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Profa. Dra Simone Augusta Ribas Gestação: aspectos fisiológicos, pré-natal e orientação nutricional Caracterização do grupo materno-infantil Conceito e Diagnóstico da gestação Cálculo da Idade Gestacional Ajustes Fisiológicos da Gestação Fatores associados ao resultado da gestação Assistência Pré- Natal Orientações Nutricionais Sumário Caracterização do Grupo Materno Infantil Mulheres em idade reprodutiva 10 a 49 anos Gestantes Puérperas (até 42 dias após o parto) Nutrizes/lactantes Lactentes (0 a 11 meses e 29 dias) Pré-escolares (12 meses a 6 anos 11 meses e 29 dias) Escolares (7 anos a 9 anos 11 meses e 29 dias) Adolescentes (10 a 19 anos 11 meses e 29 dias) Gestação (gestante) Parto (parturiente) Puerpério (puérpera) CICLO GRAVÍDICO-PUERPERAL OMS = 15% das gestantes tendem a apresentar alguma intercorrência de maior gravidade, culminando na necessidade da conclusão da gestação por cesariana Estimativa = 40% das gestantes vivenciam alguma forma de morbidade Episódio do ciclo de vida das mulheres, vivenciado de modo fisiológico pela maioria delas. GESTAÇÃO Período de modificações fisiológicas, anatômicas, psicológicas e sociais à mulher e à família; Diversos fatores envolvidos para a manutenção da gestação; Adaptações do organismo materno; Alta velocidade de crescimento fetal; Maior vulnerabilidade mãe-filho. Diagnóstico da Gestação Clínico, Hormonal e Ultrassônico. Parâmetro Clínico: de presunção, probabilidade e de certeza. Presunção: – 4 semanas: Amenorreia; – 5 semanas: Náuseas, vômitos e anorexia; – 6 semanas: aumento volume uterino: polaciúria (comum 2º e 3º mês) – 8 semanas: Congestão mamária, hiperpigmentação da aréola; – 16 semanas: Produção de pré-colostro. Accioly et al., 2012 Diagnóstico da Gestação Clínico- Probabilidade: – 6 semanas: Atraso menstrual de 10-14 dias; – Útero aumentado (tamanho de uma tangerina); – 8 semanas: Alteração da forma e consistência uterina (elástica-pastosa e amolecida), volume uterino tem 2x o tamanho uterino não-gravídico; – 12 semanas: volume uterino tem 4x o tamanho uterino não-gravídico; – 16 semanas : aumento do volume abdominal; – 20 semanas: atinge a altura do umbigo. Accioly et al., 2012 Diagnóstico da Gestação Clínico- Certeza: – 12 semanas: ausculta dos batimentos cardíacos fetais; – 18 semanas: Percepção e palpação dos movimentos ativos do feto; – 20-21 semanas: auscultação e identificação dos batimentos cardíacos fetais com estetoscópio de Pinard. Accioly et al., 2012 Hormonal: – Investiga a produção do hormônio proteico gonadotrofina coriônica humana (b-HCG) pelo ovo (urina ou no sangue). Ultrassonografia: Após 4/5 semanas de amenorréia Idade Gestacional Calculada a partir do 1º dia do último período menstrual normal, sendo expressa em semanas ou dias completos. MS (2006) recomenda seguintes métodos para calcular IG: DUM (padrão de escolha): Uso do calendário ou disco (gestograma) DUM desconhecida, mas conhece o mês que ela ocorreu( 5, 15 e 30) Data e período DUM desconhecido- altura fundo útero e toque vaginal Data Provável do Parto (DPP)- parâmetro 280d ou 40 sem Accioly et al., 2012 + 7 dias ao 1º dia da D.U.M. * - 3 meses ou + 9 meses ao mês em que ocorreu a D.U.M. Gestograma CÁLCULO DA DATA PROVÁVEL DO PARTO Regra de Nagele Exemplo: D.U.M. em 14/01/2014 E quando não se sabe a DUM? • Início do mês = dia 05 • Meio do mês = dia 15 • Final do mês = dia 25 CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL D.U.M. Data atual Exemplo: D.U.M. em 14/01/2014 64 7 Quociente = nº semanas 1 9 Resto = nº dias 17 dias de janeiro 28 dias de fevereiro 19 dias de março 64 dias Idade Gestacional em 19/03/2014 = 9 semanas e 1 dias * * Aplicativos para celulares * * IDADE GESTACIONAL PELA ALTURA UTERINA Equivalência AU e IG: 20ª a 34ª semana (McDonald, 1906) Ajustes Fisiológicos da Gestação Objetivos : Regulação do metabolismo materno; Promoção do crescimento fetal; Preparo da mãe para o parto e lactação; Fases do Ponto vista nutricional: Fase materna e fetal Placenta: rede de tecidos e vasos sanguíneos (porções materna e fetal) Vasconcelos et al., 2011; Accioly et al., 2012 Hormonais Imunológicas Anatômico- fisiológicas Metabólicas / Nutricionais ORGANISMO MATERNO Objetivo: Criar um ambiente favorável para o desenvolvimento do concepto. ADAPTAÇÕES E MODIFICAÇÕES MATERNAS Características Gerais Período de 40 semanas- avaliação por trimestre; 1º Trimestre: Intensa divisão celular → Grandes modificações biológicas; Saúde do embrião = Condição nutricional pré-gestacional da mãe (energia, minerais, vitaminas) Alterações TGI (náuseas e vômitos) Características Gerais 2º e 3º Trimestre: Influência direta do meio externo na condição nutricional do feto; Ganho de peso gestacional, ingestão de energia e nutrientes = condição nutricional do feto Hábitos de vida e pré-natal = Consequências imediatas e futuras tanto para a mãe quanto para o feto; Características Gerais DM Gestacional? Normal Restrição de Crescimento Características Gerais Placenta: • Representa a única via de troca de nutrientes, oxigênio e resíduos metabólicos entre mãe e feto. • É capaz de sintetizar glicogênio, colesterol e AG no início da gravidez. • A síntese de nutrientes é mais intensa no início da gestação, quando normalmente as gestantes estão inapetentes e ingerem menos alimentos; • O tamanho materno determina o tamanho final da placenta que por fim vai determinar o peso ao nascer do bebê. • Mães com peso pré gravídico abaixo do ideal, possuem placenta de peso menor, sendo a placenta um indicador de maior risco de baixo peso ao nascer (BPN) e parto prematuro; Chemim et al , 2009 Características Gerais Transferência de nutrientes via placentária: Tipo de transporte Nutrientes Difusão simples 02, CO vits lipossolúveis A, D, E e K, hidratos de carbono com PM<1 000, eletrólitos, ácidos graxos e água Difusão facilitada glicídeos Transporte ativo aminoácidos, Fe, Ca, iodo, fosfato e vitaminas hidrossolúveis Pinocitose Grandes proteínas, lipoproteínas, fosfolipídeos e IgG Ultrafiltração solutos e água Accioly et al., 2012; Chemim et al , 2009 Hormônios e suas funções Hormônios Funções HCG • Permite o diagnóstico hormonal da gravidez; • Impede a rejeição imunológica do embrião; • Estimula a produção de progesterona pelo ovário; Progesterona • Relaxa a musculatura lisa do útero; • Atua também na redução do motilidade do intestino e na reabsorção de água = ↑ tempo para absorção dos nutrientes, mas gera constipação; • Também favorece a deposição de gordura; • Aumenta a excreção de sódio; • Reduz a PCO2 arterial e alveolar; • Interfere no metabolismo do ácido fólico; • Participa da mamogênese; Hormônios e suas funções Hormônios Funções Estrogênio • Aumenta a elasticidade da parede uterina e do canal cervical; • Também reduz as proteínas séricas; • Afeta a função tireoidiana – Redução