, só poderiam ser cometidos por funcionários públicos, como a corrupção passiva, bem como podem ser vítimas de delitos cometidos contra funcionários públicos, tais como corrupção ativa.
Mais um benefício é a valorização do princípio da confidencialidade, visto que a Lei prevê que todas as informações relativas à mediação serão confidenciais em relação a terceiros, não podendo ser reveladas sequer em processo arbitral ou judicial. Segundo a Lei, o dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas que tenham, direta ou indiretamente, participado do procedimento de mediação. Uma novidade, também bastante positiva é o fato de a mediação, além de poder ser praticável entre particulares, pode também ser praticável entre os próprios setores da Administração Pública, e entre a Administração Pública e os particulares.
Destaque-se, por fim, mais ponto inovador, a realização de mediação pela internet ou por outro meio de comunicação que permita a transação à distância, desde que as partes estejam de acordo, o que une a modernidade dos meios de comunicação à livre designação das partes.
Todavia, como dito no início, alguns pontos da Lei causam controvérsias, e o foco da polêmica é o fato de direitos indisponíveis transacionáveis terem que passar pelas mãos do Judiciário para ter validade, além de ser exigida oitiva do Ministério Público. Direitos indisponíveis são aqueles cujo titular não pode abrir mão por vontade própria. Por outro lado, os transacionáveis referem-se àqueles direitos passíveis de negociação, a exemplo das questões de alimentos, guarda de filhos e outras causas de família. Nesses casos, a previsão legal acaba por prejudicar a prática conciliatória em muitas ações no âmbito do Direito da Família, e o juiz se reduz a somente um carimbador de acordos. Ademais, outra situação desfavorável trazida pela lei é a possibilidade de aplicação da mediação no curso do processo judicial, a chamada mediação judicial. Ora, se a finalidade da lei era descongestionar o Judiciário, esta normativa não faz sentido. Coerente seria exigir a mediação antes do processo judicial, como é feito na Argentina.
Outrossim, os mediadores não estarão sujeitos à prévia escolha das partes na mediação judicial. Pois bem, se um dos princípios basilares da mediação, inclusive trazido no bojo da Lei, é a autonomia de vontade das partes, que tipo de autonomia é esta que não permite que elas escolham alguém que lhes é de confiança para ajudá-las a chegar ao consenso?
Enfim, expostos estão os dois lados da moeda. Cumpre salientar que, apesar das falhas, a intenção da Lei nº 13.140 é genuína, pois trouxe regulamentação a mais uma forma de resolver a situação da obstrução do Judiciário no Brasil.
CONCILIAÇÃO COMO MEIO PRÓPRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
A Conciliação como meio de resolução de conflitos tem como objetivo principal a solução de lides preexistentes por meio do diálogo, fomentando a participação de empresas e cidadãos junto ao judiciário para, munidos de boa fé, efetuarem acordos com reciprocidade de vantagens em um bem comum. O novo Código de Processo Civil, vigente no ano de 2016, clarificou e estimulou as práticas conciliatórias como métodos fundamentais a evitar o grande aglomerado de lides antes apresentada, servindo como método resolutório, bem como intermediário, caso o intento inicial não seja atingido.
Além da discussãoreferente à lide, necessário verificar-se também o aspecto psicológico dos envolvidos, principalmente no tocante ao direito de família, onde se descaracterizam o homem/mulher/casal conflitante, para dar luz aos pais e mães que buscam, ou devem buscar o resultando de bem comum à família.
Devido ao grande número de demandas judiciais já iniciadas, o Conselho Nacional de Justiça criou, ainda no ano de 2008, a Semana Nacional de Conciliação, que serve como forma de incentivo à participação popular em uma semana inteira de encontros, os quais possibilitam o debate e, grande parte das vezes, obtenção de acordos que beneficiam ambas as partes, evitando o desenrolar de lides desnecessárias.
Mesmo se tratando de movimentos que trazem em seu cerne teórico a resolução de conflitos e satisfação de vontades, o presente trabalho visa analisar a aplicabilidade da conciliação como arma efetiva do anseio popular, ao passo que faz um paralelo entre a necessidade de demonstração estatística/numérica por parte do judiciário, em detrimento do real saneamento dos direitos buscados pela sociedade.
