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AUTOVIST ORIA : UMA METODOLOGI A APLICÁVEL À
INSPE ÇÃO PREDIAL
Noya , M.1
mauricionoya @hotmail.com
MOTTA, A. L. T. S.2
anaseroa@hot mail.com
Moura, M.3
mm_arquitetu ra@globo.com
PA TO LOG I A
Resumo
O artigo, baseado em tese de Doutorado de um dos autores, apresenta o t e ma i nsp eção predial e analisa
seus procedimentos à luz d as leis de Autovistoria predial e p e lo Decreto Munic ipal, que instituem a
obrigatoriedade de realização de Aut ovistoria téc nica na s edificações situa das no Muni pi o do Rio de
Janeiro. En tr e ta nto , a f a lt a de uma metodologia clara q ue estabeleça critérios de inspeção pode le var as
edificações a riscos, além da ob solescência preco ce, não corr espondendo às expectativa s das leis
promulgadas. A pesquisa tem o pro pósito de introd uzir crité r io s metodol ógicos de inspeçã o p redial, que
nivel e m esses p rocedi mentos, preenchendo a lacuna das le is, afastando r iscos iminent e s à edificação. S ua
metodologia apresentou uma a mp l a revisão bib li o grá fic a sobre a prática de ins peção predial, além de
mos t r a r uma proposta metodológica baseada no método de Mósler. A metodologia apresentada te m c o mo
base u ma matriz de tolerabilid ade de risco aplicável à insp eção predi al. O principal res ultado é mos t r ar a
imp o r nc ia da inserção metodológica da análise de ris co no s procedimentos de inspeção predial e que os
itens vistoriados sej a m sub metidos a u ma matriz de tolerabilidad e de risco com o int ui to de afastastar
risco s iminentes à edifica ção gara ntindo a cons er va ção do parque imobiliário dos grande s centros
urbano s.
Palavras -chave: Ins peção predi al
Auto vist ori a pred ial
Engen haria ci vil
1. Arquiteto e Urbanista; Do u t or em Engenhar i a Civil pe la Universidade Federal Fluminense ; MSc. em Engenharia Civil pe la UFF e profess or da Silvo e Souza. 2
Arquiteta; MSc. e Ph.D em Projeto e Enge nhar i a Am bie nta l; Pr o fe s s or a Associada da Universidade Federal Flumine nse UFF.
3 Arquitet a e U r ba nis ta; Doutora em Engenhari a Civil pela Universidade Federal Fluminense ; MSc. em Arquitetura pe la UFRJ e Pr ofessora da UCAM.
PAT ORR EB 2018 1
AUTOVIST ORIA : UNA METODOLOGÍA APLICABLE A LA
INSPE CCIÓN P REDIAL
Noya , M.
1
mauricionoya @hotmail.com
MOTTA, A. L. T. S.2
anaseroa@hot mail.com
Moura, M.
3
mm_arquitetu ra@globo.com
PA TO LOG Í A
Resumen
El artículo, basado en tesis de Doctorado de uno de los aut o r e s, presenta el te ma inspección predial y
analiza s us procedimientos a la luz de las le ye s de Autovist oria predial y por el Decreto Municipa l, que
instituyen la o bligatoriedad de realización de Autovistoria técnica en las edificaciones situadas en el
Municipio d el Río de enero . Sin embargo, la falta de una metodología clara que establezca criterios de
inspección puede llevar a las edificaciones a rie s go s, además de la obsolescencia precoz, no
correspondiendo a las expectativas de las le yes p ro mulga da s. La investi gac n tiene el propósito de
introducir criterios metodológicos de inspección predial, que nivele eso s procedimientos, rellenand o la
laguna de las leyes, alejando riesgo s inminentes a la edificación. Su metodología presentó una amplia
re vi s n b ib lio gr á fic a sob re la práctica de inspe cción predial, además de mo s t r a r una propuesta
metodológica basada en el método de Mósler. La metodo logía presentada tiene co mo b a se una ma triz de
tolerabilid ad de rie sg o a plicable a la inspección predial. El principal re s ul tad o es mo s tr ar la imp o r ta nc ia
de la inserción metodológi ca del análisis de ri e s go en los proced imientos de inspección predial y que lo s
ítems vistoriado s sean sometidos a una matriz de toler abi l id ad de rie s go con el fin de alejar rie s go s
inminentes a la edificación ga ra ntiz and o la co nservación del parque inmobiliario de lo s grandes centr os
urbano s.
Palabras clave: Inspección de edificios
Auto vist ori a pred ial
Ingeniería Civi l
1. Introdução
Com a escassez de terrenos vazios, com potencial de edificação, tornou-se in evi vel o
adensamento vertical i mobiliário nos grandes cent ros urbanos, principalmente nas á re as
mai s valorizadas. A partir daí, sur gira m às deficiências relacionadas à lacuna de planos
estratégicos que norteiam a manutenção e a conservação dessas edificações.
A ausência de um plano de manutenção ref lete a incipiência da cultura de conservação e
preservação, que é baseada em ações de ordem corretivas e emergenciais, pois sequer
um registro de intervenções por or dem de prioridades , gerada p ela prática de inspeções ( 1).
As consequências são nefastas pa ra as edificações. Além disso, a manutenção inadequada,
não precedida da devida inspeção, não contribui para a depreciação do patrimônio
edificado, c o mo pode resultar em retrabalho e no aumento de gast os que poderiam ser
evitados. (2).
A legislação de autovistoria predial sancionada pel o gove rn o do Ri o de Ja nei r o tem co mo
objetivo instituir a práti ca de manutenção preventiva precedi da de autovistoria garantindo
a execução de medidas reparadoras, mitigando as ações de manutenção corretiva e
emergenci al, muito comun s no país .
Segundo Lessa (3) é preciso que a manutenção predial, precedida de inspeções, seja um
procedimento técnico responsável, não somente co mo c u mp r i me n t o às leis, mas u ma
prática consciente arraigada na cultura brasilei ra visando à qualidade e à segurança das
edificações.
Inspeção Predial é a “análise isolada ou combi nada das condições t écnicas, de uso e de
manutenção da edificação”
De acordo com o Guia da boa manutenção (4), a Inspeção Predial deve ser entendi da
co mo u ma avaliação técnica do estado de c onformi dades de uma edif icação, com base n os
aspectos de desempenho, vi da útil, segurança, estado de conservação, manutenção,
utilização e operação, observa ndo se mp r e o at endimento às expectativas dos usuári os. A
No r ma de Inspeção Predial (5) de fine a Inspeção co mo “a avaliação isolada ou combinada
das condições técnicas, de uso e de manutenção da edi ficação”.
Na prática, trata-se de uma avaliação sistêmica com o objetivo de identificar o est ado
