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RESUMO - FILOSOFIA DO DIREITO - 1º Bimestre

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1 
 
RESUMO – FILOSOFIA DO DIREITO 
NATURALISMO 
 
 
PITÁGORAS 
O primeiro a fazer a análise de Justiça. 
Para ele, Justiça é a relação de igualdade entre duas proporções (partes). 
 Igual distribuição/isonomia. 
O justo é a distribuição proporcional ao fato. – Retribuição, troca, equilíbrio. 
Ele definiu que um ato justo seria a chamada "justiça aritmética", na qual cada indivíduo 
deveria receber uma punição ou ganho quantitativamente igual ao ato cometido. 
SO
FI
ST
A
S 
 
 
PROTÁGORAS 
“o homem é a medida de todos as coisas” (Relativista). 
Assim, é o homem, e não a natureza, o princípio e causa de si mesmo. Dessa forma o 
conteúdo da lei é exclusivamente prerrogativa humana, sem nenhuma conotação 
natural. 
Não existe a Justiça e sim várias formas de justiça e de se fazer justiça. (Justiça relativa). 
Qualquer entendimento é tão válido quanto qualquer outro. Não se pode impor 
conceitos. 
 
 
TRASÍMACO 
Justiça é aquilo que favorece/conveniência do mais forte e não para aquele que é 
dominado. Onde impera o caos de opinião, a força/autoridade é o que prevalece. 
Assevera que a lei criada pelo arbítrio do governante tem a qualidade de lei justa. 
Não estaria querendo legitimar o valor da força, mas apenas reconhecendo que a lei, 
não sendo divina nem natural, seria estabelecida pelos que governam em função de 
suas conveniências. 
 
 
HÍPIAS 
(nómoi díkaion X physei díkaion) 
Hípias e Antifonte foram os primeiros a estabelecer a diferença entre o Direito natural X 
Direito positivo. 
Para ele a natureza desempenha o papel de uma norma moral universal, que ultrapassa 
o particularismo do nomos. Só a natureza humana que pode fundar uma sociedade boa. 
A justiça é vista por ele como obra do direito natural. A invocação da natureza pretende 
ter como resultado a exigência da igualdade. 
 
 
ANTIFONTE 
A principal lei de qualquer natureza viva é a predominância do mais forte. O direito 
precisa positivar aquilo que prevalece na natureza então não deve a lei inventada pelo 
homem confrontá-la. Quanto mais compatível com o direito natural, mais justo é e, 
quanto mais longe, não deve ser obedecido, pois transgride a lei da natureza. 
Foi o primeiro jusnaturalista – que acima das leis positivas está a lei natural e que a ela 
deve se obedecer. 
 
 
2 
 
OS TRÊS PRINCIPAIS FILÓSOFOS DA ANTIGUIDADE 
SÓ
C
R
A
TE
S 
Há uma verdade e Justiça absoluta. O conjunto de valores morais são absolutos, não está em seu poder mudar, apenas captá-los 
e aprender com eles. O homem aprende a moral no mundo externo e é capaz porque é dotado de alma (razão, inteligência). Essa 
alma ajuda o homem a extrair as verdades do mundo exterior. O homem é o único ser capaz de pensar, sendo o único dotado de 
alma pensante. Virtude para ele seria tudo aquilo que te leva a perfeição da alma. Isso significa que a verdade e a justiça devem 
ser buscadas com vista em um fim maior, o bem viver post mortem. – devemos nos prender as Normas que estão acima das leis 
humanas. 
Para Sócrates o coletivo tinha primazia sobre o individual. O indivíduo poderia questionar os critérios de justiça de uma lei 
positiva (externa), mas somente criticá-la, sem desobedecê-la, evitando, assim, o caos por levar outras pessoas a desobedecê-la. 
"Efetivamente, a justiça, consiste no conhecimento e, portanto, na observância das verdadeiras leis que regem as relações entre 
os homens, tanto das leis da cidade como das leis não-escritas. Segundo Sócrates, que propugna pela obediência incondicional 
às leis da cidade, o justo não se esgota no legal, posto que acima da justiça humana existe uma justiça natural e divina." As leis 
do Estado deveriam ser respeitadas mesmo em contradição com os valores supremos e imutáveis. 
P
LA
TÃ
O
 
