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Fungos e Micotoxinas em alimentos Profa. Edirsana Carvalho Micologia: Mykes-cogumelo + logos-estudo; Eucariotos; Ubíquos; Unicelulares e/ou pluricelulares; Heterotróficos – nutrição absortiva Quimiorganotróficos Fungos Características Gerais Reprodução: sexuada e assexuada; Dispersão: disseminação dos propágulos água, animais, homem, sementes, insetos e pelo ar.; Aeróbios ou anaeróbios facultativos; Crescem bem à temperatura ambiente e em meios ácidos. Fungos Características Gerais - Não sintetizam clorofila - Não têm celulose (exceto alguns aquáticos) - Não armazenam amido (subst. de reserva) ≠ Plantas = Animais - Presença de quitina - Armazenam glicogênio A partir de 1969 – Reino Fungi Fungos Importância dos fungos Penicilina Penicillium chrysogenum (ou P. notatum). Ela foi descoberta pelo médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming e está disponível como fármaco desde 1941, sendo o primeiro antibiótico a ser utilizado com sucesso Cefalosporina Cephalosporium acremonium (Acremonium chrysogenum). Isolada por Giuseppe Brotzu, em 1948. Relações Ecológicas Saprófitas Parasitas Simbiontes Saprófitas Decompõem resíduos em formas mais simples (ciclagem); Fungos utilizados em processos fermentativos, decomposição de poluentes (pesticidas), produção de alimentos; Degradação de materiais (couro, madeira, tintas, combustíveis, alimentos); Importância das enzimas extracelulares Simbiontes Micorrizas Líquens Fungo entomopatogênico Parasitas Candida albicans : Candidíase Fungos endofíticos Micologia Clínica Membros da microbiota normal (comensais) Agentes de infecções: micoses (relação de parasitismo) Agentes de intoxicações: micetismo e micotoxicose Responsáveis por reações de hipersensibilidade: Alergia Micologia Clínica - Fungos Patógenos primários: possuem fatores de virulência que lhes permitem romper ativamente as defesas do hospedeiro. Blastomyces dermatitidis (América do Norte), Coccidioides immitis (Estados Unidos e México), Histoplasma capsulatum (Estados Unidos) e Paracoccidioides brasiliensis (Brasil e América do Sul) Patógenos oportunistas: somente causam infecção quando ocorrem quebras nas barreias protetoras da pele e membranas mucosas ou quando existe falhas no sistema imune do hospedeiro. Candida, Cryptococcus spp. e Aspergillus spp. Micologia Clínica Micoses Candida albicans : Candidíase Candidíase gastrointestinal (GI) Candidíase vulvovaginal Micologia Clínica Micoses Tinea corporis: Dermatofitose Malassezia spp: Pitiríase Tinea unguinum: Onicomicose Micologia Clínica Micotoxicoses Aspergillus flavus : Aflatoxina Penicillium e Aspergillus : Ocratoxina A contaminados com Intoxicação causada pela ingestão de alimentos micotoxinas produzidas por fungos filamentosos. Exposição humana às micotoxinas Direta Ingestão de alimentos contaminados Aflatoxina – amendoim/milho Patulina – suco de maçã Ocratoxina – café Indireta Consumo de alimentos originados de animais previamente expostos às micotoxinas presentes em rações Micologia Clínica - Micetismo Micetismo ou envenenamento por cogumelos é a intoxicação causada pela ingestão de fungos macroscópicos toxígenos; Cogumelos com efeitos alucinógenos; A toxicidade pode se manifestar quando se ingere as toxinas no fungo in natura (toxinas termolábeis) ou quando submetidos à ebulição (termorresistentes)“Chá”. Amanita gemmata Amanita muscaria Lepiota helveola Fungos de importância clínica Alergênicos Aproximadamente 300 espécies de fungos já foram descritas alérgenos. A alergia a como fungos