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Contabilidade Intermediaria cap 2

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31/08/2022 20:00 Contabilidade Intermediária I
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CONTABILIDADE
INTERMEDIÁRIA I
CAPÍTULO 2 - COMO SÃO
REGISTRADAS AS OPERAÇÕES
DE COMPRAS E VENDAS DE
MERCADORIA?
Douglas Almeida Lima
INICIAR 
Introdução
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Definir exatamente o momento histórico que marca o início das
atividades comerciais no mundo é uma tarefa difícil,
praticamente impossível. Muitos historiadores acreditam que a
história do processo de compra e venda de mercadorias
começou com as trocas comerciais realizadas nas civilizações
mais antigas, uma história que antecede até mesmo a existência
das moedas.
Antes do surgimento da moeda, que se deu há quase 4 mil anos,
as operações com mercadorias eram feitas por meio de trocas
por outras mercadorias, em um processo chamado escambo. A
dificuldade em valorar os bens e serviços era grande, por
exemplo, quantas espigas de milho cobrar por uma vaca? E se
fossem porcos? O controle de patrimônio era um tanto difícil,
não acham?
Atualmente, com um mercado evoluído, temos o tempo inteiro
milhares de transações comerciais sendo realizadas. Empresas
compram mercadorias, vendem, prestam serviços. Esse é um
processo repetitivo e que faz parte do processo de atendimento
às necessidades humanas. As dúvidas que ficam são: como são
feitos os registros de compras e vendas de mercadorias?
Quando as empresas vendem à vista, o processo dentro da
contabilidade é o mesmo? Devemos reconhecer uma receita
mesmo que ainda não tenhamos recebido por ela?  
Neste capítulo veremos como os processos de compra e vendas
de mercadorias afetam o trabalho da contabilidade por meio de
registros contábeis de compras de mercadorias,
reconhecimento de despesas, operações de vendas de
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mercadorias e prestação de serviços e, finalizando todo esse
processo, a apuração do resultado do exercício. Vamos nos
aprofundar nesse conteúdo a partir de agora.
2.1 Registro de compras de
mercadorias
As compras de mercadorias, sejam para revenda ou para
utilização própria da entidade, alteram a composição do
patrimônio das entidades. E não é excessivo ressaltar que o
patrimônio é o objeto de estudo da Contabilidade e todos os
atos administrativos que alterem o patrimônio são parte do
interesse da Contabilidade, que deve mensurar, registrar e
controlá-los para a geração de informações que sejam úteis ao
usuário.
O registro de compras de mercadorias envolve diversas
questões envolvendo gastos com frete, impostos embutidos no
preço do produto, impostos destacados na nota, entre outras.
Neste tópico abordaremos como se dá o processo de
contabilização de compras de mercadorias, quer sejam para
revenda, quer sejam para consumo. 
2.1.1 Contas envolvidas no processo
Ao realizarmos os registros de compras de mercadorias é
necessário que se tenha em mente as diversas contas contábeis
que estarão envolvidas neste processo. No momento da
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estruturação do plano de contas é necessário que essas contas
já estejam previstas, ou que haja flexibilidade para a criação das
contas necessárias.
As contas envolvidas são: i) estoques, incluídas as contas de
estoque de mercadorias para revenda, estoque de matéria-
prima e estoque de materiais de consumo; ii) impostos a
recuperar; iii) fornecedores a pagar; iv) disponível; e v) juros a
transcorrer. A utilização de cada uma dessas contas será
detalhada nos próximos tópicos, porém, é fundamental que
comecemos desde já com suas definições.
 
Estoques – a definição de estoques é trazida pelo item 8 do
Pronunciamento Contábil CPC 16 (R1) (CPC, 2009), correlato às
normas internacionais IAS2 (IASB):
Os estoques compreendem bens adquiridos e
destinados à venda, incluindo, por exemplo,
mercadorias compradas por varejista para revenda ou
terrenos e outros imóveis para revenda. Os estoques
também compreendem produtos acabados e produtos
em processo de produção pela entidade e incluem
matérias-primas e materiais, aguardando utilização no
processo de produção, tais como: componentes,
embalagens e material de consumo. 
Impostos a recuperar – o imposto a recuperar é a conta que
apresenta o resultado de créditos tributários sobre impostos
não cumulativos. A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988)
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estabelece, em seu art. 155, parágrafo 2º, inciso I, que na não
cumulatividade de tributos, compensa-se “o que for devido em
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou
prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores
pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal”. Ou seja,
quando sobre a compra de mercadorias há o reconhecimento de
tributos recuperáveis, a empresa compradora se beneficia
registrando um débito em conta de Impostos a Recuperar
(ativo).
Fornecedores a pagar – representa obrigações futuras. Ou seja,
quando a compra de mercadorias é a prazo, esta será a conta
representativa da origem do recurso. Esta conta pode ser de
curto ou de longo prazo, podendo estar, então, no passivo
circulante ou no passivo não circulante.
Disponível – a conta disponível, composta pelas
disponibilidades imediatas da empresa, como caixa e banco,
fará parte do processo de contabilização de compra de
mercadorias caso a compra seja realizada a vista, ou até mesmo
quando a compra é a prazo e temos, a posteriori, a realização do
pagamento ao fornecedor.
Juros a transcorrer – assim como ocorre na contabilização de
empréstimos e financiamentos, podemos ter incidência de juros
na realização de uma compra de estoques. Sobre os juros
decorrentes dessas operações, o item 18 do CPC 16 – Estoques
(CPC, 2009), estabelece que:
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a entidade geralmente compra estoques com condição
para pagamento a prazo. A negociação pode
efetivamente conter um elemento de financiamento,
como, por exemplo, uma diferença entre o preço de
aquisição em condição normal de pagamento e o valor
pago; essa diferença deve ser reconhecida como
despesa de juros durante o período do financiamento.  
Para que possamos compreender a utilização desta conta
redutor de passivo, vejamos o exemplo a seguir.
Suponha que a Cia Comercial ZYX tenha comprado mercadorias
pelo valor total de R$ 32.000. O pagamento desta compra será
realizado em pagamento único daqui a 90 dias. Devido às
condições de pagamento, a entidade acorda com o fornecedor o
pagamento de 10% a título de juros. Sendo assim, o valor total
da compra se dá por R$ 35.200, sendo R$ 32.000 referentes às
mercadorias e mais R$ 3.200 referentes aos juros. Então, o valor
a ser reconhecido em estoque deve ser, obrigatoriamente, o
valor da mercadoria sem os juros. Veja como aconteceria esse
registro:
 