ES
TA
D
O
 
Constituído por 3 esferas baseadas nas 3 faculdades do indivíduo: 1) Governantes – ministros e secretários para melhorar o 
Estado; 2) Agricultores e Artesãos – necessidade de nutrir o Estado; 3) Guerreiros - para proteger o Estado. 
O Estado nada mais é do que um homem em proporções maiores – é um organismo constituído por indivíduos que se 
unem e se aglomeram para cada um fazer a sua parte contribuindo para a harmonia do todo. Só haverá um Estado sólido 
se todos agirem em harmonia. – o Estado deve ser conduzido por indivíduos que sabem usar bem a razão (sábios), pois só 
pode exercer domínio sobre outro aquele que conhece a verdadeira liberdade (sacrificou os prazeres carnais e valorizou a 
alma). 
A função soberana do Estado é a de educar, preparar os cidadãos para a vida pública. – Fim último: a felicidade de todos 
através da virtude de todos mediante a vida em sociedade, onde a justiça (minúscula) se tornará Justiça (maiúscula). 
JU
ST
IÇ
A
 
É a maior de todas as virtudes. É a relação harmônica e integrada (solidariedade) entre as diversas partes individuais de um 
organismo (corpo). 
Justiça é a virtude que atribui a cada um sua parte proporcionalmente. A justiça deve ser exercida tanto no interior de um 
homem, de um indivíduo (justiça), que se traduz na luta por ser um homem virtuoso, como de uma polis (Justiça), 
promoção do bem comum em todas as suas formas. Cada caso com o seu devido tratamento. Cumprir o seu papel há 
justiça. 
Não existe um ato justo, existe um organismo social que é justo. Assim, é no Estado que a Justiça é feita e aperfeiçoada. 
 