manifesta-se, principalmente, com sintomas clínicos de asma brônquica e rinite. Fungos Leveduras Filamentosos Leveduras Unicelulares Esféricas, ovais ou elipsóides Algumas formam pseudo-micélio Morfologia dos Fungos Macromorfologia: características macroscópicas (coloniais) Micromorfologia: características microscópicas Fungos Filamentosos - Bolores Colônias de aspecto seco, aveludadas, algodonosas, pulverulentas. Macromorfologia Fungos Filamentosos - Micromorfologia Características microscópicas: . Multicelulares e filamentosos; . Hifas: Estruturas tubulares e ramificadas; . Conjunto de hifas massas filamentosas enoveladas. MICÉLIO Fungos Filamentosos - Micromorfologia Hifa Micélio Fungos Filamentosos - Micromorfologia Tipos morfológicos de hifas Apocítica (Septada) Cenocítica ( Asseptada) Apocítica (Septada) Cenocítica ( Asseptada) Micélio Reprodutivo Fungos unicelulares - leveduras Colônias de aspecto úmido, cremosa ou pastosa. Macromorfologia Fungos – Aspectos coloniais Leveduras - Micromorfologia Unicelulares Esféricas, ovais ou elipsóides Algumas formam pseudo-hifa Leveduras Fungos e alimentos Muitos fungos são comestíveis e utilizados na alimentação humana. Cogumelos, como o champignon e o shitake. Outros fungos são utilizados na produção de alimentos, como o pão, e em bebidas alcoólicas, como o vinho e a cerveja. MICOTOXINAS “A presença da aflatoxina nos alimentos contribui sobremaneira para mais de um terço dos casos de neoplasias que tenha relação com a dieta” (CIB, 2004) Fungo Aspergillus se desenvolve principalmente no milho “O índice de câncer hepático na África – grande consumidor de amendoim, um grão altamente contaminável – é 13 vezes maior que em outros países” (SANTURIO, 2004) Micotoxinas → metabólitos secundários tóxicos produzidos por uma variedade de fungos, especialmente por espécies dos gêneros: Aspergillus sp Fusarium sp Alternaria sp Penicillium sp Fungos de campo e fungos de armazenamento: As micotoxinas que se formam antes das colheitas Depois da colheita - desaparecem associações entre fungos e plantas - fatores físicos determinam se fungos de armazenamento se desenvolverão. As condições ótimas não são idênticas para fungos e micotoxinas e dependem de diferentes fatores: As condições ótimas não são idênticas para fungos e micotoxinas e dependem de diferentes fatores: Fatores físicos: umidade e água disponível; Temperatura → 25ºC e 30ºC e o limite máximo entre 40 e 45ºC; Integridade física dos grãos → os tegumentos intactos do grão dificultam o acesso do fungo ao amido endospérmico. Tabela Mofos Aspergillus flavus Aspergillus clavatus 1. Temperatura mínima necessária para o desenvolvimento de alguns fungos e para a produção de micotoxinas. ºC Micotoxinas ºC 10º Aflatoxinas 10º 10º Patulina 12º Aspergillus ochraceus 10 - 12º Ocratoxina 12º Penicillium expansum 0º Patulina 0 - 24º Penicillium cyclopium 0º Ocratoxina 0 - 24º Penicillium cyclopium 0º Acido penicílico 4º Fusarium roseum 15º Zearalenona 10º . Previsão dos períodos de armazenagem sem bolores para a cevada a diferentes temperaturas e conteúdos de umidade Micotoxinas e o clima no Brasil Fatores químicos: pH – na faixa 2,5 - 7,5 (são capazes de alterar o Composição do substrato e nutrientes minerais → produção de micotoxina – Fe e Zn são os elementos mais importantes; – Potencial de oxi-redução (O2/CO2) → A maior parte é aeróbia – excesso de CO2 pode impedir desenvolvimento fúngico. Fatores biológicos: – Presença de invertebrados → o metabolismo do substrato e a ruptura do pericarpo permite inseto eleva a quantidade