geral da edificação e de seus sistemas constr ut i vos, obser vando os aspectos de
desempenho, funcionalidade , vid a útil, segurança, estado de conservação, manut enção,
utilização e operação, consideradas as expectativas dos usuá rios. É a análise da
manutenção definida c o mo conjunto de atividades a serem reali zadas par a conservar ou
recuperar a capacidade funcional da edificação, de seus elementos construtivos e sistemas
constituintes a fim de atender às necessidades e segurança dos seus usuários”. (5).
Desta forma, assim co mo um check-up médi c o em um paciente, infere-se que a Inspeção
Predial tenha o mes mo funda ment o, ou seja, um check-up predial realizado por um
engenheiro ou arquiteto qualificado que de ve avaliar cada part e e elemento construtivo de
u ma edificação.
De acordo com Go mi d e (1 ), o pr incipal objetivo da Inspeção Predial é a r ealização
constante do check-up predi al , no qual são identificadas as irregularidades predia is que
colocam em risco a quali dade da edificação e de seus sistemas. Esta verificação é
fundamental p ara que seja ela borado um plano de manutenção predial de qualidade e,
consequentemente, as intervenções necessárias, visando seu máx i mo de sempenho, com
redução de custos oper acionai s.
Para Lanzinha (6), intervir em u ma edificação, sign ifica repará -la, ou seja, devol -la ao
seu estado original [grifo nosso] , ainda que sej a necessário realizar obras que de volva à
edificação, boas condições de f uncionamento, adequando-as sempre às condições
contemporâneas de confor t o e qualidade.
Oliveira (7) consi dera que todos os profissi onais da área devem estar conscientes da
importância da Inspeção Predial, bem c o mo das diversas decisões necessárias sobre a
complexidade de u ma e vent ual intervenção. Essas decisões, a serem toma das pelos
gestores de manut enção, de vem ser baseadas nos Registros de Inspeção Periódica. Dest a
forma, u ma boa inspeção deve identificar problemas de desempenho e determinar o gr au de
degradação de cada componente do sistema c onstrutivo, a fim de que sej a analisada a
prioridade dos serviços. É preciso ainda observar que cada componente da edificação é
afetado de forma diferente pelos agentes agressores do mei o ambiente. A rotina de
inspeção detecta eventuais processos de degradação que pode m ser tratados precocemente,
permitindo que a vida útil de proj et o da edificação s ej a al cançada e até mes m o
ultrapassada.
Por est a r azão, a Inspeção Predial pode ser uma importante fer ramenta p ara nortear a
formulação de um plano de manutenção, por me i o da elaboração d os laudos de Inspeção.
Essa ferramenta de fundame ntal importância deveria constar na n or ma AB NT NBR (8)
Manutenção de Edificações - Procedi mento, pois se apresenta co mo u ma forma útil para
verificar as condições de conservação previstas pela No r ma ABNT NBR (9), com o intuito
de avaliar se os procedimentos de manutenção adotados são insuficientes ou inexistentes.
A l ei de autovistoria predial e as Nor ma s correlatas, o ao encontro dessa necessidade
no q ue ta nge à regulamentação d os procedimentos relacionados aos cuidados relacionados
à edificação, embora a falta de uma met od olo gia n o que t ange à elaboração do la udo
técnico, aliado a inexistênci a de u ma metodolo gi a acerca da anál ise de risco à luz de uma
mat r i z de toler abilidade de risco dos itens vist oriados, torna todo o processo vulnerável
quanto às orientações referentes às medi d a s reparadoras.
É nesse sentido, que ao discorrer sobre o t e ma inspe ção predial, o est udo contribui para a
evolução das pesquisas e apresenta uma metodologia de análise de risco que pontua a
evolução do risco pat ológico em u ma escala que vai de 5 iminente a 1 menos gra ve
procedimento qeu afasta riscos à edificação, posto que orienta o gestor quanto à tomada de
decisão em r elação à ordem de pri oridade das int ervenções, que um piso quebrado não
pode ter a mes m a importâ ncia que u ma vi ga fraturada. A metodologia apresenta um marco
no aprimoramento tecnológico acerca das inspeções prediais.
2. Objetivos
A pesquis a t eve c o mo principal o bje ti vo apresentar u ma metodologia de análise de ri sco
baseada no método de Mosler a daptada à inspeção. A metodologia tem como funda mento
u ma matriz de tolerabilidade de risco qu e vis a à conservação, à qualidade e à segurança do
ambiente construí do do s centros urbanos.
Não restam dúvidas quanto à necessidade das Le i s de vistoria para a conservação do
parque imobiliário da cidade. Entretanto, ao abordar o t e ma cuj a ba se de da dos re vel a -se
ainda incipiente em função da recente regulamentação da lei, a pesquisa mostrar a falta de
critério com que as vistorias m sendo realizadas pelos profissionais, uma ve z que as leis
não introduzem uma metodologia clara quant o à elaboração de um modelo de vistoria
tornando-a um ato discricionário do ins petor .
Para Guerreiro4, não um consenso em relação ao laudo de inspeção. Um dos pontos a
serem aprimorados, diz respeito à forma como a inspeção de ve ser realizada. que se
inserir u ma metodologia capaz de nivelar os procedimentos de inspeção com ênfase na
análise de risco dos iten s vistoria dos. Nota-se claramente que a Lei precisa ser
aperfeiçoada.
A métologia apr esentada tem como i ntuito apresentar um norte metodoló gico de inspeção
predial p or me io da metodologi a de Mosler. A proposta int roduz um novo conc eito, na
medida em que for nece ao inspetor uma padroni zaçã o de procedimentos, hoje inexistente.
3. O Método de Mosler e os Crit érios de Avaliação do Ris co
Adaptados à Inspeção
O a rti go a pre sent a u ma me t od olo gia qualitativa de avaliação de riscos, ba seada no m é t o do
Mosler . Trata-se de u ma ferr a menta de gestão de risc os potenciais que ac ompanha a e volução
dos risc os a p ar ti r do diagn óstico dos a mbi ente s i nte r nos e e xte rn os p ont os fortes e fracos
permitindo a projeção dos riscos potenciais . Por se t ratar de t od o subj eti vo d e ve se r utilizado
quando o hou ver dados históric os q ue possa m ser matematicamente emprega d os (1 0). O