IN
D
IV
ÍD
U
O
 
O indivíduo é constituído por 3 faculdades: 1) Racional – inteligência que o domina; 2) Sentidos – sentir que obedece; 3) 
Ação – capaz de agir, ter coragem – que atua. O homem imperfeito buscará sua perfeição no Estado 
Não há vontades particulares – o coletivo é mais importante que o indivíduo. - O poder do Estado é ilimitado, nada é 
reservado exclusivamente ao arbítrio dos cidadãos, mas tudo está sob a competência e ingerência do Estado. O conjunto de 
indivíduos forma o organismo chamado Estado. E é no Estado que o indivíduo se realiza plenamente. 
Um indivíduo justo é aquele que cumpre bem seu papel para que a engrenagem funcione corretamente – dar a cada um o 
que é seu para que se possa fazer aquilo que lhe compete dentro da engrenagem.O indivíduo deve participar do Estado e a 
ele estar submetido. Para aqueles que não cumprem a sua parte (delinquentes) – deve ser afastado – reeducado e 
reabilitado (sistema penal – se houver reincidência, deverá ser afastado definitivamente. 
A
R
IS
TÓ
TE
LE
S 
Sumo bem é a felicidade produzida pela virtude. O Estado é uma necessidade, não uma simples aliança, é uma união orgânica 
perfeita, que tem por finalidade a virtude e a felicidade universal, é um comunhão necessária, tendente ao escopo da perfeição 
da vida. Só pode encontrar a felicidade dentro do Estado. O homem é um animal político, isto é, chamado pela sua própria 
natureza à vida política. O Estado é anterior aos indivíduos, tal como organismo existente antes das suas partes. O Estado regula 
a vida dos cidadãos por intermédio das leis, porque o indivíduo não pertence a si mas ao Estado. O conteúdo das leis é a 
justiça. O Princípio da justiça é a igualdade, a qual vem aplicada de vários modos. Análise se inicia com a concepção de que 
justo é toda conduta que parece conforme à lei moral. Nesse sentido, temos relação entre a justiça e as virtudes. O objeto da 
justiça não se confunde mais com o conjunto da moral. O objetivo da justiça é a igualdade. E pra compreender essa igualdade é 
preciso compreender dois momentos em que a justiça consegue ser exercida. Aristóteles se preocupou com a dificuldade de 
aplicação de leis abstratas a casos concretos, e indicou um corretivo para a rigidez da justiça: a equidade, critério de aplicação da 
lei que permite adaptá-la a cada caso, temperando-lhe a dureza. 
Ju
st
iç
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is
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ib
u
ti
va
 Se aplica na repartição das honras e dos bens, e visa a que cada um receba uma porção adequada aos seu méritos. Aqui 
a igualdade é proporção. Uma igualdade geométrica, entre duas frações. Se as pessoas não são iguais, também não 
terão coisas iguais. Reafirmação do princípio da igualdade. A justiça distributiva consiste, pois, numa relação 
proporcional. (Tratar de maneira igual os iguais, e de maneira desigual os desiguais, na medida de sua desigualdade). 
Ju
st
iç
a 
C
o
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iv
a 
É a justiça responsável por zelar pela retidão das trocas, que pode ser entendida como a restituição por um dano 
sofrido, ou uma venda de um carro na qual se deva pagar o preço correspondente. Aqui também se aplica o princípio da 
igualdade, só que de forma diversa. Aqui trata-se de medir o valor das coisas objetivamente, de modo impessoal, tanto 
o proveito como o dano. Esta espécie de justiça tende a fazer com que cada uma das duas partes se encontre numa 
relação em condição de paridade. Aplica-se às relações contratuais e também às relações que nascem do delito. 
 
3 
 
 
OS JURISTAS ROMANOS 
Roma não teve uma filosofia original. Cícero foi quem tornou a filosofia popular em Roma. Tornou o seu conteúdo acessível 
ao povo romano. Não pertenceu propriamente a nenhuma escola. Sofre a influência dos Estoicos, Platão e Aristóteles. Cícero 
apela para o bom senso natural, para a persuasão comum dos homens, dando ao seu discurso caráter popular. A sua tese 
principal é que o direito não é produto do arbítrio, mas dado pela natureza: “A essência do direito deve ser procurada pelos 
homens na natureza”. Tem-se, aqui, como ensinaram os estoicos, uma lei eterna, que é uma expressão da razão universal. 
Combate também, com esse pensamento, os sofistas, no que diz respeito ao relativismo das coisas e a impossibilidade de 
uma justiça absoluta. O parâmetro para a formação das normas é a Justiça. Para Cícero é o Estado um produto da natureza, 
um instinto natural leva o homem à sociabilidade, e precisamente à convivência política. Renova-se assim a doutrina 
aristotélica. 
Ius naturalis Um justo natural, imutável e necessário, pelo testemunho inferido da própria consciência do homem. O 
fundamento seria a naturalis ratio, que não significa a mera razão subjetiva, individual, mas aquela 
racionalidade que está inscrita na ordem das coisas e é, por isso, superior ao arbítrio humano. Já existente, 
nata; lei uniforme e não sujeita a mutações por obra humana. Conhecida e apreendida pela razão humana, 
mas é um conceito externo ao homem. “Direito natural e aquilo que é bom e equitativo sempre”. 
Ius gentium Observado por todos os povos, que serve de base a suas relações recíprocas porque se funda sobre suas 
comuns necessidades, não obstante as modificações que as diversas circunstâncias tornam necessárias. 
Considerou-se como um direito superior, simbolizado como expressão das exigências primordiais e comuns a 
todos os povos, como revelação mais direta da razão universal. 
Ius civile Direito positivo. Vigente para cada povo em particular. É aquela justiça elaborada pelo homem nas 
codificações e normas escritas. Essa tricotomia é, na verdade, determinações graduais de um mesmo princípio 
(Ius Naturalis > Ius gentium > Ius civile). Ex: o direito à vida vem do Ius Naturalis, o Ius gentium normatiza de 
modo a reguardá-lo internacionalmente e cada povo através do Ius Civile coloca seus limites e a forma de 
acordo com o seu povo. 
ESCOLAS FILOSÓFICAS 
C
ÍN
IC
O
S 
Seus expoentes são Antístenes e Diógenes. 
 Para eles a virtude é o único bem e consiste na modéstia, na continência, no saber contentar-se com pouco. O sábio 
não deve ter necessidades superficiais e despreza o que o comum dos homens deseja. Segue apenas as leis da virtude 
(natural) e não atende às restantes leis (positivas). Incentiva os cidadãos a quebrarem os vínculos com o Estado e 
voltarem ao estado primitivo da natureza. Dizem que todo homem é cosmopolita (nacionais e estrangeiros não há 
diferença), porque as leis naturais não colocam fronteiras. 
ES
TÓ
IC
A
 