de umidade do a infecção do interior do grão; menos – Linhagens específicas → mais ou susceptível Tabela 2. Produção de aflatoxina (ppm) por diferentes linhagens de Aspergillus parasiticus em diversos grãos Semente NRRL3000 NRRL2999 NRRL3145 Amendoim 107 104,0 8,50 Soja 19 2,8 0,06 Milho 53 47,0 5,50 Trigo 72 19,0 7,10 Arroz 107 185,0 10,60 Sorgo 72 88,0 57,60 Por que elas preocupam? Substâncias estáveis e resistentes - atividade tóxica persiste por um longo tempo nos alimentos, mesmo após o desaparecimento dos fungos que as originaram; Não alteram aparência dos alimentos; peso pelos São compostos químicos de baixo molecular, que não sãodetectados antígenos. Por que elas preocupam? Contaminação aguda é mais freqüente em animais domésticos - altos teores encontrados em rações; Efeitos crônicos no homem, danos: Nos rins; No fígado; Nos sistemas nervoso e imunológico; Trato gastrointestinal; Alterações estrogênicas, carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas. Em quase todas as matérias-primas destinadas a gêneros alimentícios, tais como: Arroz; Milho; Café; Sorgo; Semente de algodão; Frutas; Presunto; Feijão; Trigo; Cevada; Soja; Castanha-do-pará; Nozes; Queijo; Leite; Vinho Cerveja. UM OU MAIS TIPOS DE MICOTOXINAS 25% da safra mundial de grãos é perdida em função de fungos e micotoxinas Perda na produção de amendoim já foi de 50% por causa da aflatoxina Mais de 500 micotoxinas conhecidas e produzidas por cerca de 100 espécies de fungos pertencentes, principalmente, aos gêneros Aspergillus, Alternaria, Fusarium e Penicillium. 50 Quando, onde e como são produzidas? Produtos agrícolas estão sempre predispostos e susceptíveis à contaminação por micotoxinas durante: a colheita; a estocagem; o transporte; o processamento; a armazenagem. Ausência de fungos não implica na ausência de micotoxinas 51 A ocorrência de micotoxinas depende de fatores extrínsecos e intrínsecos Extrínsecos Estação do ano; Condições de cultivo e colheita; Armazenagem; Região e Clima. Intrínsecos Produto vegetal; Microbiota natural e contaminante; Umidade relativa e atividade de água; Temperatura; Infestação por insetos; % de integridade dos grãos. 54 Histórico Desde há muito tempo - Cogumelos (macrofungos) → sérios riscos à saúde humana; Recentemente - metabólitos produzidos por fungos filamentosos (microfungos),ao entrarem na cadeia alimentar → epidemias em humanos e animais; •10 pragas do Egito (Êxodo e Jó) - evidências da presença de micotoxinas nos alimentos Ergotismo - Fogo de Santo Antônio morte de milhares de pessoas na Idade Média, séculos XI e XVI, na Europa; provocava a sensação de queimação na pele na população que consumia cereais contaminados por Claviceps purpúrea; vasoconstritoras da ergotamina. (MATOSSIAN, 1981) Doença do arroz amarelo (séculos XIX e XX) no Japão: – morte por consumo de arroz mofado. A doença foi atribuída a citreoviridina, toxina cardiotóxica (beribéri cardíaco) produzida por fungos do genêro A staquibotriotoxicose → causou a morte de dezenas de milhares de eqüinos na antiga URSS, 1930-1940. (MOREAU, 1979) Aleucia Tóxica Alimentar (ATA) (1941-1945): – 100.000 russos enfermos levando a óbito, causado por tricotecenos, micotoxinas produzidas por Fusarium; •A aflatoxicose → matou 100.000 perus jovens - Reino Unido, em 1960, sendo também responsabilizada pela morte de outros animais e até, provavelmente, de humanos. (RODRICKS et al., 1977; PITT e HOCKING,1986) dos Bálcãs(1957-1958), leste A nefropatia europeu: – ingestão de alimentos contaminados com ocratoxina A produzida por Aspergillus