método s e r ve de bas e para a identi ficaç ão , análi se e evol uçã o de fator es que podem i nfl uir na
manifest açã o e concreti zação da ameaça, projetan do o impacto para cada risc o.
A tabela 1 mo st r a a adaptação do Métod o Mosler de mo do a ant eder às d emandas de i ns peçã o:
Tabela 1: Critérios de Avaliação do Risco. Método Mosle r. Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo autor
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DO RISCO
Critério da Funçã o
F
Avalia os ri scos i mi ne nte s à edificação
Critério da Substituição
S
Avalia a urgência do reparo
Critério da Profundidade
P
Mede os efeito s do dano sobre a edificação
Critério da Extensão
E
Mede a ext ensão do da no sobre a edi fica çã o
Critério da Agressão
A
Avalia o estado do dano e o ri sc o da p ane
Critério da Vulnerabilidade
V
Mede os prejuízos para a edificação caso a p ane ocorra
3.1. Critérios de Tolerabilida de do Risco Adaptados à I nspeção :
Para c ada crit ério f oi cria do a se gui nte es cala do Risc o que d eve ser a valiado sob 5 ( ci nc o)
aspec tos descri to na tabela 2:
Tabela 2: Crit ér io s de Tolerabilidade do Risco . Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo autor.
Matri z de Tolerabilidade do Risco
Pontuação
5
4
3
2
1
4 Guerreiro, Agostin hoP resi dente do Cr ea R J. Engenheiro Agrônomo. In: Palestra sobr e Autovistoria
predial. palestra, 2014 CREA-R J.
3.2. O Método Mosler e a Evoluç ão do Risco Memória de cálculo:
No mét o do Mosl er, par a s e classificar o RIS C O é calculado um índice chamado de Evolução do
Risc o. Quanto mai or for o valor d esse índice, mai or será o risco oferecido à or ganização . A
valor açã o do risco é cal culad a da segui nte forma:
Val ora -se o risco calcu lando a magnitude C e quanti ficando sua proba bilida de de ocorrência
Pb” que é o ta man ho da ame aça. Evol uçã o do r is co: “E R” = “C” x “Pb”
Para se che gar à qua ntifica ção, calcul a -se a magnitu de do risco “C”
C=I+D
I: import ânc ia do sucesso F x S (função x substituição)
D: danos causados: P x E (profu ndi dad e x extensã o)
3.2.1. Magni tude d o Ris co :
C=I (FxS) + D (PxE)
Pro babili dad e de ocorrência Pb:
Pb= A x V (agressão x vul ner abil i dade)
3.2.2. Exemplo:
Tabela 3: Memória de Cálculo - Méto do de Mosler. Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo a utor.
Ris co F S P E A V (FxS)
I
(PxE)
D
(I+D)
C
(AxV )
PB
(CxPb)
ER
4 3 5 5 3 3 12 25 37 9 333
Os valores atribuídos a “F”, “S”, “P”, “E” , “A ”, “V”, na tabela 3, foram retirados da t abela 1, de
acord o com a avaliação técnica do profiss ion al. A partir desses val o r e s é possí vel c alcul ar F xS,
Px E, I+D , AxV, CxPb. No exempl o da t abel a 3, o valo r encont rado para ER foi 333
3.2.3. Evolu ção do Ris co ER / Classe do Ris co
Tabela 4: Evolução do Risco/Classe do R i sc o - Mosler. Fonte: Br asiliano (10) adaptado pelo auto r.
Evol ução do Ris co ER Classe do Risco
2 – 250
Muito baixo
251 - 500
P eq u e no
501 - 750
No r ma l
751 - 1000
Grand e
1001 - 1250
Elevado
O valor 333 para a Evol ução do Ris c o - ER encont rado cor res po nde a uma c lasse de ri sco
peq uena, de acordo com a tabela 4.
4. Os Cinco Pil ares da Inspeção P redial
Os cuidados com a edificação devem começar na f ase de desenvolvimento do p roj eto
prel i min ar , quando da e scolha do sistema const rutivo e dos materiais pel o projetista, qu e
de ve levar em conta, a evolução da degradação dos materiais e os seus efeitos no
desempenho estrutural da edificação. Cuidados como esses garantem uma edificação mai s
saudável, elimi nando custos desnecessários ao longo de sua vida útil com a prática da
manutenção corretiva ou emer genci al. Na maioria das vezes, esse tipo de manutençã o é
realizada para corrigir problemas de ordem de projeto, ou até mes mo , falhas por utilização
de materiais inadequados à demanda de solicitação da edificação ora projetada.
Não dúvidas de qu e a ma nuten ção predial, quando realizada de forma preventiva,
prolonga a vi da útil da edificação, fazendo com que esta cumpra be m o papel para o qual
fora projetada. Entretanto, para que exista uma manutenção de excelência é preciso que
esta sej a precedi da de uma vistoria técnica e de qualidade q ue catalogue todos os itens a
serem vist oriados em uma edificação.
Visando suprir a deficiência da lei , qu e est a descreve de forma sucinta, alguns itens da
edificação a serem vistori ados, a pesquisa apresenta um fluxograma, que descreve os cin co
pilares da inspeção predial, ou seja, apresenta as cinco grandes áreas de uma edif icação
conforme demonstrado na figura 1. Cada gr ande área apresentada no fluxogr ama se
subdivide formando subit ens que vão desde a estrutura, passa ndo p el as alvenarias
esquadrias, cobertura, instalações, equipamentos, materiais revestimentos, entr e outros
itens que compõem o si stema edilício. Com a catalogação desses itens, é possível elaborar
o plano de inspeção predi al capaz de atender ao s req uisit os técnicos de u ma vistoria
predial.
A téncica tem co mo base nivelar os procedimentos de autovistoria predial norteando o
trabalho do i nspe tor, que fornece todos os itens a serem inspecionados em uma
edificação. Junta-se a isso a aplicação da metodologia de Mosler de risco adaptada à
inspeção que relaciona a orde m de prioridade de execução dos serviços a serem reali zados
carência observada na lei que não apresenta qualquer metodologia de análise de
risco. A orde m de pri oridade das medidas repara doras d eve se r item essencial, posto que
prioriza os serviços de mai or relevância a serem realizados em uma edificação, afastando
qualquer risco iminente q uanto à execução de um serviço menos importante, poster gando
u ma intervenção de mai o r r elevância.
OS CINCO PILA RE S DA INS PEÇÃO PREDIAL
Figura 1: Fluxo gra ma do s Cinco Pilares da I nspeção P r ed i a l, destacados na cor azul.
Fonte: o auto r (2 015)
5. Considera ções fi nais
Dessa pesquisa aprende u-se q ue um dos aspectos ma i s r e l eva nt es levantados diz respeito
à análise de risco d os itens vistor iados.
Muito embora a Le i Municipal tenha instituído a obrigatoriedade de vistorias técnicas
periódicas, determina a apresentação, quando nec essário, d as medidas reparadoras. (11).