T4 (estímulo ao metabolismo basal); • Interfere no metabolismo do ácido fólico; • Participa da mamogênese. Hormônio Lactogênico Placentário(HLP) • Antagoniza a ação da insulina por glicogenólise → quebra do glicogênio e deposição na corrente sanguínea; • Deposita proteínas nos tecidos; • Inicia o processo de lactogênese nos alvéolos da glândula mamária. Hormônios e suas funções Hormônios Funções Insulina Início ≠ avanço da gravidez • Redução do poder da insulina está associadaà ação de hormônios antagonistas da insulina (progesterona, cortisol, prolactina e HLP); • ↑ da glicemia justifica-se pela necessidade de manter na glicose na corrente sanguínea para que esta seja transferida para o feto. Tiroxina • Regula reações oxidativas envolvidas na produção de energia; • Sofre ação da progesterona e estrógeno, que também interferem no Hormônio Estimulante da Tireóide; • Progesterona = Hiperventilação = ↑ suprimento de oxigênio para produção de energia = menos sobrecarga à função da tireóide. Chemim et al , 2009 Adaptações Fisiológicas No início da gestação geralmente, há diminuição do apetite, acarretando a manutenção ou até perda de peso, devido à ação do estrogênio. A sua ação pode causar à gestante náuseas, enjôos e vômitos matinais que podem levar a anorexia. A partir do 3° mês ocorre um aumento em 15 a 20% de energia, visando suprir as necessidades fetais e cobrir o do consumo energético materno pelo custo da gestação e pelo aumento da função renal e cardíaca. A taxa de ventilação pulmonar aumenta cerca de 40% que leva a um aumento de intercâmbio gasoso, com isso eleva-se em 20% o consumo de oxigênio. Parâmetros laboratoriais, plasmáticos e urinários apresentam-se alterados, principalmente nos 2 últimos trimestres (expansão volume plasmático e ações do estrogênio e progesterona). Accioly et al., 2012; Chemim et al , 2009 Adaptações Fisiológicas Aparelho circulatório: Intensa circulação placentária = ↑ de 30 a 40% do débito cardíaco (volume bombeado pelo coração em 1 minuto); ↑ do tamanho cardíaco em 12%; ↓ Pressão Diastólica reduz nos 2 primeiros trimestres em função da vasodilatação periférica; ↑ do útero = ↑ da pressão sobre a veia cava inferior = edema de extremidades inferiores; ↓ do retorno sanguíneo para o coração = edema de extremidades inferiores; Accioly et al., 2012; Chemim et al , 2009 Adaptações Fisiológicas Consumo contínuo de glicose para o feto: estrogênio e a progesterona induzem a hiperplasia das células β pancreáticas aumentando os níveis de insulina, porém os hormônios hPL, hGH, estrogênio, progesterona, cortisona, prolactina e glucagon atuam reduzindo a utilização periférica de glicose pela redução da sensibilidade tecidual à insulina resistência à insulina fisiolóqica. Adrenalina, hPL, hGH e glucagon: a mobilização de gordura corporal Resultados: elevação dos niveis plasmaticos de AG, TG, colesterol e fosfolipídeos (vão servir como reserva energética no jejum). Insulina facilita a entrada de aminoácidos nas células para ocorrer síntese tecidual fetal e das estruturas maternas, com isso seus níveis séricos estão diminuídos na gestação. Accioly et al., 2012; Vasconcelos et al , 2011 Ajustes Fisiológicos da Gestação Composição Plasmática: -Proteínas (↓) ↓ Albumina ↓ pressão oncótica vs. Edema ↑ pressão hidrostática Adaptações Fisiológicas O aumento no volume plasmático alcança pico por volta de 28 a 32 semanas de gestação; Qtd de eritrócitos e de