Histórico: aquisição de mercadorias a prazo;
Débito – Estoque de mercadorias para revenda no valor de R$
32.000;
a Crédito de – Fornecedores a pagar no valor de R$ 35.200;
Débito – Juros a transcorrer (retificadora de passivo) no valor de
R$ 3.200.
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2.1.2 Contabilização
O processo de contabilização da compra de uma mercadoria
pode ser bemsimples e pode ter seu nível de detalhamento
aumentado conforme o tipo de transação, a incidência ou não
de encargos, existência de frete por conta do comprador,
existência de impostos recuperáveis etc.
Vamos então desenvolver vários exemplos de contabilização,
cada um com um nível de detalhamento maior que o anterior,
para que assim possamos compreender cada um desses
processos. 
Fome de poder (2016), dirigido por John Lee Hancock, revela a história da
ascensão do McDonald’s. Durante diversas passagens do filme é possível
perceber a preocupação dos investidores nos gastos para manutenção dos
estoques, gerando despesas com armazenamento muito grandes. 
Suponha que uma empresa comercial qualquer tenha
adquirido, à vista, R$ 50.000 em mercadorias para revenda. Para
a compreensão inicial do nosso exemplo, considere que os
impostos embutidos dentro deste valor não são recuperáveis.
Como seria feita a contabilização?
VOCÊ QUER VER?
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Histórico: Aquisição de mercadorias para revenda à vista;
Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 50.000;
a Crédito de – Disponível no valor de R$ 50.000.
 
A conta de Estoque de mercadorias para revenda, por ser conta
de ativo, tem natureza devedora, sendo assim, realizamos um
lançamento a débito, aumentando o seu saldo. Por outro lado, a
conta disponível é creditada no mesmo valor de R$ 50.000,
indicando assim a origem do recurso utilizado para o
pagamento ao fornecedor. Mas e se essa mesma compra tivesse
sido realizada a prazo?
De igual modo teríamos um débito na conta de Estoque, porém,
a diferença estaria na origem do recurso, ou seja, ao invés de
termos um crédito nas contas do disponível, teríamos a origem
em um passivo, indicando assim uma obrigação futura para a
entidade comercial. Veja o registro contábil abaixo:
 
Histórico: Aquisição de mercadorias para revenda a prazo;
Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 50.000;
a Crédito de – Fornecedores a pagar no valor de R$ 50.000.
 
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É importante destacar que a conta Estoque é uma conta
sintética, ou seja, sintetiza a informação de diversas outras
contas. Sendo assim, não podemos realizar o lançamento de
uma compra de mercadoria nesta conta. Devemos fazer o
lançamento dos valores na conta analítica, que segundo
Padoveze (2017, p. 52), são “aquelas contas que representam os
elementos patrimoniais em seu maior grau de detalhamento.”
Caso a mesma compra seja realizada parte à vista e parte a
prazo, teríamos um registro contábil de um débito (registrando a
entrada da mercadoria em estoque) para dois créditos (um pela
saída de disponibilidades e outro pelo reconhecimento de
passivo). O registro contábil seria representado desta forma:
 
Histórico: Aquisição de mercadorias para revenda, sendo o
pagamento metade à vista e metade a prazo;
Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 50.000;
a Crédito de – Fornecedores a pagar no valor de R$ 25.000;
a Crédito de – Disponibilidades no valor de R$ 25.000.
 
A regra geral para registro dos estoques de mercadorias é que os
mesmos devem ser avaliados pelo valor de custo de aquisição,
porém, os valores poderão ser reavaliados caso o valor de
mercado, ou seja, o valor que se espera receber com a venda
deles, seja menor que seu próprio custo de aquisição
(PADOVEZE, 2017).
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Valor de custo, segundo Padoveze (2017, p. 67), “significa o valor
de compra da mercadoria mais as despesas necessárias (fretes,
por exemplo) para colocá-la à venda, exclusos os impostos
recuperáveis (IPI, ICMS, PIS e COFINS).”
O documento essencial para o registro adequado de uma
compra de mercadoria é a Nota Fiscal de compra. Nela é
possível identificar os valores referentes aos tributos incidentes
sobre a compra, valor de frete e informações sobre as condições
de pagamento. Observe na imagem abaixo: o item A apresenta
as informações do fornecedor; item B, as informações sobre a
data de emissão da nota; no item C, as informações tributárias;
e, no item D, as informações referentes ao frete.
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Deste modo, diante da definição de custo de compra
apresentado por Padoveze (2017), aumentaremos o nível de
informações sobre a compra de mercadorias, trazendo os
valores de tributos recuperáveis e não recuperáveis, bem como
informações de fretes e juros sobre a compra. Então, vejamos o
Figura 1 - Nota fiscal de compra é documento fundamental para o correto registro
de uma compra. Fonte: EAGLE TECNOLOGIA, 2017.
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mesmo exemplo com o qual estávamos trabalhando
anteriormente, porém, agora iremos incrementá-lo com as
informações tributárias dessa compra e de frete.
Suponha que uma empresa comercial qualquer tenha
adquirido, à vista, R$ 50.000 em mercadorias para revenda.
Embutidos neste valor estão R$ 9.000, referentes à ICMS
recuperáveis e destacados na nota fiscal, e existem ainda R$
2.500 referentes à IPI, não recuperáveis. Para a realização da
compra, o fornecedor arcou com o custo de R$ 600 de frete.
Observe que agora temos diversas informações a respeito de
uma compra. Lembrando que todas estas informações devem
constar na nota fiscal de aquisição do produto. Contudo, antes
de realizarmos a contabilização de cada um destes valores
vejamos a sua interpretação.
O valor de ICMS de R$ 9.000 está embutido dentro do valor de R$
50.000 e este valor é recuperável. Ou seja, do valor de R$ 50.000
devemos subtrair os valores referentes à ICMS, pois estes serão
compensados como créditos tributários, resultando assim em
um custo de R$ 41.000. Porém, há a incidência de R$ 2.500 em
IPI, que de acordo com nosso Sistema Tributário, não pode ser
aproveitado por uma empresa comercial. Sendo assim,
importará em um custo de mais R$ 2.500 ao valor da
mercadoria, resultando em R$ 43.500 de custo, mas e o frete?
O frete ficou por conta do fornecedor, sendo assim, não há o que
retratar na contabilidade do comprador. Mais à frente
trataremos do frete pago pelo comprador. Vejamos então como
seria a representação deste registro contábil: 
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Histórico: Aquisição de mercadorias para revenda à vista;
Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 43.500;
Débito – ICMS a recuperar (Ativo) no valor de R$ 9.000;
a Crédito de – Disponibilidades no valor de R$ 52.500.
 
