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Evolução dos Sistemas de Produção

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61A	Construção	do	Trabalho	Assalariado
História
Texto 6
Sistema de Corporações
Produção realizada por mestres artesãos independentes com dois ou três empregados, para o 
mercado, pequeno e estável. Os trabalhadores eram donos da matéria-prima que utilizavam, como das 
ferramentas com que trabalhavam. Não vendiam o trabalho, mas o produto do trabalho.
(HUBERMAN, 1986, p. 104-105)
Texto 7
Sistema doméstico
Produção realizada em casa para um mercado em crescimento. Era desenvolvida pelo mestre 
artesão com ajudantes, tal como no sistema de corporações, porém com uma diferença importante – 
os mestres já não eram independentes. Eles tinham ainda a propriedade dos instrumentos de trabalho, 
mas dependiam para a matéria-prima de um intermediário empreendedor que se interpusera entre eles 
e o consumidor.
(HUBERMAN, 1986, p. 104-105)
Texto 8
Sistema fabril
Produção para um mercado cada vez maior e oscilante, realizada fora de casa, nos edifícios do 
empregador e sob rigorosa supervisão. Os trabalhadores perderam completamente sua independência. 
Não possuíam a matéria-prima, nem os instrumentos de trabalho. A habilidade deixou de ser tão 
importante, devido ao maior uso da máquina.
(HUBERMAN, 1986, p. 104-105)
É possível a convivência dessas diversas formas de produção citadas nos textos 5, 6, 7 e 8 em um 
mesmo tempo e espaço? Exemplifique.
SUGESTÕES: Você pode escolher um período, século XV- XVIII, na Europa por exemplo,ou observar 
sua cidade, região, estado e país na atualidade.
Escreva uma narrativa histórica a partir dos fragmentos presentes nos textos 5, 6, 7 e 8. Pesquise, 
use outras fontes históricas para ajudá-lo a construir os argumentos de sua narrativa. Procure informações 
relacionadas, também, com aspectos da temática na história de nosso país.
 ATIVIDADE
	 A	organização	do	tempo	do	trabalho
Com o advento do sistema fabril, além do controle no interior das fábricas, os valores 
capitalistas foram disseminados fora deste espaço. Uma situação onde pode se verificar este 
controle com clareza diz respeito à noção de tempo que passou por grandes transformações. 
Observe com atenção o que a historiografia diz sobre as concepções de tempo.
62 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
Texto 9
Na Idade Média, além dos tempos naturais e sociais de natureza leiga, eram fortemente sentidos os 
tempos ligados à religião  como aqueles do dia monástico, que prevê cotidianamente os serviços para 
as laudes, a prima, a terça, a sexta, a nona, as vésperas e as completas.
No início da modernidade, o tempo da Igreja, marcado pelo sino, entrou em conflito com o tempo 
do mercador, marcado pelo relógio.
 Se de fato ao camponês bastava dividir o seu tempo segundo as luas e as estações, tornadas 
imprecisas pela demarcação apagada entre calor e frio, sol e chuva, dia e noite; se ao monge bastava 
dividir as horas, segundo, os sete períodos da própria liturgia cotidiana, marcadas aproximadamente 
pelo relógio de sol, pela clepsidra e pelo sino, ao mercador – que faz tesouro do tempo que decorre 
entre a compra e a venda, pagamentos e recebimentos, transferência de mercadorias e maturação de 
interesses – é necessária uma medida muito mais precisa das horas e dos dias. Ainda mais precisa 
é a medida do tempo necessária aos químicos, aos físicos e aos filósofos que conduzem os seus 
experimentos nas universidades.
Se antes interessava apenas a salvação na vida eterna, agora interessa também o ganho na vida 
terrena. E os negócios são coligados ao tempo: no decorrer de algumas semanas, podiam mudar as 
sortes de um mercador ou de um banqueiro, assim como hoje, no decorrer de poucos minutos, podem 
decidir-se fortunas de quem joga na bolsa. 
(Adaptado de DE MASI, 2000, p. 97-101).
