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fortalecidas. Não obstante, é importante lembrar que a leitura literária não deve ser usada como princípio para a escolarização dos textos de ficção e não ficção. Ainda assim, é importante considerar que a leitura literária também impulsiona a escrita, caso sejam dadas as devidas orientações com base na perspectiva da autoria e da escrita criativa. Desse modo, a formação de leitores e, por conseguinte, escritores, deve ser uma prioridade dentro dos programas de leitura, desde que sejam considerados os aspectos relacionados à literariedade e fabulação como pontos de partida. Ou seja, à escola caberá a organização de processos de mediação de leitura e contação de histórias, feiras literárias, eventos de natureza cultural relacionados à literatura propiciando aos estudantes a oportunidade de se tornarem leitores e escritores proficientes. Nesse sentido, a escola cumprirá seu papel de agência de letramento literário (MONTENEGRO DE MÉLO, 2019), para garantir que as crianças tenham acesso a bons textos, condição sine qua non para que possam viver em sociedade fazendo as leituras que lhes são indispensáveis à atuação, cumprimento de papeis e criação de novas oportunidades. QUESTÕES De acordo com o Referencial Curricular do Município de Jaboatão dos Guararapes, a concepção de alfabetização tratada no documento pauta-se, dentre outros, nos estudos de A) Paulo Freire (1996) e Corti et Souza (2005). B) Ferreiro e Teberosky (2005), Soares (2006) e Morais (2012). C) Albuquerque (2012) e Paulo Freire (1996) D) Soares (2006), Corti et Souza (2005) e Paulo Freire (1996). E) Ferreiro e Teberosky (2005), Paulo Freire (1996) e Albuquerque (2012). Sobre as competências gerais BNCC como premissa básica para a construção do Referencial Curricular do Município de Jaboatão dos Guararapes, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. As preferências literárias se estabelecem de acordo com a faixa etária do leitor e, de fato, esse é um aspecto que facilita o trabalho com a literatura na escola. Uma vez conhecendo os tipos de interesses mais comuns nas etapas escolares/idades das crianças, será mais fácil planejar vivências de letramento literário e estimular a leitura em sala de aula (ROSA,2010). Nos primeiros anos, a leitura precisa ser bastante estimulada, de modo que as crianças possam compreender a importância do hábito e descubram, ao mesmo tempo, o prazer de ler. Na Educação Infantil, especialmente, isso será relevante para que, ao adentrar na próxima etapa, a criança tenha se utilizado da literatura para iniciar a construção das competências para tornar-se leitora proficiente. Corroboramos com os estudos de Rosa (2010), no que se refere ao trabalho com leitura na primeira etapa do Ensino Fundamental. Para esta autora, ajuda do professor no desenvolvimento de interesses e do prazer em ler é extremamente necessária, tendo o cuidado para não romper o interesse da criança por (ROSA, 2010, p.40). Portanto, o exemplo do professor torna-se fundamental para a formação desse comportamento leitor. Esta prerrogativa se perpetua nesta fase do Ensino Fundamental, quando são inseridos outros gêneros literários e vivenciadas experiências de leitura mais intensas e mais sistematizadas, considerando, no entanto, que a leitura nessa fase ainda está profundamente ligada à construção do imaginário e à busca pelo prazer de ler. Nessa fase é importante lembrar que a leitura deve ser prazerosa e não feita por obrigação ou para ganhar uma nota. No entanto, devemos atentar que a leitura, quando desprovida de crítica, pode levar à simples aceitação mecânica. Se transformar em rotina mecânica, perder seu prazer e, consequentemente, não ter nenhum sentido para quem lê (ROSA, 2010). A fase seguinte, dos anos finais do Ensino Fundamental, inclui o desafio de manter as crianças e jovens lendo iniciando-se, portanto, na fase de leituras sobre aventuras. Caso contrário, se as crianças e os jovens não se manifestem para ler com prazer, obras literárias. Para tanto é fornecido aos estudantes, anualmente, um acervo literário individual, selecionado pelos Coordenadores Educacionais do Município, juntamente com a Coordenação do Programa de Leitura, de forma a garantir a diversidade de gêneros literários e contribuir com o desenvolvimento socioafetivo e cognitivo dos estudantes nas áreas e modalidades de ensino. Os critérios para escolha das obras passam pela literariedade, ou seja, a forte ligação do texto com os aspectos