Observe que o valor retirado das Disponibilidades da empresa é
de R$ 52.500 referente ao valor da mercadoria de R$ 41.000
somados aos R$ 2.500 de IPI e aos R$ 9.000 de ICMS, porém,
temos o reconhecimento de dois ativos: um representado pela
conta de Estoque de mercadoria para revenda e outro
representado pela conta ICMS a recuperar, que será utilizada
pela empresa no momento da apuração dos tributos a pagar.
Utilizando as mesmas informações dadas no exemplo anterior,
suponha que o frete fosse de responsabilidade do cliente, ou
seja, da empresa compradora. Neste registro contábil existem
duas diferenças: 
o valor de R$ 43.500 registradoscomo Estoque de
mercadorias aumentaria para R$ 44.100 pelo
acréscimo à conta dos R$ 600 de frete;
o valor retirado de disponibilidades aumentaria em
igual valor pela obrigação do cliente em pagar o frete.
Este processo resultaria no seguinte lançamento:
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Histórico: Aquisição de mercadorias para revenda à vista com
frete por conta do comprador;
Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 44.100;
Débito – ICMS a recuperar (Ativo) no valor de R$ 9.000;
a Crédito de – Disponibilidades no valor de R$ 53.100.
 
Ainda podemos ter outras situações que levam a lançamentos
contábeis diferentes. Por exemplo, suponha agora que esta
mesma compra tenha sido feita a prazo, com pagamento de R$
750,00 de juros ao fornecedor. Neste caso deve ser observado o
preconizado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 16
(CPC, 2009):
A entidade geralmente compra estoques com condição
para pagamento a prazo. A negociação pode
efetivamente conter um elemento de financiamento,
como, por exemplo, uma diferença entre o preço de
aquisição em condição normal de pagamento e o valor
pago; essa diferença deve ser reconhecida como
despesa de juros durante o período do financiamento.  
Sendo assim, os valores pagos a título de juros, ou adicional
financeiro sobre compra a prazo, não fazem parte do custo de
aquisição e, dessa forma, não devem ir para a conta de Estoque
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de mercadorias.
 
Histórico: Aquisição de mercadorias para revenda, a prazo, com
frete por conta do comprador e juros de R$ 750,00;
Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 44.100;
Débito – ICMS a recuperar (Ativo) no valor de R$ 9.000;
Débito – Juros a transcorrer (redutora de passivo) no valor de R$
750,00;
a Crédito de – Fornecedores no valor de R$ 53.850.
 
No próximo tópico abordaremos a contabilização de despesas,
tanto decorrentes da compra de produtos, como decorrentes
das atividades comerciais de uma empresa.
2.2 Registro Contábil de
despesas
Os gastos com aluguel, os juros pagos na compra de
mercadorias a prazo, os salários dos funcionários, gastos com
energia, seguro de loja, água, internet, telefone, marketing, essas
despesas representam apenas algumas das inúmeras que uma
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empresa pode ter.   Martins (2010, p. 25) entende a despesa
como sendo o “bem ou serviço consumido direta ou
indiretamente para a obtenção de receitas.”
Neste tópico iremos compreender como se dá o registro contábil
de despesas e qual é o seu impacto na apuração do resultado da
empresa. 
2.2.1 Premissas básicas na contabilização de
despesas
A contabilização de despesas faz parte de um processo
fundamental na contabilidade, pois sem sua correta apuração o
resultado do exercício será apresentado de forma equivocada.
Figura 2 - Caixa de um supermercado representa uma despesa, pois é o serviço
consumido com o objetivo de obter receitas. Fonte: pcruciatti, Shutterstock, 2018.
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Ao longo deste tópico veremos como realizar a contabilização de
diversas despesas, como despesas com aluguel, despesas com
salários, despesas antecipadas, dentre outras, incluindo o
estoque de mercadorias que foi vendida, que recebe, talvez
equivocadamente, o nome de Custo das mercadorias vendidas.
Segundo o item 38 do CPC 16 – Estoques (CPC, 2009), “quando
os estoques são vendidos, o custo escriturado desses itens deve
ser reconhecido como despesa do período em que a respectiva
receita é reconhecida”. Ou seja, mesmo tendo o nome de Custo
na Demonstração do resultado, esses valores de custo do
estoque vendido representam, na verdade, despesas.
Para a compreensão da contabilização de despesas faremos em
sequência o reconhecimento e/ou pagamento de diversas
despesas relacionadas às operações comerciais de uma
entidade a partir de despesas antecipadas, em seguida, a partir
das despesas incorridas e pagas no mesmo período e,
finalizando, a partir das despesas incorridas no período, mas
não pagas.
Importante esclarecer que a contabilização de custos das
mercadorias vendidas e custo dos serviços prestados serão
apresentados no tópico 2.3 - Operação de vendas de
mercadorias e serviços. É importante destacar também que
todos esses registros contábeis de apuração de despesas são
utilizados para a Apuração do Resultado do Exercício.
Neste sentido, a premissa fundamental que talvez deva ser
mencionada neste tópico é a de que todas as receitas e
despesas são reconhecidas no período em que os efeitos dessas
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transações são produzidos. Vejamos, então, o que diz o
Pronunciamento Contábil 00 – Estrutura conceitual para
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (CPC,
2011):
O regime de competência retrata com propriedade os
efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias
sobre os recursos econômicos e reivindicações da
entidade que reporta a informação nos períodos em
que ditos efeitos são produzidos, ainda que os
recebimentos e pagamentos em caixa derivados
ocorram em períodos. 
Em outras palavras, iremos reconhecer despesas na
Demonstração do Resultado do Exercício, mesmo que esta
despesa não tenha sido paga ainda. Da mesma forma,
reconheceremos uma receita mesmo que ela ainda não tenha
gerado entrada de caixa.
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Figura 3 - Despesas devem ser contabilizadas observando-se a competência em
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Veremos a aplicação do regime de competência em cada um dos
exemplos tratados nos próximos subtópicos. Acompanhe.
2.2.2 Contabilização de despesas antecipadas
Um dos exemplos clássicos de reconhecimento de despesa
antecipada é o seguro, seja ele seguro de veículos, de
mercadorias ou de imóveis, na maioria dos casos temos a
obrigatoriedade de reconhecer uma despesa antecipada. O que
caracteriza então uma despesa antecipada?
Uma despesa antecipada é um ativo e representa um direito.
Esse direito decorre do pagamento antecipado de despesas que
tem competências futuras. Outro exemplo é o pagamento de
aluguel mensal. Por diversas vezes, as entidades decidem
antecipar o pagamento de aluguel com o objetivo de conter os
valores de aluguel por um determinado período. O valor de
aluguel pago de forma antecipada representa um direito que,
em contrapartida, obriga a outra parte a manter o contrato de
aluguel por aquele período, sem que haja recebimento, pois o
pagamento foi feito antecipadamente. 
que elas produziram efeito. Fonte: junpinzon, Shutterstock, 2018.
VOCÊ O CONHECE?
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Clóvis Luis Padoveze (2018) é professor e grande contribuinte do
desenvolvimento da ciência contábil no Brasil. Tem 15 livros publicados nas
áreas de contabilidade, sistemas de informações contábeis, contabilidade
gerencial, controladoria, finanças, orçamento,custos e gerenciamento do risco.
Em 2005 recebeu a Medalha Horácio Berlink da Ordem do Mérito Contábil do
Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo.
Vejamos agora este primeiro exemplo.
Suponha que a empresa comercial XTZ Comércio de Cereais
tenha celebrado contrato de aluguel de imóvel que prevê o
pagamento antecipado, em dinheiro, pago de uma única vez do
total de 12 prestações mensais de aluguel. Considere que o
contrato tenha sido firmado em 1 de janeiro de 2018 e que o
valor mensal é de R$ 1.000. Considere também que a entidade
locatária não recebeu nenhum desconto por ter pago estas 12
parcelas mensalmente.Então, como deveria ser feito o registro
contábil?
Iremos separar esse lançamento em duas partes. A primeira
parte apresenta o reconhecimento de uma despesa antecipada: 
Histórico: Pagamento de aluguel antecipado;
Débito – Ativo Circulante / Despesas antecipadas no valor de R$
12.000;
a Crédito de – Disponível no valor de R$ 12.000.
 