Texto 10
Já em 1700, estamos entrando na paisagem familiar do capitalismo industrial disciplinado e podemos 
examinar rapidamente a tentativa de se impor o “uso econômico do tempo” nos distritos manufatureiros 
domésticos. Quase tudo o que os mestres queriam ver imposto pode ser encontrado nos limites de um 
único folheto. Friendly advice to the poor (Conselho amigável dos pobres), do rev. J. Clayton, escrito 
em 1755: “se o preguiçoso esconde as mãos no colo, em vez de aplicá-las ao trabalho; se ele gasta 
o seu tempo em passeios, prejudica a sua constituição pela preguiça, e entorpece o seu espírito pela 
indolência...”, então ele só pode esperar a pobreza como recompensa. O trabalhador não deve flanar 
na praça nem perder tempo fazendo compras. Clayton reclama que “as igrejas e as ruas apinhadas 
de inúmeros espectadores” nos casamentos e funerais, “os quais apesar da miséria de sua condição 
faminta... não tem escrúpulos em desperdiçar as melhores horas do dia só para admirar o espetáculo...” 
Clayton reclamava que as ruas de Manchester viviam cheias de “crianças vadias e esfarrapadas, que 
estão não só desperdiçando o seu tempo, mas também aprendendo hábitos de jogo”, etc. Ele elogiava 
as escolas de caridade por ensinarem o trabalho, a frugalidade, a ordem e a regularidade.
Muito antes de o relógio portátil ter chegado ao alcance do artesão, Baxter e seus colegas ofereciam 
a cada homem o seu próprio relógio moral Interior. Em seu Christian directory (Guia Cristão), apresenta 
muitas variações sobre o tema de Redimir o Tempo: “empregar todo o tempo para o dever”“Lembrai-
vos que redimir o tempo é lucrativo no comércio ou em qualquer negócio; na administração ou qualquer 
atividade lucrativa, costumamos dizer, de um homem que ficou rico com o seu trabalho, que ele fez bom 
uso do seu tempo”.
(Adaptado de THOMPSON, 1998, p. 291-295)
63A	Construção	do	Trabalho	Assalariado
História
Texto 11
Em um país após o outro, os europeus incentivaram, quando não obrigaram, os habitantes locais a 
pensar em termos do tempo do relógio ocidental, considerado bom para a disciplina do trabalho, e na 
divisão dos “séculos” em antes ou depois de Cristo. A hora de Greenwich, adotada na Grã-Bretanha 
em 1848, chegou aos Estados Unidos em 1873, ao Japão em 1888 e ao Brasil em 1914. Esse breve 
relato da divulgação do tempo ocidental e dos relógios ocidentais para o resto do mundo vem tratando 
a “cultura do tempo” européia como se fosse homogênea. Se examinarmos um pouco melhor a Europa, 
porém, logo descobriremos que não era o caso. Um dos pioneiros nesse campo, o historiador francês 
Jacques Le Goff, escreveu sobre um conflito entre duas culturas do tempo na Europa medieval: “O 
tempo da igreja” e o “tempo dos mercadores”. A igreja enfatizava o tempo sagrado e o ano litúrgico, 
enquanto os mercadores viam o tempo de maneira mais secular. Eles gostavam de dizer que “tempo é 
dinheiro”, que o tempo pode ser calculado, usado sabiamente ou desperdiçado. 
Outros tempos 
Esse contraste entre dois tipos de tempo é esclarecedor, mas certamente é necessário pensar em 
termos de ainda mais variedades, incluindo o “tempo camponês”, o tempo do ano agrícola. Também 
existe o “tempo industrial”, não apenas a extensão do tempo do mercador às fábricas, primeiramente na 
Inglaterra e depois em todo o mundo, mas também a padronização do tempo seguindo o surgimento 
de novas formas de transporte. O estabelecimento de uma rede de carruagens públicas na Europa do 
século 18 dependia de um “horário”, um sistema de organização que mais tarde se estendeu às viagens 
de trem e avião. Hoje, nosso “tempo livre”, “feriados” e lazer, assim como nossas horas de trabalho, são 
governados pelo relógio e pelo horário.
(Adaptado de BURKE, Peter. Uma história cultural do tempo. In: Folha de São Paulo. São Paulo, 13 de out. 2002, Caderno Mais).
