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INSTITUTO ESTADUAL MANOEL DE ALMEIDA RAMOS – PROFESSORA CRISTIANI S B LITERATURA 3º ANO ESCRITORES E OBRAS: 1. EUCLIDES DA CUNHA = (1866 – 1909) – formado em engenharia pela Escola Militar, republicano. Atraído pelas notícias sobre o conflito entre as tropas do governo e os seguidores do fanático religioso Antônio Conselheiro, viajou como repórter para o sertão baiano. De suas reportagens nasceu sua principal obra, Os sertões. Com base no que presenciou em Canudos, Euclides inicialmente enviou uma série de reportagens para o jornal O Estado de São Paulo, em 1897. Reelaborou toda a matéria para compor Os sertões, estruturando a obra em três partes: “A terra”, “O homem” e “A luta”. Ingressando no Ministério das Relações Exteriores, fez viagens de reconhecimento das fronteiras entre o Brasil, o Peru e a Bolívia. Morreu tragicamente, numa troca de tiros com um jovem com quem sua esposa Ana de Assis, tinha uma ligação extraconjugal. 2. GRAÇA ARANHA = (1868 – 1931) estudou Direito em Recife. Tornou-se diplomata, trabalhou em diversos países europeus e, ao retornar ao Brasil, ajudou a renovar a cultura nacional, juntando-se aos organizadores da Semana de Arte Moderna, em 1922. Em Canaã discute-se a situação dos imigrantes alemães, a quem o governo brasileiro doava terras, em contraste com a população pobre, em grande parte descendente de ex-escravos, que, sem receber terras, ficava em situação mais precária que a dos imigrantes. 3. LIMA BARRETO = (1881 – 1922), de origem modesta, mestiço, conseguiu estudar e ingressar na Escola Politécnica do RJ, mas precisou abandonar os estudos para cuidar dos irmãos, pois seu pai enlouquecera. Tornou-se modesto funcionário público, passando a colaborar com jornais e revistas. Enfrentando preconceitos de ordem racial e social, sucessivas crises o levaram à depressão e ao alcoolismo. Foi internado duas vezes no Hospício Nacional, experiência traumática que aparece em sua obra. Aos 41 anos morreu de ataque cardíaco. Escreveu Triste fim de Policarpo Quaresma, criando o personagem Policarpo Quaresma, um funcionário público extremamente nacionalista. O fanatismo pela pátria leva-o a exageros, como requerer à Câmara dos Deputados um decreto para que se passe a falar a língua tupi no Brasil. Internado durante meses num hospício, Policarpo, ao sair, decide ir morar no campo e cultivar a terra. Depois de muito esforço e enormes frustrações, percebe que a terra brasileira não é tão fértil assim e que os impostos e os atravessadores ficam com praticamente todo o lucro que caberia ao lavrador. 4. MONTEIRO LOBATO = (1882 – 1948) nasceu em Taubaté, SP, perdeu os pais ainda jovem, sendo educado pelo avô, cursou a Faculdade de Direito, tornando-se promotor público. Após a morte do avô herdou sua fazenda, virou fazendeiro, não prosperou devido à crise na lavoura. Lobato começou a publicar livros. Nacionalista convicto, lutou por suas ideias, a ponto de ter sido preso durante a ditadura Vargas. Em 1943 fundou a Editora Brasiliense. Foi um dos primeiros autores de literatura infantil em nosso país e em toda a América Latina. Personagens como Narizinho, Pedrinho, a boneca Emília, Dona Benta, a Tia Nastácia, o Visconde de Sabugosa e o porco Rabicó ficaram conhecidos por inúmeras gerações de crianças. Na década de 70, as histórias da turma foram adaptadas para a TV e levadas ao ar no programa O Sítio do Pica-pau Amarelo. Com o personagem Jeca Tatu, criação inesquecível do autor, traz para o texto literário uma personagem marginalizada, um caboclo ignorante que, por não dispor de recursos, vive de modo medíocre. 