Para a apresentação das medidas reparadoras, não basta uma simples vistoria. Fa z-se
necessário a realização de u ma inspeção predial , p ois somente a inspeção, com a utilização
de uma metodolo gi a de análise de risco, pode det ermi nar a ordem de prior idade das
medidas reparadoras procedimento essencial par a a segurança da edificação –, po is esse
procedimento não pode ser um ato discricionário do ins petor .
Qualquer proposição de medidas reparadoras de ve ser obrigatoriamente precedida de u ma
análise de risco, por meio de u ma matriz de tolerabilidade de risco. Se m esta matriz o
laudo torna-se vu lne vel à sensibi lidade do ins petor . Tal fato põe em ri sco o embasamento
técnico da inspeção. Sem esse procedimento, não co mo garantir a ordem de prior idade
das medidas reparad oras, que o gestor pode, erroneamente, optar pela r ealização de um
serviço menos i mportante, post ergando o reparo de uma patol ogi a que ofereça risco
iminente.
Ficou evidente que o modelo de autovistoria predial , baseado nos critérios estipulados
pela legislação, não apresenta uma metodologia predeterminada. Este f ato torna as
autovistorias ineficientes e incompletas.
Desta forma, é possí vel d istinguir claramente a importância da análise de risco dos ite ns
vistoriados, além da import ância de nivelar os procedi mentos de inspeção predial.
Entre as metodologias testadas, o método de Mosler foi o que mai s se a dequou à propost a
do modelo de inspeção predial formulado pela pesquisa, p or apresentar uma matriz de
tolerabilidade de risco q ue permite avaliar o risco sob seis critérios de inspeção fato que
torna o resultado mai s confiável acerca da eliminação dos riscos à edificação em relação às
patologias edilícias.
O método proposto utilizou a me todologia de Mosler. O mét od o apresenta u ma matriz de
tolerabilidade de ri sco adaptada pel o aut or para a pesquisa, que deve obrigatoriamente ser
aplicada em todos os itens vistoriados. A metodologia garante a segurança da edificação no
mo me n t o em que determina, com efi cácia, a orde m de prioridade da s medidas r eparadoras,
afastando riscos à edificação conforme determinação da No r ma do IBA P E e implícito na
legislação.
A autovistoria, apenas, não permite q ue o gestor tenha conhecimento do gr au de
deterioração de cada anomalia, posto o cont empla r uma base metodológica de análise de
risc o. Se m analisar o gr au de risco de u ma patol ogia, n ão é possível classificá -la sob uma
mat r i z de tolerabilidade de ri sco. Desta forma, fi cou claro a subjetividade que en volve o
processo de autovistoria, fazendo com que os verdadeiros obje tivo s da legislação qu e
constitui em proteger o patr imôni o construído –, não sejam alcançados de forma
satisfatória. Logo, pode-se concluir q ue a análise de risco constiui um dos pr ocedime ntos
mai s r elevantes acerca dos tr abalhos de inspeção predial.
Assim sendo, a pesquisa corrobor ou que a autovistoria não é suficiente para garantir a
conservação do patrimônio, pois não f ornece dad os suficientes que garantam a segurança
das edificações. Ademais, ve rific ou-se que as lei s não introduzem um mode lo de vistoria
fazendo com que cada profissional cri e critérios próprios, t orna ndo -a um ato
discricioná rio, prejudicando a padronização de procedimentos.
Pelas razões expostas é preciso dar um paço à frente. Sair da vistoria e da r início ao
processo de inspeção predi al. É a part ir dessa lacu na que a pesquisa desenvolveu uma
metodologia de inspeção. Trata-se de uma metodologia de modelagem técnica, que permite
analisar individualmente, todos os componentes r esponsáveis p el o desempenho da
edificação, permitindo o aj us t e e a i ntro du çã o de técnicas de manutenção predial,
objetivando a qual idade do edifício.
A matriz de tolerabilidade de risco adaptada à inspeção representa um concei to
metodológico de avaliação dos riscos intrínseco a cada anomal ia e que pode representar
sérios danos à edificação, caso o sejam corretamente di agnosticadas e previamente
corrigidas. A metodologia permite avaliar o gr au de risco de cada anomalia. O diagnóstico
precoce permite mitigar os danos à edificação, restabelecendo com precisão a saúde
edilícia de cada componente do edifício.
A pesquis a conclui qu e a autovistoria da fo r ma c omo atualmente é praticada, não atende
aos requisitos da legislação –, devendo-se alavancar o processo de inspeção por tr ata-se
de uma ferra menta metodológica no âmbito da engenharia ci vil no qu e tange à prática de
inspeção capaz de fo rnecer , com segurança, o vel de c o mp r o me t i me n t o da s anomalias e
seus desdobramentos em relação a possíveis danos à edificação, afastando r iscos e
cumprindo com exatidão os preceitos da legislação no qu e ta nge à conservação e à
segurança do patrimônio construído.
Bibliog rafia
(1) GOMIDE, Tito vi o Fer reira; FAGUNDE S N E T O, J er ô ni mo Cabral Pereira; GU LLO,
Marco Ant ôni o. Ins pe ç ão P re dial Total: di retrizes e la udos no enfo que da qualidade
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(3) LESSA, An a Kar i na M ar ques da Cunha; S OUZA, Hebert Lop es de . Ges tão da
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(5) IBA P E -SP, Instituto Brasil eiro de Avaliações e Períci as de Enge nhari a de São Paulo .
Norm a de Inspeção Pr e dial 2 011. São Paulo: IB AP E 2011.
(6) J.C. L ANZINHA, Rea bilitação de Edifícios Meto dol ogi as de Diagnóstico e
Intervenção. Edição Fu ndação N ova Eur opa , série est udos …,2 00 6 Portugal.
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(8) ABNT , Associaçã o Brasilei ra de N or ma s cnicas. NB R 56 74: Ma nut e ão de
Edif icaç ões Pro ce dim ent o. Ri o de Janeiro , 2012.
(9) ABNT , Associação Brasi leira de Nor ma s Técni cas . NB R 15 575: Edifícios Habitacionais
de até Cinc o Pavime ntos. De s empe n ho. Partes 1 a 6. Rio de Janeiro, 2013
(10) BRASIL IANO, An tôni o Cel so Ri ber ir o Man ual do Pl a neje me nt o Gestão de Ri s c os
Corpo rativos. Local: o Pau lo . Sicurezza, 2006.
(11) LEI MUNICIPAL COM PLEMENTAR N0 126. Autovist ori a Predial. Diário Oficial
do Municí pi o do Rio de Janeir o D.O, 12 de julho de 2013.