Em conjunto com os colegas de sala de aula, procure fazer uma análise dos textos registrando por 
escrito as suas observações sobre:
 As transformações históricas na forma de medir o tempo;
 As relações entre as religiões e as medidas de tempo;
 As relações entre as transformações na medida do tempo e o comércio;
 As permanências e mudanças de significado das medidas de tempo na sociedade 
contemporânea.
Escrevauma narrativa histórica sobre o tema abaixo relacionado:
“O sistema fabril impôs ordem, controle e disciplina dentro e fora das fábricas”
 ATIVIDADE
	 Trabalho	infantil:	um	dos	mais	explorados
Toda a criança possui plena dignidade como ser humano. Esta é uma verdade inquestionável 
inscrita no texto da Convenção sobre os Direitos da Criança, adotada em 1989 pela ONU, 
que reconhece a todas as pessoas, com menos de 18 anos de idade, os direitos humanos 
fundamentais como: a vida, a liberdade, a saúde, a assistência, a educação e a proteção. 
64 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
Documento 4
Trabalho infantil é o maior em 18 
meses e Rio lidera casos; da Folha 
Online de 19 nov. 2003.
Confira abaixo a evolução do 
trabalho infantil desde março de 2002 
em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, 
Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre 
–– as seis regiões metropolitanas 
pesquisadas pelo Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística (IBGE) em 
sua pesquisa mensal de emprego:
FONTE: Folha Online acesso: 04/09/2005n
Incidência do Trabalho Infantil, segundo a natureza da atividade (agrícola, ou não agrícola), 
por Grandes Regiões
Percentual de Pessoas de 5 a 15 anos, ocupadas na semana de 21 a 27/09/2003, segundo a natureza 
da atividade, por Grandes Regiões
Agrícola (%) Não Agrícola (%) Total (%)
Brasil 54,3 45,7 100,0
Norte 24,1 75,9 100,0
Nordeste 67,1 32,8 100,0
Centro-Oeste 29,5 70,5 100,0
Sudeste 34,1 65,9 100,0
Sul 63,1 36,9 100,0
TABELA 1
Fonte: DAM/SAGI/MDS, a partir dos microdados da PNAD 2003n
O Brasil tem assumido compromissos formais decorrentes da 
assinatura de tratados de extensão internacional, obrigando-se, por 
força da Constituição e de leis específicas –– como, por exemplo, o 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ––, a dar prioridade e solução 
às questões voltadas para a garantia dos direitos fundamentais da 
criança. No entanto, há um abismo entre o compromisso assumido no 
plano legal e a realidade que se percebe nos espaços tanto urbanos 
quanto rurais de nosso país.
Tem-se constatado em todas as regiões do país, principalmente na 
zona rural, crianças envolvidas no trabalho doméstico, na plantação e 
na colheita de cana-de-açúcar, do fumo, do algodão, sisal, frutas; nas 
atividades de cerâmica, pedreiras, casas de farinha, carvoarias, dentre 
outras.
No setor urbano, encontra-se o trabalho de crianças no ramo da 
tecelagem, produção artesanal, na produção de calçados, em atividades 
desenvolvidas no espaço público como vendedores, engraxates, 
catadores de lixo, jornaleiros, e, pior, inseridas nos domínios da 
criminalidade (drogas e prostituição).
65A	Construção	do	Trabalho	Assalariado
História
É claro que a miséria e a pobreza, responsáveis pela exclusão social e transformadas em 
tristes símbolos que envergonham os países em desenvolvimento, estão na base do problema 
do trabalho infantil. Entretanto, um olhar mais atento na questão, tem demonstrado outras 
causas geradoras da inserção indevida de crianças no trabalho, destacando-se a infeliz herança 
de uma cultura que defende a idéia de que o trabalho “dignifica” a criança, desenvolvida 
com a Revolução Industrial e incrementada significativamente a partir das ondas da expansão 
capitalista.
Embora atualmente se faça sentir, por meio de denúncias, movimentos de proteção, estatutos, 
etc., uma crescente preocupação com as precárias condições da infância, tal problemática não é 
nova. Através de alguns escritos sobre a legislação fabril inglesa do século XIX, pode-se perceber 
que a exploração da criança das classes populares, a inexistência da infância isenta de violências, 
do trabalho, de responsabilidades do mundo adulto não são questões apenas da atualidade. 
