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Revisão 2 Interpretação de texto Andréa Coelho TÓPICO O1 Denotação e conotação SENTIDO DENOTATIVO E O SENTIDO CONOTATIVO A linguagem é, sobretudo, polissêmica. As palavras estabelecem entre si estranhas e surpreendentes alianças. Assim, podem tanto ser exploradas em seu sentido comum quanto apresentar uma significação absolutamente nova, criativa, imaginativa. O SENTIDO DENOTATIVO Denotação é o emprego da palavra em seu sentido de dicionário: Ele comprou uma caneta de ouro. (metal) Distraído, machucou o pé numa pedra. (rocha) A mariposa voava de flor em flor. (inseto) O leão, ao anoitecer, fugiu do circo. (animal) O SENTIDO CONOTATIVO Conotação é o emprego de palavra em seu sentido figurado, subjetivo, incomum, que foge ao dicionário: Não perca essa oportunidade de ouro. (valiosa) Anda com quatro pedras na mão. (agressividade) À noite, a cidade é invadida pelas mariposas. (prostitutas) Se contrariado, ele vira um leão. (feroz, violento) EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM INVERNAL Hoje amanheci nublado. Meu nascente esconde o sol e o nariz da manhã constipa nuvens em passos lentos. Os bois do terreiro não conseguem mover seus passos de tanto peso. Os pássaros viraram tanajuras e se arrastam pelo chão em procissão. Na parede, o Cristo crucificado já encosta a cabeça ao joelho. Tudo chumba. Há um tumor imenso maltratando esta manhã. Ele precisa estourar em chuva ou morreremos sufocados. (LIMA, José Batista, Invernal. Revista do Escritor Brasileiro, jan/abr 2005, p.112) Questão 01 No primeiro período do microconto, a palavra “nublado” é empregada no sentido conotativo. A escolha dessa expressão ajuda a reforçar a ideia de que o personagem está: A) Desencantado e decepcionado com sua vida. B) Pensando na morte. C) Questionando as injustiças sociais. D) Entristecido naquele dia. E) Revoltado com o tratamento que dão aos bois. Questão 01 No primeiro período do microconto, a palavra “nublado” é empregada no sentido conotativo. A escolha dessa expressão ajuda a reforçar a ideia de que o personagem está: A) Desencantado e decepcionado com sua vida. B) Pensando na morte. C) Questionando as injustiças sociais. D) Entristecido naquele dia. E) Revoltado com o tratamento que dão aos bois. O que se reforça pelo neologismo “Tudo chumba”, a sugerir que tudo fica cinzento, quer no homem, quer na passagem. POEMA DO NADADOR (Jorge de Lima) A água é falsa, a água é boa. Nada, nadador! A água é mansa, a água é doida, Aqui é fria, ali é morna, A água é fêmea. Nada, nadador! A água sobe, a água desce, A água é mansa, a água é doida. Nada, nadador! A água te lambe, a água te abraça, A água te leva, a água te mata. Nada, nadador! Senão, que restará de ti, nadador? Nada, nadador! Questão 02 Marque a proposição verdadeira: 01)O poema se estrutura a partir de dois elementos: água e nadador, que se integram sem nenhum conflito. 02)O nadador e a água se defrontam num conflito; mas no final do texto se harmonizam. 03)A água é apresentada num plano de ambigüidade ou duplicidade; o nadador, porém, tem apenas uma possibilidade: nadar. 04)A estrutura do poema se faz pela relação de elementos opostos referidos mais ao nadador que à água. 05)O movimento do texto define um caráter de ambigüidade e unicidade, porém o caráter de unicidade aplica-se mais à água. Questão 02 Marque a proposição verdadeira: 01)O poema se estrutura a partir de dois elementos: água e nadador, que se integram sem nenhum conflito. 02)O nadador e a água se defrontam num conflito; mas no final do texto se harmonizam. 