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AUTOVISTORIA: UMA METODOLOGIA APLICÁVEL À 
INSPEÇÃO PREDIAL 
 
 
Noya, M.1 
mauricionoya@hotmail.com 
 
MOTTA, A. L. T. S.2 
anaseroa@hotmail.com 
 
Moura, M.3 
mm_arquitetura@globo.com 
 
 
PATOLOGIA 
 
Resumo 
O artigo, baseado em tese de Doutorado de um dos autores, apresenta o tema inspeção predial e analisa 
seus procedimentos à luz das leis de Autovistoria predial e pelo Decreto Municipal, que instituem a 
obrigatoriedade de realização de Autovistoria técnica nas edificações situadas no Município do Rio de 
Janeiro. Entretanto, a falta de uma metodologia clara que estabeleça critérios de inspeção pode levar as 
edificações a riscos, além da obsolescência precoce, não correspondendo às expectativas das leis 
promulgadas. A pesquisa tem o propósito de introduzir critérios metodológicos de inspeção predial, que 
nivelem esses procedimentos, preenchendo a lacuna das leis, afastando riscos iminentes à edificação. Sua 
metodologia apresentou uma ampla revisão bibliográfica sobre a prática de inspeção predial, além de 
mostrar uma proposta metodológica baseada no método de Mósler. A metodologia apresentada tem como 
base uma matriz de tolerabilidade de risco aplicável à inspeção predial. O principal resultado é mostrar a 
importância da inserção metodológica da análise de risco nos procedimentos de inspeção predial e que os 
itens vistoriados sejam submetidos a uma matriz de tolerabilidade de risco com o intuito de afastastar 
riscos iminentes à edificação garantindo a conservação do parque imobiliário dos grandes centros 
urbanos. 
 
 
Palavras-chave: Inspeção predial 
Autovistoria predial 
Engenharia civil 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Arquiteto e Urbanista; Doutor em Engenharia Civil pela Universidade Federal Fluminense; MSc. em Engenharia Civil pela UFF e professor da Silvo e Souza. 2 
Arquiteta; MSc. e Ph.D em Projeto e Engenharia Ambiental; Professora Associada da Universidade Federal Fluminense UFF. 
3 Arquiteta e Urbanista; Doutora em Engenharia Civil pela Universidade Federal Fluminense; MSc. em Arquitetura pela UFRJ e Professora da UCAM. 
PATORREB 2018 1 
mailto:mauricionoya@hotmail.com
mailto:anaseroa@hotmail.com
mailto:mm_arquitetura@globo.com
 
 
AUTOVISTORIA: UNA METODOLOGÍA APLICABLE A LA 
INSPECCIÓN PREDIAL 
Noya, M. 1 
mauricionoya@hotmail.com 
MOTTA, A. L. T. S.2 
anaseroa@hotmail.com 
Moura, M. 3 
mm_arquitetura@globo.com 
 
 
PATOLOGÍA 
 
Resumen 
El artículo, basado en tesis de Doctorado de uno de los autores, presenta el tema inspección predial y 
analiza sus procedimientos a la luz de las leyes de Autovistoria predial y por el Decreto Municipal, que 
instituyen la obligatoriedad de realización de Autovistoria técnica en las edificaciones situadas en el 
Municipio del Río de enero. Sin embargo, la falta de una metodología clara que establezca criterios de 
inspección puede llevar a las edificaciones a riesgos, además de la obsolescencia precoz, no 
correspondiendo a las expectativas de las leyes promulgadas. La investigación tiene el propósito de 
introducir criterios metodológicos de inspección predial, que nivele esos procedimientos, rellenando la 
laguna de las leyes, alejando riesgos inminentes a la edificación. Su metodología presentó una amplia 
revisión bibliográfica sobre la práctica de inspección predial, además de mostrar una propuesta 
metodológica basada en el método de Mósler. La metodología presentada tiene como base una matriz de 
tolerabilidad de riesgo aplicable a la inspección predial. El principal resultado es mostrar la importancia 
de la inserción metodológica del análisis de riesgo en los procedimientos de inspección predial y que los 
ítems vistoriados sean sometidos a una matriz de tolerabilidad de riesgo con el fin de alejar riesgos 
inminentes a la edificación garantizando la conservación del parque inmobiliario de los grandes centros 
urbanos. 
 
 
 
 
Palabras clave: Inspección de edificios 
Autovistoria predial 
Ingeniería Civil 
mailto:mauricionoya@hotmail.com
mailto:anaseroa@hotmail.com
mailto:mm_arquitetura@globo.com
 
 
 
1. Introdução 
Com a escassez de terrenos vazios, com potencial de edificação, tornou-se inevitável o 
adensamento vertical imobiliário nos grandes centros urbanos, principalmente nas áreas 
mais valorizadas. A partir daí, surgiram às deficiências relacionadas à lacuna de planos 
estratégicos que norteiam a manutenção e a conservação dessas edificações. 
A ausência de um plano de manutenção reflete a incipiência da cultura de conservação e 
preservação, já que é baseada em ações de ordem corretivas e emergenciais, pois sequer há 
um registro de intervenções por ordem de prioridades, gerada pela prática de inspeções ( 1). 
As consequências são nefastas para as edificações. Além disso, a manutenção inadequada, 
não precedida da devida inspeção, não só contribui para a depreciação do patrimônio 
edificado, como pode resultar em retrabalho e no aumento de gastos que poderiam ser 
evitados. (2). 
A legislação de autovistoria predial sancionada pelo governo do Rio de Janeiro tem como 
objetivo instituir a prática de manutenção preventiva precedida de autovistoria garantindo 
a execução de medidas reparadoras, mitigando as ações de manutenção corretiva e 
emergencial, muito comuns no país. 
Segundo Lessa (3) é preciso que a manutenção predial, precedida de inspeções, seja um 
procedimento técnico responsável, não somente como cumprimento às leis, mas uma 
prática consciente arraigada na cultura brasileira visando à qualidade e à segurança das 
edificações. 
Inspeção Predial é a “análise isolada ou combinada das condições técnicas, de uso e de 
manutenção da edificação” 
De acordo com o Guia da boa manutenção (4), a Inspeção Predial deve ser entendida 
como uma avaliação técnica do estado de conformidades de uma edificação, com base nos 
aspectos de desempenho, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção, 
utilização e operação, observando sempre o atendimento às expectativas dos usuários. A 
Norma de Inspeção Predial (5) define a Inspeção como “a avaliação isolada ou combinada 
das condições técnicas, de uso e de manutenção da edificação”. 
Na prática, trata-se de uma avaliação sistêmica com o objetivo de identificar o estado 
geral da edificação e de seus sistemas construtivos, observando os aspectos de 
desempenho, funcionalidade, vida útil, segurança, estado de conservação, manutenção, 
utilização e operação, consideradas as expectativas dos usuários. É a análise da 
manutenção definida como “conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou 
recuperar a capacidade funcional da edificação, de seus elementos construtivos e sistemas 
constituintes a fim de atender às necessidades e segurança dos seus usuários”. (5). 
Desta forma, assim como um check-up médico em um paciente, infere-se que a Inspeção 
Predial tenha o mesmo fundamento, ou seja, um check-up predial realizado por um 
engenheiro ou arquiteto qualificado que deve avaliar cada parte e elemento construtivo de 
uma edificação. 
De acordo com Gomide (1), o principal objetivo da Inspeção Predial é a realização 
constante do check-up predial, no qual são identificadas as irregularidades prediais que 
colocam em risco a qualidade da edificação e de seus sistemas. Esta verificação é 
fundamental para que seja elaborado um plano de manutenção predial de qualidade e, 
consequentemente, as intervenções necessárias, visando seu máximo desempenho, com 
redução de custos operacionais. 
Para Lanzinha (6), intervir em uma edificação, significa repará-la, ou seja, devolvê-la ao 
seu estado original [grifo nosso], ainda que seja necessário realizar obras que devolva à 
 
