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20 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias V O LU M E 1 povo. Em sua concepção e em sua finalidade original, o carro é um bem de luxo. E o luxo, por definição, é impossível de ser democra- tizado: se todos ascendem ao luxo, ninguém tira proveito dele. Isso é admitido sem questionamentos pelo senso comum no caso das mansões à beira- -mar. Nenhum demagogo ousou dizer que democratizar o direito às férias significa aplicar o princípio uma mansão com praia particular para cada família. Todos com- preendem que, se cada uma das treze ou quatorze milhões de famílias existentes na França devesse dispor mesmo que apenas de dez metros da costa, seria preciso dividir as praias em tiras tão pequenas – ou amontoar tanto as mansões – que seu valor de uso se- ria nulo e sua vantagem sobre um complexo hoteleiro desapareceria. Em suma, a demo- cratização do acesso às praias admite somen- te uma solução: a solução coletivista. E essa solução está necessariamente em guerra com o luxo que constituem as praias particulares, privilégio que uma pequena minoria se atri- bui à custa de todos. Ora, por que aquilo que é absolutamente ób- vio no caso das praias não é geralmente visto da mesma forma no caso do transporte? Por acaso um carro também não ocupa um espa- ço tão escasso quanto uma mansão na praia? Não espolia os outros que usam as ruas (pedestres, ciclistas, usuários de ônibus ou bondes)? Não perde seu valor de uso quando todo mundo utiliza o seu? No entanto abun- dam os demagogos que afirmam que cada fa- mília tem o direito a pelo menos um carro, e que seria até mesmo encargo do “Estado” atuar de forma que todos pudessem estacio- nar convenientemente e viajar no feriado ou nas férias ao mesmo tempo que todos os ou- tros a 150 km/h. (Ned Ludd (org). Apocalipse motorizado, 2004. Adaptado.) (SÃO CAMILO – MED UNESP 2017) - 6. (SÃO CAMILO – MED UNESP 2017) “Todos compreendem que, se cada uma das treze ou quatorze milhões de famílias existentes na França devesse dispor mesmo que apenas de dez metros da costa, seria preciso dividir as praias em tiras tão pequenas – ou amontoar tanto as mansões – que seu valor de uso seria nulo e sua vantagem sobre um complexo ho- teleiro desapareceria.” Os verbos destacados no excerto estão conjugados no. a) futuro do pretérito, pois não se trata de fato localizado em um futuro próximo, mas em um futuro distante. b) futuro do presente, para fazer uma afirma- ção futura em relação ao tempo do que foi enunciado antes. c) pretérito mais-que-perfeito, pois se trata de um fato posterior a outro fato enunciado no texto. d) futuro do presente, para deixar claro que se trata de uma hipótese e não de um fato já consumado. e) futuro do pretérito, a fim de imaginar um cenário projetado a partir de uma hipótese antes enunciada.