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culpados de extorsão e saque civil de US$ 165 milhões da Empire e de outras S&Ls através de negócios fraudulentos de compra e venda de terrenos. Cada um deles foi condenado a vinte anos de prisão e ao pagamento de milhões de dólares em restituição da fraude. Um investigador chamou a Empire de “um dos esquemas de investimento imobiliário mais irresponsável e fraudulento” que ele jamais havia visto.48 O mesmo se poderia dizer sobre a crise das associações de Savings and Loans, como um todo; Edwin Gray a chamou de “a mais disseminada, irresponsável e fraudulenta época na história bancária desta nação”. No final, quase quinhentas S&Ls faliram, ou foram forçadas a fechar; aproximadamente o mesmo número foi adquirido e desapareceu de cena, sob os auspícios da Resolution Trust Corporation, instituída pelo Congresso para limpar a confusão. De acordo com uma estimativa oficial, quase a metade das instituições insolventes tivera “fraude e conduta potencialmente criminosa cometida por insiders”. Em maio de 1991, 764 pessoas tinham sido acusadas de uma variedade de delitos, das quais 550 foram declaradas culpadas e 326 condenadas à prisão. E a justiça impôs multas de US$ 8 milhões.49 O custo final da crise das S&Ls entre 1986 e 1995 foi de US$ 153 bilhões (cerca de 3% do PIB), dos quais os contribuintes tiveram que pagar US$ 124 bilhões, fazendo dela a crise financeira mais cara desde a Grande Depressão.50 Espalhados por todo o Texas estão os remanescentes arqueológicos do desastre: propriedades imobiliárias abandonadas, construídas com material barato e ordinário com dinheiro roubado, e subsequentemente destruídas por tratores ou queimadas. Vinte e quatro anos depois, uma grande parte do corredor da Interestadual 30 ainda é apenas outra terra texana devastada. Para os contribuintes americanos, o desastre das associações Savings and Loans foi uma lição imensamente cara sobre os perigos da desregulamentação mal formulada. Mas mesmo quando as S&Ls estavam indo para o espaço, elas ofereceram a outro grupo muito diferente de americanos uma pista rápida para mais uma dinheirama fácil. Para os corretores de títulos do Salomon Brothers, o banco de investimento de Nova York, a destruição do sistema de hipotecas do New Deal não foi uma crise, mas uma oportunidade maravilhosa. Tão sedentos por lucros quanto sua linguagem era profana, os pretensos “Big Swinging Dicks” [Grandes Pênis Gigantes] do Salomon discerniram um caminho para explorar as taxas dos juros turbilhonados do começo dos anos 1980. Foi o chefe negociador de hipotecas do Salomon, Lewis Ranieri, que entrou na roda quando as desesperadas S&Ls começaram a vender suas hipotecas, numa aposta inútil para se manter solventes. Desnecessário dizer, “Lou” as comprou a preço de fim de feira, no osso. Com sua ampla barriga, suas camisas baratas e suas piadas do Brooklin, Ranieri (que começou a trabalhar para o Salomon no setor que distribuía a correspondência), personificava a nova Wall Street, a antítese dos preparados e estudados banqueiros de investimentos nos seus ternos e suspensórios do Brooks Brothers. A ideia foi reinventar as hipotecas, juntando-as aos milhares, como garantia para novos e atraentes investimentos em ações, para que pudessem ser vendidas como alternativas aos tradicionais