do literário, que vão desde o texto, propriamente dito, aos aspectos estéticos e de gráficos. Desse modo, faz-se necessário dedicar-se a escolher obras que fomentem a leitura e a produção de textos, mas que, sobretudo, levem o leitor a se familiarizar com os textos, bem como apreciá- lo e, a partir de então, tornar-se um leitor proficiente. Guilherme (2013) destaca que basta colocarmos os livros à disposição de crianças e jovens para que eles compreendam a importância desse capital cultural e sejam seduzidos pela (GUILHERME, 2013, p.2). Do mesmo modo, os adultos precisam ser capturados pela leitura, para que as ações em torno do livro deixem de ser tomadas como luxo e passem a ser colocadas como algo cotidiano, ao qual todos têm acesso. Por isso, se faz importante também investir na formação de professores para que sejam mediadores de leitura capazes de estimular, mas também de vivenciar ações em torno do literário, preferencialmente com foco no deleite e na formação de hábitos de leitura, não apenas no referencial didático metodológico a que se refere a obra literária. Outro aspecto relevante são as metas para a formação de leitores que, por meio das práticas dos professores e profissionais que trabalham com mediação de leitura e contação de histórias na Rede Municipal, vão sendo revistas e ampliadas. Desse modo, é importante destacar algumas questões, para o exercício efetivo para aquisição da leitura e produção textual, tais como a promoção e incentivo do gosto pela leitura e escrita, facilitando o acesso ao acervo literário. Importante possibilidade de trabalho que precisa ser observada é o faz parte do cotidiano de uma pequena parcela da população, (...) Azevedo (2004) observou: Fala-se muito em formação de leitores. Nosso país realmente vai ser outro quando sua população for formada por leitores, gente que saiba diferenciar uma obra literária de um texto informativo, gente que leia jornais, mas também leia poesia; gente, enfim, que saiba utilizar textos em benefício próprio, seja para receber informações, seja por motivação estética, seja como instrumento para ampliar sua visão de mundo, seja por puro entretenimento. (...) (...) Considerando nosso desequilíbrio social, formar leitores evidentemente é um imenso desafio. A maioria de nossas crianças é filha de pais analfabetos ou semianalfabetos, ou seja, voltando para casa elas não têm com quem discutir suas lições. E nem mesmo espaço, uma vez que suas casas, muitas vezes um único cômodo, não costumam possibilitar isolamento mínimo que a leitura requer (AZEVEDO, 2004, p.21). Ainda conforme o autor, grande parte dos brasileiros não tem acesso à leitura e, por isso, não é fácil incentivar as crianças em idade escolar a se tornarem leitoras. Cabe, pois, à escola, incentivar o hábito de leitura, como afirma Guedes (1998): Ler e escrever são tarefas da escola, questões para todas as áreas, uma vez que são habilidades indispensáveis para a formação de um estudante, que é responsabilidade da escola. Ensinar é dar condições ao estudante para que ele se aproprie do conhecimento historicamente construído e se insira nessa construção como produtor de conhecimento. (...) (...) Ensinar é ensinar a ler para que o estudante se torne capaz dessa apropriação, pois oconhecimento acumulado está escrito em livros, revistas, jornais, relatórios, arquivos. Ensinar é ensinar a escrever porque a reflexão sobre a produção de conhecimento se expressa por escrito (GUEDES,1998, p.13). É na escola que grande parte dos estudantes têm seu primeiro contato e, em muitos casos, o único, com a literatura. pesquisadores. É relevante reconhecer, portanto, a pluralidade de saberes docente, bem como suas influências na formação do professor. O Sistema Municipal de Ensino através do Programa de Formação Continuada, no item 4, p. 16, das Ações, contempla a qualificação profissional dos docentes. Este programa foi elaborado e documentado. Cabe a oportunidade de um debate a este respeito sobre as políticas públicas educacionais para os docentes da Rede Municipal de Ensino quanto ao processo da formação continuada, dialogando-se constantemente em fóruns, sobre as Metas 12 e 13 e suas Estratégias do Plano Municipal de Educação - Lei Municipal nº 1.203/2015, (...) (...), percorrendo um caminho de participação coletiva e intersetorial, sabendo-se que a responsabilidade da formação continuada não se limita somente na responsabilidade do poder público municipal, mas de um acordo chamado Regime de colaboração entre os entes federados e, portanto cabe-nos também, a elaboração de ações de forma conjunta, que atendam aos anseios dos/das professores/as na valorização do magistério. 