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ESTAGIO SUPERVISIONADO 2019/1 - Constitucional 5

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
MINISTÉRIO PUBLICO DO ESTADO SÃO PAULO, já devidamente qualificado nos autos da AÇÃO CIVIL PÚBLICA em face de PREFEITURA MUNICIPAL DE ROSANA / SP, por sua PROCURADORA DE JUSTIÇA infra-assinada, vem com o respeito e supero acatamento a presença de V. Exa. Com base no artigo com fundamento no art. 102, III, ‘a’ da Constituição Federal, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado, conforme procuração em anexo, propor o presente:
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Contra o v. acórdão de fls. (xx) dos autos, nos termos que seguem. Requer, para tanto, que o recurso seja recebido e, após notificada a parte contrária, seja determinada a sua remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal, para que dele conheça e profira nova decisão.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Rosana/SP, ____ de __________ de 201__.
_________________________
Luiz de Tal
Promotor de Justiça da Comarca de Rosana/SP
AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
PROCESSO Nº XXXXXXXX
RECORRENTE: Ministério Público do Estado de São Paulo 
RECORRIDO: Município de Rosana
RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO
I – DOS FATOS
A Procuradora de Justiça foi intimada pessoalmente da decisão no dia 1º de março de 2018.
Na ação Ordinária o embargante ajuizou uma Ação Civil Pública, foi proposta visando a criação de vagas para o ensino fundamental do município de Rosana, no interior paulista. Foi requerida tutela de urgência em razão de as crianças não terem acesso à escola e correrem o risco de perderem o ano letivo. 
O magistrado de primeiro grau indeferiu a tutela liminar, bem como sentenciou improvida a ACP, fundamentando a sua decisão no fato de o direito à educação ser um direito social e, por isso, teria natureza de norma programática. Assim, não caberia ao Judiciário interferir na Administração Pública para concretizar tais direitos. 
Após ingresso com o recurso à apelação, os autos foram remetidos para o Tribunal de Justiça. Esse Tribunal julgou o recurso de Apelação improvido, sob a fundamentação de que os direitos fundamentais em discussão, apesar de previstos na constituição, devem se submeter à “reserva do possível”. 
Sem analisar o dispositivo constitucional indicado na apelação, o Acórdão do Tribunal apenas apontou que a realidade enfrentada pelo município não permite que o judiciário estabeleça deveres de criação de vagas, tudo em razão da estrutura e as condições econômicas insuficientes alegadas pela municipalidade. 
A turma de desembargadores entendeu que a realidade do município não pode ser ignorada pelo Poder Judiciário. Assim, não poderia o Poder Judiciário impelir o Executivo a criar vagas para todos os alunos em idade escolar quando não há orçamento para tanto, sobre o pedido de Criação de novas vagas no ensino fundamental para os jovens que ainda se encontram fora das salas de aula, podendo atrasar a vida acadêmica e profissional dos mesmos. 
CABIMENTO DO RECURSO
Prequestionamento expresso das normas constitucionais violadas.
Enfatizasse que o prequestionamento das normas constitucionais foi violada e teve objeto de recurso próprio movido pelo Ministério Público, em sede de embargos de declaração sendo improvidos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo
 Repercussão geral
O presente recurso preenche o requisito previsto no art. 102, III, § 3º da CF e no art. 1.035 do CPC, eis que o objeto da demanda é a preservação de vagas nas escolas, logo evidente que a matéria tratada na demanda transcende o interesse das partes nela presentes. A decisão proferida irá afetar uma gama de pessoas, não apenas as partes envolvidas no processo. É questão de grande relevância social e econômica para a população do Município de Rosana, e para o País como um todo.
Ademais, do ponto de vista jurídico, sua relevância se dá pela matéria de direito que se pretende seja revisada. Refere-se à repartição de competência constitucional dos entes federativos, ou seja, questão de grande relevância, e que poderá afetar outros recursos que não apenas o presente.
Nestes termos, em razão de transcender o direito subjetivo das partes nela envolvidas e por estar demonstrada a repercussão geral no caso concreto, o presente Recurso Extraordinário merece ser conhecido.
Assim destaco que a referida decisão envolve questões relevantes do ponto de vista econômico e jurídico, eis que gerará efeito multiplicador, já que milhares de outros municípios deixarão de cumprir suas obrigações constitucionais.
