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Ciencias Humanas -87

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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX
172 Ciências Humanas 
5. Zero papéis: o Kanban reduz bastante as ordens administrativas e a papelada 
em geral.
Os cinco zeros e os demais sistemas de organização e gestão da produção 
e do trabalho desenvolvidos pela Toyota sofisticaram ao máximo os princípios da 
produção flexível, criando uma base tecnológica própria para a terceira revolução 
industrial científica e tecnológica.
A filosofia básica da qualidade total toyotista é elevar os níveis de produ-
tividade, eliminando os desperdícios, ajustando a produção à demanda, suprimindo 
estoques e aumentando a comunicação entre os setores produtivos, com as técnicas 
do just-in-time. 
A concepção de organização e gestão da produção e do trabalho toyotista, 
entre outras coisas, prega: 
a) o aumento da produtividade, a partir da diminuição de custos na produção;
b) a flexibilização do trabalho, no nível da produção que é desenvolvida geralmente 
em módulos;
c) a busca da qualidade total na produção e, consequentemente, a competitividade 
dos produtos em nível do mercado nacional e global.
Com a restruturação produtiva toyotista, mais uma vez o ganhador foi o 
capital (detentor da posse dos meios de produção) e o trabalhador o perdedor, agora 
constantemente ameaçado pelo avanço da automatização da produção e. assim, pelo 
desemprego estrutural. 
Uma das principais características da produção toyotista é o seu ritmo ace-
lerado para renovar modelos e para desenvolver novos produtos, consequência de 
sua flexibilidade produtiva, alcançada por meio de inovações organizacionais. Na 
verdade, em tempos de neoliberalismo e globalização, o capital utiliza-se do mecanis-
mo da flexibilidade para obter ainda mais proveito da intensificação do trabalho, em 
que um mesmo trabalhador chega a operar cinco máquinas, isto é, tudo em nome 
da ampliação do lucro pelo lucro, sem se importar com o crescimento dos índices de 
exclusão social.
O ritmo imposto pela flexibilidade toyotista exige constantemente mais e 
mais eficiência e produtividade das empresas e, nesse contexto, a filosofia just-in-time 
entra como suprimento de componentes vitais para o bom desempenho na produ-
ção, tais como o combate ao desperdício e o “orgulho pelo trabalho”, requisitos fun-
damentais para garantir a troca rápida de matrizes ou linha de montagem adaptada 
para fabricar diversos modelos de produtos, exigindo a predominância da rotação 
de cargos, do trabalho em equipe e de outras formas de flexibilidade funcional, em 
amplos segmentos da força de trabalho. 
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Sociologia 173
A maioria das empresas aposta na filosofia just-in-time com o propósito 
de tornar seus produtos mais competitivos em nível nacional e, sobretudo, em nível 
internacional, devido à globalização da economia capitalista.
O just-in-time é usado pelas empresas como uma arma vital contra os des-
perdícios no processo de produção. As principais armas utilizadas pela filosofia jus-
t-in-time para essa batalha são: a célula de manufatura, o Kanban, o CEP (controle 
estatístico do processo), o set-up (preparação e ajustes de máquinas), o APG’s (ati-
vidades de pequenos grupos), o TPM (manutenção produtiva total), entre outras.
Segundo a filosofia just-in-time, as empresas vencedoras dessa batalha serão 
aquelas que inicialmente atacarem com força o desperdício de matérias-primas, a 
incidência de produtos com defeitos e o não aproveitamento do talento criativo de 
seu corpo de empregados. Além da flexibilização, da polivalência e da automação, 
a produção toyotista é acompanhada por um amplo processo de terceirização da 
produção. 
A fragmentação do trabalho imposta pelo toyotismo, adicionada ao incre-
mento tecnológico, pode possibilitar ao capital tanto uma maior exploração quanto 
um maior controle sobre a força de trabalho, sendo que a diminuição da “porosida-
de” (mal aproveitamento) no trabalho é ainda maior do que no fordismo. A efetiva 
flexibilização do aparato produtivo é igualmente imprescindível a flexibilização dos 
trabalhadores; direitos flexíveis, de modo a dispor dessa força de trabalho em função 
direta das necessidades do mercado consumidor.
Para concluir. Refletir, analisar, questionar e estimular o debate sobre as 
concepções de organização e gestão da produção e do trabalho taylorista, fordista e 
toyotista, que atualmente está na ordem do dia, é importante para que possamos lu-
tar em favor da consecução de um modelo de desenvolvimento econômico, político, 
social, ambiental e cultural capacitado para combater a exclusão social e transformar 
o Brasil num país verdadeiramente democrático, justo com todos os seus filhos e 
soberano, no decorrer do século XXI.
4.7 a Globalização, as novas teCnoloGias de teleCoMuniCação e suas 
ConsequênCias eConôMiCas, PolítiCas e soCiais
O declínio da Idade Média, na Europa, e as Revoluções Inglesa e Francesa, 
no século XVIII, trouxeram em seu bojo imensas transformações econômicas, polí-
ticas, culturais e sociais. A mais fundamental delas, o Capitalismo, concentrou, nas 
mãos de pequenos grupos de pessoas, o capital, ou seja, os recursos necessários para 
adquirir fábricas e, com isso, produzir e vender mercadorias. Nesse processo, os cam-
poneses e outros trabalhadores que viviam nos feudos e em seu entorno perderam o 
pouco que tinham, na estrutura da sociedade feudal em que viviam, como a possibi-
lidade de tirar seu sustento das terras, do artesanato e de outros serviços.