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Pró-Reitoria de Extensão – PROEX 158 Ciências Humanas 1. Grupos sudaneses: esses grupos localizavam-se em um amplo território ao sul do deserto do Saara, correspondendo ao sudoeste do atual Sudão, até a costa atlântico-africana, correspondendo aproximadamente aos territórios que formam o Golfo da Guiné e adjacências. Os povos iorubá da Nigéria foram o destaque entre os sudaneses. 2. Culturas guineano-sudanesas: As culturas guineano-sudanesas islamizadas eram originárias de territórios que correspondem à atual Nigéria e algumas re- giões na altura do Golfo da Guiné. Entre estes grupos, destacam-se os hauçás. 3. Bantus: se estendiam ao sul dos grupos sudaneses, desde a costa oriental afri- cana até o litoral atlântico-africano, correspondendo a um vasto território do centro ao sul do continente, onde hoje estão localizados, entre outros, Congo, Angola, Moçambique e estados adjacentes. Do ponto de vista numérico, os africanos provenientes desse grupo predominaram na América portuguesa e, segundo especialistas, tiveram muita importância na formação da sociedade brasileira. No interior desse grupo, destacam-se as numerosas tribos do gru- po angola-congolês e as da chamada Contra-Costa, ou seja, o litoral oriental africano, no qual se ressaltam os originários de territórios que correspondem aproximadamente ao atual Moçambique. O comércio de africanos escravizados por portugueses e brasileiros pode ser dividido em três grandes momentos: 1º) De 1440 a 1580: Escravos da chamada Alta Guiné, na região do rio Gâmbia, eram vendidos para outras partes da África, para Lisboa, Cabo Verde e América espanhola, a fim de minerar prata. 2º) De 1580 a 1690: Período de guerras de resistência angolanas contra os portu- gueses, que faziam muitos prisioneiros, os quais eram vendidos como escravos, comércio era feito principalmente pelo porto de Luanda. Período de grande crescimento da produção açucareira no Nordeste do Brasil. 3º) De 1690 até o final do tráfico, em 1850: Chegavam mais escravos de origem sudanesa ao Nordeste e mais escravos bantos ao Sudeste. O que caracterizou as diferenças culturais dos escravos africanos trazidos ao Brasil foi a enorme variedade de povos, com culturas, línguas, religiões, atividades econômicas e organização social diferentes entre si. A despeito das diferentes etnias, essas pessoas tinham algumas semelhanças que faziam com que elas se identificassem umas com as outras. A influência banto é a mais disseminada e antiga, no Brasil; dela vieram os vários tipos de samba, em suas formas originais; as danças dramáticas e em cortejo, evoluindo dos cucumbis, congadas e maracatus até as escolas de samba; a capoeira e o maculelê; técnicas de trabalho; e alimentos preparados de maneira peculiar, como Pró-Reitoria de Extensão – PROEX Sociologia 159 o pirão, o angu e o quibebe; enquanto as manifestações religiosas de influência banto resultaram de uma mistura que incorporou elementos das culturas indígenas, portu- guesa e iorubá. A matriz oeste-africana, iorubá, influenciou as vestimentas femininas, pelo uso de turbantes, saias rodadas, batas de renda, colares e pulseiras características do traje das “baianas de tabuleiro”, típicas da região de Salvador, assim como suas religi- ões se mantiveram mais próximas das matrizes africanas. heranças Culturais Nossa cultura é enormemente influenciada pela África, em diferentes áreas do conhecimento humano, como podemos notar nos exemplos a seguir: Música: serve para invocar e louvar divindades, exaltar os feitos de um povo, ma- nifestar um sentimento e suavizar um trabalho – “música de senzala”, um adjetivo pejorativo a música instrumental produzida por cativos negros. Na América, a mú- sica negra influenciou decisivamente o blues, jazz, rumba etc.; no Brasil, o samba, a bossa nova e a música popular, sem contar estilos mais recentes, como o rap e o funk. Tambores, atabaque, berimbau, marimba, cuíca, reco-reco, zabumbas e matracas são apenas alguns poucos exemplos dos instrumentos musicais trazidos e desenvolvidos devido à influência africana no Brasil. Dança: dos africanos ocidentais, principalmente dos iorubás, herdamos as danças dos orixás, ricas em teatralidade, executadas em rituais evocando momentos de sua mitologia. E dos bantos, as danças em círculo caracterizam-se pela performance lú- dica de um solista no centro da roda, daí inclusive a expressão “samba de roda”. As danças em cortejo representam as embaixadas dos potentados da África a seus vizi- nhos, como o maracatu. Língua e literatura: nosso vocabulário está repleto de africanismos; predominante- mente das línguas do grupo banto, conservamos palavras como caçula, candomblé, cochicho, macumba, quitanda, sunga, umbanda, camundongo e outras milhares. Escritores brasileiros de origem africana, resumidamente, podemos listar: Basílio da Gama, Castro Alves, José do Patrocínio, Machado de Assis, Tobias Barreto, Mario de Andrade, Lima Barreto, entre tantos outros Religião: a religiosidade afro-brasileira herdou dos bantos o culto aos chefes de linha- gens, heróis fundadores e dos ancestrais. Do oeste-africano, o culto aos elementos e forças da natureza. Os primeiros registros dos africanos atuando enquanto curadores,