5. AUGUSTO DOS ANJOS = (1884 – 1914) – estudou Direito em Recife, onde entrou em contato com as teorias científicas da época. Dedicou-se posteriormente ao magistério. Mudou-se com a família para o RJ e, em 1914, para Minas Gerais, onde se tornou diretor de um grupo escolar e passou a enviar matérias para jornais. Morreu nesse mesmo ano de pneumonia. O único livro que publicou em vida, Eu, causou escândalo, devido à sua linguagem, considerada grosseira. Isso porque ele não hesita em incluir na poesia termos científicos e antipoéticos: carbono, amoníaco, epigêneses, diatomáceas, verme, germe, células, ... A linguagem de Augusto dos Anjos causa estranheza por apresentar termos que nunca foram fizeram parte de poemas nem antes nem depois dele. Os temas não são menos difíceis: além da angústia, do pessimismo e da morte, presentes na poesia de todos os tempos, surgem temas como a podridão e o horror. EXERCÍCIOS: 1. Leia: “Diabo! A mó que é o Joli de Pedro Surdo?” e com a pedra o espanta. “Sai porquera! Não ouve o carro? Não tem medo de morre misgaiado?” A que expressões ou palavras da norma culta equivalem os trechos destacados? A vida em Oblivion A cidadezinha onde moro lembra soldado que fraqueasse na marcha e, não podendo acompanhar o batalhão, à beira do caminho se deixasse ficar, exausto e só, com os olhos saudosos pousados na nuvem de poeira erguida além. Desviou-se dela a civilização. O telégrafo não a põe à fala com o resto do mundo, nem as estradas de ferro se lembram de uni-la à rede por intermédio de humilde ramalzinho. O mundo esqueceu Oblivion, que já foi rica e lépida, como os homens esquecem a atriz famosa logo que se lhe desbota a mocidade. E sua vida de vovó entrevada, sem netos, sem esperança, é humilde e quieta como a de um urupê escondido na sombra dos grotões. Trazem-lhe os jornais o rumor do mundo, e Oblivion comenta-o com discreto parecer. Mas como os jornais vêm apenas para meia dúzia de pessoas, formam estas a aristocracia mental da cidade. São “Os que Sabem”. Lembra o primado dos Dez de Veneza, esta sabedoria dos Seis de Oblivion. Atraídos pelas terras novas, de feracidade sedutora, abandonaram-na seus filhos; só permaneceram os de vontade anemiada, débeis, faquirianos. “Mesmeiros”, que todos os dias fazem as mesmas coisas, dormem o mesmo sono, sonham os mesmos sonhos, comem as mesmas comidas, comentam os mesmos assuntos, esperam o mesmo correio, gabam a passada prosperidade, lamuriam do presente e pitam – pitam longos cigarrões de palha, matadores do tempo. LOBATO, Monteiro. Cidades mortas. 12. ed. São Paulo, Brasiliense, 1965. p. 9-10. lépido: risonho, jovial, alegre. entrevado: aquele que não pode se mover; paralítico. feracidade: fertilidade; fecundidade urupê: fungo conhecido como orelha-de-pau grotão: depressão funda entre montanhas. Dez de Veneza: conselho criado no século XIV pela aristocracia para descobrir e julgar crimes contra o Estado, tornou-se permanente e com poderes acima de todos os demais conselhos e do doge. faquir: monge muçulmano que vive a prática religiosa do desprezo do corpo e as sensações corporais, se exibe jejuando. *Oblivion: em inglês significa “esquecimento” 1. “... os de vontade anemiada, débeis, faquirinos”. A palavra destacada deriva de faquir. Atente ao contexto em que faquirianos aparece. Qual é o seu sentido? 2. No primeiro parágrafo, interpretando a comparação, que sentido se pode atribuir ao termo batalhão? 3. Explique a metonímia: “...Oblivion comenta-o com discreto parecer”. 4. Identifique, neste trecho, causa e consequência: “Atraídos pelas terras novas, de feracidade sedutora, abandonaram-na seus filhos...” 5. No último parágrafo aparece o embrião da figura do Jeca Tatu, uma das mais conhecidas criações de Lobato: “Jeca Tatu era um pobre caboclo que morava no mato, numa casinha de palha. Vivia numa completa pobreza, em companhia da mulher, muito magra e feia, e de vários filhinhos, pálidos e tristes. Jeca Tatu passava o dia de cócoras, pitando uns enormes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa nenhuma" a) Que trechos da descrição do caboclo, no último parágrafo do texto, correspondem à figura do Jeca? b) O sertanejo de Euclides corresponde ao caboclo decadente descrito por Lobato? Justifique. 6. O que foi o pré-modernismo? – Fragmento páginas 18, 19, 20 e 21 (leitura) – “Tristefim de Policarpo Quaresma” – Livro _ Resolver as questões 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. _ COPIAR na página 22 – Arquivo.