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Anos Iniciais do Ensino Fundamental 125 PEDAGOGIA em diferentes situações sociais é indispensável em um mundo letrado. Suas concepções foram acatadas por muitos e ao longo dos últimos trinta anos a ênfase da alfabetização recaiu apenas sobre a função social da escrita. O ensino de conteúdos específicos foi desprezado, por acreditar-se que as crianças aprenderiam a ler e escrever naturalmente, como se aprende a falar, e que se alfabetizariam ao entrar em contato com o ambiente alfabetizador e observando pessoas escrevendo. (Ver texto: Contribuições da Psicogênese da Língua Escrita para a Alfabetização: Interpretação e Consequências). Assim, as atividades recomendadas para a alfabetização ao invés de abordar os conteúdos indispensáveis à aprendizagem da leitura e da escrita, contemplaram apenas os usos que se faz de um sistema que os alunos ainda não dominam. Deste modo, hoje a demanda é de proposta que alfabetize letrando, isto é, que consiga ensinar o sistema de notação alfabético em contexto de letramento. Quanto a alfabetizar em contexto de letramento observa-se que os materiais didáticos no mercado ainda não perceberam que se trata de ensinar os conteúdos específicos de língua apresentando paralelamente diversidade de gêneros textuais durante o processo, para que a criança possa perceber a existência dessas modalidades e suas características. Entretanto, fez-se o contrário, a partir do momento em que secretarias municipais e estaduais passaram a indicar estratégias que envolvem a memorização de pequenos textos com o objetivo de levar as crianças a decorá-los, oralmente e sua escrita, para depois tentar descobrir onde as palavras estariam escritas no texto e assim compreender o funcionamento do sistema de escrita. Resta ainda a questão do desenvolvimento da consciência crítica, conteúdo indispensável à formação do cidadão e transformação da sociedade e que a escola, bem como os materiais oficiais, vem ignorando sistematicamente. Nesse contexto surgiu o Método Sociolinguístico de Alfabetização (MENDONÇA; MENDONÇA, 2007, 2013) que adota a concepção discursiva de Paulo Freire, pois acredita que o diálogo deve estar na sala de aula e que é através da fala que se estabelece a interação/compreensão entre professor/ aluno e aluno/aluno, além de desenvolver a consciência crítica e a aquisição do conhecimento. Compreende a escrita enquanto sistema de representação da língua e, ainda, o diálogo, a leitura e a escrita como instrumentos para a compreensão da realidade e transformação social. Desenvolve conteúdos específicos da língua (codificação/decodificação de letras, sílabas, palavras, texto) e as habilidades para ler e escrever (direção da leitura, uso dos instrumentos de escrita, organização espacial do texto, suportes de texto etc.), a partir da leitura e interpretação de diversos gêneros textuais, ou seja, sempre em contexto de letramento (Ver texto: A eficiência do Método Sociolinguístico de Alfabetização: fundamentos, práticas e resultados).