II - DO EFEITO SUSPENSIVO ATIVO
Conforme narrativa da decisão expressa do magistrado e tribunal de justiça percebesse que a presença da concessão do efeito no que se refere a probidade do direito (fumus boni juris), quanto no perigo ou dano do processo (periculum in mora.
O magistrado de primeiro grau indeferiu a tutela liminar, bem como sentenciou improvida a ACP, fundamentando a sua decisão no fato de o direito à educação ser um direito social e, por isso, teria natureza de norma programática. Assim, não caberia ao Judiciário interferir na Administração Pública para concretizar tais direitos.
Após ingresso com o recurso à apelação, os autos foram remetidos para o Tribunal de Justiça. Esse Tribunal julgou o recurso de Apelação improvido, sob a fundamentação de que os direitos fundamentais em discussão, apesar de previstos na constituição, devem se submeter à “reserva do possível”. 
Destacasse o dispositivo 300 da CPC: 
Art. 300 - A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Periculum In Mora é o receio que a demora da decisão judicial cause um dano grave ou de difícil reparação ao bem tutelado.
Isso frustraria por completo a apreciação ou execução da ação principal.
Portanto, juntamente com o fumus boni iuris, o periculum in mora é requisito indispensável para a proposição de medidas com caráter urgente. A configuração do periculum in mora exige a demonstração de existência ou da possibilidade de ocorrer um dano jurídico ao direito da parte de obter uma tutela jurisdicional eficaz na ação principal. 
Fumus Boni Iuris é um sinal ou indício de que o direito pleiteado de fato existe.
Não há, portanto, a necessidade de provar a existência do direito, bastando a mera suposição de verossimilhança.
Esse conceito ganha sentido especial nas medidas de caráter urgente, juntamente com o periculum in mora.
III - DO MÉRITO RECURSAL
III.I separação dos poderes e reserva do possível
A tese da reserva do possível sustenta que a satisfação dos direitos fundamentais é limitada pela capacidade orçamentária do Estado.
Mínimo existencial caracterizando como a garantia de atendimento básico para a manutenção da esfera de dignidade dos indivíduos, com a garantia mínima do gozo de direitos fundamentais previstos na constituição, como saúde, educação, moradia.
Assim destacamos os dispositivos a seguir para enfatizar o que é separação dos poderes e reserva do possível
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
[...]
 IV -  os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Já por sua vez o artigo 7º, inciso IV, da CRFB/88, delimita o conjunto de bens e utilidades básicas imprescindíveis para uma vida com dignidade, tais como saúde, moradia, educação fundamental, entre outros. 
III.II - do direito a educação
Diz o artigo 205 da Constituição Federal de 1988: 
" A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e suaqualificação para o trabalho".
A criança e ao adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho estando previsto no artigo 53 do ECA. 
III.III - papel prioritário.
O referido dispositivo nos traz que será de prioridade as necessidades dos ensinos infantil e fundamentais: 
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
    § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
    § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
    § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.
    § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.
    § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.
O art. 4º do CPC de 2015 faz alusão a dois princípios fundamentais do processo civil do Estado Democrático Brasileiro: o da duração razoável do processo (que tem guarida constitucional no art. 5º, LXXVIII, da Lei Maior) e o da primazia da resolução do mérito. É que o aludido dispositivo expressamente afirma que “[a]s partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”.
III.VI - prioridade no atendimento
Assim evidenciasse que se tratando de vagas educação para crianças e adolescente gera uma grande gama de insatisfação na sociedade pois é dever do Estado, Município, Distrito federal e União da total prioridade no atendimento e fazer com que seja alcançado o objetivo principal da sociedade e coletividade.
Aduz o art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação.
VI - DOS PEDIDOS
Diante de todo exposto vossa excelência requerer que seja reconhecido o conhecimento e provimento de tal recurso com a reforma do Acórdão proferido pelo TJ SP que indeferiu o pedido de que sejam criadas e disponibilizadas vagas do ensino fundamental infantil no município réu, bem como o deferimento do pedido de efeito ativo.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Rosana/SP, ____ de __________ de 201__.
_________________________________
Luiz de Tal
Promotor de Justiça da Comarca de Rosana/SP