CONCEITO DE CONCILIAÇÃO
A definição literal de conciliação, trazida pelo dicionário Michaelis diz o seguinte: “1 Ação ou efeito de conciliar. 2 Ato de harmonizar litigantes ou pessoas divergentes. 3 Acordo, congraçamento, concórdia. 4 Interpretação conciliatória de textos que parecem discordantes”.
Já a definição histórica da palavra “conciliação” tem origem latina e significa conciliatione, sendo traduzida em “ato ou efeito de conciliar; ato de harmonizar disputantes ou pessoas com vontades opostas; acordo; entendimento; concordância. Já esses conceitos fica fácil assumir o seu caráter objetivo e direto na busca pela pacificação de litígios.
Juridicamente falando, a conciliação tem suas definições enraizadas, de acordo com conhecimento transmitido pelo Conselho Nacional de Justiça, no sentido de autocomposição das partes. Conforme esclarece o CNJ, conciliação se traduz em “um meio alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma terceira pessoa (neutra), o conciliador, a função de aproximá-las e orientá-las na construção de um acordo”.
O conciliador, ainda de acordo com o órgão, “É uma pessoa da sociedade que atua de forma voluntária e, após treinamento específico, como facilitador do acordo entre os envolvidos, criando um contexto propício ao entendimento mútuo à aproximação de interesses e à harmonização das relações”. O momento em que o acordo for executado deve ser levado em conta, pois, frente a isso a conciliação pode se dar por meio processual, quando já o litígio já está consolidado, ou por meio pré-processual – informal -, que ocorre antes da jurisdicionalização do problema.
No que se refere à conciliação judicial, o CNJ diz ser “O procedimento é iniciado pelo magistrado ou por requerimento da parte, com a designação de audiência e a intimação das partes para o comparecimento. Na conciliação pré-processual, a parte comparece à unidade do Poder Judiciário apta a atendê-la - no caso, as unidades de conciliação já instaladas ou os Juizados Especiais -, que marca uma sessão na qual a outra parte é convidada a comparecer. Na efetivação do acordo, o termo da audiência se transforma em título judicial. Na falta de acordo, é dado o encaminhamento para o ingresso em juízo pelas vias normais”.
Dessa forma, a conciliação, inserida no contexto judiciário, procura sustentar o processo de pacificação social buscando a resolução amigável do conflito, tendo como consequência lógica uma redução do número de litígios lançados à tutela estatal e do tempo para análise dos processos judiciais.
NATUREZA JURÍDICA
A conciliação tem natureza jurídica de transação, pois as partes, através de concessões recíprocas, extinguem o litígio existente entre elas.
Ademais, o Código Civil, em seu art. 840, estabelece que “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.”.
A mediação possui natureza contratual, pois o acordo nela realizado nasce da vontade das partes, criando, extinguindo e modificando direitos.
Nesse sentido, é o magistério de Rosane da Rosa Cachapuz[3], ao dizer que a mediação “É firmada na soberania da vontade das partes, criando, extinguindo ou modificando direitos, devendo constituir-se de objeto lícito e não defeso em lei, razão pela qual estão presentes os elementos formadores do contrato, tem como objeto o comportamento humano, pois sua finalidade é a resolução dos conflitos relativos à interação do ser na sociedade.”.
ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA CONCILIAÇÃO	
A principal vantagem é a possibilidade de resolver o conflito de forma mais rápida, menos onerosa e menos desgastante. Outro ponto é que a resolução costuma ser considerada mais justa já que os próprios envolvidos a constroem. Um ganho em longo prazo é o aprendizado das partes no sentido de tentar solucionar conflitos futuros de forma mais pacífica.
Em razão do incontestável excesso de demandas e da consequente morosidade do Poder Judiciário em suas respectivas soluções, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), vem, ultimamente, trabalhando arduamente em diversas campanhas de conciliação. Na verdade, antes mesmo de tentar resolver inúmeros problemas de estruturação do Poder Judiciário, tem-se que as supracitadas campanhas conciliatórias tornaram-se a alternativa mais imediata, eficaz e menos onerosa para que o esperado equilíbrio da Justiça seja efetivamente alcançado.
