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Parasitologia Básica • Aula 2 •AV2• Vitor Lucas Ascaris lumbricoides Este parasita é responsável por causa uma doença chamada Ascaridíase, sendo popularmanente conhecido como lombriga. É uma parasitose amplamente difundida pelo mundo, sendo a mais difundida dentre todas as parasitoses, devido à presença de variados fatores. Aspectos epidemiológicos do parasita: A fêmea de Ascaris lumbricoides é capaz de depositar cerca de 200 mil ovos por dia, favorecendo a dispersão deste parasite, além do fato destes ovos serem extremamente resistentes; Do ponto de vista epidemiológico, a educação higiênico-sanitária e saneamento básico estão diretamente ligados a esta e outras parasitoses; De acordo com o tópico anterior, o parasita apresenta como via de transmissão fecal-oral; As principais fontes de infecção são água e alimentos contaminados; A faixa etária mais acometida pelo parasita é de 1-12 anos, visto que estas crianças apresentam uma educação higiênico-sanitária em formação e um sistema imunológico deficiente, principalmente se forem crianças que habitam em lugares com saneamento básico deficiente. Porém, devido ao fato deste parasita poder ser transmitido por água e alimentos contaminados, muitas pessoas podem contraí-la mesmo não estando na faixa etária mais acometida pelo parasita. Com relação aos veículos conhecidos como insetos coprófagos (insetos que se alimentam de material fecal, como moscas), tem importância epidemiológica, pois, estes insetos podem auxiliar no transporte deste parasita, pois uma vez que uma mosca pouse sobre o material fecal, se neste tiver a presença de ovos, estes podem ficar aderidos as suas patas e uma vez que esta mosca pouse sobre o alimento, ela pode deixar sobre este os ovos do parasita (transmissão mecânica). Este parasita não possui hospedeiro intermediário. Obs.: Os parasitas adultos, preferencialmente, estão no intestino delgado (jejuno e íleo), porém seus ovos adquirem uma camada mais externa no intestino grosso, quando estão seguindo o peristaltismo intestinal e serão eliminados junto às fezes de seu hospedeiro definitivo. Aspectos morfológicos do parasita: Características gerais ligadas aos vermes adultos: São cilíndricos; Alongados; Extremidades afiladas; Possuem dimorfismo sexual; Tubo digestório completo; Diferenças entre machos e fêmeas: Machos Fêmeas Menor Maior 15-20cm de comprimento Pode chegar a 60cm Mais delgado Mais espessa Extremidade posterior espiralada Apresenta extremidade anterior retilínea ou levemente encurvada Aspectos morfológicos do ovo: Possui 3 camadas: Sendo 2 originais e 1 que é adicionada ao ovo, com isso, ele possui uma camada mais interna que é mais delgada, que serve para proteção da larva no interior deste ovo, outra camada intermediária que é mais espessa e confere resistência a condições adversas do ambiente e outra mais externa chamada mamilonada que é irregular e mais superficial (é a Parasitologia Básica • Aula 2 •AV2• Vitor Lucas camada adicionada ao ovo pelo muco presente no intestino grosso do hospedeiro definitivo- homem). Caso clínico: Caso 1: Paciente parasitado apenas com verme adulto fêmea em seu intestino delgado. Estas fêmeas presentes no intestino do paciente, vão depositar seus ovos, porém estes são ovos inférteis. Ovos decorticados: Não apresentam a camada mamilonada, sendo eliminados junto as fezes e não necessariamente afetando sua resistência ao meio ambiente. Ovos férteis: São mais alongados, elipsoidais. Ovos inférteis: São mais arredondados. Ciclo biológico: Forma infectante: Ovos eliminados junto às fezes do hospedeiro definitivo, sendo estes eliminados pelas fêmeas do parasita, que por sua vez, eliminam cerca de 200 mil ovos por dia. Estes ovos eliminados no ambiente irão disseminar este parasita e em locais com saneamento básico precário esta disseminação irá ser facilitada. A via de infecção ocorre a partir da ingestão de ovos embrionados (com a presença da larva em seu interior) por seu