Observe este fragmento da obra “O capital” do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883):
Documento 5
A comissão de inquérito de 1840 tinha feito revelações tão terríveis e revoltantes e provocado tanto 
escândalo em toda a Europa que o Parlamento foi obrigado a salvar sua face, promulgando a lei sobre 
o trabalho nas minas (Mining Act) de 1842, que se limitava a proibir o trabalho embaixo da terra das 
mulheres e crianças com menos de 10 anos. Em 1860 foi promulgada a lei de inspeção das minas que 
previa a fiscalização delas por funcionários especialmente nomeados para esse fim e proibia o emprego 
nelas de menores entre 10 e 12 anos, excetuando-se os que possuíssem um certificado escolar ou 
freqüentassem a escola durante um certo número de horas.
 (MARX, 1985, p. 566).
De acordo com Marx, apesar da aparente pobreza que apresentavam em seu conjunto, as 
disposições da lei fabril fizeram da instrução primária condição indispensável para o emprego 
de crianças. Naquela época, isso representou um avanço, pois nela se propunha proteger a 
criança da exploração tanto dos donos das fábricas, como dos pais ou outras pessoas que 
tinham sob sua vigilância a criança ou extraiam vantagens diretas do trabalho delas. 
Marx salienta que apesar desse pequeno avanço em termos de legislação, essa lei ficou 
sendo letra morta devido ao pequeno número de inspetores nomeados para fiscalizar as minas 
e aos escassos poderes que lhes foram concedidos, entre outras causas. Muitos enriqueceram 
às custas de uma força de trabalho ágil, dócil, facilmente manipulável, que não sabe reivindicar 
ou organizar-se. Veja alguns exemplos dessa forma de exploração na história:
Fábrica Nacional de Tecidos Juta, 1931 Fonte: Fundação Getúlio 
Vargas- CPDOC
n Oficina de Latoeiro, Rio de Janeiro 1908. FONTE: Arquivo Nacionaln
Documento 6 Documento 7
66 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
Texto 12
Na medida em que a mecanização nivelava por baixo a habilidade necessária dos trabalhadores, 
tornava-se possível incorporar, com facilidade, trabalho feminino e infantil. Isto significava também baixar 
o custo de remuneração do trabalho. A tecelagem exigia pouca força muscular e os dedos finos das 
crianças adaptavam-se, perfeitamente, à tarefa de atar os fios que se quebravam em meio à trama. Sua 
debilidade física era garantia de docilidade, recebendo apenas 1/3 e 1/6 do pagamento dispensado 
ao homem adulto e, muitas vezes, recebiam apenas alojamento e alimentação. A maior parte destes 
infelizes era contratada nas paróquias, junto aos responsáveis pelas casas assistenciais, que livravam-
se, por este meio, das despesas de sustento, diminuindo os encargos.
A descrição da vida destes pequenos trabalhadores é dantesca. Trabalhavam até 18 horas por dia, 
sob o látego de um capataz que ganhava por produção. Os acidentes de trabalho eram freqüentes, má 
alimentação, falta de higiene, de ar ou sol, imoralidade e depravação nos alojamentos. As faltas eram 
punidas com castigos.
(Adaptado de ARRUDA, 1991, p. 69)
Pense em crianças de dois e três anos 
trabalhando!!!
Será isso um relatório sobre o sistema doméstico 
entre os séculos XVI e XVIII? Na verdade, não. Qual a 
época e o local das condições acima descritas?
Época: Agosto de 1934.
Local: Connecticut, Estados Unidos.