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Analisando este lançamento contábil temos o reconhecimento
de um direito por meio da conta despesas antecipadas e a saída
de dinheiro que estava dentro das disponibilidades imediatas. A
conta de despesa antecipada funciona como uma conta
transitória e que, ao mesmo tempo, garante representação
fidedigna das informações, pois apresenta o reconhecimento de
um direito a receber. Esta conta é transitória, pois o direito
gerado pelo pagamento de uma despesa antecipada se esgota à
medida que a entidade chega à competência em que aquela
despesa gerará seu benefício.
Vamos dar continuidade ao nosso exemplo. Chegamos ao final
de janeiro e precisamos realizar o encerramento do resultado
deste período. E, naturalmente, precisamos reconhecer o valor
da despesa com aluguel. Deste modo, não teremos uma nova
saída de caixa. Veja como deve ser feito o registro contábil:
 
Histórico: Despesa com aluguel;
Débito – Despesa com aluguel no valor de R$ 1.000;
a Crédito de – Ativo Circulante / Despesas antecipadas no valor
de R$ 1.000.
 
Fazendo o registro desta forma iremos atender a duas
obrigações: a primeira é reconhecer no resultado da empresa,
ou seja, na DRE, o valor da despesa de aluguel referente a um
mês, neste caso, janeiro; a segunda é reconhecer que como o
mês de janeiro já se encerrou e a entidade usou o direito que
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tinha quando pagou antecipadamente o aluguel do imóvel, este
valor de despesas antecipadas deve diminuir ao longo do
tempo. Este último lançamento será repetido ao longo dos
outros onze meses, até que a conta Despesas antecipadas tenha
seu valor totalmente zerado.
Podemos utilizar agora o exemplo de seguros de imóveis. Em
muitos contratos é normal que o segurado, ou seja, a pessoa ou
entidade que contrata o seguro, tenha que pagar em uma única
parcela o prêmio de seguro, que tem validade por um período
específico, que normalmente é de 1 ano.
Suponha, então, a contratação de um seguro imobiliário para a
Cia XTZ Comércio de Cereais. O contrato de seguro tem vigência
por 12 meses. O valor do prêmio de seguro é de R$ 18.000, pagos
em parcela única no ato da assinatura do contrato. Vejamos o
registro contábil deste fato:
 
Histórico: Contratação de seguro imobiliário;
Débito – Ativo Circulante / Seguros a apropriar no valor de R$
18.000;
a Crédito de – Disponível no valor de R$ 18.000.
 
Perceba que ao invés de utilizarmos a conta de despesas
antecipadas, utilizamos a conta seguros a apropriar, porém, sua
função é exatamente a mesma: indica um pagamento
antecipado de uma despesa que será apropriada mês a mês
durante o período de vigência da apólice de seguro.
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Quando do reconhecimento das despesas do período faremos
lançamento contábil bem semelhante ao utilizado no caso do
aluguel, porém, seria:
 
Histórico: Despesa de seguro imobiliário;
Débito – Despesa com seguro no valor de R$ 1.500;
a Crédito de – Ativo Circulante / Seguros a apropriar no valor de
R$ 1.500.
 
Agora que você já passou pelo conhecimento inicial de
reconhecimento de despesas antecipadas, podemos passar para
os próximos subtópicos e trabalhar com as despesas incorridas
e pagas no mesmo mês e as despesas reconhecidas no
resultado, mas não pagas.
2.2.3 Contabilização de despesas incorridas e
pagas no período
Existem despesas que são reconhecidas e pagas no mesmo
período, enquanto outras receitas, apesar de serem
reconhecidas pela entidade, só afetam o caixa da empresa em
um período seguinte. Vamos retomar um caso de compra a
prazo de mercadoria. Você se lembra? Caso não, você pode fazer
a releitura do subtópico 2.1.2 – Contabilização. No ato da
compra realizamos o seguinte lançamento:
 
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Débito – Ativo Circulante / Estoque / Estoque de mercadorias
para revenda no valor de R$ 44.100;
Débito – ICMS a recuperar (Ativo) no valor de R$ 9.000;
Débito – Juros a transcorrer (redutora de passivo) no valor de R$
750,00;
a Crédito de – Fornecedores no valor de R$ 53.850.
 
Os juros a transcorrer, conta redutora de passivo, passam a
compor o resultado da empresa como uma despesa financeira
quando os juros são pagos, ou à medida que são pagos, quando
o pagamento se dá de forma parcelada. Vejamos, então, quando
o pagamento ocorre de uma única vez.
No pagamento de um empréstimo, financiamento ou fornecedor
que tenha juros a transcorrer, temos a obrigação de realizar o
reconhecimento da despesa com juros:
 
Histórico: Pagamento a fornecedor;
Débito – Fornecedores no valor de R$ 53.850,00;
a Crédito de – Disponível no valor de R$ 53.850,00.
 
Observe que nenhuma das contas presentes nesse lançamento
tem efeito sobre o resultado da empresa. Essa situação muda
quando reconhecemos os juros embutidos no valor pago ao
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fornecedor: 
 
Histórico: Reconhecimento de despesa financeira;
Débito – Despesa financeira no valor de R$ 750,00;
a Crédito de – Juros a transcorrer no valor de R$ 750,00.
 
A despesa financeira com juros foi reconhecida e teve seu
pagamento efetuado no mesmo período por meio da quitação
da dívida com o fornecedor. Existem diversas outras situações
que geram o reconhecimento de uma despesa e seu pagamento
em simultâneo. Vejamos como seria o reconhecimento de uma
despesa com comissão de R$ 1.200 paga no ato da venda:
 
Histórico: Despesa com comissão;
Débito – Despesas com vendas no valor de R$ 1.200,00;
a Crédito de – Disponível no valor de R$ 1.200,00.
 