Não deixa de ser uma forma do Judiciário em se furtar, ou melhor, prorrogar a resolução dos problemas gerados com a demora no julgamento das demandas, cuja insatisfação das partes e impaciência com esta morosidade pode ser crucial na adesão à conciliação propriamente dita. Entretanto, será que essa iniciativa é capaz apenas de beneficiar as partes litigantes? É inegável a contribuição positiva que os mutirões de conciliação trazem ao “processo de desafogamento” do Judiciário brasileiro. Estas medidas proporcionam uma rápida solução do litígio, propiciam que as partes tenham uma maior proximidade, de modo a contribuir, sem sombra de dúvida, ao processo conciliatório, independentemente da complexidade das demandas envolvidas. Nesse sentido, o acordo deve ser visto como um passo para a pacificação célere da sociedade, onde as partes possam resolver suas desavenças de maneira simples e rápida, trazendo à tona o verdadeiro espírito de boa-fé e justiça.
A conciliação deve ser uma faculdade, e não uma obrigação para autor e réu, sendo que o acordo deve ser feito por meio de concessões recíprocas e proporcionais que busquem aproximar de suas perspectivas pessoais e não para atender a estatísticas e metas do Judiciário.
Em contrapartida, existem pontos negativos que, em razão do apelo publicitário dessa campanha, são deixados de lado ou até mesmo ocultados e que merecem algumas considerações para que sejam eventualmente ajustados para uma melhor e mais eficiente adesão a esta iniciativa.
Deve-se ter cautela para que os mutirões de conciliação não possam traduzir uma falsa percepção da realidade, pela formalização de acordos tidos como onerosos às partes — o que pode até ser desencadeado pela ânsia do Poder Judiciário em ver os litígios efetivamente resolvidos.
A morosidade no julgamento das demandas não está associada somente ao elevado número de ações diariamente distribuídas, mas também em decorrência da falta de estrutura do nosso Poder Judiciário. A insuficiência e a falta de preparo dos funcionários, aliadas a sistemas de controle processual precários, contribuem ativamente para esta situação, sendo a realização dos mutirões uma tentativa, a curto prazo, de estancar o elevado número de processos. Mas, para isso, o próprio Poder Judiciário precisa mesmo aderir completamente a este propósito para que o objetivo maior seja alcançado, qual seja, a efetiva redução das demandas.
Verifica-se, na prática, que os próprios juízes são resistentes quando da separação de processos aptos à remessa aos mutirões, mesmosabendo que há interesse das partes. Ou, melhor dizendo, empresas fazem uma triagem inicial e são partidárias ao cadastramento de casos para o mutirão no sistema do Tribunal de Justiça e, mesmo após este procedimento, os juízes fazem uma nova triagem e selecionam um número diferente e bem inferior àqueles sugeridos pelas próprias empresas.
Para se ter uma ideia, do total cadastrado pelas empresas, o Poder Judiciário seleciona apenas uma média de 20% para os mutirões, pequena porcentagem esta que não só evita, sem coerência, a redução das ações, mas também “desrespeita” o cadastro realizado, bem como a própria vontade das partes.
É notório o perfil positivo dos mutirões de conciliação, mas, para que o resultado seja altamente benéfico e expressivo, há de se destacar a necessidade do próprio sistema se adequar a este movimento, de modo a ajudar e facilitar este trabalho no agendamento do maior número de audiências, como, por exemplo, o efetivo preparo dos conciliadores para que eles consigam chegar em um consenso imparcial, independentemente de quais sejam as partes conflitantes.
A iniciativa do Judiciário é bem interessante e, aos poucos, ocupará um espaço determinante na solução das demandas, desde que, logicamente, não só as partes sejam flexíveis para renunciar àquilo que for necessário a fim de finalizar com o litígio, mas também a conscientização dos servidores públicos no sentido de acreditarem na eficácia dos mutirões de conciliação.
