Prévia do material em texto
1947, observou pesarosamente: “Se eu tivesse vivido durante a Grande Depressão, estaria numa posição melhor para compreender os acontecimentos”.100 Para resumir abruptamente, os vencedores do Prêmio Nobel conheciam um bocado de matemática, mas não o bastante sobre a história. Eles compreenderam a bela teoria do Planeta Finanças, mas passaram os olhos por cima do passado confuso do Planeta Terra. E foi por isso, para dizer muito simplesmente, que a Long-Term Capital Management [Administração de Capital a Longo Prazo] acabou sendo a Short-Term Capital Mismanagement [Má Administração do Capital a Curto Prazo]. Depois do fracasso catastrófico da LTCM, seria de se imaginar que os fundos hedge quantitativos desapareceriam da cena financeira. Afinal de contas, o fracasso, embora espetacular em escala, estava longe de ser anômalo. Dos 1.308 fundos hedge que foram formados entre 1989 e 1996, mais de um terço (36,7%) tinha deixado de existir no final do período. Naquele período, a duração média de vida de um fundo hedge era de apenas quarenta meses.101 Mas o próprio contrário e reverso aconteceu. Longe de declinarem, nos últimos dez anos, fundos hedge de todos os tipos explodiram, em número e no volume das ações que administram. Em 1990, de acordo com a Hedge Fund Research, havia apenas um pouco mais de 600 fundos hedge administrando cerca de US$ 39 bilhões em ações. Em 2000, havia 3.873 fundos com US$ 490 bilhões em ações. Os últimos números (para o primeiro trimestre de 2008) colocam o total em 7.601 fundos, com US$ 1,9 trilhão em ações. Desde 1998, tem havido uma verdadeira corrida para investir em fundos hedge (e nos “fundos dos fundos” que agregam o desempenho de múltiplas firmas). Onde outrora eles existiam como a salvaguarda de indivíduos e de bancos de investimento, “de elevado valor patrimonial líquido”, agora os fundos hedge estão atraindo números crescentes de fundos de pensão e de dotações universitárias.102 Essa tendência é ainda mais surpreendente dado que o índice de atrito permanece alto; somente um quarto de seiscentos fundos que existiam em 1996 ainda existia no final de 2004. Em 2002, 717 deixaram de negociar; nos primeiros nove meses de 2007, 409.103 Não é amplamente reconhecido que grande número de fundos hedge simplesmente fracassam e não atendem nem cumprem as expectativas dos seus investidores. A explicação óbvia para essa explosão da população de fundos hedge é que eles funcionam relativamente bem como uma classe de ativo, com volatilidade relativamente baixa e baixa correlação para outros veículos de investimento. Mas os lucros dos fundos hedge, de acordo com a Hedge Fund Research, vêm caindo – de 18% nos anos 1990 para apenas 7,5% entre 2000 e 2006. Além disso, existe um crescente ceticismo sobre se os lucros dos fundos hedge realmente refletem o “alpha” (talento para administrar ativos), em oposição ao “beta” (movimentos gerais do mercado que podem ser capturados com uma apropriada mescla de índices).104 Uma explicação alternativa é que, enquanto eles existem, os fundos hedge enriquecem seus administradores de maneira incomparavelmente tentadora. Em 2007, George Soros fez US$ 2,9 bilhões, na frente de Ken Griffin, da Citadel, e de James Simon, do Renaissance, mas atrás de John Paulson, que ganhou assombrosos US$ 3,7 bilhões, das suas