Esse mesmo processo de registro contábil acontece para tantos
outros exemplos em que as despesas são reconhecidas e pagas
no mesmo período, mas e a folha de pagamento, por exemplo?
No Brasil, os salários mensais podem ser pagos até o 5º dia útil
do mês subsequente, contudo, a Contabilidade deve reconhecer
as despesas salariais na competência em que elas ocorreram de
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fato. Então, como ficaria a contabilização? Veremos esse
processo de contabilização a seguir. Acompanhe.
2.2.4 Contabilização de despesas a pagar
Como vimos até o momento, podemos ter despesas que, apesar
de reconhecidas de acordo com o regime de competência geram
como contrapartidauma obrigação, registrada por meio de um
passivo circulante ou não circulante. Mas o que isso quer dizer?
Segundo Ribeiro (2009, p. 306), “na apuração do resultado do
exercício, todas as despesas incorridas e todas as receitas
realizadas no respectivo exercício, tenham ou não sido pagas ou
recebidas.”  Um exemplo pode ser a despesa com folha de
pagamento. Na contabilidade, atendendo ao regime de
competência, as despesas com folha de pagamento devem ser
reconhecidas quando elas ocorreram de fato. Ou seja, se
estamos falando dos salários de abril, eles impactarão o
resultado de abril, ainda que sejam pagos apenas em maio.
Vejamos na prática.
Suponha que ao final do mês de abril de 2018 a empresa
Comercial Porangaba recebeu de seu contador a informação
contendo valor total de folha de pagamento. O valor descrito
nos documentos era de R$ 42.000, referentes a salários dos
funcionários. O valor desta despesa com folha de pagamento se
refere a abril, no entanto, será paga apenas em maio, atendendo
à legislação trabalhista que permite o pagamento até o 5º dia
útil do mês subsequente. Como esse registro é feito na
contabilidade?
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Histórico: Despesa com folha de pagamento;
Débito – Despesas com folha de pagamento no valor de R$
42.000,00;
a Crédito de – Salários a pagar no valor de R$ 42.000,00.
 
Ao observarmos esse registro contábil percebemos a interação
entre uma conta de resultado, a despesa com folha de
pagamento e uma conta de patrimônio, o passivo salários a
pagar. Ao contrário do que registramos no subtópico anterior, a
contrapartida a crédito é uma obrigação e não uma saída de
disponibilidades da empresa. Isso acontece simplesmente para
que possamos reconhecer na contabilidade que a empresa
possui uma obrigação futura, salários a pagar. É importante
compreender também que as despesas com folha de
pagamento irão aparecer na Demonstração de Resultado do
mês de abril. Mas e quando os valores forem pagos em maio?
Quando os valores são pagos efetivamente, gerando uma saída
de recursos, não teremos mais impacto sobre o resultado
econômico da entidade. Teremos apenas o registro de uma
diminuição simultânea de um ativo e de um passivo. Veja:
 