ARBITRAGEM COMO MEIO PRÓPRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
Mesmo com as limitações referentes às matérias de competência, a arbitragem destaca-se na solução de conflitos referentes a disputas societárias, construção civil e energia.
 
CONCEITO
A jurisdição surgiu como uma superação aos meios previamente utilizados para a solução de conflitos, autotutela, a autocomposição e a heterocomposição, formas precárias e parciais de solução de conflitos, tal superação foi possível somente com o desenvolvimento da noção de Estado, assim como o seu fortalecimento.
Etimologicamente a palavra jurisdição vem do latim juris dictio, “dizer o direito”, que se revela na qualidade do judiciário em interpretar as leis para solucionar os casos concretos. De acordo com Cintra e colaboradores (2010), a jurisdição é uma das funções do Estado, detém o monopólio, na qual o mesmo substitui os titulares dos interesses em conflito, para imparcialmente resolver o conflito que os envolve, com o intuito de buscar a pacificação do conflito com justiça. A pacificação é feita em razão da atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso apresentado em concreto, tudo isso por intermédio do processo.
Nessa mesma linha de raciocínio, esses autores defendem que a jurisdição é ao mesmo tempo: poder, capacidade de decidir imperativamente e impor decisões, consequentemente maior eficácia; função, promove a pacificação social através do processo e da realização do direito justo; e atividade, corresponde a um ato complexo do juiz, seguindo procedimentos definidos por lei, princípio da legalidade. Em suma, o poder, a função e a atividade correspondem ao princípio do devido processo legal.
NATUREZA JURÍDICA
São três correntes principais que tentam definir a natureza jurídica da arbitragem.
 
A primeira delas é a Corrente Contratual ou Privatista, que acreditava que a arbitragem teria natureza contratual privada, pois haveria necessariamente um contrato estabelecido entre as partes para a sua instituição. Além disso, afirmava o caráter privado haja vista que o árbitro não é um membro do poder judiciário, e dessa forma a sua função não poderia ser publica, tal como um juiz.
 
A outra corrente, denominada Corrente Jurisdicional ou Publicista, acreditava que o árbitro, tal como o juiz de direito, tem a função judicante, ou seja, ambos têm o poder de aplicar o direito ao caso concreto. Afirmavam, também, que a jurisdição não se daria somente no âmbito do Estado, podendo também ser exercida pelo árbitro, mesmo que este não goze da condição de agente público. Ainda, alegavam que o exercício da arbitragem se revelaria numa autêntica participação popular na administração da Justiça, o que não prejudicava o caráter público da atividade julgadora.
 
Por fim, a Corrente Mista ou Híbrida mistura conceitos de ambas as correntes anteriormente mencionadas. Assim, acreditavam que a arbitragem possuiria seu aspecto contratual, pois no momento de sua adoção haveria a necessidade de uma convenção pelas partes; mas não negavam que sua função fosse judicante, ou seja, acreditavam que o papel do árbitro se assemelhava com o de um juiz.
ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA ARBITRAGEM
No âmbito jurídico brasileiro é de praxe encontrar situações em que há uma grande prolongação temporal ao resolver-se conflitos, isso se dá pela sobrecarga de processos para os juízes estatais. Na arbitragem há em contrapartida ao processo judicial, uma rapidez nos processos arbitrais, essa celeridade processual é obtida através das leis arbitrais, garantindo um prazo de 6 meses para terminar. Com isso gera-se maior facilidade e agilidade no processo de composição de lide, a economia de modo geral irá fluir, obtendo assim um fator atrativo para o uso da arbitragem. Essa celeridade pode ser observada em:
A arbitragem, por sua vez, é célere. A própria Lei de Arbitragem fixa lhe prazo de seis meses para terminar, ainda que não seja incomum sua prorrogação. Mas, mesmo com a prorrogação, a média das principais câmaras arbitrais é de pouco mais de um ano de duração, com realização de provas e audiências. Isso sem se falar nas chamadas arbitragens expeditas, mais céleres ainda.  (COELHO,2015)
 O nosso contexto jurídico atual é conhecido com uma justiça mista com características do Common Law, porém sendo Civil Law, dessa forma a inclusão de fontes alternativas a lei como costumes, equidade e analogias irão surgir como marcos na composição de uma lide. O princípio de acesso à justiça decorre de uma ampla garantia aos direitos em face da jurisdição, porém pelo enorme número de casos que se sucedem durante os anos se tornou exorbitante, um juiz estatal tem de julgar vários casos de diferentes matérias, assim sobrecarregando o aparelho da justiça e deixando sua atuação morosa e com custo alto. A arbitragem vem para auxiliar o acesso à justiça, mostrando um outro horizonte que não seja estatal, dessa forma o indivíduo pode obter uma nova possibilidade de resolver seu litigio, muitas das vezes de forma mais eficaz e célere que com o juiz de direito. Essa ampliação do acesso à justiça pode-se observar em:
 Não ocorre o estreitamento do canal de acesso à justiça, mas sim, sua ampliação, pois o juízo arbitral representa uma alternativa a mais colocada à disposição das partes na busca da solução de seus conflitos. Caberá exclusivamente às partes, quando capazes, sopesarem os prós e os contras entre a justiça estatal e a privada e optar pela a que parecer-lhes mais conveniente, útil e adequada para a resolução dos litígios de natureza patrimonial disponível. (MARDEGAN, 2010, p.1)
 Juntamente o benefício de alivio judicial no que se refere a quantidade de processo correndo em âmbito jurisdicional estatal, deve-se notar que juízes de direito de varas normais compõem diversas lides, com assuntos gerais dentro de sua capacidade, em contraponto se observa a justiça arbitral, que tem como característica a especialização de seus juízes nas devidas áreas do caso concreto. Salvo as varas especializadas, o judiciário se decorre de forma generalizada, e a arbitragem de forma especializada, pois na clausula arbitral é possível escolher qual juiz irão julgar o seu caso. Isso é consoante com o devido processo legal, abrangendo a imparcialidade do juiz que será especializado no caso e a boa-fé processual.
A arbitragem é uma possibilidade mais pacifica, menos custosa e mais célere de se resolver conflitos civis, isso decorre de uma derivação de informalidade que esse processo oferece, tendo vista a coerção e formalidadejurisdicional, justamente por não ter intimações com possíveis desconfortos policiais e uma pressão estatal, a arbitragem consegue chegar em postos avançados de forma sucinta. Princípios como a cooperação e a boa-fé são base da arbitragem e encontram uma efetividade muita das vezes maior nesse âmbito, a liberdade de ação, a definição de prazos a escolha de juízes entre outros fatores fazem com que as partes litigiosas venham a cooperar com mais excelência, pois tudo está de acordo com o alinhamento de vontades processual delas, e as fases processuais ocorrem de forma célere e passiva. Essa autonomia das partes se observa em:
A arbitragem se vale da informalidade e do princípio da autonomia das partes para livremente estabelecerem as regras do procedimento, e quem irá decidir para elas a questão em conflito[...] A arbitragem só poderá versar sobre direitos de ordem patrimoniais disponíveis, permanecendo os direitos indisponíveis e de maior complexidade sob a solução única e exclusiva do Poder Judiciário. (PETROCELLI, 2006, p.80)
 Continuando em uma visão econômica do processo, observa-se que na arbitragem encontra-se relativo ao tempo e ao custo em longo prazo um baixo prejuízo econômico em visto aos processos judiciais, que muitos deles por necessitarem de ano
(s) para serem sentenciados demandam novos custos, sejam com provas, cartório, congelamento de bens, etc.  O processo arbitral dessa forma se encontra em um patamar relativamente econômico, no sentido de custos a serem gastos, pois por ser mais ágil e cooperativo encontra-se uma menor necessidade de custos. Esse caráter menos dispendioso da arbitragem pode ser observado em:
 Como meio alternativo de solução de controvérsias, possui como princípios basilares a informalidade e a celeridade processual, podendo, através deste instituto, as partes solucionarem sua demanda de maneira mais ágil e de modo menos dispendioso, desafogando o nosso Poder Judiciário, que hoje encontra-se estagnado face a enorme quantidade de processos que nele tramitam, razões essas que militam em favor da adoção dessa medida.