hemoglobina aumenta 20%, com pico no parto. Como o ↑ do volume plasmático é maior que o ↑ dos eritrócitos e hemoglobina, há diluição fisiológica, que promove queda de cerca de 20% na Concentração de Hemoglobina e 15% no Hematócrito. Vol. Corpuscular Médio (VCM) e Concentração Média de Hemoglobina (HCM) = em gestantes não-anêmicas; A hemodiluição provoca redução das proteínas plasmáticas, principalmente a albumina facilitando desenvolvimento de edema. Ajustes Fisiológicos da Gestação Sistema cardiovascular : ↑↑volume plasmático e ↑ [eritrócitos] hemodiluição (anemia fisiológica) Condição Hematócrito Hemoglobina Gestante ≥ 33% ≥ 11 mg/dL Não gestante 40 - 42% 12-16 mg/dL SISVAN, 2008 Adaptações Fisiológicas Sistema Renal ↓ albumina sérica = 50% TFG e do fluxo sanguíneo para os rins, para facilitar a depuração de resíduos metabólicos. Mas o volume de urina excretada não muda. 50% a quantidade de glicose a ser filtrada, porém a habilidade máxima em absorvê-la se mantém( reabsorção tubular é menos eficiente), glicosúria fisiológica. Além de aumento da excreção de vitaminas hidrossolúveis. Predisposição desenvolvimento de infecções urinárias. + ↑ da passagem do sangue pelos rins = Facilidade na excreção de creatinina, uréia e ácido úrico (produtos do metabolismo protéico fetal e materno); Adaptações Fisiológicas Há ganho hidríco em torno de 7,5L (70% do ganho de peso na gestação) sem edema, o que torna o Na essencial para manter o equilíbrio hidroeletrolítico (25g de Na ou 60g de NaCL). Para isso, há ativação do sistema renina angiotensina-aldosterona que estimula a reabsorção tubular de sódio. A capacidade de excretar água está diminuída favorecendo edema não patológico nas pernas. O edema moderado nas extremidades inferiores está associado a bebês um pouco maiores e menor taxa de prematuridade. Mamas: -Hipertrofia, ↑ sensibilidade, pigmentação de mamilos e aréolas. Krause et al., 2011; Chemim et al , 2009 Ajustes Fisiológicos da Gestação Trato Digestório: -Boca: ↓ de pH salivar e modificações periondontais A elevação de estrogênio, junto com a do hCG e da progesterona, ocasionam gengivas edemaciadas e hiperêmicas. Há ptialismo ou sialorréia com pH reduzido, favorecendo a formação de cáries. -Esôfago e estômago: - ↑ pressão no estômago pelo útero + relaxamento do esfíncter esofágico inferior (progesterona) = regurgitação e refluxo gástrico; ↓ atividade contrátil → esvaziamento gástrico lento; ↓ secreção de HCl e pepsina; ↓ pressão do EEI → ↑ RGE , azia. Chemim et al , 2009 Ajustes Fisiológicos da Gestação Trato Digestório: -Intestino: ↓ motilidade → ↑ absorção de nutrientes → constipação ↑ vascularização → ↑ absorção Já a hipotonia do intestino delgado aumenta o tempo de contato entre nutrientes e a mucosa absortiva, favorecendo a absorção de nutrientes e água (anabolismo), Há redução da secreção gástrica de ácidos que leva a menor incidência de úlceras e melhora das pré-existentes. A vesícula se torna hipotânica e por isso proporciona menor liberação de bile (estase biliar), causando intolerância a alimentos gordurosos na gestação. Chemim et al , 2009 Adaptações Fisiológicas Energia necessária para o feto: 50 a 70% CHO, 20% PTN e 10 a 30% LIP; ↓ Glicemia materna = ↑ utilização de triglicerídeos →↑ acúmulo no final da gravidez (subescapular e coxa); Também há ↓ na concentração de outras proteínas e vitaminas hidrossolúveis (dificuldade em determinar uma ingestão adequada); Ajustes