Histórico: Pagamento de salários competência de abril;
Débito – Salários a pagar no valor de R$ 42.000,00;
a Crédito de – Disponibilidades no valor de R$ 42.000,00.
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Esse mesmo procedimento para registro contábil é adotado na
contabilização das diversas despesas existentes em uma
empresa. Além disso, ainda existe uma despesa que é tratada
por muitos como um custo: a Despesa com o Custo da
Mercadoria Vendida.
Neste sentido, você teve a sensação de ter tido um nó na cabeça
ao usarmos o termo custo e despesa ao mesmo tempo? Iremos
te explicar isso no próximo tópico, abordando como funciona a
contabilização das operações de vendas de mercadorias e
serviços. 
2.3 Operação de vendas de
mercadorias e serviços
As operações de comércio de mercadorias e vendas de serviços
são extremamente relevantes para o desenvolvimento
econômico do país. Juntos, esses dois setores representam mais
de 85% do total de empresas abertas no Brasil. 
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Pelo gráfico apresentado na figura acima podemos perceber a
relevância destes setores para a formação do PIB brasileiro.
Entender então como funcionam os registros de operações de
compra e venda de mercadorias e serviços é fundamental para o
desenvolvimento profissional do contador.
VOCÊ SABIA?
As atividades de comércio e de prestação de serviços representam 73,3% do
valor adicionado ao Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. Os dados
reforçam a importância do setor terciário na evolução do PIB brasileiro.
Figura 4 - Setores de comércio de mercadorias e serviços representam juntos mais
de 85% do total de empresas abertas no Brasil. Fonte: EMPRESÔMETRO, 2018.
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Saiba mais em: <https://goo.gl/3vZrDM (https://goo.gl/3vZrDM)>.
Neste tópico entenderemos como a contabilidade registra todas
as vendas de mercadorias e serviços, já abordando aspectos
pertinentes ao CPC 47 (CPC, 2016), em vigor desde 1 de janeiro
de 2018.
2.3.1 O CPC 47 e o Reconhecimento de Receita de
Contrato com Cliente
O reconhecimento de receitas de contrato com clientes passou
por uma grande transformação através da edição do CPC 47
(CPC, 2016). A transformação está nos critérios estabelecidos
para o reconhecimento da receita, passando por cinco etapas.
Até o último dia de 2017, estavam em vigor seis normas que
foram substituídas pelo CPC 47 (CPC, 2016). É importante
discutirmos isso, pois o que será apresentado neste tópico diz
respeito apenas à última etapa do reconhecimento das receitas.
O processo inteiro era delimitado por meio de normas
contábeis, mas do que tratam essas normas?
Estas normas tratam da forma como a contabilidade deve
reconhecer Receitas. Gelbcke et al. (2018, p. 537) contribuem
sobre o tema e segundo eles:
Dentre as principais razões para essa renovação está a
observação de que a multiplicidade de normas, aliada
à orientação limitada oferecida por elas em assuntos
https://goo.gl/3vZrDM
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muito relevantes (como a contabilização de contratos
de venda com múltiplos elementos), levou à aplicação
incoerente das normas ao redor do mundo.  
Neste sentido, com o pronunciamento CPC 47 (CPC, 2016) foram
revogados o CPC 17, o CPC 30, o CPC 30 – interpretação A e B, o
ICPC 02 e o ICPC 11. 
VOCÊ SABIA?
Apesar do CPC 47 (CPC, 2016) ter sido regulamentado pelo Conselho
Federal de Contabilidade, com a edição da NBC TG 47 (CFC, 2016), os efeitos
da norma são apenas contábeis, não podendo afetar a apuração de
tributos. Isso se deve a um dispositivo colocado na lei 12.973/14 (BRASIL,
2014), que em seu art. 58 diz que “a modificação de métodos e critérios
contábeis não terá implicação na apuração dos tributos federais até que lei
tributária regule a matéria”. Para saber mais sobre o tema, acesse a
“Instrução Normativa RFB n. 1700”, da Receita Federal (BRASIL, 2017):
<https://goo.gl/QxJTBo (https://goo.gl/QxJTBo)>.
A KPMG (2016) explica que com a edição do novo
pronunciamento muita coisa muda na forma como as empresas
apuram resultado. Isso acontece porque o CPC 47 (CPC, 2016)
vem disciplinar a forma como a receita deve ser reconhecida e
isso tem impactos diretos na forma como os tributos são
calculados, sejam eles federais, estaduais ou municipais. Muda-
https://goo.gl/QxJTBo
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se também a forma como os contratos com clientes são
elaborados. É muito importante ficar atento a esse tipo de
mudança.
A seguir trataremos da forma de contabilização de receitas de
venda de mercadoria e receitas de prestação de serviços, além
de entendermos o que é a despesa com mercadoria vendida.
Figura 5 - No modelo de reconhecimento de Receitas definido pelo CPC 47, há um
processo de cinco etapas até o seu reconhecimento, que se inicia com o contrato,
passa pela identificação de obrigações de desempenho da entidade,
determinação e alocação do preço específico de cada transação para então
realizar seu reconhecimento. Fonte: KPMG, 2016.31/08/2022 20:00 Contabilidade Intermediária I
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2.3.2 Reconhecimento de receitas
Quando falamos do reconhecimento de receitas, assim como
ocorre nas despesas, elas são reconhecidas pela competência
no momento em que ocorrem. Contudo, a questão que tem
gerado muitas discussões no meio contábil é: em que momento
pode-se reconhecer a ocorrência de uma receita?
Segundo o CPC 47 (CPC, 2016), as entidades devem reconhecer
as receitas no momento em que transferem o controle de um
bem ou serviço para o cliente ou à medida que atendem as
obrigações de desempenho contratuais. Vamos compreender
essa definição por meio do exemplo de uma empresa comercial,
que tem, na maioria das vezes, relações contratuais mais
simples de serem identificadas.
Suponha que a empresa Porangaba Móveis tenha vendido uma
geladeira ao final de 2017, com entrega prevista para janeiro de
2018. O valor de venda acordado com o cliente ainda em 2017
foi de R$ 3.500, parcelados em 20 vezes sem juros. A mercadoria
foi entregue em meados de janeiro, como o programado.
Deste exemplo podem surgir diversas dúvidas como: esta receita
ocorreu em 2017 ou 2018? O valor da receita deve ser
reconhecido de uma única vez ou serão reconhecidos mediante
cada parcela paga pelo cliente?
Pelas diretrizes dadas pelo CPC 47 (CPC, 2016), devemos
reconhecer essa receita apenas quando a entidade atinge o seu
objeto de desempenho, ou seja, o desempenho desta transação
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seria realizar a entrega da geladeira. Respondendo, então, aos
nossos próprios questionamentos, a receita da geladeira deveria
ser reconhecida como receita de 2018.
Contudo, ainda resta uma dúvida: esta receita seria reconhecida
de uma única vez? Neste mesmo tópico já apresentamos a
resposta. As receitas devem ser reconhecidas pela competência,
ou seja, no período em que ocorreram, independentemente da
entidade ter recebido ou não de seu cliente.
Em 2018, a Contabilidade foi tomada por uma mudança que gerou dúvidas não
apenas de âmbito contábil, mas também fiscal e trouxe insegurança jurídica. O
CPC 47 (CPC, 2016) muda a forma como as receitas de contratos com os clientes
devem ser reconhecidas. O “IFRS 15 – Receitas” (KPMG, 2016) esclarece esse
tema. Acesse em: <https://goo.gl/YkDN1D (https://goo.gl/YkDN1D)>.
Outro assunto fundamental quando falamos sobre receitas diz
respeito ao reconhecimento das despesas, afinal, para que uma
entidade consiga auferi-las é necessário realizar gastos, a
exemplo dos gastos administrativos, gastos com comissões,
gastos com aluguel, com energia, com água, com internet etc.
Todos eles são exemplos de despesas incorporadas ao período
com base no regime de competência. O que isso significa
exatamente? Significa que as despesas devem ser reconhecidas
VOCÊ QUER LER?
https://goo.gl/YkDN1D
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na demonstração do resultado com base na associação direta
entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo
envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das
receitas e despesas (CPC, 2011).
Então, ainda precisamos entender o reconhecimento de uma
das principais despesas de empresas comerciais, a saber, o
custo da mercadoria vendida. Essa despesa aparece em nossa
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) todas as vezes
que a receita também for reconhecida, obedecendo, assim, ao
que um dia já foi chamado de princípio da confrontação entre
receitas e despesas. Iremos trabalhar a contabilização dessas
despesas no próximo tópico, juntamente com a contabilização
das receitas.
Agora que você já possui o conhecimento básico sobre o
processo de operações de vendas de mercadorias e serviços,
vamos trabalhar na prática?
2.3.3 Contabilização das receitas
Antes de iniciarmos a prática da contabilização de receitas é
necessário relembrar alguns pontos já apresentados aqui: 
o reconhecimento de receitas é feito de acordo com os
cinco passos definidos pelo CPC 47 (CPC, 2016);
as receitas e despesas devem ser reconhecidas pelo
regime de competência;
deve ser obedecido o CPC 00 - Estrutura Conceitual
(CPC, 2011) e deve ser realizada a confrontação no
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resultado entre Receitas e Despesas. 
Para a compreensão da contabilização da receita, vamos
reutilizar o exemplo da Porangaba Móveis, que tinha vendido, ao
final de 2017, uma geladeira com entrega prevista para janeiro
de 2018.
Suponha agora que o valor de venda, acordado com o cliente,
ainda em 2017, foi de R$ 3.500 parcelados em 20 vezes sem
juros, mais uma entrada à vista, paga no ato da compra, de R$
1.000. A mercadoria foi entregue em meados de janeiro, como o
programado. O valor de custo da geladeira era de R$ 3.600,00.
Como já discutimos antes, a receita deveria ser reconhecida
apenas em janeiro de 2018, pois foi neste momento que a
entidade transferiu a propriedade da geladeira para o cliente.
Assim, ela atingiu seu objeto de desempenho, dando a ele a
posse física do ativo, a capacidade de direcionar o uso do ativo e
a de obter, substancialmente, a totalidade dos benefícios
restantes desse ativo ou de restringir o acesso de outras
entidades a esses benefícios (CPC, 2016). Mas, e antes disso?
Não devemos reconhecer nada? A resposta é sim, devemos.
Quando o cliente antecipa o pagamento por uma mercadoria
que ainda não possui, a entidade é obrigada a realizar o registro
da entrada deste recurso, porém, observa-se que ainda não saiu
nada de seu estoque. Então, a contabilização de um pagamento
adiantado sem recebimento da mercadoria gerará uma entrada
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de recursos para a empresa (Caixa ou Banco) e, ao mesmo
tempo, uma obrigação denominada adiantamento de clientes.
Veja o lançamento na prática:
Histórico: Adiantamento de clientes (dezembro de 2017);
Débito – Disponível no valor de R$ 1.000;
a Crédito de – Adiantamento de Clientes (Passivo) no valor de
R$ 1.000.
 