Distribuição das crianças empregadas, 
segundo a idade:
Idade ____ Nº de crianças empregadas
 2 – 3 anos _____________________ 2
 3 – 4 anos _____________________ 2
 4 – 5 anos _____________________ 8
 5 – 6 anos _____________________ 2
 6 – 7 anos _____________________ 7
 7 – 8 anos ____________________ 13
 8 – 9 anos ____________________ 15
 9 –10 anos ___________________ 19
10-11 anos ___________________ 23
11-12 anos ___________________ 21
12-13 anos ___________________ 40
13-14 anos ___________________ 26
14-15 anos ___________________ 29
15-16 anos ___________________ 35
Desconhecida __________________ 4 
TOTAL _______________________ 246
FONTE: HUBERMAM,1986, p.107n
Analise historicamente os documentos 6, 7 e 8 e o texto 12, seguindo o roteiro indicado:
 identificar o tipo de documento; a data da produção; o tema;a finalidade do documento;
 identificar o contexto histórico;
 estabelecer relações entre as temáticas dos documentos e do texto historiográfico;
 posicionar-se sobre arelevância histórica dos documentos e do texto historiográfico.
 ATIVIDADE
Documento 8
67A	Construção	do	Trabalho	Assalariado
História
Sob a orientação do professor (a), forme equipes para o seguinte trabalho:
I – Procure descobrir se no bairro, cidade ou região onde vocês moram existem casos de emprego de 
mão-de-obra infantil. Consulte fontes como jornais, revistas, Internet, panfletos, etc...
II – Busque colher depoimentos de pessoas que trabalharam quando crianças. Veja algumas 
sugestões: 
 Por que trabalhavam?- Que idade tinham?
 Em que setor trabalhavam?- Quais eram as condições de trabalho?
III – Busque também colher depoimentos de jovens trabalhadores que tenham entre 10 e 15 anos. 
Sugestões:
 Qual a sua idade e desde quando trabalha?
 Qual o tipo de trabalho que faz atualmente?
 Já fez outros tipos de trabalho? Cite quais.
 Quantas horas trabalha por dia?
 Que significado o trabalho tem para você?
 Estuda? 
 Tem tempo para outras atividades e para o lazer?
IV – Faça uma pesquisa sobre a legislação e as garantias aos Direitos da Criança e do Adolescente. 
Fontes interessantes de pesquisa são os seguintes sites: www.unicef.org/brazil / www.oitbrasil.org.
brwww.andi.org.br / www.fundabring.org.br, sites acessados dia: 04/09/05.
V – Discutam as informações obtidas e montem um painel para ser colocado na parede mostrando o 
trabalho infantil no presente e no passado.
 PESQUISA
	 O	trabalho	feminino
A condição da mulher trabalhadora no processo histórico é objeto de 
estudo para muitos historiadores. Ela foi se incorporando ao mercado 
externo de trabalho sem desobrigar-se, no entanto, de suas funções no 
“lar”. Observe o que a historiografia diz a respeito:
Texto 13
 O trabalho mais árduo e prolongado de todos era o da mulher do trabalhador na economia rural. 
Parte desse trabalho era orientado pelas tarefas domésticas. Outra parte se dava nos campos, de onde 
ela retornava para novas tarefas no lar. Como Mary Collier reclamou:
(...) e quando chegamos em casa,
Ai de nós! Vemos que o nosso trabalho mal
 começou; tantas coisas exigem a nossa atenção,
68 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
Tivéssemos dez mãos, nós a usaríamos todas.
Depois de pôr as crianças na cama, 
com o maior carinho
Preparamos tudo para a volta dos homens ao lar:
Eles jantam e vão para a cama sem demora.
E descansam bem até o dia seguinte;
Enquanto nós, ai! Só podemos tirar um pouco de sono
Porque os filhos teimosos choram e gritam
Em todo o trabalho (nós) temos nossa devida parte;
E desde o tempo em que a colheita se inicia
Até o trigo ser cortado e armazenado, 
Nossa labuta é todos os dias tão extrema
Que quase nunca há tempo para sonhar.
(Adaptado de THOMPSON, 1998, p. 287-288).
Texto 14
A partir do séc XI, como se tratava de uma época de expansão e 
crescimento econômico, a mulher teve pleno acesso ao mundo do trabalho. 
Encontravam-se praticamente em todos os ofícios, todavia no ramo têxtil e 
relacionado à alimentação, sua presença era mais significativamente mar-
cante. Os ofícios exclusivamente femininos se organizaram em corporações, 
como os masculinos, embora não usufruíssem a mesma autonomia. O livre 
exercício de um ofício por parte da mulher não era bem visto pelos homens 
que censuravam seu acesso às corporações. Era admitida somente em 
situações muito raras, em função de ser esposa ou viúva de mestre artesão. 
