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Anos Iniciais do Ensino Fundamental134 PEDAGOGIA Buscando compreender melhor a concepção construtivista relativa à aprendizagem da leitura e da escrita, apresentamos aqui pressupostos comuns à Whole language com Goodman e Goodman: Acreditamos que as crianças aprendem a ler e escrever do mesmo modo como apren- dem a falar e ouvir, e pela mesma razão. Esse modo é estar em contato com a língua sendo usada como veículo para a comunicação de significados. A razão é a necessi- dade. [...] (GOODMAN; GOODMAN, 1979, p. 138). E ainda: [...] Como (as crianças) aprendem a língua escrita? Da mesma forma que aprendem a língua oral, usando-a em eventos de letramento autênticos que respondem a suas necessidades. Frequentemente as crianças enfrentam dificuldades na aprendizagem da língua escrita na escola. Isso acontece não porque é mais difícil aprender a escrita que aprender a língua oral, ou porque são aprendizagens diferentes. Acontece por- que nós tornamos a aprendizagem da língua escrita difícil, tentando torná-la fácil. (GOODMAN,1986, p. 24). Claro está que para esta concepção de alfabetização não há necessidade de ensino sistemá- tico de conteúdos, pois as crianças aprenderiam a ler e escrever naturalmente, apenas de estar em contato com materiais escritos. Essa também é uma premissa da perspectiva construtivista. Por outro lado, com Keith Stanovich (2000, p. 400) verificamos que: “a ideia de que aprender a ler é exatamente igual a aprender a falar não é aceita por nenhum linguista, psicólogo ou cientista cognitivo responsável, na comunidade de pesquisadores”, pois não [...] ignoram os fatos óbvios de que todas as comunidades de seres humanos desen- volveram línguas orais, mas só uma minoria dessas línguas existe na forma escrita: que a fala é quase tão antiga quanto a espécie humana, mas a língua escrita é uma invenção cultural recente de apenas os últimos três ou quatro mil anos; que virtual- mente todas as crianças em ambientes normais desenvolvem facilmente a fala por si mesmas, enquanto maior parte das crianças necessita de instrução explícita para aprender a ler, e um número significativo de crianças enfrenta dificuldades, mesmo depois [de] intensos esforços por parte de professores e pais. (STANOVICH, 2000, p. 364). Somando-se a isso, ainda não se pode ignorar a contribuição do linguista Noam Chomsky, que defende o inatismo da fala, isto é, que humanos já nascem preparados para falar. Assim, nossa capacidade de fala é inata, enquanto a escrita é uma criação cultural, convencional, arbitrária e, por- tanto, artificial que precisa ser ensinada para ser aprendida. Logo, verifica-se que o ensino sistemá-