 
 
edificação, boas condições de funcionamento, adequando-as sempre às condições 
contemporâneas de conforto e qualidade. 
Oliveira (7) considera que todos os profissionais da área devem estar conscientes da 
importância da Inspeção Predial, bem como das diversas decisões necessárias sobre a 
complexidade de uma eventualintervenção. Essas decisões, a serem tomadas pelos 
gestores de manutenção, devem ser baseadas nos Registros de Inspeção Periódica. Desta 
forma, uma boa inspeção deve identificar problemas de desempenho e determinar o grau de 
degradação de cada componente do sistema construtivo, a fim de que seja analisada a 
prioridade dos serviços. É preciso ainda observar que cada componente da edificação é 
afetado de forma diferente pelos agentes agressores do meio ambiente. A rotina de 
inspeção detecta eventuais processos de degradação que podem ser tratados precocemente, 
permitindo que a vida útil de projeto da edificação seja alcançada e até mesmo 
ultrapassada. 
Por esta razão, a Inspeção Predial pode ser uma importante ferramenta para nortear a 
formulação de um plano de manutenção, por meio da elaboração dos laudos de Inspeção. 
Essa ferramenta de fundamental importância deveria constar na norma ABNT NBR (8) – 
Manutenção de Edificações - Procedimento, pois se apresenta como uma forma útil para 
verificar as condições de conservação previstas pela Norma ABNT NBR (9), com o intuito 
de avaliar se os procedimentos de manutenção adotados são insuficientes ou inexistentes. 
A lei de autovistoria predial e as Normas correlatas, vão ao encontro dessa necessidade 
no que tange à regulamentação dos procedimentos relacionados aos cuidados relacionados 
à edificação, embora a falta de uma metodologia no que tange à elaboração do laudo 
técnico, aliado a inexistência de uma metodologia acerca da análise de risco à luz de uma 
matriz de tolerabilidade de risco dos itens vistoriados, torna todo o processo vulnerável 
quanto às orientações referentes às medidas reparadoras. 
É nesse sentido, que ao discorrer sobre o tema inspeção predial, o estudo contribui para a 
evolução das pesquisas e apresenta uma metodologia de análise de risco que pontua a 
evolução do risco patológico em uma escala que vai de 5 – iminente a 1 – menos grave – 
procedimento qeu afasta riscos à edificação, posto que orienta o gestor quanto à tomada de 
decisão em relação à ordem de prioridade das intervenções, já que um piso quebrado não 
pode ter a mesma importância que uma viga fraturada. A metodologia apresenta um marco 
no aprimoramento tecnológico acerca das inspeções prediais. 
 
2. Objetivos 
 
A pesquisa teve como principal objetivo apresentar uma metodologia de análise de risco 
baseada no método de Mosler adaptada à inspeção. A metodologia tem como fundamento 
uma matriz de tolerabilidade de risco que visa à conservação, à qualidade e à segurança do 
ambiente construído dos centros urbanos. 
Não restam dúvidas quanto à necessidade das Leis de vistoria para a conservação do 
parque imobiliário da cidade. Entretanto, ao abordar o tema cuja base de dados revela-se 
ainda incipiente em função da recente regulamentação da lei, a pesquisa mostrar a falta de 
critério com que as vistorias vêm sendo realizadas pelos profissionais, uma vez que as leis 
não introduzem uma metodologia clara quanto à elaboração de um modelo de vistoria 
tornando-a um ato discricionário do inspetor. 
 
 
 
Para Guerreiro4, não há um consenso em relação ao laudo de inspeção. Um dos pontos a 
serem aprimorados, diz respeito à forma como a inspeção deve ser realizada. Há que se 
inserir uma metodologia capaz de nivelar os procedimentos de inspeção com ênfase na 
análise de risco dos itens vistoriados. Nota-se claramente que a Lei precisa ser 
aperfeiçoada. 
A métologia apresentada tem como intuito apresentar um norte metodológico de inspeção 
predial por meio da metodologia de Mosler. A proposta introduz um novo conceito, na 
medida em que fornece ao inspetor uma padronização de procedimentos, hoje inexistente. 
 
3. O Método de Mosler e os Critérios de Avaliação do Risco 
Adaptados à Inspeção 
O artigo apresenta uma metodologia qualitativa de avaliação de riscos, baseada no método 
Mosler. Trata-se de uma ferramenta de gestão de riscos potenciais que acompanha a evolução 
dos riscos a partir do diagnóstico dos ambientes internos e externos – pontos fortes e fracos 
permitindo a projeção dos riscos potenciais. Por se tratar de método subjetivo deve ser utilizado 
quando não houver dados históricos que possam ser matematicamente empregados (10). O 
método serve de base para a identificação, análise e evolução de fatores que podem influir na 
manifestação e concretização da ameaça, projetando o impacto para cada risco. 
A tabela 1 mostra a adaptação do Método Mosler de modo a anteder às demandas de inspeção: 
 
Tabela 1: Critérios de Avaliação do Risco. Método Mosler. Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo autor 
 
CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DO RISCO 
Critério da Função F Avalia os riscos iminentes à edificação 
Critério da Substituição S Avalia a urgência do reparo 
Critério da Profundidade P Mede os efeitos do dano sobre a edificação 
Critério da Extensão E Mede a extensão do dano sobre a edificação 
Critério da Agressão A Avalia o estado do dano e o risco da pane 
Critério da Vulnerabilidade V Mede os prejuízos para a edificação caso a pane ocorra 
 
3.1. Critérios de Tolerabilidade do Risco Adaptados à Inspeção: 
Para cada critério foi criado a seguinte escala do Risco que deve ser avaliado sob 5 (cinco) 
aspectos descrito na tabela 2: 
Tabela 2: Critérios de Tolerabilidade do Risco. Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo autor. 
 