hospedeiro definitivo (homem), seguindo a forma de transmissão que é fecal-oral. Os ovos apresentam em seu interior a larva de 1º estágio, que irão sofrer à 1º muda (embrionamento) em ambientes com a presença de oxigênio, passando para larva de 2º estágio, com isso, o ovo que tiver com esta larva de 2º estágio em seu interior passa a ser a estrutura infectante. Com a ingestão destes ovos, estes passam pelo estômago e chegam ao intestino, no intestino delgado, eles sofrem ação enzimática, se rompendo e liberando a larva em 2º estágio (aeróbia). O ambiente intestinal não apresenta oxigênio (anaeróbio), com isso esta larva penetra na mucosa intestinal, chega a submucosa e ganha a circulação venosa, que por ser pobre em oxigênio, leva a larva a procurar outro lugar rico em oxigênio para o seu desenvolvimento. Com isso, ela migra pela circulação venosa, passa pelo coração e chega ao pulmão, neste, elas rompem os alvéolos pulmonares, encontrando oxigênio, se desenvolvendo e gerando a 2º muda e posteriormente a larva de 3º estágio. Neste momento começa toda a sintomatologia pulmonar relacionada com febre alta, grande quantidade de produção de muco (este muitas vezes acompanhado de sangue), achado clínico com presença de eosinofilia acentuada e tosse. Esta larva de 3º estágio chega até os brônquios, passando pelos bronquíolos, levando a 3º muda e esta larva passa para o 4º estágio (anaeróbia), ela sobe via traquéia e chega até faringe do paciente(região da glote) e com isso ou o paciente cospe ou engole. Se esta for expelida com o muco, ela irá morrer já que se trata de uma larva anaeróbia e não apresenta estrutura de resistência. Porém se esta for deglutida, ela passará pelo estômago e chega ao intestino, que por ser anaeróbico, se torna o ambiente de predileção desta larva. A larva tem preferência pelas regiões de jejuno e íleo, porém esta pode se apresentar em todo o intestino caso sua carga parasitária seja alta. A larva de 4º estágio, quando na glote, é expelida junto com muco, pode medir 0,5 cm sendo visível a olho desarmado, podendo servir de diagnóstico. A larva de 4º estágio, no intestino sofre a 4º muda e evoluí para verme adulto: possui tubo digestivo completo e possui enzimas digestivas semelhantes a humanas, com isso ela compete diretamente com o hospedeiro pelo alimento. A larva irá se desenvolver a atingir maturidade sexual, acasalando na luz intestinal, estes vermes se movimentam contra o peristaltismo intestinal já que não apresentam estrutura de fixação. Após o acasalamento, a fêmea elimina os ovos que irão ser eliminados junto às fezes de seu hospedeiro. Geralmente seus quadros são assintomáticos em pacientes adultos, já em crianças pode-se observar diarréia aguda, desidratação, febre e dor abdominal desde que a doença esteja na fase intestinal. Parasitologia Básica • Aula 2 •AV2• Vitor Lucas Crianças com carga parasitária baixa, geralmente não possuem sintomatologia ou uma sintomatologia subjetiva (ex.: dor na barriga), podem ingerir vermífugos e eliminar estes parasitas nas fezes. Pacientes com muitos vermes adultos na luz intestinal, devido as suas características de serem cilíndricos e alongados, acabam formando novelos parasitários, que podem acarretar em obstrução da alça intestinal. Com a formação de novelos parasitários, ocorre a obstrução da alça intestinal, levando o paciente a apresentar constipação, dor abdominal e febre altíssima (devido ao processo inflamatório na alça intestinal). Se não ocorrer intervenção adequada, pode-se ter ruptura de alça intestinal levando a extravasamento de material fecal para a cavidade → septicemia → falência múltipla dos órgãos e óbito. Os novelos parasitários,não são exteriorizados com a utilização de vermífugo, sendo necessária intervenção cirúrgica, com abertura de cavidade abdominal com anastomose intestinal e retirada de novelo parasitário, pois é preciso avaliar a área intestinal que está necrosada. Em crianças a sintomatologia costuma aparecer em cerca de 25-30 dias após a infecção.