no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas → suprir necessidades do feto; ↑ Vitaminas lipossolúveis, triglicerídeos, colesterol e ácidos graxos livres; Krause et al., 2011; Chemim et al , 2009 AUMENTO DA DÉBITO CARDÍACO ADAPTAÇÕES E MODIFICAÇÕES MATERNAS SISTEMA DIGESTÓRIO ( RESUMO) Boca Diminuição do pH Hipertrofia gengiva (+50% gengivite) Hipertrofia papilas gustativas Esôfago Relaxamento musculatura lisa Esfíncter esofágico inferior Refluxo (+30% a 50%) Estômago ↓Radicais ácidos ↑Radicais básicos e muco protetor Vesícula biliar ↑Tempo de esvaziamento Cálculo biliar Intestino Relaxamento musculatura lisa Obstipação Fatores associados ao resultado da gestação Estatura, peso pré-gestacional e gestacional; Idade materna (> 35 anos); Intervalo intergestacional/interpartal e multiparidade; Infeções e anemia; Trabalho físico excessivo durante a gestação; Enfermidades crônicas; Condições Socio- demográficas; Hábitos sociais; Entre outros; Fatores associados ao resultado da gestação Estatura e peso materno pré-gestacional Peso excessivo pré -gestacional- está associado com tamanho placentáreo, PN (maior), índices do morbimortalidade neonatal, e risco aumentado de cesáreas. Pode haver morte precoce, risco aumentado para Db gestacional, hipertensão gestacional, também para gravidez tardia (>28sem) e morte fetal intra uterina (MFIU). Lactente muito prematuro ( 32sem), com defeitos cardíacos, defeitos no tubo neural (não relacionado a baixa ingestão de ácido fólico e macrossomia). Desnutrição pré-gestacional - BPN. Está associada a maior risco de morbimortalidade. Baixa estatura (<150cm) cesárea, baixo peso ao nascer e desproporção céfalo-pélvica. Mães de baixa estatura devem dar importância a um peso pré gravídico adequado e um ganho de peso satisfatório. Mães de grande estatura tendem a ter bebês grandes. Krause et al., , 2011. Fatores associados ao resultado da gestação Ganho Peso Gestacional Ganho de peso insuficiente - BPN, parto prematuro: maiores índices de morbimortalidade neonatal e crescimento intra-uterino retardado. Infertilidade e mortalidade perinatal; Ganho excessivo - macrossomia fetal ( 4kg), DM e HA gestacional e obesidade pós-parto (=retenção de peso pós parto).Está associado a complicações anestésicas e hemorragias pôs parto. maior tempo de hospitalização, maiores gastos hospitalares. infertilidade. mortalidade perinatal, enfermidades crônicas não transmissíveis e malformações, estes riscos são proporcionais ao grau de obesidade; Acima de 35 anos - anomalias congênitas, DHEG, diabetes gestacional e altos índices de morbidade perinatal. Além disso, aborto espontâneo e placenta prévia . Gestante > 40 anos:aumenta o risco de trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down), Vitolo et al., 2009 , Chemin et al. 2009 Preparar a mãe para a maternidade Prestar assistência psicológica à gestante Orientar hábitos de vida e de higiene Realizar profilaxia, diagnóstico e tratamento Preparar a mãe para o parto e lactação Fornecer noções básicas de cuidados com o RN e de puericultura Assistência Pré-natal Avaliação do Estado Nutricional Importância: reduzir risco de desfechos adversos da gestação e parto e melhorar peso ao nascer da criança. Objetivos: Identificar gestantes com desvio ponderal no início da gestação, detectar ganho de peso insuficiente e excessivo e fornecer base para elaboração de conduta. Avaliação Antropométrica Permite conhecer seu estado nutricional atual e subsidiar a previsão do ganho de peso até o final da gestação. (MS): - Peso pré-gestacional ou inicial (<14 sem); - Peso atual; - Estatura; - Idade gestacional. 