Matriz de Tolerabilidade do Risco 
Escala do Risco Pontuação 
 Iminente 5 
Não aceitável 4 
 Moderado 3 
Aceitável 2 
Mínimo 1 
 
 
 
 
4 Guerreiro, Agostinho – Presidente do Crea – RJ. Engenheiro Agrônomo. In: Palestra sobre Autovistoria 
predial. 2ª palestra, 2014 CREA-RJ. 
 
 
 
3.2. O Método Mosler e a Evolução do Risco – Memória de cálculo: 
No método Mosler, para se classificar o RISCO é calculado um índice chamado de Evolução do 
Risco. Quanto maior for o valor desse índice, maior será o risco oferecido à organização. A 
valoração do risco é calculada da seguinte forma: 
Valora-se o risco calculando a magnitude “C” e quantificando sua probabilidade de ocorrência 
“Pb” que é o tamanho da ameaça. Evolução do risco: “ER”= “C” x “Pb” 
Para se chegar à quantificação, calcula-se a magnitude do risco “C” 
C=I+D 
I: importância do sucesso F x S (função x substituição) 
D: danos causados: P x E (profundidade x extensão) 
3.2.1. Magnitude do Risco: 
C=I (FxS) + D (PxE) 
Probabilidade de ocorrência Pb: 
Pb= A x V (agressão x vulnerabilidade) 
3.2.2. Exemplo: 
Tabela 3: Memória de Cálculo - Método de Mosler. Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo autor. 
 
Risco 
F S P E A V (FxS) 
I 
(PxE) 
D 
(I+D) 
C 
(AxV) 
PB 
(CxPb) 
ER 
 4 3 5 5 3 3 12 25 37 9 333 
Os valores atribuídos a “F”, “S”, “P”, “E”, “A”, “V”, na tabela 3, foram retirados da tabela 1, de 
acordo com a avaliação técnica do profissional. A partir desses valores é possível calcular FxS, 
PxE, I+D, AxV, CxPb. No exemplo da tabela 3, o valor encontrado para ER foi 333 
3.2.3. Evolução do Risco ER / Classe do Risco 
Tabela 4: Evolução do Risco/Classe do Risco - Mosler. Fonte: Brasiliano (10) adaptado pelo autor. 
 
Evolução do Risco ER Classe do Risco 
2 – 250 Muito baixo 
251 - 500 Pequeno 
501 - 750 Normal 
751 - 1000 Grande 
1001 - 1250 Elevado 
O valor 333 para a Evolução do Risco - ER encontrado corresponde a uma classe de risco 
pequena, de acordo com a tabela 4. 
4. Os Cinco Pilares da Inspeção Predial 
 
Os cuidados com a edificação devem começar na fase de desenvolvimento do projeto 
preliminar, quando da escolha do sistema construtivo e dos materiais pelo projetista, que 
deve levar em conta, a evolução da degradação dos materiais e os seus efeitos no 
desempenho estrutural da edificação. Cuidados como esses garantem uma edificação mais 
saudável, eliminando custos desnecessários ao longo de sua vida útil com a prática da 
manutenção corretiva ou emergencial. Na maioria das vezes, esse tipo de manutenção é 
realizada para corrigir problemas de ordem de projeto, ou até mesmo, falhas por utilização 
de materiais inadequadosà demanda de solicitação da edificação ora projetada. 
Não há dúvidas de que a manutenção predial, quando realizada de forma preventiva, 
prolonga a vida útil da edificação, fazendo com que esta cumpra bem o papel para o qual 
 
 
 
fora projetada. Entretanto, para que exista uma manutenção de excelência é preciso que 
esta seja precedida de uma vistoria técnica e de qualidade que catalogue todos os itens a 
serem vistoriados em uma edificação. 
Visando suprir a deficiência da lei, já que esta descreve de forma sucinta, alguns itens da 
edificação a serem vistoriados, a pesquisa apresenta um fluxograma, que descreve os cinco 
pilares da inspeção predial, ou seja, apresenta as cinco grandes áreas de uma edificação 
conforme demonstrado na figura 1. Cada grande área apresentada no fluxograma se 
subdivide formando subitens que vão desde a estrutura, passando pelas alvenarias 
esquadrias, cobertura, instalações, equipamentos, materiais revestimentos, entre outros 
itens que compõem o sistema edilício. Com a catalogação desses itens, é possível elaborar 
o plano de inspeção predial capaz de atender aos requisitos técnicos de uma vistoria 
predial. 
A téncica tem como base nivelar os procedimentos de autovistoria predial norteando o 
trabalho do inspetor, já que fornece todos os itens a serem inspecionados em uma 
edificação. Junta-se a isso a aplicação da metodologia de Mosler de risco adaptada à 
inspeção que relaciona a ordem de prioridade de execução dos serviços a serem realizados 
– carência observada na lei – já que não apresenta qualquer metodologia de análise de 
risco. A ordem de prioridade das medidas reparadoras deve ser item essencial, posto que 
prioriza os serviços de maior relevância a serem realizados em uma edificação, afastando 
qualquer risco iminente quanto à execução de um serviço menos importante, postergando 
uma intervenção de maior relevância. 
 
OS CINCO PILARES DA INSPEÇÃO PREDIAL 
 
 
 
Figura 1: Fluxograma dos Cinco Pilares da Inspeção Predial, destacados na cor azul. 
Fonte: o autor (2015) 
 
 
 