Perceba que a conta adiantamento de clientes é uma conta de
passivo, ou seja, representa a obrigação da entidade em
entregar ao cliente a mercadoria ou prestação do serviço.
Em 2018, quando a mercadoria foi, de fato, entregue ao cliente,
a empresa foi obrigada a realizar o reconhecimento da receita e
recolher sobre ela todos os tributos. Para fins de exemplificação,
considere que nesta venda não há incidência de tributos:
 
Histórico: Receita de venda (janeiro de 2018);
Débito - Clientes no valor de R$ 4.500,00;
a Crédito de – Receita de vendas no valor de R$ 4.500,00.
 
Observe que ao realizarmos este lançamento, reconhecemos
uma receita total de R$ 4.500 e um direito a receber de clientes
também de R$ 4.500, representando a dívida que o cliente
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possui com a empresa. Mas e o valor do adiantamento feito pelo
cliente? Este valor precisa ser compensado contra a conta
Clientes. Vejamos como seria feito o lançamento:
 
Histórico: Baixa de adiantamento de clientes;
Débito - Adiantamento de Clientes (Passivo) no valor de R$
1.000,00;
a Crédito de – Clientes no valor de R$ 1.000,00.
 
Perceba que ao fazermos um registro a débito na conta de
adiantamento de clientes, que é um passivo, estamos
diminuindo seu saldo. Bem como, ao realizarmos um
lançamento a créditona conta Clientes, que é um ativo, estamos
reconhecendo uma redução nos valores a receber de clientes,
assumindo, assim, que a entidade já havia recebido parte desse
dinheiro em um período anterior.
Outra pergunta que precisa ser feita é: quando a geladeira foi
entregue não deveríamos reconhecer a redução dos estoques da
entidade? Sim, a contabilidade é obrigada a realizar a baixa do
estoque da empresa Porangaba, evidenciando a saída da
mercadoria do estoque. O lançamento é feito da seguinte forma:
 
Histórico: Reconhecimento do Custo da Mercadoria Vendida
(CMV);
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Débito – Custo da Mercadoria Vendida (CMV) no valor de R$
3.600,00;
a Crédito de – Estoque de mercadorias para revenda no valor de
R$ 3.600,00.
 
Ao lançarmos um débito em conta de CMV, estamos
reconhecendo uma despesa que afeta o resultado da empresa. 
A NBC-TG 16 – Estoques, de dezembro de 2017 (CFC, 2017), esclarece a questão
fundamental na contabilização dos estoques que é determinar o valor do custo a
ser reconhecido como ativo e mantido nos registros até que as respectivas
receitas sejam reconhecidas. Acesse em: <https://goo.gl/24oY8m
(https://goo.gl/24oY8m)>.
Vamos agora realizar o reconhecimento de receita em outro
exemplo, um mais simples. Suponha que a Porangaba Móveis
tenha realizado a venda de um armário de cozinha pelo valor de
R$ 1.200 pagos em cheque pelo cliente. A venda foi realizada em
fevereiro de 2018 e a entrega da mercadoria foi imediata, pois
estava disponível em estoque. A Porangaba Móveis havia
adquirido esse armário pelo valor de R$ 750,00. 
VOCÊ QUER LER?
https://goo.gl/24oY8m
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Histórico: Receita de venda;
Débito - Banco no valor de R$ 1.200,00;
a Crédito de – Receita de vendas no valor de R$ 1.200,00.  
e  
Histórico: Reconhecimento do Custo da Mercadoria Vendida
(CMV);
Débito – Custo da Mercadoria Vendida (CMV) no valor de R$
750,00;
a Crédito de – Estoque de mercadorias para revenda no valor de
R$ 750,00.
 