2.8.1. Formação Continuada dos Professores No decorrer das últimas décadas o cenário político-social do país vem passando por consideráveis mudanças. Dentro desse contexto, encontramos os programas de políticas públicas voltados para o desenvolvimento de uma educação de qualidade. A partir dos anos 90, com a profissionalização docente estabelecida pela LDBEN, Lei Nº 9394/96, a formação inicial e a continuada dos professores ganhou destaque como elemento primordial que necessita ser revisitado e aperfeiçoado. A formação continuada dos professores, ressaltada na LDBEN 9394/96, deve estar articulada às políticas que visam à melhoria do ensino-aprendizagem e a busca por uma valorização profissional que refletirá em uma educação escolar de qualidade, voltada para o desenvolvimento da sociedade. No que se refere ao Programa de Formação Continuada se a escola continuar com práticas pedagógicas que não permitam a continuidade do processo de formação. Com a democratização da escola, a possibilidade de acesso de todos às instituições de ensino ampliou - mas não as propiciou condições necessárias para atender a todos os envolvidos no processo de maneira igualitária ou ao menos equivalente. Alguns aspectos devem ser pensados no processo de ensino- aprendizagem para que este produza resultados significativos para a sociedade. Entre eles, destaca-se a formação dos professores. É importante salientar que essa formação não se encerra com as aulas da graduação, mas deve ser contínua, visto que a sociedade está sempre em transformação, exigindo dos professores atualização constante para lidar com os processos educativos. Fortalecendo essa ideia, revisitamos as palavras de Freire (2001, p.20): A educação é permanente não porque certa linha ideológica ou certa posição política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é permanente na razão, de um lado, da finitude do ser humano, de outro, da consciência que ele tem de finitude. Mais ainda, pelo fato de, ao longo da história, ter incorporado à sua natureza não apenas saber que vivia, mas saber que sabia e, assim, saber que podia saber mais. A educação e a formação permanente se fundamentam aí. Além dos saberes curriculares da formação profissional, é pertinente reconhecer e valorizar os saberes experienciais do professor em seu processo formativo: as memórias e as histórias de vida do professor devem ser valorizadas. Ele precisa ser visto e ouvido para que se reconheça como sujeito pensante, no contexto de formação e ensino. No espaço escolar, o professor utiliza sua experiência para resolver os conflitos diários que ocorrem no ambiente. Os docentes não podem contar apenas com os saberes adquiridos na formação acadêmica, uma vez que seu objeto de trabalho está em constante transformação. Destarte, em termos de qualificação profissional, é essencial proporcionar uma formação contínua, levando em conta seu conhecimento. A opção de não retenção aqui tratada, está intimamente ligada ao conceito de progressão continuada, proposta nos ciclos de alfabetização, assentada no princípio do respeito ao desenvolvimento das crianças e no compromisso com as aprendizagens ao longo do ano escolar e do ciclo, de modo a garantir que os estudantes progridam em três dimensões: [...] progressão escolar, relacionada ao direito que a criança tem de avançar na escolaridade; progressão do ensino, que requer a organização e elaboração de direitos de aprendizagem em todas as áreas de conhecimento e anos escolares de cada ciclo; e progressão das aprendizagens, que está diretamente ligada à qualidade crescente das aprendizagens construídas ao longo do ano e entre os anos do ciclo de alfabetização pelas crianças. (ALBUQUERQUE; CRUZ, 2012a, p.09). Nas demais turmas dos anos iniciais dessa etapa de ensino, a avaliação das aprendizagens do estudante deverá ser realizada através de instrumentos diversificados e registrada sob a forma de parecer avaliativo e de notas, sem desconsiderar o caráter diagnóstico, cumulativo, participativo e formativo da aprendizagem. Nos anos finais, a avaliação e seus registros devem continuar se efetivando, na prática dos professores, de forma diversificada, mesmo que esses sejam oficialmente traduzidos através de notas, que, por sua vez, não devem ser consideradas como a única forma de registrar todo processo de avaliação. Na Educação de Jovens e Adultos vale salientar que a avaliação dos estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro Autista-TEA e superdotação/altas habilidades, em quaisquer que sejam os anos da Educação Básica, sob a perspectiva inclusiva, deverá estar pautada nas características, interesses, capacidades/potencialidades e necessidades específicas de aprendizagem de cada um deles. Faz-se necessário, portanto, Trata-se de um novo projeto, que trabalhará o desenvolvimento articulado de conhecimentos, emoções e atitudes, na perspectiva do desenvolvimento humano em sua integralidade, ou seja, holisticamente. 