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Semiologia do pescoço

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SEMIOLOGIA DO 
PESCOÇO
José Maria C Constant
“Luísa quis mostrar-me uma passagem no livro que lia. 
Curvou-se. Não me contive e dei-lhe dois beijos no cachaço”
João Valério, em Caetés
Graciliano Ramos
Até onde o exame do pescoço pode nos 
levar?
Inspeção
● Exantema, angioedema e prurido – Síndrome do pescoço 
vermelho
● Liberação de histamina pelo uso de VANCOMICINA
Inspeção
○ Colar de Casal
Decorrente de alcoolismo = PELAGRA
Desnutrição – deficiência de Niacina, Vitamina B3, 
Vitamina PP
■ Hepatopatia
■ Imunodepressão
Inspeção / palpação
● TUMORAÇÕES
• Tireóide nódulos
bócio*
* Era endêmico no Centro-Oeste
Mário Pinotti – Ministro da Saúde 
de 1958 a 1960 - Sal iodado
• Adenopatias
Ausculta do pescoço
● SOPRO – Estenose de carótida
● Pedir ultrassom com doppler de carótidas
Significado das adenopatias 
submandibulares / cervicais
Piodermite de face ou couro 
cabeludo
● Lesões superficiais
Estreptococo
Piodermite de face ou couro cabeludo
● Lesões profundas
Estafilococos
Foliculite
Hordéolo
Furúnculo
Abscesso
Piodermite de face ou couro 
cabeludo
● Prescrição de penicilina g (benzetacil) para essas 
lesões profundas
● Erro recorrente
● O estafilococo é 100% resistente
Tonsilite
Estreptococo Anaeróbios
• Febre, dor de garganta, odinofagia, exsudato 
purulento, nas criptas tonsilares
• Adenopatias submandibulares e cervicais
Infecção pelo herpes virus hominis 1
(herpes simples 1)
● PRIMO-INFEÇÃO – crianças abaixo de 5 
anos
○ Gengivo-estomatite
○ Febre. Vesículas ulceradas em toda 
cavidade oral
○ Dor, sialorreia, recusa alimentar. 
Adenopatias
● Vírus permanece latente em neurônios 
sensoriais
● Reativações frequentes sob forma de 
Herpes Labial
Herpes simples 1
recorrência
● Herpes labial
● Queilite
Herpes simples 1- Primo-infecção
complicação
● Superinfecção por Candida albicans (fungo, normalmente 
contido pela microbiota)
● Glossite
● Outras causas de candidíase
○ Uso de antibióticos de amplo espectro
○ Imunodepressão
HERPES SIMPLES 2
(Herpes genital)
● Lesões vesiculares e depois ulceradas, na genitália externa
● Transmissão sexual
● Latência em neurônios sensoriais
● Recorrência mais frequente em mulheres
● Pode, raramente, ser causado pelo tipo 1
● Balanite, Postite, Balanopostite
● Criança de 5 anos foi levada a Serviço de Urgência, com história de febre
baixa, adinamia, dor na região retro-ângulo-mandibular direita e
odinofagia. Tumefação da região dolorida
DIAGNÓSTICO - “Papeira” (Caxumba)
● Medicada com sintomáticos e mandado para casa
● No dia seguinte, com o aumento do edema e piora do 
estado geral, retornou ao serviço, sendo atendida por 
outro plantonista, que confirmou o diagnóstico e a 
medicação.