 (PETROCELLI, 2006, p.80)
 
Quando se fala de publicidade na justiça jurídica, vem imediatamente a clareza e transparência do processo público, fazendo com que haja uma ampla visualização de como a justiça no Brasil acontece e quais fatores são levados em conta atualmente, no entanto muitos processos não envolvem somente a resolução simples de partes litigiosas, há uma presença de outros poderes políticos e comerciais por trás de cada processo judicial, muitas são as artimanhas que empresários e multinacionais usam para segurar o poder do comercio, um processo público nem sempre é a melhor resposta para obter melhores resultados em seus negócios. Segundo Camero (2013) advindo da busca em garantir que seus bens e trunfos não sejam expostos, indivíduos recorrem ao sigilo arbitral, esse que protege que pessoas externas tomem conta do conteúdo e da forma que está sendo tratado o processo, assim há uma confiança que suas posses não sejam reveladas pra seus competidores e até mesmo garantindo que possíveis novos contratos não sejam negados ou desfeitos em vista a sua empresa estar sendo processado ou processando outras empresas, entre outros. Esse sigilo de forma alguma irá ferir o contraditório, pois é bloqueado o acesso somente para pessoas fora do processo, as partes, seus advogados e os juízes tem pleno acesso e influência sobre argumentos, provas e o andamento da lide, garantindo um dos princípios mais básicos processuais.
 
NEGOCIAÇÃO COMO MEIO PRÓPRIO DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
 Negociação é o mecanismo de solução de conflitos com vistas à obtenção da autocomposição caracterizada pela conversa direta entre os envolvidos sem qualquer intervenção de terceiro como auxiliar ou facilitador.
  Isto posto, entendemos que uma negociação deve acontecer de modo cooperativo, e para tanto é necessário que inicialmente separemos as pessoas do problema no qual estão discutindo, ou seja, é necessário desvincular laços e impressões pessoais, e avaliar somente o problema que é objeto da lide, e assim consequentemente a negociação ficará concentrada somente nos interesses em questão, e não nas posições em que cada uma das partes ocupa na lide. E, por fim, é necessário que ambas as partes apresentem propostas que sejam satisfatórias para todos os envolvidos, de modo que nenhuma das partes saia prejudicada após a composição do acordo, e consequente resolução da lide.
CONCEITO
O conceito de negociação mais básico consiste no processo de troca em que duas ou mais partes procuram chegar a um acordo mutuamente satisfatório. Logo, a negociação é um processo de comunicação, que normalmente parte da necessidade de alinhar interesses conflituosos.
O Harvard Negotiation Project, um projeto criado pela Universidade de Harvard para orientar a resolução de conflitos, define a negociação como a busca pelo “sim” conforme méritos e princípios, sem dureza ou prejuízo para as relações. De acordo com o livro Habilidades e Negociação (Editora Schoba, 2010), a palavra negociação vem do latim negocium, derivada de neg (não) + ocium (ócio).
Ou seja, a própria origem da palavra aponta para uma atividade difícil e trabalhosa.
De fato, não há descanso para as negociações, principalmente em um mundo competitivo, hiperconectado e globalizado.
Para lidar com diferenças entre culturas, valores e métodos, é preciso investir tempo e esforços nas estratégias de negociação.
Se antes imperava a ideia de hierarquia e autoritarismo, hoje a negociação ocupa um lugar primordial no mundo dos negócios.
Este é um ponto importante: a negociação requer um relacionamento entre pessoas, ou seja, ambos os lados devem ter a chance de influenciar, persuadir e modificar as ideias do outro.
Quando as posições já estão definidas como opostas não há chance de diálogo e, portanto, nenhum tipo de negociação.
É por isso que a maioria das negociações parte de objetivos similares, apesar das divergências de interesses e visões.
É o exemplo clássico do negócio entre vendedor e comprador: um quer vender e o outro quer comprar.