ochraceus Penicillium; Noroeste da Índia (1974) → surto de aflatoxina B1 em 397 pessoas, após a ingestão de milho contaminado. Cerca de 108 pessoas morreram; Quênia (1982) → surto devido à ingestão de alimento contaminado com aflatoxina B1 - 20 pessoas adoeceram e 12 delas morreram. Micotoxinas Toxinas produzidas por fungos filamentosos → micotoxinas Micotoxinas (do grego, mykes = fungo) → compostos policetônicos resultantes das reações de condensação que ocorrem quando se interrompe a redução dos grupos cetônicos na biossíntese dos ácidos graxos realizada pelos fungos. Cerca de 400 diferentes micotoxinas (BETINA, 1984) A definição de micotoxina é difícil: Diversidade de sua estrutura química Origens de sua biossíntese; Amplos efeitos biológicos; Produzidas por uma enorme variedade de espécies Definição correlacionada ao grupo de especialista envolvido no seu estudo (médicos , celular, bioquímico e especialista em biologia micologistas). Todos os pesquisadores concordam → micotoxinas estão amplamente incorporadas aos alimentos e seus derivados - problema de saúde pública; (BENNETT e KLICH, 2003) Micotoxinas em alimentos e derivados não é um problema apenas de países em desenvolvimento. Micotoxinas - afetam o agronegócio: Interferindo ou até mesmo impedindo a exportação; Reduzindo a produção animal e agrícola; (JELINEK et al., 1989; MILLER, 1995; LEUNG et al., 2006) Países em desenvolvimento – o problema é sério: Produtos de boa qualidade → exportados Produtos de qualidade inferior (níveis de micotoxinas superiores aos permitidos nos países importadores) → consumidas no mercado interno, com riscos evidentes para a saúde da população (DAWSON, 1991) Micotoxinas → entram nas cadeias alimentares humana e animal por meio de duas maneiras: Contaminação indireta de alimentos e rações - um ingrediente qualquer foi previamente contaminado por um fungo toxigênico, e mesmo que o fungo tenha sido eliminado durante o ainda processamento, as micotoxinas permanecerão no produto final. Contaminação direta de alimentos e rações. - ocorre quando o produto, o alimento ou a ração, se torna contaminado por um fungo toxigênico, com posterior formação de micotoxinas. Alimentos e rações podem permitir o crescimento e o desenvolvimento de fungos toxigênicos, tanto durante a produção, quanto durante o processamento, o transporte e o armazenamento. Toxicidade AGUDA → resultando em danos aos rins ou fígado; CRÔNICA → resultando em câncer de fígado; MUTAGÊNICA → causando danos no DNA; TERATOGÊNICA → causando câncer em crianças por nascer. Mecanismos de ação das micotoxinas : efeitos biológicos Interrompem o metabolismo celular → potentes inibidores da síntese protéica em eucariotas; Bloqueio das vias metabólicas – lesões → inibe as atividades mitocondriais; Interagem com o DNA e RNA – Síntese protéica. Alteram a estrutura e a função da membrana celular → interrompem o transporte da membrana celular; Reagem com enzimas → inativa certas enzimas com grupos Tiol e inibe a síntese lipídica; Reagem com co-fatores como as vitaminas. Principais micotoxinas AFLATOXINAS São micotoxinas produzidas por Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus Aspergillus flavus Regiões tropicais e subtropicais → ótimas condições de temperatura e umidade Principais = AFB1, AFB2, AFG1, AFG2 e AFM1 Principais micotoxinas Aspergillus flavus São encontradas como contaminantes em: Amendoim, Nozes, Castanhas; Amêndoas; Milho; Algodão, Centeio, Cevada, Sorgo; Trigo, Aveia, Arroz; Feijão; Frutas secas; Leite. Causas: Capacidade de se ligarem ao DNA das