3º Dia
● Persistia a febre baixa, agravava-se o estado geral, 
com palidez cutânea e sinais de toxemia
● Adenopatias e peri-adenopatias sub-mandibulares e 
cervicais
● Taquicardia contrastando com a febre baixa (37,7º C)
Pescoço de touro
Adenopatias e peri-adenopatias
Diagnóstico
O plantonista daquele dia (Dr. Diógenes Bernardes) 
examinou a orofaringe
Difteria
• Vírus 
• Acomete glândulas salivares
• Principalmente Parótidas
Eventualmente as outras
• Também Pâncreas (pancreatite -amilasemia)
• Ovários (ooforite)
Testículos (orquite)
Afeta túbulos Seminíferos
Não as células de Leydig
E por falar em caxumba
Complicações da caxumba
● Orquite
Túbulos seminíferos = oligospermia e azoospermia
Células de Leydig = hormônios = função sexual normal
Complicações da caxumba
● Pâncreas - Ilhotas de Langerhans – células beta –
insulina – glicose para tecido muscular – manutenção 
da glicemia
● Pancreatite aguda pode causar diabetes 
● Pelo vírus da caxumba muito raramente
Criança com 14 meses de idade
● Febre, adenopatias submandibulares e cervicais. Três dias 
depois desapareceu a febre e surgiu exantema
maculopapular punctiforme 
● 1ª suspeita diagnóstica – Alergia (mas havia febre)
Criança com 14 meses de idade
● Feito, então o diagnóstico de Roseola Infantum, ou Exantema 
Súbito, doença causada pelo Herpes-vírus humanos 6 e 7 
(latência em linfócitos CD4)
● O HHV7 tem sido relacionado a convulsões febris na infância
● Observação: poder-se-ia pensar em Rubéola, se houvessem 
adenopatias cervicais das cadeias posteriores e a criança não 
fosse vacinada.
Outro caso
● Mulher jovem (22 anos), há quatro dias, com febre alta,
● cefaleia, dores generalizadas, dor na garganta e odinofagia
● Início do exame físico revelou adenopatias submandibulares e 
cervicais, não dolorosas. 
● Exame do orofaringe: exsudato esbranquiçado recobrindo as 
tonsilas
Continuação
● Quase “fechando” o diagnóstico de infecção 
bacteriana, o médico notou exantema máculo-
papular nos membros superiores da paciente. 
Exame mais acurado mostrou que o exantema 
era generalizado 
● O diagnóstico inicial comprometido, levou à 
sequência do exame, que revelou tumefação 
de outras cadeias ganglionares e, por fim, 
esplenomegalia
● Levantada a suspeita de Mononucleose 
Infecciosa (vírus)
SOLICITADO HEMOGRAMA -é cedo 
(4 dias) para sorologia
Série vermelha – normal
Leucócitos – 15.000 / mm³ (V.R. 5.000 a 10.000 – média 8.000)
Neutrófilos – 25 % (V. R. 60%)
Linfócitos - 70 % (V. R. 30%)
Eosinófilos - 00 % (V. R. 2 a 4 %)
Monócitos - 05 %
Basófilos - 00 %
Presença de 8 % de linfócitos atípicos
Plaquetas - 85.000 mm³ ( V.R. 150.000 a 400.000)
Perfil de Mononucleose Infecciosa (doença viral hematologicamente
excepcional)
Infeccção viral com leucocitose, 
véio?
● Habitualmente leucopenia
● M. I. - vírus Epstein-barr – transmissão respiratória
● Infecta células epiteliais do orofaringe (toma gosto e...) 
● Infecta linfócitos B (aí quebra a cara)
● Intensa proliferação de linfócitos T killer = leucocitose
● Destruição dos linfócitos B infectados = “cura”
Vírus Epstein-barr
● É um Herpes vírus – Latência
● Latente em Linfócitos B
● A Imunidade celular (linfócitos T) mantê-lo-á sempre assim
● A não ser que haja queda da imunidade celular
● Reativação, mononucleose crônica, formas malignas 
Imunidade na Mononucleose 
infecciosa
RESPOSTA HUMORAL
● Ac. IgM específicos. Depois IgG (memória)
● Ac. Policlonais, não específicos ou heterófilos
- reaginas sifilíticas (VDRL falso positivo)
- fator reumatóide
- FAN
- aglutinantes de hemácias de carneiro e cavalo
( Reações de Paul-Bunnel e Hoff-Bauer – em desuso)
Mononucleose infecciosa –
Evolução para malignidade
● Imunodeficiência grave + fatores genéticos =
• Linfoma de Burkitt – endêmico em crianças
■ África equatorial
■ Nova Guiné
• Carcinoma naso-faríngeo
■ África
■ Sul da China
HERPES VIRUS = LATÊNCIA
UMA VEZ FLAM, QUER DIZER, HERPES 
VIRUS, SEMPRE HERPES VIRUS
Vírus e Genética populacional
● Zika vírus
África - 1947 infectava preferencialmente macacos
Ásia (?) - (mutação) : afinidade para humanos
● Trajetória até o Brasil
- 2007 surto - Ilha Yap (Micronésia)
- 2013 epidemia - Polinésia Francesa
- 2014 - Ilha da Páscoa (Chile)
Até aí sem registro de microcefalia
- 2014 -Brasil/ microcefalia, mais no Nordeste.
