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Sangue: um mar vermelho que sustenta a vida 151 Biologia Com o término da guerra, o sistema capitalis- ta ficou à beira de um colapso, uma vez que os países europeus começaram a se recuperar. Eles se organizaram e desenvolveram sua estrutura pro- dutiva, conseqüentemente reduzindo a importação de produtos americanos. Em virtude deste desen- volvimento industrial, houve um desequilíbrio en- tre mercadoria produzida e poder aquisitivo. Insta- lou-se a crise econômica do sistema capitalista em 1929, com o crash da Bolsa de Nova York. Inúme- ras indústrias são fechadas, havendo então a de- missão em massa de milhões de operários. Esta cri- se econômica rapidamente atingiu o mundo. Mais tarde, aconteceu um conflito ainda maior e mais devastador. Em 1939, foi deflagrada pela Alemanha nazista e Japão, a Segunda Guerra Mundial, e os países briga- ram fervorosamente pelas conquistas territoriais e de poder. Além das armas bélicas, os Estados Unidos fizeram uso da bomba atômica, que foi lançada sobre a cidade de Hiroshima, no dia 06 de agosto de 1945, tendo como saldo oitenta mil mortos em segundos. Três dias mais tarde, foi lançada a segunda bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki, vitimando mais de quarenta mil pessoas. No período das duas guerras mundiais, as ciências naturais tornaram- se presentes e fundamentais. O desenvolvimento da Física e da Química foi extraordinário, tendo como conseqüência a construção de armas nu- cleares e a evolução na agricultura, na construção civil e na medicina. Em plena guerra, em 1939, a genética foi utilizada pela Alemanha nazista com o intuito de se obter uma raça superior (eugenia), geran- do assim o horror do holocausto, onde milhões de judeus foram sacri- ficados nos campos de concentração. No Brasil, o movimento eugenista esteve fortemente articulado à idéia do embranquecimento. A Constituição de 1934 estimulava a edu- cação eugênica e restringia a entrada de imigrantes segundo sua nacio- nalidade (LIMONCIC, 2005, p. 2). Ainda, no âmbito do desenvolvimento da genética básica, o estudo dos grupos sangüíneos foi extremamente importante, pois eles são mo- delos de algumas formas de transmissão hereditária. A existência de ale- los múltiplos, no homem, foi evidenciada inicialmente para os genes do sistema ABO; o estudo dos efeitos de uma série de processos evoluti- vos, na genética das populações, usa amplamente os grupos sangüíne- os; a herança do sistema Rh é bastante clara para se decidir entre alelis- mos simples ou múltiplo; utiliza-se a freqüência dos genes responsáveis pelos grupos sangüíneos para esclarecer as relações históricas entre vá- rios grupos étnicos (LIMA, 1996, p. 414). Nuvem em formato de cogume- lo que subiu 18 km, resultado da explosão nuclear da bomba “Fat Man” lançada pelo B-29 “Bock’s Car” sobre Nagasaki, em 9 de agosto de 1945. A imagem é um trabalho das forças armadas dos Estados Unidos. Fonte: GNU Free Doc. License, www.wikipedia.org Fotos dos alemães e franceses, que foram os protagonistas da maior batalha do nosso Planeta, ocorrida nas cercanias da cidade de Verdun - França, por ocasião da Primeira Grande Guerra. De 21 de fevereiro a 19 de dezembro de 1916, mais de 700 mil combatentes foram mortos ou feridos. Segundo as estatísticas, 2.380 soldados, em média, foram atingidos por algum tipo de arma, diariamente; dentre eles, 880 morriam. Fonte: Núcleo de Estudos Contemporâneos, Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, www.historia.uff.br Mecanismos Biológicos152 Ensino Médio Entretanto, como você verá, a genética es- tudada em 1866, por Gregor Mendel, não guar- da relações necessárias com as políticas racis- tas. Em suas observações, ele concluiu que as características hereditárias dependiam da ação de fatores ou unidades hereditárias, ho- je conhecidas como gene (parte do DNA que possui a informação para a “fabricação” de proteínas no organismo). Todavia estas des- cobertas não tiveram grandes repercussões. Nesta mesma época, foram realizados vários estudos procurando desvendar o mistério da vida. O DNA é conhecido, mas não sua estru- tura e funcionamento. Em 1900, três geneticis- tas botânicos, Hugo Marie de Vries (Holanda), Carl Correns (Alemanha) e Erich von Tscher- mak Seysenegg (Áustria), em suas pesquisas, independentemente, chegaram a conclusões semelhantes às de Men- del. A partir de então, esta ciência ganha ímpeto e vários estudos são cuidadosamente realizados por muitos geneticistas. Gregor Mendel (1822-1884): monge do mosteiro agostiniano de Brünn – Áustria. Gregor Johann Mendel botâni- co austríaco (1822 - 1884), de- dicou-se ao estudo do cruzamen- to de ervilhas cultivadas na horta do mosteiro onde vivia. Fonte: Imagem cedida pelo Mendel Mu- seum, Museum of Genétics, Distri- to de Brno, República Checa. Francis Galton (1822-1911): Médico in- glês fundador da Socieda- de de Eugenia, dedicou-se aos estudos sobre heredita- riedade. Aprofunde seus conhecimentos sobre a estrutura e funcionamento do DNA lendo o Folhas DNA: a longa cadeia da vida, no Livro Didático Pú- blico de Biologia. Questões relativas à eugenia (de boa ori- gem) datam de 1865, pretensão desenvolvida por Francis Galton. Esse discurso ganhou “cor- po” e logo foi incorporado por diferentes cor- rentes de pensamento e movimentos sociais que ansiavam por solucionar seus problemas advindos das misérias dos cortiços operários. Em 1869, Galton publicou o que seria o esteio das idéias eugenistas, a obra “Hereditary ge- nius: an inquirity into its laws and consequen- ces”. A eugenia se dividiu em duas correntes: a negativa, que visava impedir as pessoas ge- neticamente inferiores de procriar, e a positiva, que incentivava as pessoas com genes superio- res a terem filhos. No século XX, esse pensamento atinge o ápice com o regime nazista, que chega ao absurdo de recrutar candidatas consi- deradas “válidas” para cruzá-las e assim obter uma raça superior. Neste contexto, percebe-se que questões relacionadas à herança genética acompanham a raça humana desde a metade do século XIX. Francis Galton, que inicialmente desenvolveu as idéias sobre a eu- genia. Fonte: GNU Free License, www.wikipedia.org