Principal expoente: Zenão de Cipro. 
Características semelhantes aos cínicos, mas pretendem ser uma ideia melhor. Preceito supremo da Ética estoica: Viver 
segundo a natureza.Os estoicos conceberam um ideal do saber humano, que possui aquele que venceu todas as paixões 
e vê-se liberado das influências externas. Somente desta maneira o homem encontra o equilíbrio consigo mesmo, isto 
é, a verdadeira liberdade. Este ideal deve ser seguido por todos os homens, porque lhe é imposto pela reta razão. A 
razão humana é a única faculdade capaz de perceber e entender as leis naturais e tudo o que quer nos dar. Existe uma 
lei natural que domina o mundo, e reflete-se também na consciência individual: o homem é partícipe, por sua natureza, 
de uma lei que vale universalmente. Esse conceito da lei universal faz que se quebrem as barreiras políticas, e o homem 
na verdade se torna um cidadão do universo, já que afirmam que toda diferença artificial dever ser banida, se a 
natureza não faz diferença, não deve ser seguida. 
EP
IC
Ú
R
EA
 
Principal expoente: Epicúreo. 
Opõe-se à escola estoica. Segundo esta escola, o prazer é o único bem e não existem outros fundamentos de obrigação, 
além daqueles que derivam do prazer. Para Epicúreo a virtude não é o fim supremo, como para os estoicos, mas um 
meio para chegar à felicidade. Assim, enuncia-se o princípio utilitarista ou hedonista. A concepção de prazer desta 
filosofia se distingue da concepção dos dias atuais, Epicúreo era um homem sábio que pregava a temperança como a 
primeira virtude para assegurar o prazer. Devemos nos conduzir de tal modo que nossa vida se constitua da maior 
quantidade de prazer possível e a menor quantidade de dor. Por isso, devemos ser moderados, pois excesso abrevia a 
vida, eliminando a possibilidade de prazer. É possível que eu encontre prazer em viver de acordo à minha consciência, 
logo posso suportar algum tipo de dor física para ser fiel a ela, ou mesmo lutar contra as minhas paixões. 
Quanto ao Estado, nega que o homem seja sociável por natureza. Em sua origem (estado de natureza) estaria em luta 
permanente com outros homens, mas esta luta, gerando dor e caos, vem a ser abolida com a formação do Estado. 
Assim, para Epicúreo, o direito será apenas um pacto utilitário (pacto social), e o Estado é o efeito de um acordo que os 
homens poderiam romper toda vez que não encontrassem mais utilidade para trazer felicidade com a menor dor. 
4 
 
