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RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

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AO JUÍZO DA ___ VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA-GO
 
VANESSA GOMES DE MOURA MACHADO, brasileira, solteira, atendente, RG nº 6010732, CPF nº737.231.691-04, CTPS nº 9578471, série 030-GO, residente e domiciliado na Rua 1022, Qd.47 Lt.05, setor Pedro Ludovico. CEP: 74820350. vanessamachadobraga@gmail.com, por seu advogado infra-assinado, com procuração em anexo, estabelecido profissionalmente na Avenida Fued José Sebba, Qd. 16-A Lt. 01, Jardim Goiás, nº 1.184 CEP 74.805-100, nesta capital, onde recebe as comunicações de estilo, vem perante Vossa Excelência propor:
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
Em face de CASA DE PIZZA E RESTAURANTE EIRELLI, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 28.035.900/0001-93, com sede em Alameda Ricardo Paranhos ,1, Setor Oeste, Cep: 74180-050, Goiânia- GO.
I. DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA
O reclamante não possui condições financeiras para arcar com as despesas processuais e, caso seja obrigada a suportar o ônus proveniente das despesas do processo, a consequência é prejudicial à sua subsistência. Pede, então, lhe seja deferido o benefício da justiça gratuita, visto que se enquadra nos requisitos estabelecidos no artigo 790 § 4º da Lei 13.467/2017, § 4o  O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. 
II. DA ADMISSÃO
A reclamante foi admitida pela reclamada em 08/06/2017 para exercer as funções próprias de auxiliar de cozinha.
III. DA REMUNERAÇÃO E DURAÇÃO DO TRABALHO
A remuneração acordada entre as partes foi de R$ 1.113,95 (um mil e cento e treze reais e noventa e cinco centavos) que era composta pelo salário da categoria profissional, além deste, a obreira recebia gratificação por assiduidade no valor de R$ 110,00 (centro e dez reais) e uma ajuda de custo no valor de R$ 25,00 (vinte e cinco reais).
Todavia, em novembro de 2017, o empregador parou de pagar a ajusta de custo no valor de R$ 25,00 (vinte e cinco reais). Em relação a jornada de trabalho, a obreira desemprenhava a jornada de segunda a segunda, DSR conforme escala, das 16:00 às 00:00, o intervalo intrajornada passou a ser concedido somente a partir de dezembro de 2017. 
Ademais, percebe-se que o adicional noturno era pago em valor inferior ao estabelecido, além disto, conforme se debruça do extrato da conta vinculada do FGTS, os depósitos não estão integralizados. Outrossim, conforme consta, a obreira não recebeu as verbas devidas rescisórias e o empregador se limitou a pagar o valor de R$ 420,00 (quatrocentos e vinte reais).
IV. DO RECONHECIMENTO DO VÍNCULO TRABALHISTA E BAIXA NA CTPS
Insta salientar que no momento da Admissão realizada em 08/06/2017, o empregador não procedeu com a anotação que reconhece vínculo empregatício na Carteira de Trabalho do empregado, desta forma, a anotação só foi efetivada na data de 01/07/2017. Assim sendo, tal conduta feriu o artigo 29 da CLT: 
A Carteira do Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada, contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de 48 horas para anotar, especificadamente, a data de admissão, a remuneração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.
Neste mesmo sentido, jurisprudência pátria: 
RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMANTE.VÍNCULO DE EMPREGO. DATA DA ADMISSÃO. RETIFICAÇÃO DA CTPS. O cotejo da documentação constante dos autos permite concluir pela efetiva prestação de serviços da autora em prol da primeira demandada, antes da formalização do vínculo em sua CTPS. Apelo provido, com o consequente comando de retorno dos autos à Origem para apreciação dos demais pedidos formulados na inicial, em homenagem ao princípio da juiz natural, sob pena de supressão de instância.
(TRT-4 - RO: 00000786620125040121 RS 0000078-66.2012.5.04.0121, Relator: ALEXANDRE CORRÊA DA CRUZ, Data de Julgamento: 18/07/2013, 1ª Vara do Trabalho de Rio Grande)
Destarte, requer que seja realizada a anotação e baixa da Carteira de Trabalho sendo considerado o último dia trabalhado 24/07/2018.
V. DA INTEGRALIZAÇÃO DAS GRATIFICAÇÕES AO SALÁRIO
Como se perfaz do contrato de trabalho, a obreira recebia gratificações referente a assiduidade e ajuda de custo, todavia, elas não foram incorporadas a natureza salarial para fins de verbas rescisórias e a ajuda de custo foi cortada em novembro de 2017. 
Segundo Saraiva, Renato (2015), a gratificação é uma remuneração gênero, no qual compreende as espécies de salário. No âmbito do direito do trabalho, em regra, a gratificação caracteriza-se como uma forma de agradecimento ou reconhecimento pelos serviços prestados pelo empregado (metas) ou como recompensa pelo respectivo tempo de serviço na empresa.
Desta forma, a gratificação deve ser incorporada ao salário, conforme o parágrafo 1º do artigo 457 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador”
	Outrossim, é entendimento fulcral, de acordo com a súmula 207, STF, que as gratificações habituais, inclusive a de natal, consideram-se tacitamente convencionadas, integrando o salário. 
	Sendo assim, requer que seja declarado a natureza salarial das gratificações de assiduidade e da ajuda de custo, como a integração, já supracitada, para todos efeitos ao salário base da obreira, bem como a condenação ao pagamento nos meses que foram supridas. 
	