2.6. Concepção de Avaliação da Aprendizagem A avaliação no contexto escolar é uma prática organizada e sistematizada que dá suporte ao processo de ensino- aprendizagem. Tal prática, não ocorre de forma neutra e está fortemente fundamentada na concepção de educação que norteia suas intenções e usos. Assim, ao optar por uma Educação Emancipatória, que valoriza o diálogo estabelecido entre os sujeitos envolvidos em todo processo de aprendizagem, legitima-se a necessidade de uma concepção qualitativa de avaliação, que avance em sua perspectiva e que tenha como objetivo mais que a mensuração da realidade, (...) (...), como nos indica Demo (2004): A avaliação qualitativa pretende ultrapassar a avaliação quantitativa, sem dispensar esta. Entende que no espaço educativo os processos são mais relevantes que os produtos, não fazendo jus à realidade, se reduzida apenas às manifestações empiricamente mensuráveis. (p.156). Sob essa perspectiva, a avaliação distancia-se do enaltecimento aos procedimentos de comparação e classificação com base no certo/errado, bem como da atribuição de apenas número a um acontecimento ou a um objeto, de acordo com uma regra logicamente (Hadji 2001, p.27). Há, desde a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN Nº 9.394/96, Artigo24), um movimento favorável e um compromissocom uma avaliação contínua e processual. Assim sendo, emerge a necessidade de se obter informações sobre os conhecimentos prévios e singularidades de cada estudante, uma vez que cada um deles chega com bagagem determinada e diferente em relação às experiências vividas, conforme o ambiente sociocultural e familiar em que vive, e condicionado Dessa forma: Insistimos, inicialmente, na necessidade de uma nova postura, por parte do professorado e dos gestores, no esforço por construir currículos culturalmente orientados. [...] que se reescrevam os conhecimentos escolares, que se evidencie a ancoragem social desses conhecimentos, bem como que se transforme a escola e o currículo em espaços de crítica cultural, de diálogo e de desenvolvimento de pesquisas. (MOREIRA e CANDAU, 2007, p.31) Para tanto, a escola precisa oportunizar a interação entre os indivíduos, tendo em vista serem nelas que as competências se formam, se desenvolvem e tomam sentido por implicar um domínio conceitual e prático que vai além das ciências. As competências são amplas, múltiplas e não se excluem. 2.5. As Competências Gerais da BNCC Como premissa básica para a construção do RCMJG Este currículo está pautado nas 10 competências gerais propostas pela BNCC, que dizem respeito ao desenvolvimento integral do estudante e às competências específicas, que se referem aos produtos dos objetos do conhecimento. Portanto, de acordo com a BNCC (2017), o trabalho do professor deverá ser orientado a partir da seleção de saberes que possibilitem aos estudantes: 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. (CONHECIMENTO) 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. (PENSAMENTO CIENTÍFICO, CRÍTICO E CRIATIVO) 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. (REPERTÓRIO CULTURAL) 4. Utilizar diferentes linguagens - verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital, bem como A BNCC é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenha assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento, em conformidade com o que preceitua o Plano Nacional de Educação- PNE. (BRASIL, 2017). A Base foi conduzida a partir dos preceitos legais que a instituíram - dentre os quais, o Artigo 210 da Constituição Federal, o Artigo 26 da LDBEN, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais DCNG (2012) e o Plano Nacional de Educação PNE/2014. Portanto, configura-se como um documento de caráter normativo que define os saberes essenciais de cada Componente Curricular, a serem promovidos pelas propostas curriculares mediadas pelas práticas pedagógicas dos