Todavia, era praticamente impossível que fosse reconhecida como mestra 
do seu ofício, muito embora, não raramente, atuasse como se assim fosse: 
contratava os aprendizes, comprava matérias-primas e vendia o produto por 
ela elaborado.
(Adaptado de BAUER, 2001, p. 41-62).
69A	Construção	do	Trabalho	Assalariado
História
Que informações podem ser obtidas a partir da análise da tabela 2?
Estabeleça relações entre as temáticas dos textos 13, 14 e da tabela 2. Registre por escrito.
 ATIVIDADE
Organize com o professor (a) um roteiro de pesquisa sobre o contexto histórico do surgimento das 
fábricas no Brasil e a utilização de mão-de-obra infantil e feminina nessas fábricas. Faça uma síntese 
sobre o tema.
 PESQUISA
1787
1835
Ativas Paradas
Empregados
Masc. Fem. Total
Berkshire 2 - - - - -
Cheshire 8 109 7 15516 15996 31512
Cumberland - 13 - 626 1032 1638
Derbyshire 22 93 3 4705 6880 11585
Durhan - 1 - 9 24 33
Lancarshire 41 683 32 60151 62264 122415
Leicestershire - 6 - 325 267 592
Middlesex - 7 - 217 133 350
Nottinghamshire 17 20 - 481 1242 1723
Staffordshire - 13 - 749 1299 2098
Westmorland 5 - - - - -
Yorkshire 11 126 - 5487 5724 11211
Resto da Inglaterra 6 - - - - -
Total da Inglaterra 119 10171 42 88266 94861 183127
Isle of Man 1 - - - - -
Gales 4 5 - 452 699 1151
Escócia 19 159 - 10529 22051 32580
Total da Grã-Bretanha 143 1235 42 99267 117611 216858
Irlanda - 28 - 1639 2672 4311
TOTAL 143 1263 42 100886 129283 221169
Tabela 2 – Trabalho feminino
70 Relações	de	trabalho
Ensino	Médio
	 Referências	Bibliográficas
ARRUDA, J. J. de. A Revolução Industrial. São Paulo: Ática, 1991.
BAUER, C. Breve história da mulher no mundo ocidental. São Paulo: Xamã/ Edições Pulsar, 
2001.
BURKE, P. Uma história cultural do tempo. In: Folha de São Paulo. São Paulo, 13 de out., 2002, 
Caderno Mais.
DECCA, E. S. de. O nascimento das fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1984.
DE MASI, D. O futuro do trabalho: fadiga e ócio na sociedade pós-industrial. Rio de Janeiro: José 
Olympio, 2000.
HUBERMAM, L. A história da riqueza do homem. Rio de Janeiro: LTC/Livros Técnicos e Científicos 
Editora, 1986.
MARGLIN, S. Origem e funções do parcelamento das tarefas (Para que servem os patrões?). In: Gorz, 
A. Crítica da divisão do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p.37-77.
MARTINS, C. B. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 1982.
MARX, K. O Capital. São Paulo: Abril Cultural, 1984, v.I, tomo 2.
______. O Capital. São Paulo: Difel, 1985.
SINGER, P. A formação da classe operária. São Paulo: Atual, 1994.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São Paulo: Cia das Letras, 1998.
	 Obras	Consultadas
DOBB, M. H. A Evolução do Capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1983.
HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1982.
LE GOFF, J. Para um novo conceito de Idade Média. Lisboa: Estampa, 1980.
OLIVEIRA, C. R. de. História do Trabalho. São Paulo: Ática, 1987.
	 Documentos	Consultados	Online
www1.folha.uol.com.br Acesso em 04 set. 2005 
www.unicef.org/brazil; Acesso em: 04 set. 2005.
www.oitbrasil.org.br; Acesso em: 04 set. 2005.
www.andi.org.br; Acesso em: 04 set. 2005.
www.fundabring.org.br; Acesso em: 04 set. 2005.
www.projetomemoria.art.br/.../ operarios.htm ; Acesso em: 04 set. 2005.

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