1) Calcule o IMC pré-gestacional por meio da fórmula: Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg)/ Altura2 (m) 2. Calcule a semana gestacional: Atenção: Quando necessário, arredonde a semana gestacional da seguinte forma: 1, 2, 3 dias – considere o número de semanas completas e 4, 5, 6 dias – considere a semana seguinte. Exemplo: Gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas Gestante com 12 semanas e 5 dias = 13 semanas . Estado Nutricional Inicial (IMC kg/m2) Ganho de peso (kg) total no 1º trimestre (IG < 14 semanas) Ganho de peso (kg) semanal médio no 2º e 3º trimestres (IG ≥ 14 semanas) Ganho de peso (kg) total na gestação Baixo Peso (BP) (<18,5) 0,5 – 2,0 0,5 (0,44 – 0,58) 12,5-18,0 Adequado (A) (18,5-24,99) 0,5 – 2,0 0,4 (0,35 – 0,50) 11,5-16,0 Sobrepeso (S) (25,0-29,99) 0,5 – 2,0 0,3 (0,23 – 0,33) 7,0-11,5 Obesidade (O) (>30,0) 0,5 – 2,0 0,2 (0,17 – 0,27) 5,0 – 9,0 Institute of Medicine, 2009 Quadro- Ganho de Peso Gestacional segundo Estado Nutricional IMC pré-gestacional Avaliação Antropométrica 3. Realize o diagnóstico nutricional utilizando o quadro abaixo. Observação: Quando a gestante já tiver atingido o ganho de peso total recomendado, programar o ganho de peso mínimo: - 0,5 kg/mês -> sobrepeso ou obesidade pré-gestacional -1,0 kg/mês -> IMC normal ou de baixo peso. IOM, 1990 Gestantes adolescentes Classificar o IMC de acordo com pontos de corte específicos, segundo a idade materna em anos e meses. Adaptado Brasil, MS (2008). Percentil Diagnóstico Nutricional < 3 Baixo Peso (BP) ≥ 3 e < 85 Adequado (A) ≥ 85 e < 97 Sobrepeso (S) ≥ 97 Obesidade (O) IM C ( k g /m ²) Meses e anos Idade (meses completos e anos) p 15 p 97 p 50 p 3 p 85 Acompanhamento Nutricional da Gestante Avaliação Dietética Número de refeições/dia; Horários; Composição de macro e micronutrientes Quantidade; Grupo de alimentos/refeição. Dieta individualizada Adicional energético e protéico durante 2 e 3º trim da gestação Basear no Valor Energético Total (VET) adequado e esclarecer quanto ao ganho de peso recomendado; Investigar possíveis causas Aumentar o aporte calórico através quantidade de porções Adição de óleo Uso de suplementos nutricionais Orientação Nutricional para Gestante com Ganho de Peso Insuficiente Basear no VET adequado e esclarecer quanto ao ganho de peso recomendado; Investigar possíveis causas; Estimular o uso de preparações culinárias simples (assadas, cozidas, ensopadas, grelhadas); Orientar quanto ao adequado consumo de CHO Estimular o consumo de hortaliças e frutas; Desestimular o consumo de alimentos gordurosos e frituras, além de preparações concentradas em carboidratos simples. Orientação Nutricional para Gestante com Ganho de Peso Excessivo Avaliação Clínica Investigar sintomas digestivos Considerar enfermidades crônicas e intercorrências gestacionais Investigar sinais e sintomas de carências nutricionais Orientação Nutricional para Sinais e Sintomas Digestivos 1. Náuseas e Vômitos PREFERIR EVITAR ̶ Casos de Hiperêmese devem ser referenciados à APN de alto risco. ̶ Dieta fracionada com menor volume; ̶ Ingerir bastante líquido nos intervalos das refeições 2. Pirose (Azia) PREFERIR - Dieta fracionada com menor volume EVITAR 3. Sialorréia ou Ptialismo (Salivação Excessiva) Orientação semelhante à indicada para náuseas e vômitos Dieta fracionada, com menor volume Aumentar a ingestão de líquidos Frutas com caldo Orientar para deglutir a saliva 4. Fraquezas e Desmaios Dieta fracionada (6 refeições por dia), com menor volume Evitar jejum prolongado e intervalos grandes entre as refeições Utilização normal do sal na alimentação 5. Sensação de Plenitude -Ajustar a alimentação conforme a tolerância, evitando grandes volumes por refeição; -Aumentar o fracionamento; modificar a consistência das preparações (pastosa), principalmente no jantar e ceia; -Diminuir o volume das refeições e aumentar a densidade energética; -Orientar para preferir roupas amplas e confortáveis; 6. 6. Constipação Intestinal, Flatulência e Hemorroidas Picamalácia É um transtorno alimentar que ocorre na gestação, caracterizada pela ingestão persistente de substâncias inadequadas com pequeno ou nenhum valor nutritivo, ou de substâncias comestíveis, mas não na sua forma habitual. Exemplos: chupar gelo, comer tijolo, terra, palito de fósforo queimado, cabelo, pedra, sabonete, etc. Artigo: Picamalácia: epidemiologia e associação com complicações da gravidez (2009) Avaliação Bioquímica e dos exames complementares Glicemia de jejum; Hemoglobina; Hematócrito; Proteínas séricas; Urina; Parasitológico; Pressão arterial; Edema; USG, doppler fluxometria, altura uterina. Hemoglobina Ausência de anemia ≥ 11 g/dL Anemia leve 10 – 10,9 g/dL Anemia moderada 8 – 9,9 g/dL Anemia grave ≤ 8 g/dL SISVAN, 2008Orientação nutricional para Anemia ESTIMULAR DESESTIMULAR Junto às grandes refeições (almoço e jantar)! Suplementação Hemoglobina >11 g/dL – ausência de anemia. Suplementação a partir da 20ª semana, 40 mg/dia de ferro elementar e 400 mg/dia de ácido fólico, 1 h antes da refeição. Hemoglobina < 11 g/dL e > 8 g/dL – anemia leve a moderada. Avaliação do protoparasitológico de fezes e tratar parasitoses. Suplementação de 120 a 240 mg/dia de ferro (3 a 6 drágeas de sulfato ferroso/dia), a partir da 20ª semana, 1 h antes das refeições. Hemoglobina < 8g/dL – anemia grave. Gestante deve ser referida ao PN de alto risco. Avaliação Sociodemográfica e Obstétrica • Cor da pele/raça • Grau de escolaridade, anos de atraso escolar • Naturalidade • Profissão/ocupação • Situação marital • Número de pessoas da família • Renda familiar per capita • Condições de saneamento da moradia • História obstétrica (aborto, intervalo intergestacional) • Status da gestação Considerações Finais A inserção precoce da gestante na assistência pré-natal e no acompanhamento nutricional é muito importante para um bom resultado obstétrico; A articulação do trabalho entre uma equipe multiprofissional é fundamental para um melhor desempenho do serviço oferecido. Exercício 1. MPS - Idade: 25 anos - Peso pré-gestacional: 62,0 kg - IG: 30 s - Peso atual: 72,0 kg - Est: 1,68m OBS: considerar idade gestacional final média de 40 semanas IMC pré-gestacional: 62 kg/(1,68)² = 21,96 - Classificação: ADEQUADO Ganho ponderal até o momento atual: 72 kg – 62 kg = 10 kg c. IMC gestacional atual: 72kg/(1,68)² = 25,51 Classificação no gráfico: ADEQUADO - Área A d. Ganho esperado: 11,5- 16,0 kg e. Ganho programado até o final da gestação: 10 s x 0,4 Kg= 4,0 kg f. Ganho final: 10,0 Kg + 4,0 Kg= 14,0 kg Para enfermeiros, importante mostrar preenchimento e inclinação da curva Previsão de Peso final: 76,0 kg (ganho total de 14,0 kg)