professores. Tendo em vista a adoção de uma Educação Emancipatória como concepção para o nosso Município, compreendemos o Currículo a partir desta lente, aqui visto também numa perspectiva crítico-emancipatória e multicultural. De acordo com SAUL et GOUVÊA (2009, p.225), o currículo sob a ótica da racionalidade emancipatória implica compreendê-lo como um processo dependente da participação dos sujeitos envolvidos na ação Esse tipo de currículo dá à população a liberdade de se tornar partícipe da construção do saber culturalmente entregue à elite, pois se tinha o mito que só cabia a esta decidir sobre as necessidades de todos. O termo Currículo Emancipatório apesar de ser muito difundido no Brasil a partir dos nos anos 1990 por Paulo Freire não emergiu em nosso país, crítico-emancipatório tiveram início nos anos de 1970, nos Estados Unidos, originado na rejeição do caráter prescritivo e no reconhecimento do caráter (Menezes e Santiago, 2014, p.47) que interessem ao jovem e ao adulto, para fomentar suas práticas, de modo que se faz necessário repensar novas metodologias. Desse modo, dizer que um estudante está alfabetizado vai além de vê-lo se apropriar da leitura e escrita, mas envolve outras habilidades, em sentido amplo da palavra. A alfabetização está interrelacionada com o letramento, sendo assim, formamos não só leitores como também cidadãos críticos, que se veem como protagonistas de sua própria história. Reiteramos que, na perspectiva adotada neste documento, alfabetizar implica inserir o estudante nas práticas de leitura e da escrita na escola, ao mesmo tempo em que esse conhecimento é usado em práticas sociais em seu dia a dia, uma vez que é, pois, o letramento, em seus eventos e práticas, também responsável pela alfabetização, inclusive na educação de Jovens e Adultos, na qual os estudantes já chegam à escola dotados de seus valores e (XAVIER, 2011, p.124). Nesse sentido, não é simplesmente se apropriar da leitura e da escrita, mas saber fazer o uso desse novo conhecimento no dia a dia, como enviar uma mensagem via seguir uma instrução na tela do caixa eletrônico para receber seu salário, ler uma bula de receita médica, tomando a quantidade adequada de medicamentos de acordo com o que foi prescrito pelo médico, utilizar as redes sociais para ler mensagens, notícias, propagandas e postar opiniões. Ou seja: saber utilizar esses e outros conhecimentos em seu cotidiano melhora sua qualidade de vida, tornando-o um sujeito independente e integrado à sociedade. Alfabetizar em EJA requer que o professor tenha ciência do seu papel, assim como do que é preciso para que esse estudante se alfabetize, quais etapas devem ser percorridas e quais habilidades devem ser construídas, até que se possa afirmar que este estudante está alfabetizado. Para Soares e Batista (2005): O termo alfabetização designa o ensino e o aprendizado de uma tecnologia de representação da linguagem humana, Assim, a construção da alfabetização acontece por etapas, considerando os estudantes como protagonistas nesse processo, de modo que suas descobertas se estabelecem na relação entre o que eles já sabem sobre esse objeto de estudo e o que precisam saber. Um exemplo dessa compreensão do processo de aprendizagem de cada sujeito é a realização permanente de protocolos de escrita², cujo objetivo é avaliar e analisar o percurso individual dos estudantes para poder intervir e ajudar-lhes a prosseguir. protocolos de escrita ora mencionados se referem aos testes realizados pelos professores, para compreender em que hipótese da Psicogênese os estudantes de encontram. Esses protocolos são importantes para que o professor planeje situações interventivas a partir dos resultados apresentados pelos estudantes nessas avaliações. São chamados de protocolos porque sua utilização exige um rigor, uma organização por parte do professor tanto no que diz respeito à aplicação, como à interpretação dos A consolidação da alfabetização, portanto, é um direito a ser assegurado, prioritariamente, no ciclo da infância, o que vai permitir que nossos estudantes leiam e produzam textos, com autonomia, podendo inserir-se nas práticas de letramento, atuando em seus espaços para qualificar e/ou modificar sua realidade. 