5. Considerações finais 
Dessa pesquisa aprendeu-se que um dos aspectos mais relevantes levantados diz respeito 
à análise de risco dos itens vistoriados. 
Muito embora a Lei Municipal tenha instituído a obrigatoriedade de vistorias técnicas 
periódicas, determina a apresentação, quando necessário, das medidas reparadoras. (11). 
Para a apresentação das medidas reparadoras, não basta uma simples vistoria. Faz-se 
necessário a realização de uma inspeção predial, pois somente a inspeção, com a utilização 
de uma metodologia de análise de risco, pode determinar a ordem de prioridade das 
medidas reparadoras – procedimento essencial para a segurança da edificação –, pois esse 
procedimento não pode ser um ato discricionário do inspetor. 
Qualquer proposição de medidas reparadoras deve ser obrigatoriamente precedida de uma 
análise de risco, por meio de uma matriz de tolerabilidade de risco. Sem esta matriz o 
laudo torna-se vulnerável à sensibilidade do inspetor. Tal fato põe em risco o embasamento 
técnico da inspeção. Sem esse procedimento, não há como garantir a ordem de prioridade 
das medidas reparadoras, já que o gestor pode, erroneamente, optar pela realização de um 
serviço menos importante, postergando o reparo de uma patologia que ofereça risco 
iminente. 
Ficou evidente que o modelo de autovistoria predial, baseado nos critérios estipulados 
pela legislação, não apresenta uma metodologia predeterminada. Este fato torna as 
autovistorias ineficientes e incompletas. 
Desta forma, é possível distinguir claramente a importância da análise de risco dos itens 
vistoriados, além da importância de nivelar os procedimentos de inspeção predial. 
Entre as metodologias testadas, o método de Mosler foi o que mais se adequou à proposta 
do modelo de inspeção predial formulado pela pesquisa, por apresentar uma matriz de 
tolerabilidade de risco que permite avaliar o risco sob seis critérios de inspeção – fato que 
torna o resultado mais confiável acerca da eliminação dos riscos à edificação em relação às 
patologias edilícias. 
O método proposto utilizou a metodologia de Mosler. O método apresenta uma matriz de 
tolerabilidade de risco adaptada pelo autor para a pesquisa, que deve obrigatoriamente ser 
aplicada em todos os itens vistoriados. A metodologia garante a segurança da edificação no 
momento em que determina, com eficácia, a ordem de prioridade das medidas reparadoras, 
afastando riscos à edificação conforme determinação da Norma do IBAPE e implícito na 
legislação. 
A autovistoria, apenas, não permite que o gestor tenha conhecimento do grau de 
deterioração de cada anomalia, posto não contemplar uma base metodológica de análise de 
risco. Sem analisar o grau de risco de uma patologia, não é possível classificá-la sob uma 
matriz de tolerabilidade de risco. Desta forma, ficou claro a subjetividade que envolve o 
processo de autovistoria, fazendo com que os verdadeiros objetivos da legislação – que 
constitui em proteger o patrimônio construído –, não sejam alcançados de forma 
satisfatória. Logo, pode-se concluir que a análise de risco constiui um dos procedimentos 
mais relevantes acerca dos trabalhos de inspeção predial. 
Assim sendo, a pesquisa corroborou que a autovistoria não é suficiente para garantir a 
conservação do patrimônio, pois não fornece dados suficientes que garantam a segurança 
das edificações. Ademais, verificou-se que as leis não introduzem um modelo de vistoria 
fazendo com que cada profissional crie critérios próprios, tornando-a um ato 
discricionário, prejudicando a padronização de procedimentos. 
Pelas razões expostas é preciso dar um paço à frente. Sair da vistoria e dar início ao 
processo de inspeção predial. É a partir dessa lacuna que a pesquisa desenvolveu uma 
 
 
 
metodologia de inspeção. Trata-se de uma metodologia de modelagem técnica, que permite 
analisar individualmente, todos os componentes responsáveis pelo desempenho da 
edificação, permitindo o ajuste e a introdução de técnicas de manutenção predial, 
objetivando a qualidade do edifício. 
A matriz de tolerabilidade de risco adaptada à inspeção representa um conceito 
metodológico de avaliação dos riscos intrínseco a cada anomalia e que pode representar 
sérios danos à edificação, caso não sejam corretamente diagnosticadas e previamente 
corrigidas. A metodologia permite avaliar o grau de risco de cada anomalia. O diagnóstico 
precoce permite mitigar os danos à edificação, restabelecendo com precisão a saúde 
edilícia de cada componente do edifício. 
A pesquisa conclui que a autovistoria da forma como atualmente é praticada, não atende 
aos requisitos da legislação –, devendo-se alavancar o processo de inspeção – por trata-se 
de uma ferramenta metodológica no âmbito da engenharia civil no que tange à prática de 
inspeção capaz de fornecer, com segurança, o nível de comprometimento das anomalias e 
seus desdobramentos em relação a possíveis danos à edificação, afastando riscos e 
cumprindo com exatidão os preceitos da legislação no que tange à conservação e à 
segurança do patrimônio construído. 
 
Bibliografia 
 
(1) GOMIDE, Tito Lívio Ferreira; FAGUNDES NETO, Jerônimo Cabral Pereira; GULLO, 
Marco Antônio. Inspeção Predial Total: diretrizes e laudos no enfoque da qualidade 
total e da engenharia diagnóstica, São Paulo: Pini, 2011. 
(2) LIMA, Marcelo Rossi de Camargo. Impactos econômicos do estágio atual da cultura da 
manutenção predial no Brasil. Anais... COBREAP – Congresso Brasileiro de Engenharia 
de Avaliações e Perícias. Salvador, 05 a 09 de novembro de 2007. 
(3) LESSA, Ana Karina Marques da Cunha; SOUZA, Hebert Lopes de. Gestão da 
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(4) IBAPE-SP, Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. 
Norma de Inspeção Predial 2009. São Paulo: IBAPE 2009. 
(5) IBAPE-SP, Instituto Brasileiro de Avaliaçõese Perícias de Engenharia de São Paulo. 
Norma de Inspeção Predial 2011. São Paulo: IBAPE 2011. 
(6) J.C. LANZINHA, Reabilitação de Edifícios – Metodologias de Diagnóstico e 
Intervenção. Edição Fundação Nova Europa, série estudos…,2006 – Portugal. 
(7) OLIVEIRA, Sardin Padilla de; SILVA FILHO, Luiz Carlos Pinto da. Discussão do papel 
das leis de inspeção como suporte para a adoção de estratégias de manutenção 
preventiva. CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO IBRACON, 50., 2008. Anais... 
(8) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5674: Manutenção de 
Edificações – Procedimento. Rio de Janeiro, 2012. 
(9) ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575: Edifícios Habitacionais 
de até Cinco Pavimentos. Desempenho. Partes 1 a 6. Rio de Janeiro, 2013 
(10) BRASILIANO, Antônio Celso Riberiro Manual do Planejemento – Gestão de Riscos 
Corporativos. Local: São Paulo. Sicurezza, 2006. 
(11) LEI MUNICIPAL COMPLEMENTAR N0 126. Autovistoria Predial. Diário Oficial 
do Município do Rio de Janeiro – D.O, 12 de julho de 2013. 
	AUTOVISTORIA: UMA METODOLOGIA APLICÁVEL À INSPEÇÃO PREDIAL
	Noya, M.1
	MOTTA, A. L. T. S.2
	Moura, M.3
	PATOLOGIA
	AUTOVISTORIA: UNA METODOLOGÍA APLICABLE A LA INSPECCIÓN PREDIAL
	Noya, M. 1
	MOTTA, A. L. T. S.2
	Moura, M. 3
	PATOLOGÍA
	2. Objetivos
	3. O Método de Mosler e os Critérios de Avaliação do Risco Adaptados à Inspeção
	3.1. Critérios de Tolerabilidade do Risco Adaptados à Inspeção:
	3.2. O Método Mosler e a Evolução do Risco – Memória de cálculo:
	3.2.1. Magnitude do Risco:
	3.2.2. Exemplo:
	3.2.3. Evolução do Risco ER / Classe do Risco
	OS CINCO PILARES DA INSPEÇÃO PREDIAL
	5. Considerações finais
	Bibliografia

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