Finalizando este tópico de Operações de Vendas de Mercadorias,
é necessário fazer mais um questionamento: você consegue
enxergar alguma deficiência nos nossos lançamentos contábeis?
Se montarmos um balanço patrimonial dessa entidade,
obteremos um balanço correto?
Para te ajudar a responder, vou resumir os nossos dois últimos
lançamentos: ao realizar o reconhecimento da receita de vendas
fizemos um lançamento a débito na conta banco, registrando,
assim, uma entrada de recursos de R$ 1.200. O lançamento a
crédito foi feito em uma conta de resultado, ou seja, não afeta
(por enquanto) o balanço patrimonial. Ao realizar a baixa do
estoque, lançamos a crédito o valor de R$ 750,00 em estoque de
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mercadorias, indicando sua diminuição. A contrapartida foi uma
conta de resultado, chamada CMV, contendo o mesmo valor de
R$ 750,00.
Se olharmos para os lançamentos de forma isolada, veremos
que o método das partidas dobradas foi seguido corretamente,
mas se os olharmos em conjunto observaremos um problema.
Reconhecemos a entrada de R$ 1.200 na conta bancária da
entidade e uma saída de apenas R$ 750,00 em estoques. Alguns
poderão contestar e responder que é o lucro. Certíssimo! Então,
agora, vamos aprender a contabilizá-lo? Confira no próximo
tópico.
2.4 Apuração do resultado do
exercício
Ao final de cada exercício é necessário proceder à Apuração do
Resultado do Exercício. Nesse procedimento, a Contabilidade
realiza o encerramento das contas contábeis de resultado
(receitas, custos e despesas) e transfere os saldos positivos ou
negativos para o patrimônio das entidades.
Segundo Padoveze (2017, p. 56), as contas de resultado “são
denominadas contas transitórias, pois só servem para o último
período analisado. A sua operacionalidade consiste em
acumular informações apenas do último período analisado.
Assim, elas têm, teoricamente, tempo de vida definido.”
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Na prática significa dizer que no final de cada período
precisamos zerar todos os saldos existentes em contas de
receitas, custo da mercadoria vendida e despesas, por meio da
Figura 6 - O lucro ou prejuízo das entidades é resultado das receitas, retirando-se
todas as despesas gastas na obtenção destas receitas. Fonte: Dusit, Shutterstock,
2018.
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apuração do resultado do exercício. É nesse processo que
identificamos se as entidades tiveram lucro ou prejuízo,
transferindo um resultado da DRE para o Balanço Patrimonial.
2.4.1 Processo para apuração do resultado
O processo de encerramento das contas de resultado se inicia
com a criação de uma conta de apuração. Essa conta de
apuração serve para evitar o acúmulo de despesas e receitas de
períodos diferentes. 
Figura 7 - Processo de apuração de resultado do exercício por meio da eliminação
dos saldos de CMV, Despesas e Receitas. Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
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Para fins didáticos, utilizamos a conta de Apuração do resultado
do exercício como forma de eliminar saldos acumulados em
contas de receitas, despesas e CMV, além de identificar o
resultado da empresa, ou seja, se lucro ou se prejuízo.
Autores como Padoveze (2017) chamam essa conta de Lucros e
perdas, conta com nome distinto, porém, com o mesmo
objetivo. Cabe lembrar que assim como as contas de receitas e
despesas, a conta de Apuração do Resultado do Exercício é uma
conta transitória, que precisa ter seu saldo final transferido para
o patrimônio da empresa. Veremos a contabilização desse
processo a seguir.
2.4.2 Processo de apuração do resultado do
exercício: etapa 1
Como forma de praticar a apuração do resultado de uma
entidade, iremos realizar os lançamentos do Caso a seguir,
dividindo-o em duas etapas. A Etapa 1 consistirá no registro
contábil das receitas e despesas do período para, em seguida,
na Etapa 2, realizaremos a apuração do resultado com
encerramento das contas.
CASO
A Pajuçara Autopeças é uma empresa comercial de peças de veículos
constituída por meio da sociedade de dois amigos, Mateus e Rodrigo, em
agosto de 2017. Vejamos a seguir os fatos contábeis gerados por esta
sociedade no mês de janeiro de 2018.
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01/08 – Abertura da Pajuçara Autopeças através da integralização total do
capital, de R$ 150.000, por meio de depósito em conta bancária da Pessoa
Jurídica;
01/08 – Contratação de serviços de contabilidade para abertura da empresa
no valor de R$ 2.500, pagos por meio de transferência bancária: NF de
serviço nº 252;
02/08 – Contratação de aluguel de imóvel pelo valor de R$ 1.000 mensais.
Para a celebração do contrato, Mateus e Rodrigo anteciparam o pagamento
do mês atual, agosto, mais 6 mensalidades antecipadas;
05/08 – Aquisição de mercadorias para revenda da Auto Fornecedor no total
de R$ 12.000 descritos na NF 0113, sendo pagos R$ 10.000 em cheque e o
saldo restante de R$ 2.000 com pagamento único a ser realizado em 90 dias;
15/08 – Venda através de cartão de débito, a vista, de R$ 5.000 de
mercadorias pelovalor de R$ 9.500, conforme NF 001;
15/08 - Pagamento de comissão de R$ 475 sob a venda da NF 001;
31/08 – Fatura de serviços de terceiros do referente aos últimos 30 dias de
consumo, sendo R$ 280 de energia, R$ 120 de água e R$ 50 de internet.
Todas as contas possuem vencimento em setembro de 2017;
31/08 – Fechamento da folha de pagamento em R$ 4.500 reais, com
pagamento a ser realizado em setembro de 2017.
e
2.4.3 Apuração do resultado do exercício: etapa 2
Como forma de facilitar a apresentação da apuração do
resultado do exercício, iremos continuar utilizando o exemplo
da Pajuçara Autopeças. Para a apuração do resultado do
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exercício, nossa Etapa 2, é necessário termos consolidados os
conhecimentos de contas contábeis de resultado e contas
patrimoniais, para que não haja nenhum erro no processo.
As contas que fazem parte do processo de apuração são apenas
aquelas de Receitas, Despesas e Custo da Mercadoria Vendida
(CMV). Veja agora como seria o processo de apuração da
Pajuçara, por meio de contas T.
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Os saldos de todas as contas de resultado são eliminados e têm
como contrapartida os respectivos valores registrados em conta
de apuração. Note que, no caso da Pajuçara, temos despesas
maiores que as receitas, ou seja, prejuízo de R$ 4.425,00.
Como a conta de Apuração do Resultado também é transitória,
seu saldo precisa ser eliminado e transferido para o Patrimônio
Líquido da entidade. Quando o resultado é positivo, temos a sua
transferência para a conta de lucros acumulados. Quando
negativo, temos a conta de prejuízos acumulados. Essa
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transferência de saldos é necessária para a correta
contabilização do resultado e observância ao equilíbrio do
balanço patrimonial.
A conta de Apuração do Resultado do Exercício também
funciona como um instrumento facilitador para a elaboração da
Demonstração do Resultado do Exercício. Veja a Demonstração
do Resultado do Exercício desta empresa:
Receita Bruta no valor de R$ 9.500
(-) Custo das Mercadorias Vendidas no valor de (R$ 5.000)
(=) Resultado Operacional no valor de R$ 4.500
(-) Despesas operacionais no valor de (R$ 8.925)
(=) Resultado Operacional no valor de (R$4.425)
Desta forma, observe que, ao elaborarmos nossa DRE,
desconsideramos a incidência de tributos.  Assim, concluímos
nosso tópico sobre Apuração do resultado do exercício e seus
temas relacionados.
Síntese
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Neste capítulo aprofundamos os nossos conhecimentos sobre a
dinâmica patrimonial por meio do registro de operações de
compra e venda de mercadorias e todas as suas implicações.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender que as operações de compras de
mercadorias devem ser registradas pelo custo de
aquisição, conforme preconiza o CPC 16 (CPC, 2009);
entender que o custo de aquisição compreende um
conjunto de valores bem mais amplo que
simplesmente o custo da mercadoria. Envolve gastos
com frete, seguro, tributos não recuperáveis etc.;
entender que as despesas devem ser registradas
quando ocorrem, respeitando o regime de
competência;
concluir que a contabilização de despesas depende de
uma análise de diversos fatores, como se a despesa foi
paga no mesmo período em que ocorreu ou se ficou a
pagar em um período subsequente;
verificar que a contabilização de receitas sofreu uma
modificação muito grande com a edição do CPC 47 –
Reconhecimento de contratos com clientes (CPC,
2016);
entender que o reconhecimento da receita só deve ser
feito no momento em que a entidade atinge o seu
objeto de desempenho ou transfere a propriedade do
bem ou serviço para o cliente;
visualizar que as contas de resultado são transitórias e
que precisam ter seus saldos eliminados no momento
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da apuração do resultado do exercício.
Bibliografia
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FOME de poder. Direção: John Lee Hancock; Produção: Don
Handfield, Karen Lunder, Jeremy Renner, Aaron Ryder.
Intérpretes: Michael Keaton, Nick Offerman, John Carroll Lynch,
Linda Cardellini, Patrick Wilson, B. J. Novak, Laura Dern.
Distribuição: FilmNation Entertainment, EUA, 2016.
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