2.4.1. Alfabetização de Crianças: ler e escrever para além da Escola Conforme a teoria da Psicogênese da Escrita,elaborada por Ferreiro e Teberosky (2005), as crianças passam 3 períodos principais, nos quais desenvolvem diferentes hipóteses ou explicações à construção e funcionamento da escrita alfabética: pré-silábico, silábico e alfabético. Com a continuidade de seus estudos, Ferreiro (2013) incluiu subníveis em cada um deles, por compreender que há também um movimento interno em que os sujeitos vão se deslocando, conforme as mediações. Nesse sentido, quando acompanhamos, cuidadosamente, a evolução da escrita espontânea, humano instável e em construção com suas fragilidades, suas angústias, seus anseios e suas dificuldades. 2.3. Concepção de Alfabetização 2.4.1. Alfabetização de Crianças: ler e escrever para além da Escola 2.4.2. Alfabetização de Jovens e Adultos: desafios a serem considerados Concepção de Alfabetização As concepções que sustentam nossa prática dão conta de uma educação cujos princípios possam ser aplicados no cotidiano, pelos estudantes, quaisquer que seja a sua realidade, de maneira que, a partir do que aprendeu na escola, possa intervir sobre seu meio social e mudar a sua realidade. Nesse processo, na escola os estudantes passam por situações cotidianas que podem prepará-los para agir frente às mais diversas situações. Portanto, a fase da aprendizagem da leitura e da escrita é um período essencial à construção de habilidades para essa vivência em sociedade, o que se traduz numa perspectiva de educação emancipatória, por meio da qual o sujeito se utiliza de suas construções para intervir e modificar a sua realidade. Em nossa cultura, na qual se valoriza a leitura e a escrita, a escola tem o papel de sistematizar os conhecimentos necessários à vivência de práticas reais e com significado. Para Freire (1989), leitura do mundo precede a leitura da o que significa que, antes mesmo de entrar na escola, as pessoas já experimentam diversas formas de ler o mundo, o que é fundamental para ser alfabetizado. A concepção de alfabetização tratada neste documento pauta-se nos estudos de Ferreiro e Teberosky (2005), Soares (2006) e Morais (2012), dentre outros, que filiados à perspectiva sociointeracionista, tomam a alfabetização como um processo no qual o sujeito aprende os princípios do Sistema de Escrita Alfabética- 8.069, de 1990, (artigo 2º), considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e define a adolescência como a faixa etária de 12 a 18 anos de idade, e, em casos excepcionais e quando disposto na lei, o estatuto é aplicável até os 21 anos de idade (artigos 121 e 142). Nessa perspectiva, o referido Estatuto destaca o papel dos responsáveis, pais e mães perante o direito de apropriação dos processos pedagógicos que rege a instituição de ensino e ainda da participação efetiva nas definições de propostas educacionais, fortalecendo a concepção de escola enquanto comunidade de aprendizes. (BRASIL, 2005) Conforme, a lei Federal Nº 12.852/13 que aprovou o Estatuto da Juventude estabelece, em seu § 1º, que consideradas jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos de Essa adequação se dá por considerar o período escolar e a vulnerabilidade psicossocial da população que se enquadra nessa fase da vida no país. No entanto, no âmbito deste currículo, a questão meramente etária é formal, tendo em vista que os sujeitos classificados como adolescentes e jovens em nosso Município apresentam incontáveis especificidades e anseios que perpassam desde a maturidade a sua condição social, onde a desigualdade social na sua forma mais complexa atinge a maioria de nossos adolescentes e nos remetem ao compromisso efetivo das políticas públicas educacionais, haja vista que a segunda etapa da Educação Básica, o Ensino Fundamental, de acordo com o Artigo 11 da LDBEN 9.394/1996 é oferta prioritária do município, (...) (...), daí a importância de atender ao que preceituam os Artigos 53 e 54 do ECA, assegurando-lhes os direitos fundamentais e o cumprimento de princípios básicos expressos nas DCNGEB (2010) como: o e o e e infâncias, com a abordagem meramente assistencialista, transformando-se em uma proposta pedagógica, a qual reconhece a criança de forma integral nas suas particularidades. Para Áries (1981) sentimento de infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças, corresponde à consciência da particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo (ÁRIES,1981, p. 99). Acerca do conceito de criança, é importante que se perceba que segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Nº 8.069/2013, no Art. 2º: -se criança, para os efeitos desta lei a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescentes entre 12 e 18 anos de O Plano Nacional pela Primeira Infância subdivide