Mais um caso
● Mulher, 25 anos, com febre há 10 dias, adenopatias cervicais e 
de demais cadeias e esplenomegalia. Leucograma com 
Leucocitose, linfocitose e atipias linfocitárias.
● Hipótese diagnóstica 
- Mononucleose Infecciosa
- Não havia, porém, comprometimento da garganta
(Que não ocorre em 40 % dos pacientes)
- Pedida sorologia para M.I. – Negativa
● E AGORA ?
Continuação
● Chegou-se a pensar em Leucemia linfóide – AFASTADA 
(hemograma)
● Menos mal. 
● Pode ser Citomegalia ou Toxoplasmose
● Se a paciente não estiver grávida dá para encarar 
AFORTUNADAMENTE NÃO ESTAVA GRÁVIDA 
Se estivesse...
● Citomegalovirus e Toxoplasma gondii – teratogênicos
Abortamento, parto prematuro, ou
Parto a termo com RN apresentando:
Microcefalia
Calcificações cerebraisEstrabismo
Opacificação do cristalino (catarata)
Cegueira, deficiência intelectual, surdez, nistagmo 
Diagnóstico: Toxoplasmose (forma linfadenítica)
Tratada e encaminhada ao oftalmologista (corio-retinite)
Rigidez de nuca
• Doença infecciosa sem febre. Evitável pela vacinação
• Clostridium tetani – Bacilo Gram-positivo sem poder invasivo
• Exotoxina com ação sobre o SNC
• Hipertonia muscular
Rigidez de nuca: tétano
Tétano = hipertonia muscular + 
convulsões
● Musculatura da nuca: rigidez 
● Masséteres – trisma = não abrir a boca
● Opistótono – encurvamento da coluna vertebral para 
trás. 
● Outros músculos estriados são atingidos
● Convulsões clonico-tônicas, afetando, inclusive, o 
diafragma = parada respiratória
Observação: 
Clostridium botulinum (o do Botox)
Paralisia do diafragma
Ainda tétano
● Hipertonia da musculatura abdominal 
● “Prensa abdominal” 
● Dá para confundir com “abdome agudo” (peritonite)?
● Não deveria, mas já aconteceu
● No abdome agudo há hipertonia da musculatura 
abdominal,febre, mas não há trisma, rigidez de nuca e de outros 
músculos estriados nem convulsões clônico-tônicas. 
Meningite
● Rigidez de nuca é posição antálgica de defesa
○ Inflamação das lepto-meninges (aracnóide e Pia-
mater)
○ E da emergência dos pares cranianos e nervos 
medulares
○ FEBRE. Não há trisma, nem rigidez da musculatura 
abdominal. Vômito em jato?
○ Convulsões clônicas
Sinais radiculares
● Rigidez de nuca
● Sinal de Kernig
● Sinal de Brudzinski
E, por falar em dor, pescoço 
também pode doer
● Súbita, dificultando ou impedindo movimentos laterais 
=torcicolo ( mio-relaxantes)
● Na face lateral esquerda, Irradiada a partir da região 
precordial
Isquemia miocárdica – transitória = angina
definitiva = infarto do 
miocárdio 
Caso clínico
● Já que pescoço fica próximo à cabeça...
● Paciente queixa-se de tontura, desequilíbrio, náuseas, 
zumbidos
● BEG, deambulando, apirético. BNF,RCR 2T
● PA 120 x 80
Eupneico. MV normal
Algumas causas de tonturas
● Embriaguez alcóolica
● Hipotensão arterial (PA 120 x 80)
● Hipoglicemia (glicemia do paciente 90 mg/dl)
● Uso de medicamentos
Psicotrópicos, anticonvulsivantes (nível de consciência)
Aminoglicosideos – lesão do VIII par craniano
Ramos: coclear = audição
vestibular = equilíbrio
● Labirintite
Equilíbrio
● O sistema vestibular está contido em estrutura óssea 
chamada labirinto
● Lesão vestibular = tonturas, desequilíbrio
● A visão auxilia na manutenção do equilíbrio
● Sinal de romberg
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