células - afetam a síntese protéica; Contribuem → aplasia tímica (ausência congênita do timo e das paratireóides - deficiência da imunidade celular; também conhecida como síndrome de Di George) (RAISUDDIN, 1993) Propriedades oncogênicas e imunosupressivas - infecções em pessoas contaminadas; Contribuem → patologias em viciados em heroína, bem como em recém-nascidos de mães viciadas. – Perus, frangos e suínos alimentados com rações contaminadas com aflatoxinas apresentam uma nítida redução de imunidade, ocasionando sérios problemas econômicos aos produtores; (SMITH et al., 1995) – Diminuição da produção de leite e ovos. . Peito de frango congesto - aflotoxina OCRATOXINA A São micotoxinas produzidas Aspergillus ochraceus e Penicillium sp. Penicillium sp. Fator desencadeante → Deficiências no Armazenamento. Penicillium sp. São encontradas como contaminantes em: Milho, Cevada, Centeio; Trigo, Aveia, Sorgo; Café, Feijões, Arroz; Cacau; Uvas, Suco de uvas e Vinhos; Cerveja; Frutas secas; Carne suína e derivados. Causas: Nefropatias, Hepatóxica, Imunossupressora; Teratogênica, Cancerígena; Nefropatia suína - doença é endêmica em suínos da Dinamarca, onde também está associada à morte de aves; (KROGH, 1987; BURNS e DWIVEDI, 1986; HAMILTONet al., 1982) 50% das amostras de arroz, feijão, milho e trigo (Brasil) → níveis de ocratoxina A; (CALDAS et al., 2002) •Presença também confirmada em café torrado e moído, e em café solúvel. (PRADO et al., 2000) FUMONISINAS São micotoxinas produzidas por Fusarium verticillioides e F. proliferatum Fusarium verticillioides Ocorrência mundial no milho e produtos derivados, no Brasil especialmente no milho para ração animal. São bastante estáveis durante o processamento de alimentos. Fusarium verticillioides Causas: – Câncer de esôfago (Transkei, Sul da África; China e nordeste da Itália; (PERAICA et al., 1999) Leucoencefalomácia em equinos e coelhos; (MARASAS et al., 1988; BUCCI et al., 1996; FANDOHAN et al., 2003); Edema pulmonar e hidrotórax em suínos; (HARRISON et al., 1990) – Efeitos hepatotóxicos, carcinogênicos e apoptose (morte celular programada) em fígado de ratos; (GELDERBLOM et al., 1988; 1991; 1996; POZZI et al., 2000) – Estas toxinas inibem a síntese de esfingolipídios; (SHIER, 1992) Edema pulmonar em suínos. TRICOTECENOS São micotoxinas produzidas por Fusarium sp., Myrothecium, Phomopsis, Stachybotrys, Trichoderma, Trichotecium, Verticimonosporium Fatores desencadeantes → temperatura baixa, alta umidade e problemas de armazenamentos Presentes em milho, trigo, cevada, aveia, arroz e outros cereais de inverno. Tricotecenos mais importantes: Desoxinivalenol (DON); Nivalenol (NIV); Toxina T2; Toxina HT2; Diacetoxiscirpenol (DAS) O DON é uma das micotoxinas mais comumente encontradas em grãos. Quando ingerido em doses elevadas por animais, ela causa náuseas, vômitos, diarréia e recusa de alimentos. Causas: inibição da síntese protéica eucariótica, interferindo nos estágios inicial, de alongamento e do terminal da síntese protéica; Os tricotecenos foram os primeiros compostos comprovadamente envolvidos na inibição da atividade da transferase peptídica (STAFFORD e McLAUGHLIN, 1973; WEI et al., 1974). O T-2 → lesões na pele e nos olhos de gado e humanos; alergia alimentar tóxica em humanos; e é 10x mais tóxica que DON. ZEARALENONA São micotoxinas produzidas por F. graminearum e F. culmorum F. graminearum Fatores desencadeantes → temperatura baixa e problemas de armazenamentos São encontradas como contaminantes em: Milho, cevada/malte, sorgo; Centeio; Aveia, arroz; Banana, nozes, soja; Cerveja; Resíduos