essa etapa e agrupa as crianças de zero a 6 anos, na Primeira Infância, tendo esse grupo necessidades e desenvolvimento específicos, que devem ter assegurados seus direitos nos âmbitos da assistência, saúde e especialmente, educação. O direito à educação está legitimado pela CF de 1988, como um direito social (Artigo 6º da CF/88). Assim, o Estado tem por obrigação a garantia de uma educação de qualidade a todos os brasileiros. É importante ressaltar, porém, que o Poder Público não é o único responsável pela garantia desse direito. Conforme previsto no Artigo 205 da Constituição Federal, a educação também é dever da família e cabe à sociedade promover, incentivar e colaborar para a realização desse direito. Especificamente em relação às crianças e aos adolescentes, tanto a Constituição Federal (Artigo 227, CF/88) quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente (Artigo 4º da Lei 8.069/90) preveem que a família, a sociedade e o Estado devem assegurar os direitos fundamentais desses sujeitos, e aí se inclui a educação, com absoluta prioridade pautou a história da educação no Brasil. Esse pensamento compreendia a relação de ensino- aprendizagem como uma mera transmissão do conhecimento, no qual o estudante se transformava num passivo receptor. Essa prática foi denominada por Paulo Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido (1975) Educação Bancária. visão da educação, o é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada (FREIRE, 1975, p. 33). A visão moderna das relações de ensino-aprendizagem, não conseguia responder as questões que emergiam no seio da escola, dada a complexidade dos sujeitos que compõem esse contexto. Sendo assim, a centralidade do conhecimento se desloca do docente e vai para o estudante, considerando suas dimensões cognitivas, sociais, culturais e afetivas. Essa nova forma de olhar para o conhecimento se traduz numa prática profissional que dialoga com o que nos diz Sacristãn (1998): É um processo de ação e de reflexão cooperativa, de indagação e experimentação, no qual o professor/a aprende a ensinar e ensina porque aprende, intervém para facilitar, e não para impor nem substituir a compreensão dos estudantes/as, a reconstrução de seu conhecimento experiencial; e ao refletir sobre sua intervenção exerce e desenvolve sua própria compreensão.(SACRISTAN, 1998, p. 379). Compreender o ensino considerando o sujeito em sua complexidade nos dá possibilidade de ampliar o olhar para as relações de ensino aprendizagem e suas múltiplas referências que emergem do processo educativo. 2.2. Sujeitos de Direitos de Aprendizagem 2.2.1. Crianças 2.3.2 Adolescentes e Jovens 2.3.3. Adultos 2.3.1. Crianças Antes de iniciarmos a abordagem das diversas concepções de infância e criança é preciso que se expliquem algumas questões. REFERENCIAL CURRICULAR DO MUNICÍPIO DO JABOATÃO DOS GUARARAPES NOVEMBRO/2020 Mércia Barboza 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Concepção de Educação; 2.2 Concepção de Prática Pedagógica, Ensino e Aprendizagem;2.3 Sujeitos de Direitos de Aprendizagem; 2.4 Concepção de Alfabetização; 2.5 Concepção de Currículo: por um currículo crítico-emancipatório e multicultural; 2.6 As Competências Gerais da BNCC Como Premissa Básica para Construção do RCMJG; 2.7 Concepção de avaliação da aprendizagem; 2.8 Concepção de Formação de Professores; 2.9 Concepção de Leitores; 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. Concepção de Educação Refletir sobre educação nos leva a considerar as contradições político-pedagógicas e ideológicas presentes na sociedade brasileira. Essas contradições nos apontam a necessidade de construir uma educação que não se limite a interpretar o mundo, mas que contribua para desenvolver uma ação transformadora, pautada na percepção crítica da sociedade, com seus problemas, valores, objetivos e ideais. É baseada nessa concepção que a escola pode contribuir para um projeto de transformação social. Diante da concepção emancipatória de educação, Freire afirma que: A construção de relações dialógicas sob os fundamentos da ética universal dos seres humanos, enquanto prática específica humana, implica a conscientização dos seres humanos, para que possam de fato inserir-se no processo histórico como sujeitos fazedores de sua própria (FREIRE, 1996, p. 10.) Os princípios de uma relação dialógica que compreendem o ser humano como sujeito histórico, corroboram com as premissas que pautam uma educação emancipatória, que segundo Menezes e Santiago (2014)