03)A água é apresentada num plano de ambigüidade ou duplicidade; o nadador, porém, tem apenas uma possibilidade: nadar, que o conduz a nada. 04)A estrutura do poema se faz pela relação de elementos opostos referidos mais ao nadador que à água. 05)O movimento do texto define um caráter de ambigüidade e unicidade, porém o caráter de unicidade aplica-se mais à água. No poema, a água se caracteriza por diversificadas ações, movimentos e qualificações: sobe, desce, lambe, abraça; falsa, boa, mansa, doida. O nadador, porém, é mostrado apenas na ação de nadar. SONETO DE SEPARAÇÃO De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. (Vinícius de Moraes) Questão 03 Com base no texto, podem-se constatar algumas características do texto literário e sua linguagem, exceto em: 01)O escritor manipula a linguagem de forma pessoal. 02)O escritor adapta o seu código à mensagem de forma impessoal e universal. 03)O texto não tem um sentido predeterminado; ele é um campo de significados. 04)O poeta tece uma rede variada de informações e emoções. 05)O emissor quebra a rotina da linguagem para aguçar a percepção do leitor. Questão 03 Com base no texto, podem-se constatar algumas características do texto literário e sua linguagem, exceto em: 01)O escritor manipula a linguagem de forma pessoal. 02)O escritor adapta o seu código à mensagem de forma impessoal e universal. 03)O texto não tem um sentido predeterminado; ele é um campo de significados. 04)O poeta tece uma rede variada de informações e emoções. 05)O emissor quebra a rotina da linguagem para aguçar a percepção do leitor. Na linguagem literária, o processo é sempre subjetivo, pessoal e particular. Questão 04 A mensagem, no presente texto, pode ser depreendida como: 01) A surpresa do homem diante dos desencontros afetivos e sentimentais. 02)A transitoriedade da vida das pessoas bem como de seus sentimentos. 03)A insatisfação do ser humano diante do vaivém da vida. 04)A aceitação conformada da transitoriedade dos sentimentos. 05)A compreensão de que o desamor é uma fatalidade, mas o homem pode evitá-lo. Questão 04 A mensagem, no presente texto, pode ser depreendida como: 01) A surpresa do homem diante dos desencontros afetivos e sentimentais. 02)A transitoriedade da vida das pessoas bem como de seus sentimentos. 03)A insatisfação do ser humano diante do vaivém da vida. 04)A aceitação conformada da transitoriedade dos sentimentos. 05)A compreensão de que o desamor é uma fatalidade, mas o homem pode evitá-lo. O poeta imprime ao texto o sentido de surpresa e perplexidade, através da repetição do elemento adverbial “de repente”. METÁFORA Uma lata existe para conter algo, Mas quando o poeta diz lata Pode estar querendo dizer o incontível Uma meta existe para ser um alvo, Mas quando o poeta diz meta Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudo-nada cabe, Pois ao poeta cabe fazer Com que na Lata venha a caber O incabível Deixe a meta do poeta, não discuta, Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora. (Gilberto Gil) Questão 05 Assinale a idéia dominante nas duas primeiras estrofes do poema: 01)O fazer poético pode desautomatizar os sentidos e finalidades da linguagem. 02)O poeta, quando escreve, tem um objetivo já determinado. 03)O papel do poeta é criar dubiedades para tornar seu texto hermético, inatingível. 04)O poema é um ato de comunicação arbitrário cujos signos devem ser totalmente abstratos. 05)Os signos poéticos são unívocos. Cabe ao leitor descobrir os seus significados. Questão 05 Assinale a idéia dominante nas duas primeiras estrofes do poema: 01)O fazerpoético pode desautomatizar os sentidos e finalidades da linguagem. 02)O poeta, quando escreve, tem um objetivo já determinado. 03)O papel do poeta é criar dubiedades para tornar seu texto hermético, inatingível. 04)O poema é um ato de comunicação arbitrário cujos signos devem ser totalmente abstratos. 05)Os signos poéticos são unívocos. Cabe ao leitor descobrir os seus significados. Essa assertiva pode ser comprovada no significado de ressalva da conjunção “mas”. O GRANDE DESASTRE AÉREO DE ONTEM Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista, em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivárius. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas, como se dançassem ainda. E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o pára-quedas, e a prima-dona com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como um cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranqüila e cega! Ó amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há poetas míopes que pensam que é o arrebol. (Jorge de Lima) Questão 06 O caráter literário do texto se define pelo fato de: 01)O texto abordar um fato real, que é documentado com riqueza de detalhes. 02)O autor conferir à linguagem e ao relato um tratamento utilitário. 03)A linguagem não apresentar nenhuma combinação nova ou inesperada de palavras. 04)As imagens serem produto da fusão do real com a imaginação do autor. 05)De o autor desprender-se de qualquer referência da realidade e atingir o lado mítico das coisas. Questão 06 O caráter literário do texto se define pelo fato de: 01)O texto abordar um fato real, que é documentado com riqueza de detalhes. 02)O autor conferir à linguagem e ao relato um tratamento utilitário. 03)A linguagem não apresentar nenhuma combinação nova ou inesperada de palavras. 04)As imagens serem produto da fusão do real com a imaginação do autor. 05)De o autor desprender-se de qualquer referência da realidade e atingir o lado mítico das coisas. A realidade – desastre aéreo – é recriada pelo narrador que lhe confere caráter surreal. TÓPICO 02 Diálogos artísticos INTERTEXTUALIDADE Intertextualidade é a superposição de um texto a outro; isto é, a relação que se estabelece entre dois textos, uma vez que um faz citação do outro: “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade: Quando eu nasci, um anjo torto Desses que vivem na sombra Disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida. “Com licença poética”, de Adélia Prado: Quando nasci, um anjo esbelto Desses que tocam trombeta, anunciou: Vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, Esta espécie ainda envergonhada. [...] Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou. Após a leitura dos dois fragmentos, infere-se que Adélia Prado dialoga com Carlos Drummond de Andrade – e essa conversa já está anunciada no próximo título da poetisa também mineira: “Com licença poética”. Vários elementos da composição de Drummond reaparecem na de Adélia Prado, tais como: o “anjo”, o “vai”, o jogo “gauche” x “coxo”. Quando, na intertextualidade, existe uma intenção de distorcer as idéias do texto original, de ironizar-lhe a visão de mundo, de fazer-lhe uma crítica, tal recurso constitui uma paródia; mas as fronteiras entre uma e outra nem sempre são bem precisas: “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias: Minha terra tem palmeiras, Onde canta o sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. “Canção”, de Eduardo Alves da Costa: Minha terra tem Palmeiras, Corinthians e outros times, E um futebol maravilhoso Que esconde muitos crimes. INTRATEXTUALIDADE Às vezes, um autor cita a si mesmo, isto é, imprime, em um novo texto seu, imagens, passagens, de um anterior; nesse caso, ocorre uma intratextualidade: “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade: Mundo mundo vasto mundo, Se me chamasse Raimundo Seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, Mais vasto é meu coração. “Mundo grande”, de Carlos Drummond de Andrade: Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, Por isso me grito, Por isso frequento jornais, me exponho cruelmente nas livrarias: Preciso de todos. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM TEXTO I Lutar com palavras É a luta mais vã. Entanto lutamos Mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes Como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria Poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, Apareço e tento Apanhar algumas Para meu sustento Num dia de vida. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 84) TEXTO II Lutar com palavras Até nos domingos É voltar à infância Por outros caminhos. Lutar com palavras É luta profunda. Começa na estúpida Manhã de segunda. Lutar com palavras É luta perversa. No entanto voltamos À luta na terça. Lutar com palavras No verso ou na carta De amor. Por desleixo, Lutamos na quarta. Lutar com palavras De forma sucinta É estar acordado À espera da quinta. Lutar com palavras É a luta mais besta E falaz. Mas sempre Lutamos na sexta. Lutar com palvras Em dia de sábado É não se dar conta Do tempo acabado. (CARVALHO,Francisco. Mortos não jogam xadrez. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2008, p. 49) Questão 07 Na relação entre esses dois textos: 01)Imprimem-se as marcas da intratextualidade, uma vez que se anuncia uma única voz poemática. 02)Evidencia-se o tom de paródia, pois, a rigor, a intenção do texto II é desdenhar do empenho da criação. 03)Assomam os traços da intertextualidade no tratamento do mesmo tema: a questão do ato de fazer poesia. 04)Depara-se o modo debochado como, no texto I, o autor encara a natureza da inspiração e da criação artística. 05)Observa-se, claramente, que, no texto II, o autor apropriou-se das ideias do texto I, para, então, destruí-las. Questão 07 Na relação entre esses dois textos: 01)Imprimem-se as marcas da intratextualidade, uma vez que se anuncia uma única voz poemática. 02)Evidencia-se o tom de paródia, pois, a rigor, a intenção do texto II é desdenhar do empenho da criação. 03)Assomam os traços da intertextualidade no tratamento do mesmo tema: a questão do ato de fazer poesia. 04)Depara-se o modo debochado como, no texto I, o autor encara a natureza da inspiração e da criação artística. 05)Observa-se, claramente, que, no texto II, o autor apropriou-se das ideias do texto I, para, então, destruí-las. O texto II dialoga o texto I, em exercícios de metalinguagem. REFLEXÕES ACERCA DA INTERTEXTUALIDADE [...] Este critério subsume as relações entre um dado texto e os outros textos relevantes encontrados em experiências anteriores, com ou sem mediação. Há hoje um consenso quanto ao fato de se admitir que todos os textos comungam com outros textos, ou seja, não existem textos que não mantenham algum aspecto intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário. Pode-se dizer que a intertextualidade é uma propriedade constitutiva de qualquer texto e o conjunto das relações explícitas ou implícitas que um texto ou um grupo de textos determinado mantém com outros textos... [...] A intertextualidade supõe a presença de um texto em outro. (MARCHUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.São Paulo: Parábola, 2010, p. 129-0) PARÁFRASE DE RONSARD Foi para vós que ontem colhi, senhora, Este ramo de floras que ora envio. Não no houvesse colhido e o vento e o frio Tê-las-iam crestado antes da aurora. Meditai nesse exemplo, que se agora Não sei mais do que o vosso outro macio Rosto nem boca de melhor feitio, A tudo a idade afeia sem demora. Senhora, o tempo foge... o tempo foge... Com pouco morreremos e amanhã Já não seremos o que somos hoje... Por que é que o vosso coração hesita? O tempo foge... A vida é tão breve e é vã... Por isso, amai-me... enquanto sois bonita. (BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979). Questão 08 O título “Paráfrase de Ronsard” já diz claramente que o poema constitui: 01)Uma tradução fiel de um texto composto em outra língua. 02)Um texto elaborado a partir de outro, sem alteração do significado original. 03)Uma imitação cômica ou satírica de algum texto ou frase. 04)Um comentário malevolente do conteúdo explorado por um autor. 05)Uma paródia redigida com intuito puramente humorístico. Questão 08 O título “Paráfrase de Ronsard” já diz claramente que o poema constitui: 01)Uma tradução fiel de um texto composto em outra língua. 02)Um texto elaborado a partir de outro, sem alteração do significado original. 03)Uma imitação cômica ou satírica de algum texto ou frase. 04)Um comentário malevolente do conteúdo explorado por um autor. 05)Uma paródia redigida com intuito puramente humorístico. Paráfrase é interpretação ou tradução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua letra.