em ovos, leite e carne. Causas: hiperestrogenismo em suínos – causa feminidade em animais a 1 ppm; Em suínos → pode provocar distúrbios na concepção, aborto e outros problemas; (KURTZ e MIROCHA, 1978) – Em vacas e ovinos têm sido observados problemas reprodutivos (EL-NEZAMI et al., 2002) No Brasil, essa toxina já foi encontrada em cereais e em aveia em flocos. (OLIVEIRA et al., 2002) Causas: Suíno afetado pela micotoxina zearalenona. CITRININA São micotoxinas produzidas por Aspergillus e Penicillium Síndrome do “arroz amarelo” no Japão, em 1971, em virtude da constante presença de Penicillium citrinum nesse alimento. (SAITO et al., 1971) São encontradas como contaminantes em: Arroz; Trigo, farinha; Cevada, milho; Centeio, aveia; Amendoin. Causas: – Nefropatia suína e de outros animais - toxicicidade aguda varia com a espécie de animal; (CARLTON e TUITE, 1977) No Brasil - nefropatia suína, após ingestão de grãos de cevada mofada. (ROSA et al., 1985) PATULINA São micotoxinas produzidas por Penicillium Era utilizada como spray para nariz e garganta no tratamento do resfriado comum, e como pomada para o tratamento de infecções da pele (CIEGLER, 1977; CIEGLER et al., 1971) Micotoxina (BENNETT e KLICH, 2003) São encontradas como contaminantes em: Maçã; Pera; Cereja; Outros frutos. Suco não fermentado de maçã. (MOSS e LONG, 2002) Os estudos sobre sua toxicidade à saúde humana Saúde - dose provisória diária de 0,4 mg/kg de peso corporal como limite máximo de absorção para essa micotoxina. (TRUCKSESS e TANG, 2001) - Aspectos científicos → disponibilidade de informações toxicológicas; conhecimento acerca da distribuição das micotoxinas nos alimentos; metodologia analítica; Aspectos políticos e econômicos → interesses comerciais; impactos na disponibilidade da oferta de alimentos; (VAN EGMOND e DEKKER, 1995;VERARDI e FROIDMONT-GORTZ, 1995; VAN EGMOND e JONKER, 2004). As legislações mais conhecidas são aquelas que regulamentam os níveis de aflatoxinas. Regulamentação de micotoxinas 2003 regulamentar → 100 países os limites - legislação para de micotoxinas em alimentos, rações e commodities; 30% a mais que 1995; 90% da população mundial; (FAO, 2003) Europa - mais completa e detalhada legislação sobre micotoxinas em alimentos. América Latina - 19 países dispõem de legislação para micotoxinas (91% da população continental); Para aflatoxinas encontra-se harmonizada no Mercosul. Considerações finais A contaminação de alimentos e rações por micotoxinas → sério problema de saúde para humanos e animais - obstáculo à economia de países da África, Ásia e da América Latina, nos quais a balança comercial se baseia nas exportações de commodities. No Brasil Alimentos para consumo animal (matérias- primas e rações): – Aflatoxinas (B1+B2+G1+G2) de 50 μg/kg. Portaria MA/SNAD/SFA nº 183, do Ministério da Agricultura (Diário Oficial da União, de 09/11/1988) Nossa legislação contemple apenas as aflatoxinas - pesquisas com outras importantes micotoxinas, como a citrinina, as fumonisinas, a ocratoxina A, a patulina, os tricotecenos e outras menos frequentes. O reconhecimento dos problemas causados pelas micotoxinas nos alimentos e rações → primeiro passo para a implementação de programas - para a prevenção e a redução do problema; Também o uso de métodos para sua remoção ou descontaminação; Rotina de inspeção, legislação para controlar o fluxo de commodities contaminadas com micotoxinas no comércio nacional e internacional; Desenvolver atividades de informação, comunicação e, principalmente, de educação.