O CRISTIANISMO E A FILOSOFIA DO DIREITO NA IDADE MÉDIA 
Originariamente, a doutrina cristã não teve significado jurídico ou político, mas tão só moral. Mas, obviamente, a transformação das 
consciências tem reflexo em outros princípios, tais como, a liberdade, a igualdade e a unidade dos homens, em torno de uma sociedade. 
Um primeiro efeito, de natureza metodológica, é a aproximação do Direito à Teologia. Posto que um Deus pessoal governa o mundo, 
considera-se o direito como fundado sob um comando divino. O Estado como instituição divina. E a vontade divina é conhecida não tanto 
pelo raciocínio, quanto pela revelação; antes de ser demonstrada, deve ser crida, aceita pela fé. Outro resultado do Cristianismo, ou 
melhor, da forma histórica do Cristianismo, é reconhecido na nova concepção do Estado em relação à Igreja. Na antiguidade clássica 
apenas existia o Estado, como unidade perfeita. O indivíduo tinha a suprema missão de ser bom cidadão, de dar ao Estado tudo de si 
mesmo. Com o Cristianismo, ao contrário, outro fim é proposto ao indivíduo: o fim religioso, do outro mundo. A meta última não é a vida 
civil, mas a conquista da felicidade eterna, da beatitude celeste, que se alcança mediante a subordinação à vontade divina representada 
pela Igreja. No Estado clássico, a religião era umamagistratura a ele submetida; na Idade Média, a Igreja tende a sobrepor-se ao Estado, 
dado que, enquanto o Estado cuida das coisas terrenas, a Igreja se ocupa das eternas; daí a pretensão de usar o Estado como instrumento 
do fim religioso. Portanto, a Igreja afirma-se como autoridade autônoma, superior ao Estado. Desta maneira, o relacionamento político 
complica-se. Dos dois termos cidadão e Estado, aproxima-se um terceiro, a Igreja. O princípio fundamental, o ideal do Cristianismo, a 
irmandade dos homens em Deus é mais vasto e elevado que o ideal grego da era clássica. A Filosofia Cristã (período em que houve a 
Cristandade – perfeita sintonia entre o e a Igreja) divide-se em dois principais períodos: o da Patrística e o da Escolástica. 
P
A
TR
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Movimento no inicio da Idade Média feita pelos padres. Percebendo as heresias, formou-se um colégio de estudo para combater as 
heresias e fazer uma apologia a fé. Fixam-se os dogmas, os artigos de fé, por obra dos padres da Igreja (donde o nome). 
O grande expoente foi Santo Agostinho. Especialmente na obra em vinte e dois livros, De Civitate Dei, desenvolveu suas teorias sobre a 
história do gênero humano, sobre o problema do mal e sobre o destino ultraterreno do homem, sobre a Justiça e sobre o Estado.Em 
nenhuma outra obra se pode observar melhor a diferença entre o conceito grego clássico e o cristão, a respeito do Estado. Enquanto os 
gregos haviam exaltado o Estado como supremo fim do homem, Santo Agostinho enaltece a Igreja e a comunhão das almas em Deus. Há 
dois blocos no mundo: 
A civitas terrena é o reino da impiedade (societas impiorum), descende do pecado original, constituído por pessoas que viraram as costas 
para Deus. A Civitas terrena é, pois, caduca, e deve ser substituída pela Civitas Dei (ou Civitas Coelestis), que já existe, em parte, na terra, 
e reinará sozinha, por último. Por civitas Dei Santo Agostinho entende a comunhão dos fiéis, que seguem as leis de Deus e se anulam 
completamente, que se organizam como uma cidade divina, uma vez que são predestinados a participar da vida e da beatitude celestes – 
servos de Deus. O Estado terreno tem, assim, escopo louvável e deriva, também, da vontade divina e da natureza, enquanto se propõe 
manter a paz temporal entre os homens aplicando leis justas e evitando heresias e de dar oportunidade do homem santificar a sua alma, 
se subordinado assim, sempre à cidade celeste, isto é, à Igreja, que tende a procurar a paz eterna. 
Pode o Estado justificar-se apenas relativamente, enquanto deve servir sobretudo como instrumento a fim de que a Igreja atinja os seus 
próprios fins (portanto, deve ele repelir as heresias). A subordinação à Igreja é um dever estabelecido pelo próprio Cristo. Por último, o 
Estado terreno desaparecerá, para dar lugar ao restabelecimento do reino de Deus, assim, diferente de Aristóteles, a felicidade só será 
alcançada no céu, pois nenhuma instituição terrena poderá proporcionar ao homem a felicidade completa. 
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C
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A
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O
 