Logo, os dois lados convergem no objetivo, mas divergem a respeito do valor justo do produto ou serviço.
Nesse caso, basta discutir o melhor valor para ambos, baseado nos argumentos do vendedor para aumentar o preço e do comprador para reduzi-lo.
Dessa forma, ampliamos o conceito de negociação incluindo alguns princípios básicos:
Negociar é um processo de comunicação com uma sequência lógica de etapas
Não existe negociação isolada, somente no relacionamento entre as partes
O acordo pode ser obtido no consentimento mútuo, dominação ou manipulação. Ambos devem terminar a negociação conscientes de que foram ouvidos
Conflitos, antagonismos e divergências são normais e esperados ao negociar. Toda negociação busca alcançar objetivos que satisfaçam os envolvidos.
NATUREZA JURÍDICA DA NEGOCIAÇÃO DE CONFLITOS
 Ao analisar a natureza jurídica da Negociação Coletiva, temos a definição de Maria Cristina Haddad de Sá: “A negociação coletiva pode ser entendida como um instituto de natureza jurídica e obrigatória. Jurídica porque seu fundamento é de ordem constitucional e infraconstitucional e; obrigatória, uma vez que em atenção a imperativo legal (mormente o art. 616, § 4º, da CLT) que trata da obrigatoriedade da negociação coletiva para se chegar à formalização da Convenção ou mesmo Acordo coletivo de trabalho.”
 Já Francisco Lima Filho, temos a seguinte definição: “A negociação coletiva de trabalho possui apenas natureza jurídica, não havendo que se falar em natureza obrigatória, uma vez que além de constituir fonte de direito, configura-se, igualmente, como uma forma de desenvolvimento do poder normativo dos grupos sociais, segundo uma concepção pluralista que não reduz a formação do direito positivo à elaboração do Estado.
Além disso, a negociação coletiva destina-se à formação consensual de normas e condições de trabalhoque serão aplicadas a um grupo de trabalhadores e empregadores, estando, pois, na base da formação do direito do trabalho.”
 Pelas definições citadas, temos que a negociação coletiva é um meio de composição dos conflitos trabalhistas e possuir como objetivo a celebração de normas coletivas, consubstanciadas nas Convenções e Acordos coletivos de trabalho.
 Desta forma, temos a natureza de negócio jurídico celebrado entre duas ou mais partes contratantes, ou seja, temos aspectos obrigacionais, o que pode ser concluído ao observarmos que os instrumentos coletivos decorrentes da negociação coletiva possuem cláusulas obrigacionais.
ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA NEGOCIAÇÃO DE CONFLITOS
 Para a psicologia a negociação é muito importante pois a mesma leva os indivíduos a um diálogo e através desse diálogo é que compreendemos o outro e entendemos o ponto de vista dele, o diálogo é uma das principais formas de linguagem sendo que a linguagem é o que torna diferente dos animais, ele é composto tanto de falar quanto de ouvir, e ainda envolve a capacidade cognitiva de cada um, quando se fala do problema você se sente melhor já que tira o peso somente de um dosa indivíduos, permitindo que cada um se expresse e exponha seu ponto de vista, sendo que sempre é preciso respeitar o direito do outro de falar e ainda tem que saber ouvir.
Como dado adquirido, em todos os processos ocorrem erros. Na negociação existem erros frequentes que são cometidos que com um pouco de cuidado se conseguem evitar. Um erro frequente é a falta de preparação, um negociador que não tenha noção dos níveis de resistência nem de aspiração facilita o fracasso na negociação. Não fazer concessões, tentar vencer em tudo o que é proposto, não ter em atenção as diferenças culturais são alguns erros comuns praticados. Outros tipos de erros que podem ocorrer são os erros perceptivos. O facto de criar estereótipos, criar efeito de halo ou de contraste são erros comuns que comprometem a negociação. Por natureza humana existem erros que não conseguimos muito bem evitar como o efeito da semelhança ou o habitual erro das primeiras impressões. Qualquer tipo de erro sozinho ou em conjunto com outros podem custar negociação entre as partes não se chegando a um acordo final.

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