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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX 172 Ciências Humanas 5. Zero papéis: o Kanban reduz bastante as ordens administrativas e a papelada em geral. Os cinco zeros e os demais sistemas de organização e gestão da produção e do trabalho desenvolvidos pela Toyota sofisticaram ao máximo os princípios da produção flexível, criando uma base tecnológica própria para a terceira revolução industrial científica e tecnológica. A filosofia básica da qualidade total toyotista é elevar os níveis de produ- tividade, eliminando os desperdícios, ajustando a produção à demanda, suprimindo estoques e aumentando a comunicação entre os setores produtivos, com as técnicas do just-in-time. A concepção de organização e gestão da produção e do trabalho toyotista, entre outras coisas, prega: a) o aumento da produtividade, a partir da diminuição de custos na produção; b) a flexibilização do trabalho, no nível da produção que é desenvolvida geralmente em módulos; c) a busca da qualidade total na produção e, consequentemente, a competitividade dos produtos em nível do mercado nacional e global. Com a restruturação produtiva toyotista, mais uma vez o ganhador foi o capital (detentor da posse dos meios de produção) e o trabalhador o perdedor, agora constantemente ameaçado pelo avanço da automatização da produção e. assim, pelo desemprego estrutural. Uma das principais características da produção toyotista é o seu ritmo ace- lerado para renovar modelos e para desenvolver novos produtos, consequência de sua flexibilidade produtiva, alcançada por meio de inovações organizacionais. Na verdade, em tempos de neoliberalismo e globalização, o capital utiliza-se do mecanis- mo da flexibilidade para obter ainda mais proveito da intensificação do trabalho, em que um mesmo trabalhador chega a operar cinco máquinas, isto é, tudo em nome da ampliação do lucro pelo lucro, sem se importar com o crescimento dos índices de exclusão social. O ritmo imposto pela flexibilidade toyotista exige constantemente mais e mais eficiência e produtividade das empresas e, nesse contexto, a filosofia just-in-time entra como suprimento de componentes vitais para o bom desempenho na produ- ção, tais como o combate ao desperdício e o “orgulho pelo trabalho”, requisitos fun- damentais para garantir a troca rápida de matrizes ou linha de montagem adaptada para fabricar diversos modelos de produtos, exigindo a predominância da rotação de cargos, do trabalho em equipe e de outras formas de flexibilidade funcional, em amplos segmentos da força de trabalho. Pró-Reitoria de Extensão – PROEX Sociologia 173 A maioria das empresas aposta na filosofia just-in-time com o propósito de tornar seus produtos mais competitivos em nível nacional e, sobretudo, em nível internacional, devido à globalização da economia capitalista. O just-in-time é usado pelas empresas como uma arma vital contra os des- perdícios no processo de produção. As principais armas utilizadas pela filosofia jus- t-in-time para essa batalha são: a célula de manufatura, o Kanban, o CEP (controle estatístico do processo), o set-up (preparação e ajustes de máquinas), o APG’s (ati- vidades de pequenos grupos), o TPM (manutenção produtiva total), entre outras. Segundo a filosofia just-in-time, as empresas vencedoras dessa batalha serão aquelas que inicialmente atacarem com força o desperdício de matérias-primas, a incidência de produtos com defeitos e o não aproveitamento do talento criativo de seu corpo de empregados. Além da flexibilização, da polivalência e da automação, a produção toyotista é acompanhada por um amplo processo de terceirização da produção. A fragmentação do trabalho imposta pelo toyotismo, adicionada ao incre- mento tecnológico, pode possibilitar ao capital tanto uma maior exploração quanto um maior controle sobre a força de trabalho, sendo que a diminuição da “porosida- de” (mal aproveitamento) no trabalho é ainda maior do que no fordismo. A efetiva flexibilização do aparato produtivo é igualmente imprescindível a flexibilização dos trabalhadores; direitos flexíveis, de modo a dispor dessa força de trabalho em função direta das necessidades do mercado consumidor. Para concluir. Refletir, analisar, questionar e estimular o debate sobre as concepções de organização e gestão da produção e do trabalho taylorista, fordista e toyotista, que atualmente está na ordem do dia, é importante para que possamos lu- tar em favor da consecução de um modelo de desenvolvimento econômico, político, social, ambiental e cultural capacitado para combater a exclusão social e transformar o Brasil num país verdadeiramente democrático, justo com todos os seus filhos e soberano, no decorrer do século XXI. 4.7 a Globalização, as novas teCnoloGias de teleCoMuniCação e suas ConsequênCias eConôMiCas, PolítiCas e soCiais O declínio da Idade Média, na Europa, e as Revoluções Inglesa e Francesa, no século XVIII, trouxeram em seu bojo imensas transformações econômicas, polí- ticas, culturais e sociais. A mais fundamental delas, o Capitalismo, concentrou, nas mãos de pequenos grupos de pessoas, o capital, ou seja, os recursos necessários para adquirir fábricas e, com isso, produzir e vender mercadorias. Nesse processo, os cam- poneses e outros trabalhadores que viviam nos feudos e em seu entorno perderam o pouco que tinham, na estrutura da sociedade feudal em que viviam, como a possibi- lidade de tirar seu sustento das terras, do artesanato e de outros serviços.