VI. INTERVALO INTRAJORNADA
	
Como se dessume do contrato de trabalho, a obreira trabalhava das 16:00 às 00:00 sem intervalo intrajornada. Segundo Cairo Jr, José (2017) o intervalo intrajornada compreende ao período designado à alimentação ou ao repouso no decorrer da jornada de trabalho. Portanto, o obreiro direito ao descanso ao decorrer da sua jornada de trabalho. 
	De acordo com o artigo 71 da CLT, o obreiro goza: 
Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
Destarte, como se pode dessumir do artigo, o texto legal, tem-se as seguintes exigências quanto à concessão/fruição do intervalo intrajornada:
1) para o trabalho com duração de até 4 horas, nenhum intervalo é exigido;
2) em jornadas de 4 a 6 horas, é obrigatória a concessão de intervalo pelo período de 15 minutos;
3) nas jornadas superiores a 6 horas, o intervalo mínimo exigido é de 1 hora, não podendo ser superior a 2 horas, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário.
	Desta forma, conforme se infere do artigo, a obreira teria, obrigatoriamente, a concessão de intervalo de, no mínimo, 1 hora. In case, não foi concedido, logo, requer que seja computado o intervalo intrajornada do período de admissão até o novembro de 2017 mais o valor de 50% sobre a remuneração da hora normal de salário, conforme o parágrafo 4°, do artigo 71, da CLT consubstanciado com a súmula 437° do TST: 
Quando o intervalo para repouso e alimentação, previsto neste artigo, não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar o período correspondente com um acréscimo de no mínimo 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho. 
Súmula 437° do TST: 
INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012
 I - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquelesuprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração.
II - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da CF/1988), infenso à negociação coletiva.  
III - Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais.
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.
VII. ADICIONAL NOTURNO
	Segundo Saraiva, Renato (2015) adicional noturno é um acréscimo no valor da hora trabalhada daqueles profissionais que tem o expediente no período da noite, ou cujas horas extras ocorrem após o período diurno. 
	Posto isto, conforme o inciso IX, artigo 7°, da Constituição Federal, percebe-se adicional noturno o obreiro que trabalha entre às 22:00 horas de um dia a 5:00 horas do dia seguinte, além disto, segundo o artigo 73 da CLT, o valor da hora noturno corresponde ao acréscimo de, no mínimo, 20% sobre a hora diurna:
Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 9.666, de 1946)
	
Sendo assim, a reclamante faz jus ao adicional noturno conforme já explicitado, contudo, conforme se infere dos contracheques acostados, àquele era pago em valor menor ao previsto legalmente. Logo, requer que seja computado a diferença de adicional noturno. Jurisprudência pátria pulsa no mesmo sentindo:
DIFERENÇAS DE ADICIONAL NOTURNO. Hipótese em que, tendo o reclamante apresentado por amostragem a existência de diferenças de adicional noturno e não tendo a reclamada logrado desconstituí-la, impõe-se o deferimento do pedido.
(TRT-4 - RO: 00215497120155040271, Data de Julgamento: 11/12/2017, 11ª Turma)
VIII. DO FGTS
Conforme disposição do artigo 15, lei 8036, de 1990, Lei do FGTS, o empregador ficado obrigado a depositar todo o dia 07 a importância de 8% sobre a remuneração paga ou devida:
Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.            (Vide Lei nº 13.189, de 2015) Vigência
Sendo assim, requer que a reclamada integralize o FGTS de todo o período laborado, tendo em vista que, conforme o extrato da conta vinculada ao FGTS não fora efetuado depósitos como deveria.
IX. DA MULTA DE 40% SOBRE O FGTS
Requer a condenação da reclamada ao pagamento da multa fundiária equivalente a 40% (quarenta por cento) calculado sobre a integralidade dos depósitos relativos ao FGTS, com fulcro no art. 18, da Lei 8.036/90.
	
