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Ciencias humanas -86

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Capítulo VIII - O trabalhador, as tecnologias e a globalização
Imagine que o trabalhador da charge da página 167 seja um amigo seu. Elabore uma
carta endereçada a ele propondo-lhe uma possível solução para o problema ali expresso.
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Desenvolvendo competências
AS TECNOLOGIAS NO CAMPO
Assim como as novas tecnologias têm
proporcionado grande alteração no interior das
fábricas, o campo também tem se modificado.
Até a década de 1970, os países pobres utilizavam
grande quantidade de mão-de-obra agrícola,
principalmente em períodos de colheita. Muitos
desses trabalhadores, conhecidos no Brasil por
“bóias-frias”, passaram a morar nas cidades e a
trabalhar no campo. Com a mecanização
acelerada do campo, conseqüência da tentativa de
expandir a produção destinada à exportação e à
indústria, essa mão-de-obra passou a incorporar
um contingente enorme de desempregados nas
áreas urbanas. Esse fato, associado à grande
concentração de terras nas mãos de poucos,
possibilitou a formação de movimentos sociais
organizados, como é o caso, no Brasil, do MST –
Movimento dos Sem Terra.
Além da mecanização, as pesquisas da
biotecnologia têm alterado de modo significativo
a relação entre o homem e a natureza. O uso de
hormônios de crescimento acelerado para
bovinos, a transferência de embriões, o
desenvolvimento da clonagem, assim como as
alterações genéticas das sementes, criando os
alimentos transgênicos, são alguns exemplos das
descobertas nesse setor.
Um dos mais polêmicos produtos criados pela
biotecnologia são as sementes transgênicas, que
têm suscitado um amplo debate entre empresas,
governos e movimentos ambientalistas.
Essas sementes foram criadas por centros de
tecnologia agrícola, pertencentes a grandes
conglomerados norte-americanos. Essa tecnologia
consiste em alterar geneticamente a planta para
que ela se torne resistente ao uso de defensivos
agrícolas. Tal procedimento permite uma colheita
cerca de 40% maior que a das sementes normais.
A polêmica está relacionada ao fato de que não
se sabe com certeza se, no futuro, o consumo
desses alimentos permitirá o surgimento de novas
doenças ou desencadeará processos alérgicos.
Além disso, as empresas controladoras dessas
tecnologias tornam as sementes resistentes ao
herbicida produzido pelo mesmo grupo ao qual
pertencem. Assim, o agricultor, ao utilizar a
semente modificada geneticamente por uma
empresa, deverá, forçosamente, empregar
defensivos agrícolas produzidos por essa mesma
empresa. Ou seja, ocorre um casamento entre a
utilização das sementes e a utilização dos
herbicidas.
As empresas que desenvolveram os transgênicos
alegam que o aumento de produtividade, na
ordem de 30%, acarretará maior abastecimento, o
que reduziria a fome no mundo e forçaria o preço
dos alimentos para baixo, contribuindo, dessa
maneira, para uma melhor distribuição de renda.
Contra o argumento das empresas interessadas
em consolidar os transgênicos, deve-se considerar
que o problema não está relacionado à falta de
alimentos no mundo ou mesmo às deficiências
de produção ou produtividade, mas sim à
distribuição desigual das riquezas.
As ONGs (Organizações Não Governamentais) de
caráter ambientalista alegam que a alteração
genética poderá trazer danos futuros à saúde
e ao meio ambiente.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio
Quanto à saúde, a preocupação é que as
modificações poderão acarretar problemas
alérgicos, ou mesmo comprometer a saúde das
pessoas devido ao reduzido tempo de pesquisas
para a detecção das possíveis reações.
Em relação ao meio ambiente, acredita-se que,
ao se criar uma planta resistente aos herbicidas,
poderá perder-se o controle das áreas de plantio,
o que provocaria invasão destes produtos em
áreas vizinhas comprometendo a manutenção
dos ecossistemas.
A proposta das organizações ambientalistas é a
de que estes produtos sejam pesquisados por no
mínimo dez anos, garantindo desta maneira sua
utilização segura.
Essa questão envolve um problema de cidadania,
já que produtos industrializados estão sendo
vendidos no mundo todo, sem que as embalagens
contenham informações que ressaltem a utilização
ou não dos transgênicos, permitindo a cada
cidadão optar ou não pelo seu consumo.
Outro problema relacionado às novas tecnologias
agrícolas é que os interesses econômicos definem
os investimentos em pesquisa. Segundo o relatório
do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, de 1999, os cosméticos e o
tomate de amadurecimento lento estão mais à
frente na lista de prioridades do que a vacina
contra a malária ou o desenvolviento de colheitas
resistentes à seca em regiões periféricas. Um
maior controle das inovações nas mãos das
empresas transnacionais ignora as necessidades
de milhões. De novos medicamentos às melhores
sementes para culturas alimentares, o melhor das
novas tecnologias é planejado e tem preços
estabelecidos para aqueles que podem pagar.
Para as pessoas pobres, o progresso tecnológico
permanece muito fora de alcance.
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Desenvolvendo competências
Compare as formas de produção agrícola expressas nas fotografias 1 e 2 quanto à
utilização de mão-de-obra empregada e ao tipo de produto plantado.
Fotografia 1
Fotografia 2