Tem-se, com a Escolástica, um retomo parcial à Filosofia clássica. Todavia, foram estudadas com métodos dogmáticos, com o propósito 
de, a todo modo, harmonizá-Ias com os dogmas religiosos. Mesmo conservando o caráter dogmático, a Filosofia escolástica tentou 
desenvolver os dogmas religiosos com uma análise racional, até onde permitiam os limites da fé. 
Santo Tomás de Aquino (1225/1274), o principal representante da escolástica. Santo Tomás deu sistematização mais orgânica ao 
ensinamento cristão. O fundamento da doutrina jurídica e política é a divisão da lei. A lei é a disposição da Razão tendo em vista o bem 
comum. Distingue ele três ordens de leis: a lei eterna, a lei natural e a lei humana. 
 
A lex aeterna (Lei eterna) é a mesma razão divina que governa o mundo (ratio divinae sapientiae = "razão da divina sabedoria"), que 
ninguém pode conhecer inteiramente em si mesma não obstante poder-se ter dele uma noção parcial através de suas manifestações. O 
Direito não está na vontade de Deus e sim na Razão de Deus (as leis já existem em Deus e não são fruto do homem). 
A lex naturalis (Lei natural) é, ao contrário, cognoscível diretamente pela razão, sendo precisamente uma participação da lei eterna na 
criatura racional, segundo a sua própria capacidade, de conformidade com a proporção da capacidade da natureza humana. São aquele 
aspecto da Razão divina que foi permitida a razão humana captar. 
A lex humana (Lei humana) é uma invenção do homem pela qual, partindo dos princípios da lei natural, vai-se às aplicações particulares. 
Mesmo com o pecado o ser humano não perdeu completamente a razão podendo participar da razão divina e captar algumas leis 
naturais. 
O problema prático é: A lex humana deve ser obedecida também quando contrasta com a lex aeterna e a lex naturalis? Ou seja, até 
onde o cidadão deve obedecer às leis do Estado? Segundo a doutrina tomística, a lex humana deve ser obedecida também quando vá 
contra o bem comum, isto é, mesmo quando constitua um dano, e isto para a manutenção da ordem "para evitar o escândalo ou a 
turbação". Não deve, porém, ser obedecida quando implique uma violação da lex divina "contra ordem de Deus". Tal seria, por exemplo, 
uma lei que impusesse um falso culto. 
Na doutrina do Estado é ainda mais visível a influência de Aristóteles, e também evidente a diferença entre a teoria tomística e a de 
Santo Agostinho. 
Para Santo Tomás, o Estado é um produto natural e necessário à satisfação das necessidades humanas; deriva da natureza social do 
homem e subsistiria também independentemente do pecado. 
O Estado tem por finalidade garantir a segurança dos homens consorciados e de promover o bem comum, o que é uma imagem do reino 
de Deus. Com isto se tem uma reabilitação do conceito do Estado, em confronto com a teoria de Santo Agostinho. 
Não muda, todavia, a concepção fundamental, neste ponto, que também Santo Tomás formou do Estado como subordinado à Igreja, à 
qual deve ele obedecer sempre, ajudando-a a atingir seus fins. Um Estado que se oponha à Igreja não é legítimo.

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