X. DA MULTA DO ART. 477, § 8º DA CLT
Cessado o pacto laboral avençado entre Reclamante e Reclamada, o ordenamento jurídico trabalhista fixa um prazo para que sejam adimplidas as verbas rescisórias devidas ao laborista, sob pena da aplicação de multa no valor de 1 (um) salário.
O dispositivo do art. 477, § 8º Consolidado, objetiva assegurar ao laborista um razoável prazo para receber suas verbas alimentares, devendo ser aplicada, destarte, ao empregador inadimplente, uma pena de caráter pedagógico a fim de garantir a efetivação do preceito celetista contido no mesmo artigo 477 em seu § 6º.
XI. DO SALDO DE SALÁRIO
Será considerado o dia 02/07/2018 como sendo o último dia trabalhado a título de cumprimento de aviso prévio em razão da extinção do pacto laboral. Isso posto, verifica-se que o obreiro faz jus ao recebimento de 21 dias de saldo de salário, referente ao mês de janeiro de 2018. 
O saldo de salário deverá ser calculado com base no valor do salário da categoria conforme CCT, assiduidade e horas extras.
XII. DO 13º SALÁRIO
Tendo o reclamante laborado fará jus ao recebimento proporcional do 13° salário referente ao ano de 2017. De acordo com a lei nº 4.090/62:
Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independente da remuneração a que fizer jus.
(...)
Parágrafo único - A gratificação corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, por mês de serviço, do ano correspondente, sendo que a fração igual ou superior a 15 dias de trabalho será havida como mês integral. 
Instrução Normativa nº 2, de 12/03/92:
 Art. 16 - O pagamento do 13º salário corresponderá a 1/12 avos da remuneração devida em dezembro, ou no mês da rescisão, por mês de serviço. A fração igual ou superior a 15 dias trabalho será devida como um mês integral. Essa gratificação é devida, inclusive, na rescisão contratual por iniciativa do empregado. 
Jurisprudência: TST
Enunciado nº 2
13º salário
É devida a gratificação natalina proporcional (Lei nº 4.090/62), na extinção dos contratos a prazo; entre estes incluídos os de safra, ainda que a relação de emprego haja findado antes de dezembro.
XIII. DA PLANILHA DE CÁLCULO DOS BENEFÍCIOS
O Reclamante, em face de sua dispensa sem justa causa, faz jus aos seguintes benefícios remuneratórios, conforme planilha de cálculo abaixo:
XIV. PEDIDOS
Isto posto, requer: 
A) Seja recebida a presente reclamatória, em todos os seus termos determinando as notificações das Reclamadas no endereço constante no preâmbulo desta peça de ingresso para, caso queira, responder sob pena de revelia e confissão quanto à matéria fática;
B) Seja a reclamada compelida a proceder a anotação da baixa na CTPS; 
C) A condenação ao pagamento de:
- Saldo de salário R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais);
- A multa do art. 477 R$ 1.100 (um mil e cem);
- 13º salário R$ 733,46 (setecentos e trinta e três reais e quarenta e seis centavos);
- FGTS –R$ 1487,05 (um mil e quatrocentos e oitenta e sete reais e cinco centavos);
- Multa de 40% 594,82 (quinhentos e noventa e quatro reais e oitenta e dois centavos);
- Diferença de Adicional Noturno 456,89 (quatrocentos e cinquenta e seis reais e oitenta e nove centavos);
- Assiduidade 528,00 (quinhentos e vinte e oito reais);
- Salário por fora 195,00 (cento e noventa e cinto);
- Hora Intervalar 1.125,00 (um mil e cento e vinte e cinco reais); 
- Férias Vencidas + 1/3 1.714,27 (um mil e setecentos e quatorze reais e vinte e sete centavos);
- Férias proporcionais + 1/3 279,42 (duzentos e setenta e nove reais e quarenta e dois centavos);
- TOTAL: 9.093,41 (nove mil e noventa e três reais e quarenta e um centavos).
D) A condenação da reclamada a entregar o TRCT e chave de conectividade para saque do FGTS depositado, bem como as guias CD/SD; 
E) A condenação da reclamada a efetuar os depósitos fiscais e previdenciários conforme sumula 368, do TST; 
F) A concessão do benefício da justiça gratuita com base no artigo 790 parágrafo 4° da lei 13.467/2017;
G) Enfim, pede o envio de ofício à União, Caixa Econômica Federal, Ministério Público do Trabalho e Superintendência Regional do Trabalho para as providências cabíveis;
H) A condenação dareclamada ao pagamento de todos os pedidos postulados na exordial;
I) A atualização monetária e juros de mora nos termos da súmula 381 do C. TST;
Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitido, notadamente pelo depoimento pessoal do representante legal da reclamada sob pena de confissão. 
Dá-se à causa o valor de R$ TOTAL: 9.093,41 (nove mil e noventa e três reais e quarenta e um centavos).
Termos em que
pede e espera deferimento.
Goiânia, 16 de março de 2018
RAFAELA MARTINS
OAB/GO Nº

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